domingo, 8 de maio de 2016

Capitulo 36 (parte III)

Olá meninas!
Estou tão contente por vos trazer um capitulo mais cedo do que é habitual! Não sei se para vocês está grande o suficiente, se está conforme as vossas expectativas, mas de qualquer forma, espero que gostem! E algo que eu gostava muito era as vossas palavras lindas em comentários! Por favor? Boa leitura!

Besitos

Visão Mónica

Acordei bem-disposta. Aliás, pareceu-me que mais bem-disposta do que o já habitual. Acordei com beijos e miminhos e respondi logo com um resplandescente sorriso, o que normalmente até demorava uns minutinhos até despertar melhor. Tudo porque continuava com a mesma empolgação acerca da surpresa, do dia anterior. Esperava não ter sonhado também com isso, caso contrário corria o risco de ter falado durante a noite e o Rodrigo ter percebido. Após um banho revitalizante da dormência do corpo acabado de acordar, vesti-me e arranjei-me, descendo com o Rodrigo até à cozinha.

-Amor, hoje vou tirar a folga para estar com as meninas! - informei-o, baixando-me para cumprimentar o Donni, que já se lançava à nossa volta com pulinhos.
-Por isso que você se vestiu bem assim! - comentou ele, com um breve sorriso.
-Acha ruim? - perguntou a Mariana, que já estava a terminar de colocar as coisas na mesa para o pequeno-almoço. - Bom dia, flor! - sorriu-me e deu-me um beijo na cara,o que retribui.
-Depende. O que eu tou achando ruim é você chamar flor à minha namorada e dar um beijo nela e eu não ter direito a nada! - desdenhou o Rodrigo, porém com um sorriso.
-E você achou mesmo que eu ia fazer uma coisa assim? - riu a Mariana, lançando-se num abraço ao irmão, que a presenteou também com um beijo terno na testa.
-Preparou isso tudo sozinha? - perguntou ele, constatando que a mesa de pequeno-almoço estava bem abastada.



-Sim!
-Eu sou como o meu irmão, como tu já bem sabes, gosto de comer! - ouvimos o Mauro surgir na cozinha, chegando depois junto de nós e sentando-se connosco à mesa.
-Pois foi, esqueci que ele dormiu cá! - disse o Rodrigo. - Mas, Mauro, tem cuidado porque se você não toma cuidado, em vez de você trabalhar vendendo carros, vai acabar sendo confundido com uma das rodas de um deles! - gracejou.
-Estás a ver? Estás a ver Mariana, vês como é que o teu irmão me trata? Isto de passar muito tempo com o meu irmão só faz disto! - fez-se de vitima, levando-nos a todos a rir.
-Pronto, agora que você já ficou ciente dos riscos que você corre comendo que nem um bisonte, podemos começar comendo! - atirou por cima a Mariana.
-Até tu?! Meu Deus, estou feito! - riu o Mauro connosco, antes de finalmente iniciarmos a primeira refeição do dia.

Reunimo-nos com a Filipa e o Rúben na casa dela, logo após o pequeno-almoço. O Rúben estava com uma cara de sono muito cómica, à qual se juntavam as indispensáveis piadas à Rúben, que com sono ou não, estavam sempre presentes. Mesmo sendo de manhã conseguimos arrancar algumas fotos entre nós!


                                                      (Mónica e Mariana)


                                                     (Filipa e Mónica)


                                                 (Rúben, Mariana e Mónica)

Bem, e as minhas ideias não eram muito complexas, só iriam dar-nos mais trabalho porque eramos nós que íamos realmente organizar tudo, desde decoração a catering, porque com a concordância de todos chegamos ao consenso de que a minha ideia original se concretizaria, a festa seria lá em casa. Distribuímos tarefas entre nós e algumas tarefas minimalistas foram transmitidas a comparsas da surpresa, nomeadamente a mão dos meninos Amorim. O Rúben, como de costume, serviria de bobo da corte e estava encarregado de no dia anterior logo a seguir ao treino e na manhã seguinte manter o Rodrigo o mais longe possível lá de casa. Tinha visualizado uma decoração simples, um ambiente acolhedor no geral. Optara por decorar toda a casa e o pequeno jardim de entrada com flores brancas,nomeadamente orquídeas e lírios, que simbolizavam a minha lealdade para com o Rodrigo, assim como seria de esperar da parte de todos os convidados, que seriam portanto todos aqueles realmente chegados ao meu namorado, juntamente com adornos outras diversas flores, de diversas cores, todas colocadas com o devido intuito do simbolismo perante aqueles que lá estariam e a sua ligação, a sua relação para com o Rodrigo, como o amor, a amizade, a confiança e a própria alegria, quer da própria personalidade maravilhosa do meu namorado, quer do próprio sentimento de satisfação perante a companhia de todos, perante o momento de felicidade. Pensando também no entardecer e no cair da noite pensara em delinear o caminho de acesso a casa de tochas, e dentro de casa combinações de velas em sacos de papel, própria para uso externo, pensando já na tentativa de vento com intenções de estragar a festa. A Mariana voluntariou-se para a cozinha, dado ser a irmã e ter conhecimentos mais aprofundados das possíveis esquisitices dele, e também porque como brasileira que era sabia as saudades que iam acumulando da comida da mamãe, e nada melhor que a irmã para tentar afrouxar um pouco a saudade, trazendo à mesa a comida do pais deles.
Após umas poucas horas na conversa sobre o assunto, deu-se a hora de almoço, e como nós, as meninas, já havíamos combinado, resguardamos o dia só para estar umas com as outras, pelo que o Rúben saiu ao mesmo tempo que nós, mas no seu carro e em direção à minha casa, para almoçar lá em casa com o Rodrigo, fazendo-se de convidado, como tantas outras vezes, mas que era sempre bem vindo. Nós aproveitamos o dia de sol que aparecera, trazendo consigo uma temperatura um pouco mais elevada do que nos dias anteriores. E assim que entramos no carro da Filipa, as selfies tomaram-nos pelo menos os primeiros 2/3 minutos dentro do carro.


                                                         (Filipa e Mariana)


                                                          (Filipa e Mónica)

Não resistimos, com aquele solinho bom, a boa-disposição reinava mais ainda, e convidava precisamente a um almoço entre amigas, junto do mar.



Escolhemos o Restaurante "O Faroleiro", na linha de Cascais, que era absolutamente o que pretendíamos, melhorando ainda quando pudemos escolher a nossa mesa e houve a oportunidade de nos sentarmos numa mesa linda com uma espetacular vista para o Cabo da Roca.





-Oh Mariana, fiquei curiosa sobre as circunstâncias em que o Mauro te ofereceu essa coisa linda que tens no dedo! Não queres contar-nos? - perguntou a Filipa, já no fim da refeição, tentando amenizar a nossa curiosidade.
-Tem certeza que quer saber? - perguntou a Mariana, fazendo um olhar arisco.
-Podes, aliás, deves tirar as partes mais intimas e constrangedoras para nós de ouvir! - apelei logo. - Ficamo-nos pelo básico!
-Tá! - riu ela. - A gente foi acampar e já era de noite quando a gente foi dar uma volta, então a gente parou num sitio com uma vista linda, ele começou falando o quando gostava de mim e o quanto ele entendia o Rúben agora e todas as coisas que ele já fez por gostar de alguém e ai ele me pediu pra fechar os olhos e quando abri ele tinha as alianças estendidas pra mim!
-Aii, que lindo! - derreti, e não tinha pormenores alguns no relato, fará se tivesse!
-Mesmo querido! - comentou a Filipa também. - E mais?
-Mais... Bom, depois de colocarmos as alianças eu beijei ele e depois a gente desceu de novo pró acampamento, e mais eu não conto! - riu a Mariana.
-Pronto, pronto, podes parar por ai, meu amor, pormenores não obrigada!
-Eu não contava nem que vocês pedissem, cunhadinha!
-Mas a sério, Mari, não queremos saber! Saber que foi querido desse jeito já chega! - reforçou a Fii.
-Foi lindo sim! - disse a Mariana, com um sorriso de orelha a orelha. Era tão bom ver-nos assim, todas felizes, apaixonadas, e principalmente, pelas pessoas certas.
-Bem meninas, vamos pedir a conta e passear um bocadinho? - sugeri.
-Claro que sim! - entusiasmou-se a minha melhor amiga, colocando logo a mão no ar para chamar o empregado.

Visão Filipa

De tão divertido que estava a ser o dia, nem dei por ele passar! A tarde com as meninas soube muito bem, revitalizou baterias! Estar com o meu namorado era maravilhoso, mas estar com amigas também nos faz um bem incrível, e tirarmos este tempinho para nós foi mesmo bom!
Por volta das 19h, depois de termos comido alguma coisa lá em casa, seguimos para a nossa Catedral, ver os nossos meninos jogar! Chegamos aos camarotes e cumprimentamos as outras namoradas/mulheres dos colegas de equipa dos nossos respetivos e sentamo-nos nos nossos lugares, enquanto a conversa infindável entre nós se estendia até o inicio do jogo. Como tanto queríamos e esperavamos ganhamos, com um golo do Nico e outro do Lima!
-Bem meninos e meninas, vão-me desculpar, mas agora chegou a hora de levar a minha menina para fora daqui! - disse o Rúben para o nosso grupo, abraçando-me, quando estavamos prestes a separar-nos cada um para os seus carros.
-Já? Isso é que é pressa! - comentou o Mauro, que foi ter connosco um pouco antes do inicio do jogo e nos acompanhou às tumultuosas reações durante o mesmo.
-Pressa sim! Já estive demasiado tempo longe dela hoje, e acho que mereço, depois do jogo!
-Você nem marcou golo nenhum! - gozou o Rodrigo.
-E tu marcaste, oh seu brazuca de meia tigela?
-Mas eu não preciso de marcar golo algum pra receber todos os mimos que eu quiser!
-Convencido! - reclamou de novo o Rúben.
-Ai amor, assim também estás a ser um bocadinho convencido! - juntou a Mónica.
-Vês? Até a tua namorada, convencido de primeira! - tornou o Rúben a meter-se com o Rodrigo.
-Vá meninos, vá! - apelei. - Nós vamos embora! Até porque para além das razões do senhor meu namorado, eu estou ansiosa para conhecer o hotel!
-Não te vais arrepender, é fantástico! - sorriu-me a minha melhor amiga.
-Eish, tinhas de me lembrar que vou dormir na mesma cama que tu e ele, pequenina? - mais uma vez o meu namorado apelou ao gozo, o que nos levou às gargalhadas. Após umas despedidas sorridentes, eu e o Rúben seguimos para o seu carro, o meu ficaria onde o estacionara para amanhã ter como voltar para casa, e seguimos então com destino ao hotel onde íamos passar aquela noite que nos tinham dado de presente.
-Sabes o que é que eu descobri? - perguntei ao meu namorado, depois de termos já entrado na nossa suite. E bem, que suite, o Rodrigo pensava grande quando se referia à minha melhor amiga!
-O quê, princesa? - quis saber, deslocando-se até bem perto de mim com um sorriso lindo.
-Que existe um spa aqui!
-Hmm, muito bem, então e tu estavas a pensar...
-Estava a pensar exatamente irmos experimentar!
-Sabes que descobres coisas muito interessantes? Adorei a descoberta, e vai saber-me super bem, depois do jogo de hoje!
-Então vamos lá?
-Vamos agora! - respondeu, puxando-me pela mão.
-Ai Rú, isto é tão lindo! - comentei quando lá chegamos, já prontos para recebermos os tratamentos maravilhosos dos profissionais daquela área.



-É mesmo princesa! Vamos aproveitar esta beleza?
-Vamos! - acedi, dirigindo-me para a marquesa à minha frente, e ficando ali por quase duas horas, a desfazer-me de todo o stress, toda a pressão, só a sentir o meu corpo quase desaparecer dos meu sentidos sensoriais... E além de toda este tratamento maravilhoso, tivemos direito a ficar numa sala de relaxamento também ela simples mas acolhedora, e com uma vista noturna linda.



Visão Mónica

O jogo da noite anterior tinha-nos trazido mais alegria à noite e como tal chegamos a casa todos feitos uns loucos! O Mauro acabou por passar lá a noite novamente, coisa que o Rodrigo espicaçou, numa tentativa engraçada de se meter com o Mauro e com a Mariana, tentativa essa que se prolongou por uns cinco minutos, até os dois subirem para o andar de cima.
-Ai amor, és tão mau para ele! - ri, abarcando o seu pescoço com os meus braços.
-Eu não sou nada, só tou cuidando do que é meu!
-Ela é tua irmã amor, e além disso ela já é maior de idade e perfeitamente capaz de se defender se assim for necessário!
-Amor, entende uma coisa, pra mim ela vai ser sempre a minha irmãzinha, pequenina, que eu vou sempre cuidar! Não vai haver namorado, homem nenhum que vai mudar isso, porque nenhum deles vai amar mais ela que eu!
-Aii, tinha de ter gravado esta parte para a Mariana ouvir, que querido amor!
-É verdade amor!
-Eu sei! - sorri, dando-lhe um beijo.
-E o dia com as meninas, como que foi?
-Foi ótimo! Fomos almoçar a um sitio lindo!
-Que bom! O Rúben veio aqui almoçar comigo também, chegou aqui lamentando que a Filipa trocou ele por vocês! - riu.
-Oh, o Rú é sempre o mesmo! - ri também. Segundos depois ouvimos a campainha tocar, e olhamos um para o outro, especulando quem seria àquela hora. Levantei-me do seu colo e fui abrir a porta. Mais valia termos fingido que não ouvimos. Carolina. Ia fechar a porta quando ela entrou se rompante, achando-se a dona e senhora do pedaço, e entrando para a sala. O Rodrigo deu um salto e fez cara feia logo de seguida.
-Que é que você tá fazendo aqui?
-Calma amor! Eu ouvi vocês muito divertidos lá da porta então vim me juntar! - anunciou, tomando a ridícula liberdade de sentar-se no sofá, no lugar onde o Rodrigo tinha desocupado segundos atrás.
-Você é loca?! Sai daqui, fazendo o favor! - disse-lhe rispidamente o Rodrigo, apontando a saída. Eu deixei-me ficar no mesmo sitio onde tinha parado, à porta, com a mesma aberta.
-Calma neném, vim só devolver isso pra você! - disse ela, levantando-se e encostando contra o peito do Rodrigo uma t-shirt.
-Que é isso? - perguntou ele, agarrando a peça de roupa e observando-a.
-É seu, não é? - riu a Carolina, caminhando já para a saída. Reparei que o rosto do Rodrigo ficou algo apático, ele ficou falado, de olhos magoados a olhar para a t-shirt. Nesse mesmo momento percebi que a Mariana descia a escadas apressadamente, já a praguejar contra a loira que se dirigia para a saída. - E você flor, pode continuar rindo muito, porque com as surpresas que você ainda vai ter, vai ter muito rio pra chorar, tá? Beijo! - disse-me, passando a soleira da porta com um ar e um olhar altivo. Tive a capacidade de me recompor minimamente e empurrar a porta de modo a fechá-la e por-me em frente da mesma, impedindo a passagem à Mariana.
-Deixa Mariana - disse-lhe somente, vaga e de olhar fixo no limbo, mas que não focava o meu namorado.
-Ai me deixa ir que é agora que eu parto a cara daquela ignorante! - reclamou ela.
-Deixa - repeti, num tom mais forte, que a fez acalmar a euforia e a resmunguice.
-O que é que aconteceu dessa vez? - quis saber, já mais calma e num tom de preocupação.
-Nada - respondi no mesmo tom anterior, porém já olhando para ela, que me encarou e não insistiu. 
- Rodrigo? - inquiriu o irmão, que acabou por desviar o olhar da peça de roupa na sua mão e recompor um pouco a sua postura, no entanto nenhuma palavra escapou da sua boca. Ela olhou para ambos, e mostrou-se compreensiva, apesar de eu saber que ela queria saber o que tinha acontecido e acabar com aquele mal-estar naquele instante. - Tá, eu vou deixar vocês dois, mas, por favor, não discutam, eu odeio quando vocês discutem - pediu-nos fazendo um olhar suplicante. De novo nenhum de nós lhe respondeu, pelo que ela subiu novamente para o seu quarto. Asim que, naquele silêncio agoniante, se ouviu o fechar da porta do quarto da Mariana, ambos olhamos um para o outro. A distância era alguma, mas conseguia senti-lo a tremer, por dentro e por fora.
-É teu? - perguntei, com a voz pouco audível. Parecia que o ar que me mantinha estava a escassear.
-É - respondeu, num tom rouco. Encolhi-me, recolhendo o olhar até ao chão. - Mas eu não deixei isso em casa dela, quer dizer, não nessa... - retrai-me novamente. - Não, eu não... Isso é de quando eu tava com ela, já faz muito tempo, eu devo ter deixado esquecido em casa dela quando me separei dela. - Não respondi e permaneci encolhida no mesmo lugar, percebendo pelo canto do olho que ele jogara a t-shirt, com um pequeno gemido de mágoa. Depois de tal ato colocou-se direito e foi até junto de mim. - Você acredita em mim, não acredita? - perguntou-me, levantando-me o rosto para vê-lo. No seu olhar vi o meu, aguado, com um mar de emoções a revolverem, mas ainda assim em busca da calma.
-Acredito - respondi, largando a posição recolhida. Senti e foi visível o seu pequeno alivio, tal como eu soltei um pouco a tensão. - Mas eu não confio nela.
-Nem eu, amor, nem eu - concordou, desfazendo-se da água que revolvia no seu olhar e abraçando-me. De facto, eu acreditava nele, mas o que ela tinha dito antes de finalmente desaparecer insistia em ocupar um espaço na minha cabeça. Tinha medo de chegar à demência por culpa da loucura dela.

                          *****
Os dias voaram, é verdade, e no meio de tanta escapadinha para tratar dos pormenores e detalhes da festa-surpresa do Rodrigo, quase não tive tempo de pensar na plantação semeada pela Carolina na minha cabeça. Quase. Havia sempre um momento em que me dava a pensar e repensar nas últimas palavras daquela noite. Esclarecera a Mariana na manhã seguinte, sem grande adiantamento, mas o suficiente para tranquiliza-la e faze-la para de ficar a perguntar mais alguma coisa ou sequer abordar o assunto, assim como fiz com a Filipa mais tarde nesse dia. E todas essas ausências disfarçadas ajudaram também para camuflar a minha ânsia e meio que ausência para o Rodrigo, que era quem melhor me conhecia e a quem não passava nada despercebido. Com o pouco tempo que passava com ele conseguia distrair.me, e engolir com um sorriso tudo o que me denunciasse, quando por mera infelicidade nos cruzamos com a nova vizinha da frente, ou olhava pela janela e lá estava ela a mostrar-se ao mundo e ao deuses.
O dia ia começar cedo, pelo que na noite anterior o Rúben convenceu o Rodrigo a terem uma "noite de homens", juntamente com o Mauro, dando-nos espaço de manobra na noite anterior e na manhã do aniversário. Pedi ao Rúben que empatasse o assunto até à hora de almoço, quando se iniciaria a surpresa. Para além da enorme surpresa em casa, com todos os amigos e afins, tinha preparado uma surpresa mais especial ainda. Tinha tido a ideia à algum tempo, e decidi não abortar a mesma nem com o que havia sucedido, até porque se o fizesse levantaria altas suspeitas, principalmente da minha melhor amiga e da minha cunhada. Eu e a minha melhor amiga eramos a peça chave da surpresa.
-Ai, vocês fazem isso tão bem! Quem dera conseguir essa proeza! - choramingou a Mariana, pouco tempo antes de eu receber uma mensagem do Rúben a avisar que estavam a cinco minutos lá de casa.
-Há pessoas com dons! - riu a minha melhor amiga, respondendo à irmã do Rodrigo.
-Meninas, aliás, pessoal - chamei a atenção de todos os presentes, que cada vez ia ganhando em numerosidade - O Rúben acabou de me dizer que daqui a cinco minutos eles chegam, por isso preparem-se!
-Cinco minutos? Oh meu Deus, ele tá chegando! - voltou a Mariana a mostrar o seu entusiasmo. Se eu estivesse bem na totalidade estaria igual ou pior ainda que ela. Mas estava bem o suficiente para não fazer notar. Tirando o meu pequeno alvoroço interior. E a minha obsessão com as janelas.
-Gente, eles chegaram! - informou-nos o Lima, assim que ouvimos o carro chegar ao seu destino. Eu e a Filipa preparamo-nos e posicionamo-nos no pequeno palco onde iriamos fazer uma atuação ao vivo, um acontecimento único até ao momento. Assim que eles chegaram à porta fiz sinal ao responsável de som e a música que eu e a minha melhor amiga íamos interpretar começou a tocar, fazendo o meu namorado parar na porta, com um sorriso deleitado, enquanto o Rúben lhe dava um abraço fugaz e lhe dizia alguma coisa, esbanjando um enorme sorriso também.



As palmas e todo o barulho de fundo que surgiu assim que se deu o final da música, eram meros incómodos bons no meio do nosso olhar. Ficamos vidrados um no outro, com sorrisos parvos na cara. Parecíamos dois parvinhos, a admirar-nos ao longe, sem ter bem a necessidade de ir logo a correr para o abraço um do outro. Na verdade foi a minha melhor amiga que me despertou, com um pequeno toque no braço e um sorriso a dizer-me "Estás à espera do quê?", e que me fez mover o corpo, porém com a mesma calma com que ele se mexeu do lugar a mesmo tempo. Fomos ao encontro um do outro, absorvemos o sorriso um do outro em segundos e depois, finalmente, abraçamo-nos.
-Você é a mulher da minha vida, sabe disso? - disse-me ao ouvido, num tom baixo, suave, que apesar de quase mudo no meio do barulho ao nosso redor, ouvi tão limpidamente como uma voz no mais absoluto silêncio.
-Dizes isso depois de te ter cantado que és o homem da minha vida? Que conveniente! - ri.
-Você tá zoando da minha cara? - perguntou, já com um laivo provocativo no tom de voz.
-Eu? Só estou a constatar que chegaste tarde, devias ter sido o primeiro! - tornei a rir enquanto me metia com ele.
-Tá, eu vou deixar esse assunto pra depois e vou te largar, porque a gente tá abraçado no meio de meia multidão, só por isso, tá? - sentiu-se tentado, mas recuou, porém apenas pelo facto de não estarmos sozinhos e não haver, ainda, uma oportunidade de fuga fugaz. Eu ri e em seguida largamo-nos e demos atenção a mais alguém que não fossemos nós.

Visão Rodrigo

De facto, com uma namorada e amigos assim, eu não precisava de mais nada! Não tava esperando nada desse género pra surpresa de aniversário, por isso acho que gostei mais ainda, por ser algo diferente e tão acolhedor ao mesmo tempo. Depois de cumprimentar todo mundo, o que demorou um pouco porque ainda havia uma pequena multidão dentro de casa, procurei pela minha namorada pra poder aproveitar um pouco mais da sua companhia na festa. Vi que tava conversando com a minha irmã e a Filipa e do lado delas o time Amorim rindo também. As duas mulheres da minha vida tavam de branco, completamente lindas, e a Filipa tava com um vestido rosa claro, que achei invulgar ela usar, mas que ficava muito bem nela. Quem devia tar adorando ver ela assim era o Rúben, que entre conversa e risada com o Mauro, não tirava o olho brilhando dela.


                                                                  (Mónica)


                                                                      (Mariana)


                                                                         (Filipa)

-Cheguei, cheguei! - anunciei, me esgueirando logo pra junto da minha namorada.
-Que bom, já estava a sentir a tua falta! - disse a minha namorada, pelo que a abracei, assim permanecendo.
-Vocês são mesmo umas libelinhas! Não podem passar uma noite separado que é isto! - se meteu o Rúben.
-Rúben Filipe, podes começar a calar-te relativamente a esse assunto, porque se fores ver bem tu também és assim! - respondeu logo a Filipa, recebendo um revirar de olhos e um pequeno sorriso.
-Gostou da surpresa, maninho?
-Adorei maninha, adorei! - respondi, largando momentaneamente a minha namorada pra dar um abraço e um beijo na minha irmã.
-Que bom que você gostou! Deu trabalho mas valeu bem a pena!
-É mesmo, nem sabes o trabalhão que isto tudo deu! Acho que só por isso vou almoçar à tua pala durante uma semana! - pigarreou o Rúben de novo, mas o canto foi curto porque a Filipa se apressou a dar uma chapada na nuca dele. - Então?!
-Então que ele é o aniversariante, não há cá cobranças para ele! E olha que tu não tens do que te queixar muito, que estiveste a descansar ou a passear com ele enquanto nós arrumamos tudo! - esclareceu a Filipa.
-Que má, amor! Além de me agredires ainda me tiraste a oportunidade de comer de graça durante uma semana!
-Ai Rú, até parece que tu precisas disso para vires cá a casa almoçar ou jantar! - falou a minha namorada rindo. A conversa continuou, os risos quadruplicaram, e as horas foram passando, e passaram tão rápido que quando eu dei conta já era de noite! Depois de ter tido direito a dançar com a minha namorada umas três vezes, a minha irmã e a Filipa tiveram direito a uma dança, e ainda nos premiaram a todos com mais uma música cantada pela minha namorada e a sua melhor amiga. Claro que ainda houve tempo pra eu e a Mónica subirmos escondidos até ao quarto e tratar do assunto que a gente tinha deixado pendente na hora que eu cheguei em casa mais cedo. Pouco depois de a gente ter voltado à festa no andar inferior da casa, fomos cantar os parabéns, com direito ao meu bolo preferido, apesar de eu nem ligar muito pra esse tipo de doces, pelo que calculei que tinha sido a minha irmã confeccionando. Após apagadas as velas fiz um brevíssimo discurso de agradecimento e tirei a primeira fatia do bolo, que entreguei pra minha namorada, a maior responsável por aquela festa e todos aqueles momentos maravilhosos, deixando depois nas mãos de quem quisesse provar o bolo que servisse.
-Ai amor, não é por nada, mas não vou comer isto tudo! - falou a minha namorada, se referindo à fatia de bolo.
-Porquê? Tá com medo de engordar? - ri.
-Talvez.
-Tola! Mas olha, pra você não se sentir tão culpada, as calorias do bolo são as que a gente gastou à pouco, tá bom assim? - sorri maliciosamente, a envolvendo com os braços.
-Tu sabes muito! - riu ela.
-Rodrigo! - me chamou o André Gomes, seguido pelo Almeida. - Vem aqui connosco que temos uma coisa para ti e queríamos tirar umas fotografias!
-Tem mesmo de ser agora? - perguntei, brincando que tava receoso.
-Tem, vem lá puto! - respondeu o Rúben, que aparecera também, já me empurrando, mesmo não tendo sido ele me chamando. Tive tempo de mandar um beijo no ar prá minha namorada e fui embora com eles. Quando paramos, tava um grande número de pessoas em meia-lua, e me fizeram ficar na frente deles, apenas com o Rúben e o André Gomes do meu lado direito e esquerdo, respectivamente.
-Tá, e agora? - perguntei.
-Agora, metes isto - falou o André Almeida, me dando uma coroa de flores brancas e azuis - e seguras isto que vamos tirar-te umas fotos! - terminou, segurando um cartaz, enquanto o Rúben pegou de imediato a coroa de flores das minhas mãos e a pôs na minha cabeça, meia torta da pressa com que ele colocou. Ele devia tar mortinho que tirassem as fotos pra depois zoar de mim o tempo todo!
-Sério, rapazes? - ri.
-Vá lá, Rodrigo! Hoje é para descontrair ainda mais que todos os dias! Fazes anos, pá! - disse o André Gomes. Acabei pegando o cartaz que o André Almeida me deu.



-Só não tou entendendo o que tá dizendo aqui, mas tá! - ri, assim que vi o que dizia.
-Já já tu percebes! - riu o Gomes, enquanto o Enzo se colocou na frente da meia-lua pra tirar as fotos. Só de repente, eu percebi o porquê daquele cartaz. Na hora que o Enzo apertou pra tirar a foto, o Almeida apareceu por trás de mim e me atirou chantilli pra cima! Não consegui nem reclamar na hora com a chafurdice que eles fizeram em cima da minha roupa, e um pouco no meu rosto também, enquanto todos riamos e o Enzo aproveitava pra tirar aquilo como recordação com a câmera.
-'Cês são demais! - ri, assim que finalmente a gente acalmou um pouco.
-Tinhas dúvidas? - riu o André Almeida, me bagunçando o cabelo, acabando por fazer cair a coroa de flores.
-Agora vou ter que ir me trocar!
-E acho muito bem, és o aniversariante mas não é por isso que tens de estar todo sujo no meio da tua festa! - zoou o Rúben.
-Muita piada! - ironizei. - Vou subir e já volto!
-Não, espera, não fazes nem um brinde? Afinal acabamos de te cantar os parabéns! - apelou o Mauro, rindo também.
-Tá, tá bom, vamo lá! - acedi, enquanto eles ia distribuindo as taças já cheias de champanhe que tavam numa das mesas de bebidas. Depois do brinde subi até ao quarto, encostando a porta e começando a tirar a roupa cheia de chantilli, mas parei, após tirar a camisa, tendo de me sentar na beira da cama. Uma tonteira apareceu do nada, me levando a ficar com a vista turva muito rápido, me fazendo deitar pra trás na cama. Não sabia se tinha sido do champanhe, mas era desagradável. Lembro que antes mesmo de adormecer subitamente, ouvi fecharem a porta do quarto, e o pior foi ver uma cabeleira loira. Tinha quase certeza de quem era, mas não conseguia ter reação, à medida que o sono tomava conta de mim.


sábado, 23 de abril de 2016

Capitulo 36 (parte II)

Boa noite meninas!
Como sempre, anos-luz depois do último capitulo publicado, venho finalmente trazer-vos mais um! Eu sei que sou uma grande desnaturada, desculpem! Mas pronto, espero que apesar da já habitual, mas horrível, espera,  ainda continuem desse lado, e que gostem! E eu adorava que me deixassem as vossas opiniões meninas, por favor!
Besitos 


(visão Mónica)

Quando acabei de ler, ouvi a porta da suite a abrir. Na hora certa, porque só me apetecia saltar para o seu colo e enche-lo de beijos, mesmo com as estúpidas das lágrimas que teimavam em tondar-me os olhos!
-Amor, cheguei... - anunciou, e mal terminou de falar já eu me havia lançado no seu colo, fazendo-o deixar o saco de treinos cair no chão. - Que recepção boa é essa? - perguntou, sorrindo, após trocarmos pequenos e rápidos beijos.
-Acabei de ler a carta que deixaste em cima da mesa - informei-o também com um sorriso.
-Ah, isso. - Acabou por pronunciar, sem saber bem o que mais dizer, notando-se uma espécie de vergonha/embaraço disfarçado no seu rosto. Coloquei de novo os pés no soalho e acompanhei-o até ao quarto, após ele ter pegado de novo no saco de treinos. - Como que você tá? A cabeça tá doendo muito?
-Acho que melhorou, mas distraí-me a ler a carta antes de tomar o comprimido que me deixas-te.
-E você já tomou café ou comeu alguma coisa?
-Também não, ia pedir alguma coisa, mas mais uma vez, distraí-me com a carta.
-Tá bom, então e banho, já tomou banho? - perguntou, despindo a camisola que tinha vestida, depois de despojar o casaco também em cima da cama.
-Também não... - respondi, agora eu trazendo a rubez ao meu rosto.
-Então vem, vou tomar o meu segundo banho do dia com você.
-E podemos conversar?
-Claro!
-É sobre a carta.
-Melhor ainda!
-Porquê, tens mais alguma coisa para me dizer?
-Tudo que você quiser perguntar mais eu vou responder, além disso, acho que vou apenas ser repetitivo! - sorriu, pegando a minha mão e puxando-me com ele na direção da majestosa casa-de-banho.

Visão Filipa

Mais um dia em que ia trabalhar, claro que com muito gosto, mas também com algum desgosto por ter de me separar do Rúben. Eu sei, eu sei, lamechas, mas não tenho culpa que o meu namorado seja o mais bonito, o mais querido, o mais divertido, uma espécie de príncipe encantado versão moderna, mais palhaço que o normal, mas digamos que a pessoa com a medida certa para a minha. Novamente lamechas. Lamento, mas estou apaixonada. Mas acho que hoje até foi um bom dia para exagerar mais que o costume na lamechice, visto que eu e a Mónica estavamos as duas sintonizadas no mesmo canal. Após falar, falar e falar de mim e do Rúben cheia de baba na conversa, chegou a hora de me consciencializar um bocadinho do tempo e espaço.
-Desculpa, eu sei que estou a ser uma chata, além de estar aqui toda cheia de baba e toda melada desta conversa, mas não sei, hoje deu-me para isto...
-Até parece que precisas pedir desculpas! Sou ou não sou tua amiga?
-A melhor! - sorri alegremente.
-Pronto, pronto, isso já não discuto! Mas a sério, quantas vezes é que tu me ouviste a mim a falar de mim e do Rodrigo e dos meus problemas?
-Não sei, não costumo contar, sabes, não costumo cobrar, muito menos de ti!
-Tonta! Estou a falar a sério!
-Eu sei, pronto! Mas eu gosto tanto de ouvir! Para além de vocês serem super fofinhos juro que as vossas peripécias são super engraçadas! No dia que parares de contar-me as coisas vou sentir a falta!
-E quando não houver novidades?
-Não sejas parvinha! Desde quando é que vocês, tu e o Rodrigo, não têm uma coisa que seja nova, ou fofinha ou qualquer coisa que depois não tenhas para contar?
-Às vezes não há nada de novo!
-Ai pronto, está bem! Mas hoje tens de certeza! Não me digas que vais passar a noite a um hotel e não tens novidades!
-Tenho!
-Eu sabia! Conta, conta!
-Bem, a noite começou bem, acabou meio mal e hoje comecei o dia melhor do que comecei a noite ontem!
-Wow, montanha russa! Deve ser mais interessante ainda desta vez! Conta! - pedi, ao que ela me contou as peripécias da noite anterior e daquela manhã enquanto eu a observava com atenção e expressava as minhas opiniões apenas com o rosto. Variaram tanto que ela não evitou rir algumas vezes! - Oh Meu Deus! - fraseei no final, como se estivesse a soletrar palavra por palavra. - Vocês... Oh meu Deus, vocês parecem saídos de um livro ou de uma novela ou uma coisa assim!
-Também não é preciso exagerar!
-A sério! - exclamei. - Já reparaste bem em tudo o que já vos aconteceu, tudo o que vocês já passaram? Já reparaste?
-Não foi assim tanto! Mas pronto, vamos compor-nos que daqui a nada chega um grupo!
-Tens razão, logo continuamos a saga! - Falei com um falso ar sério ao que ela deu uma gargalhada, que sobressaiu ao olhar de uma das nossas colegas, que nos olhou com cara de poucos amigos.

Após o último grupo ir embora paramos um pouco na entrada a conversar, mais uma vez, sobre o conto de fadas e acabamos a falar sobre nós.
-Nós estamos muito lamechas, hoje! - riu.
-Ai eu sei, mas quero lá saber! Estou tão feliz! Não sei, hoje acordei assim! A pensar que tenho melhor namorado do mundo!
-Sabes que discordo dessa afirmação, mas só porque o Rúben não é o meu namorado, se fosse eu dizia a mesma coisa que tu, mas neste caso já sabes que para mim é o Rodrigo!
-Eu sei! Mas não é só por ter o melhor namorado do mundo que estou assim, sei lá, sinto-me feliz, mesmo, e depois também tenho a melhor amiga do mundo, não é? - sorri-lhe
-Ai, esquece, estás, aliás, estamos, mesmo queridas hoje! - riu, dando-me um mega abraço. - Também tenho a melhor amiga do mundo, e para que conste, é tu, está bem!
-Ohh, que fofinha! Gosto tanto de ti!
-Também gosto muito de ti!
-Ai que melosas, credo, hoje é demais! - ouvimos a nossa colega Joana, a mesma que nos tinha olhado desdenhosa mais cedo, reclamar, enquanto passava por nós para sair pela porta principal para ir embora.
-Invejosa! - não resisti a vociferar mais alto, ao que ela apenas lançou um olhar para trás, continuando o seu caminho. Eu e a Mónica rimos.
-Vá, vamos deixar a invejosa e trocar-nos para irmos embora!
-Vamos!
Após trocarmos de roupa cada uma de nós, depois de nos despedir-mos, seguiu para o carro do respetivo namorado. Vi o Rodrigo ir embora e depois de pôr o cinto de segurança, reparei que o Rúben não se moveu dali, olhando para mim.
-Está tudo bem? - perguntei, meio confusa.
-Mais ou menos.
-Não me assustes, Rúben! O que é que se passa?
-Ainda podes voltar atrás?
-Como assim? - tornei a perguntar, ficando cada vez mais expectante.
-Podes voltar ao teu trabalho, ou já fecharam?
-Não, ainda está lá gente... Mas para quê?
-Para trocares a tua linda roupa por isto! - informou-me, finalmente, entregando-me algo que teria de vestir, segundo ele, no lugar das minhas roupas, num saco da 5àSec, e junto vinha um outro saco com algo lá dentro também.
-O que é isto?
-Vai trocar-te e já vais ver!
-Tanto suspense!
-Vá, vai lá! - sorriu-me, ao que eu finalmente acedi, saindo do carro. Desloquei-me novamente para o meu posto de trabalho, tendo a sorte de as meninas que fechavam estarem um pouco atrasadas e entrei, dando uma brevíssima justificativa, e dirigindo-me aos vestiários. Abri o fecho do saco da roupa e espreitei o outro saco e arregalei os olhos. Era tudo lindo! Só ainda não tinha percebido para que era aquilo tudo, mas deduzi que não fôssemos diretos para casa. Completei o look de saltos altos com uma nova maquilhagem e estava pronta.




-Estás linda! - sorriu o meu namorado quando me viu, após eu entrar novamente no carro, já de roupas trocadas, depois de ter deixado as minhas colegas a piscar os olhos para perceber se estavam a ver bem quando me viram abandonar o edifício novamente.
-Obrigada Rú, adorei!
-Ainda bem, princesa!
-Não vamos já para casa, pois não?
-Claro que não! Espero que estejas com fome, porque o jantar está praticamente à nossa espera! - sorriu, saindo finalmente com o carro. A viagem não foi muito longa. Assim que trespassamos a porta de entrada de um restaurante de boa aparência do lado exterior, um empregado veio receber-nos e conduzir-nos até à nossa mesa, daquele restaurante lindo também por dentro.
-Só a beleza do restaurante e o trato que nos dão já valeu a pena, mesmo que a comida não seja boa!
-É claro que a comida vai condizer com o resto, ou achas que eu te trago a sítios onde não se coma bem?
-Não, claro que não. Ainda por cima tu que adoras comer! - Rimos os dois, uma pequena gargalhada que foi logo seguida pela presença do empregado de mesa que ficaria responsável pela nossa mesa naquela noite, pretendendo levantar os nossos pedidos. O menu era diversificado e demorei um pouco a decidir-me, enquanto o Rúben decidiu de primeira e escolhia o vinho também.
-Estás a gostar? - perguntou-me, quando terminamos a refeição principal.
-Sim, estou a gostar muito, Rú, obrigada!
-Tudo por ti, princesa!
-Mas não é nenhuma ocasião especial, não era preciso, por isso obrigada!
-Para mim todos os dias são especiais, desde que tu estejas presente em todos eles!
-Ai que amoroso! - sorri docemente.
-Bem, esperamos até depois da sobremesa, ou vamos dançar agora?
-Dançar?
-Sim! Não me esqueci que tenho uma namorada dançarina, e olha que aquela pista de dança está mesmo a olhar para nós! - argumentou, piscando-me o olho, juntamente com um sorriso, indicando com a cabeça a pista de dança existente no restaurante. De facto era apelativa. Luz suave, ambiente romântico, música calma. Chamava definitivamente nem que fosse para uma única dança.
-Está bem, vamos, mas depois da sobremesa, pode ser?
-Claro! - acedeu, sorrindo, e chamando o empregado para que recolhesse os nossos pratos e nos trouxesse o cardápio das sobremesas. Após as mesmas, que estavam deliciosas, assim como todas as refeições e aperitivos anteriores, esperamos o inicio de uma música nova e juntamo-nos aos poucos casais que trocavam pés de dança e abraços carinhosos na pista.



-Foste muito querido, amor, obrigada.
-De nada, princesa. E antes que reclames, fiz-te esta surpresa porque acho que estou muito amélia hoje, então apeteceu-me.
-Muito o quê? - ri.
-Amélia... - riu também. - Muito lamechas, amor.
-De onde é que isso veio?
-Do facto de estar apaixonado por ti, não é óbvio?
-Não amor, isso do amélia!
-Ah, isso! Do Mister...
-Ah bem, não quero saber pormenores senão vai dar-me uma dor de barriga de tanto rir! - Rimos os dois, e depois voltamos apenas a encostar os nossos corpos e rodopiar ao som da balada que tocava.

Visão Mónica

No caminho de regresso a casa fomos na conversa, comentei, parte do que tinha acontecido no trabalho hoje, e a outra parte referiu-se à minha conversa com a Filipa e o episódio com a nossa colega. A viagem foi relativamente curta, pelo que cegamos rápido ao hotel.
-Amor, vai no restaurante e escolhe alguma coisa pró nosso jantar que eu tou apertado pra ir no banheiro, por favor! - pediu-me o Rodrigo, assim que entramos no elevador do parque de estacionamento.
-Vais para o nosso quarto?
-Vou, pede pra levar até lá o jantar depois!
-Está bem! - acedi, saindo no andar onde se encontrava o restaurante do hotel, enquanto ele seguiu no elevador até à nossa suite. Fui até ao restaurante, pedi o menu para ver o que escolher e pedi que levassem o pedido quando pronto até à nossa suite, seguindo depois novamente para o elevador para subir ao nosso andar. Assim que cheguei junto da porta da mesma vi uma fita vermelha de seda, apertada em laço, ao redor da pequena caixa onde passávamos o cartão que nos era fornecido para ter acesso ao quarto. Para passar o mesmo tive de desfazer o laço. Assim que empurrei a porta senti um cheiro adocicado no ar e ao abrir a mesma constatei que tinha um trajeto no chão feito de pétalas de rosa, ladeado de velas acesas, no escuro que estava toda a divisão. Segui o caminho, já com um sorriso no rosto, pois percebi que a urgência para ir à casa-de-banho que o Rodrigo tinha proferido era apenas um disfarce para poder subir primeiro. Fui seguindo até chegar ao quarto, que se encontrava apenas iluminado pela luz das velas, e encontrei o Rodrigo, sentado na beira da cama, virado na minha direção, com um sorriso doce no rosto à minha espera. Vê-lo diante daquela luz minima, suave e mágica só o faziam ainda mais bonito. Não disse nada, fiquei apenas à entrada do quarto, a olhar para ele enquanto sorria também. Em silêncio, ele levantou-se, se deixar o sorriso de lado, pegou primeiro na minha mão, puxou-me levemente para que entrasse de facto na divisão e abraçou-me.
-Rodrigo... - balbuciei.
-Amanhã a Filipa vai ter mais novidades pra ouvir - sorriu ao que eu ri, encostando a minha cabeça no seu ombro.
-Porquê? - perguntei, referindo-me àquela surpresa.
-Porque eu amo você, chega?
-Hm-hm - sorri novamente.
-Não sei se você vai ficar desiludida, mas eu troquei o seu pedido pró jantar.
-Trocaste?
-Sushi. Eu sei que você fala que nunca provou, por isso chegou a hora. Garanto que vai gostar.
-Espero que sim, senão volto a pedir o meu prato! - ele sorriu e ficamos ali apenas abraçados, de olhos fechados, acompanhados pela melodia que se fazia ouvir em tom baixo através do rádio que estava no quarto. Pouco tempo depois fomos interrompidos pela batida na porta da suite, que revelou ser o nosso jantar.
-Preparada?
-Tem de ser, não é? - Ele acenou com a cabeça, sorrindo, enquanto parava o carrinho com a comida do outro lado da cama. Colocou tudo em cima da mesma e acrescentou uma quantas velas, pedindo para que me sentasse. Fi-lo e ele fê-lo à minha frente.
-Vamo começar pelos pauzinhos? - Eu acenei, rindo. - Tem um pequeno elástico pra ajudar você, olha aqui - explicou, ensinando-me a posicionar os mesmos. Tentei durante um tempinho mas não achei que estivesse a fazer a coisas corretamente.
-Não queres acender as luzes? Eu gosto de ver o que estou a comer, principalmente se nunca comi! - pedi.
-Não! Se eu fizesse isso ia estragar o ambiente! - negou. - Eu já entendi que manusear os pauzinho não tá sendo propriamente fácil pra você, por isso pode largar, eu dou pra você!
-Como? - perguntei, tendo como responta ele a direcionar os pauzinhos, com uma espécie de rolinho, branco e laranja por dentro e escuro por fora. O ar não me inspirou muito, mas mesmo assim quase fui obrigada a abrir a boca e provar. Não era mau de todo, parecia que a constituição mais clara era suportável, mas depois havia uma coisa que parecia que não queria descer-me pela garganta, ficava a enrolar e enrolar na boca, por isso detetei que não ia comer aquilo. Fiz uma careta e foi o suficiente para o Rodrigo me estender, enquanto ria, um guardanapo para cuspir fora o que não ia para dentro.
-Ruim?
-Essa coisa escura fica a enrolar-me na boca! Isso eu não como!
-Tá bom! - riu. - Experimenta esse aqui então! - deu outra sugestão, levando-ma novamente à boca. Desta vez tinha um melhor aspecto, um rolo branco, que parecia arroz com pequenos pedaços coloridos no seu interior. Este era bom.
-Gostei deste!
-Que bom!
-Alguma coisa que gostei!
-Ainda tem muito pra você provar!
-Sim, mas tu come também, eu arranjo uma maneira de por as coisas entre os pauzinhos!
-Pode comer com a mão, se quiser, fica mais fácil.
-Ainda faço aqui uma chafurdice de todo tamanho!
-Não faz não! E experimenta esse molho aqui, vai ficar melhor ainda! - sugeriu, apontando um molho que estava no meio. Decidi seguir o seu conselho e comer com a mão, porque percebi que de facto os pauzinhos eram inúteis na minha mão. Escusado será dizer que rir foi coisa que não foi suspensa durante todo o jantar! - Foi tão ruim assim? - perguntou quando terminamos.
-Não, foi bom! Só não como os primeiros que experimentei nem aqueles que têm coisas cruas!
-Viu, não é tão ruim assim!
-Pois não, acho que até gostei muito!
-Bom, assim vamo poder repetir mais vezes!
-Agora?!
-Não, noutras alturas! Agora eu vou pedir pra trazerem a nossa sobremesa! - pegou no telefone de serviço de quartos, pediu a nossa sobremesa e depois de desligar começou a arrumar os pratos, traças e copos de novo no carrinho, para troca-lo pelo do Fondue da nossa sobremesa. Não demorou muito para que essa troca fosse feita. - Vamo fazer um jogo? - sugeriu, enquanto ainda aproveitávamos aquela pequena taça de chocolate de leite onde mergulhávamos pedaços de fruta fresca.
-Que jogo?
-Adivinhas?
-Sobre o quê?
-Sobre a gente!
-Mas o que é que vamos adivinhar?
-Tá, eu começo! Eu aposto que o dia mais feliz da sua vida foi o dia que você me conheceu!
-Não sejas convencido! O dia mais feliz da minha vida ainda está por vir!
-Mas eu tenho certeza que eu vou fazer parte dele!
-Essa acertaste!
-Eu sabia!
-Vá, vá deixa lá de ser presunçoso! - Ele riu e continuamos aquele jogo de adivinhação que de parvo tinha tudo, mas servia para rirmos.

Acordei cedo, apesar de termos ido dormir tarde. Sentia-me bem-disposta o suficiente para cometer essa proeza e com o bónus de não estar mal-humorada.
-Bom dia, bom dia! - cumprimentou-me o Rodrigo, dando-me um beijo na testa e levantando-se da cama. - Dormiu bem?
-Bom dia! Dormi, e por incrível que pareça acordei bem-disposta!
-Milagre! - gracejou, indo até à casa-de-banho.
-Que piada! - ironizei, não evitando um sorriso. - Descemos para tomar o pequeno-almoço?
-Depois do banho, claro!
-Claro que sim! - concordei, seguindo também para a casa-de-banho para ter o verdadeiro despertar do dia. Depois de nos arranjarmos descemos até ao restaurante/bar do hotel para tomarmos a primeira refeição do dia.



-O que é que vais escolher?
-Um cappuccino, e você?
-Também vou querer um, mas vou ter de comer alguma coisa.
-E que tal comer umas quantas besteirinhas pra depois gastar calorias no ginásio aqui no hotel? Ia fazer bem pra mim por causa do jogo de amanhã e assim você me acompanhava!
-Aceito! Só não vou ser tua concorrente no ginásio porque o meu ritmo é diferente do teu!
-A sua presença vai ser suficiente! - sorriu-me e fez os nossos pedidos de seguida.






Após o pequeno-almoço subimos para o quarto e ficamos lá um pouco, seguindo depois para o ginásio que estava disponível para nosso uso no hotel.







-O treino, foi bom?
-Foi ótimo! Você tá em melhor forma do que você pensa! - disse-me, quando saímos do ginásio e nos dirigíamos ao elevador.
-Estou?
-Tá! - Sorri, satisfeita. Ao que entramos de seguida na nossa suite e fomos diretamente para a casa-de-banho para desparecer com todo o suor do nosso corpo. - Vou ligar prá Mariana pra saber como que ela tá! - disse depois que voltamos ao quarto, ainda envoltos nas toalhas, indo buscar o telemóvel. Após quatro toques a Mariana atendeu.
-Olá! - ouviu-se uma voz masculina do outro lado. Por certo seria o Mauro.
-Mariana? - retornou o Rodrigo, brincando obviamente com o Mauro.
-Mariana? Mas eu tenho voz afeminada e sotaque brasileiro, ou quê?! - retrucou ele.
-Ah tá, já entendi, desculpa, mas é que quando você atendeu tava muito parecido!
-Bem, vê lá vê!
-Tou te zoando, Mauro, calma, já parei! - riu o Rodrigo.
-Vê lá, olha que para a próxima mando-te pastar!
-Quê?
-Esquece, esquece! O que é que tu queres, afinal?
-Falar com a minha irmã, caso você não tenha reparado atendeu o telefone dela! Aliás, porque é que você atendeu o telefone dela?
-Cheguei primeiro e atendi!
-Ah tá, agora pode passar pra ela então!
-Com certeza!
-Obrigado! - agradeceu e depois de segundos de silêncio ouviu-se finalmente a voz da Mariana.
-Oi maninho!
-Oi! Que é que tá acontecendo com o seu namorado que tá mal-educado? - brincou novamente o Rodrigo.
-Ele não é mal-educado, Rodrigo! Ele atendeu porque eu falei pra ele atender!
-Tô zoando! - afirmou com um risinho.
-Eu sei, bobo! Olha eu só não tou entendendo uma coisa! Porque é que vocês foram se isolar ai os dois pra vosso bem e agora você tá me ligando? Que eu saiba ainda não terminou a estadia!
-Ah tá bom, então se você não quer que o seu irmão te ligue pra saber como você tá, por causa da má vizinhança, e dizer que te ama, então tá, eu vou desligar!
-Não, não, não, eu tava brincando! Você é um queridinho, é o meu mano lindinho e eu também te amo, mas não precisa se preocupar porque eu também não fiquei por casa!
-Não? Onde você tá? E o Donni?
-Fica tranquilo, meu amor! O Mauro me trouxe pra acampar e o Donni ficou com a mãe dele, ela falou que não se importava!
-Sério? Muito bem, hein, afinal o seu namorado até tem umas ideias bem legais!
-Vou te contar um segredo: a ideia foi da Filipa, mas não tem importância! - baixou o tom de voz e deu uma risadinha.
-Ah, só podia! Era um pouco estranho seu namorado ter ideias tão originais!
-Eu estou a ouvir, caso não saibas! - ouvimos o Mauro do outro lado da linha, e as gargalhadas da Mariana a tentarem sobrepor-se-lhe.
-Tá bom, desculpa! - Desculpou-se o Rodrigo, enquanto continuava a rir. - Então tá, se você tá bem, se tá tudo tranquilo, é isso, não vou tirar mais o tempo de vocês! Beijo maninha!
-Tchau amor, beijo! - despediu-se também a Mariana, terminando a chamada em seguida.
-Está tudo muito bem, pelos vistos! - ri, assim que ele pousou o telemóvel em cima da cama.
-Tá sim! O Mauro acertou bem na hora de tirar a minha irmã lá de casa!
-Ainda bem! Bem, então e nós, o que é que vem agora?
-Agora vem que a gente vai só ficar aqui, namorando, descansados, até ir almoçar!
-Parece-me bem!

Visão Rúben

"Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer", já dizia um ditado popular. Pois eu deitei-me tarde, levantei-me cedo, acordei com os olhos do tamanho de uma ervilha e tive de ir treinar logo de manhã! Por este andar ia perder a saúde que se ganha por ir dormir cedo! Custou, não vou dizer que não, mas depois de uns dez minutos a correr, ou quase arrastar os pés pelo relvado e apanhar aquele arzinho frio na cara, despertei, e até melhor do que esperava, dada a minha preguiça matinal.
No regresso a casa decidi fazer uma pequena alteração de roteiro e passei numa florista, numa loja de crianças e numa especializada em chocolates. Encomenda especial para a namorada. Quando cheguei a casa, já ela estava a pé, provavelmente à pouco tempo, pois ainda estava de pijama, com a sua taça do pequeno-almoço nas mãos, sentada no sofá a ver televisão.
-Bom dia, princesa! - disse-lhe assim que entrei, estendendo logo a surpresa, porque ela iria desconfiar de imediato que tinha alguma coisas escondida atrás das costas.
-Bom dia! - sorriu alegremente, levantando-se e dando-me um beijo quando me acerquei dela, e aceitando o que lhe estendia. - Que lindo, amor, obrigada!
-De nada, meu amor! - sorri-lhe de volta, sentando-me ao seu lado. Porém tornei a levantar-me num ápice.
-Ai Rú, o que é que foi? Assustaste-me!
-Esqueci-me do saco de treinos no carro! Vou lá buscá-lo num pé e venho noutro! - corri para fora de casa e fui buscar o saco num instante. Quando retornei à sua companhia ela estava a abrir a caixa de chocolates, então aproveitei e roubei-lhe um chocolate.
-Rú! - protestou ela, com um sorriso pretendendo estar emburrada.
-Que foi? Não comes a caixa sozinha, e acho que estava mesmo a precisar de um doce!
-Hm, sei! - reclamou de novo com o seu sorriso, dando-me um pequeno encontrão com o ombro, ao que apenas ri e lhe roubei outro chocolate, fazendo-a fechar a cara para mim, ou pelo menos tentar.

Visão Filipa

Tinham acabado de ligar da oficina onde, há muito tempo atrás, eu tinha deixado levares o meu carro. Aquela, do conhecido do Rúben. O senhor acabou por me contar que , de facto, o problema do meu carro tinha demorado mais que o previsto para ficar arranjado, mas confessou-me também, como quem não queria ser apanhado a fofocar, mas que mesmo assim fazia a fofoca, que o Rúben lhe tinha ligado umas poucas vezes para que ele não me ligasse e devolvesse o veiculo recuperado. Todas as semanas ele ligava no mesmo dia, mas como na semana anterior a ligação não surgira, ali estava o senhor mecânico a ligar-me e a contar-me as novidades, mesmo aquelas que não seriam para serem dadas. Fiquei felicíssima! Já tinha saudades de conduzir o meu carro novamente! Combinei em ir buscá-lo hoje a partir das 19.00h!
-Rú! - chamei-o, quando ele chegou à sala.
-Diz princesa!
-Acabaram de me ligar da oficina do teu amigo para eu ir buscar o carro! - informei-o, esperando ver a sua reação. Ao ouvir-me, ele arregalou rapidamente os olhos, mas tentou disfarçar, tal como a ligeira diferença no tom de voz.
-A sério?
-A sério! Ou esqueceste-te que a ligação para o teu amigo esta semana falhou? - insinuei, com um sorriso desafiador. Nesse momento a ficha dele caiu e observei o hilário momento em que ele pregou uma chapada na testa, apercebendo-se dos factos.
-Desculpa - acabou por pedir, receando que eu ficasse chateada ou magoada.
-Não há nada para desculpar tonto! Só gostava de saber para que é que fizeste estas tramóias todas!
-Oh, assim eu aproveitava mais aqueles bocadinhos de ir levar-te e buscar-te, para ficar contigo!
-Que tonto, Rú! Nós passamos mais tempo juntos que sei lá o quê! Tu só vais a casa buscar roupa e pouco mais e ainda tentas essas coisas para teres mais tempo comigo?
-Parece que nunca é suficiente! E bem, em relação a eu ir a casa tão poucas vezes, achas que posso mudar-me de vez para aqui, ou vou ter de esperar ainda?
-Estás a começar a ficar incomodado com o pó da tua casa?
-Um bocadinho, talvez... - sorriu.
-Coitadinha... Temos de ir lá qualquer dia fazer a limpeza geral para ficares menos triste, está bem?
-Combinado! Aproveito e trago as malas e meto uma placa na janela!
-Essa parte já pode tardar um bocadinho!
-Deves estar farta de mim já, estás sempre a querer adiar a minha estadia permanente contigo!
-Rú, já conversamos sobre isso!
-Eu sei princesa, mas, eu gostava tanto...
-Vamos ter calma, amor, por favor.
-Está bem, pronto, já me calei! Afinal a que horas é para ir buscar o carro da menina?
-A partir das 19.00h!
-Ótimo, vou lá levar-te! - respondeu alegremente.

Já estávamos de saída da oficina, e quando me dirigi ao meu carro, fui puxada pelo braço, levemente, pelo meu namorado.
-Que susto, Rú! Que foi?
-Queria um beijo, antes de me dirigir para o carro que só me vai levar a mim!
-Ai que sentimentalista por causa de uma viagem de carro!
-Uma viagem de carro sem ti!
-Então mas tu não tens de ir a tua casa?
-Tenho... E tu podia vir comigo.
-Rú, tens de ir lá sozinho no carro na mesma, que eu saiba ainda não conduzes um reboque para levar agora o meu carro!
-Pronto, está bem, desisto! Vou lá num instantinho e vou logo direto para tua casa!
-Sim, senhor doutor das pressas! Vai lá que de casa não saio!
-Acho muito bem!
-Vê lá se queres que saia sem tu saberes!
-Desculpa princesa, pronto, o que eu quis dizer foi que é o que mais quero, que fiques em casa, porque não demoro mesmo nada, nada, nada e queria que estivesses lá à minha espera!
-Vou fingir que acredito em ti! Vai lá se não só chegas amanhã! - gargalhei.
-Não me vou embora sem o meu beijo! - reclamou, ao que lhe satisfiz a vontade depois de um "até já"  junto de um indispensável beijo cada um entrou no respetivo carro.



Estava já a meio caminho quando recebi uma chamada da Mónica. Fiquei preocupada, porque tinha-la visto sair com o Rodrigo e não era propriamente regular ela ligar-me a meio da noite.
-Estou? - atendi, com um tom de voz a balançar para o preocupado.
-Olá! Desculpa estar a ligar-te a esta hora, se calhar assustei-te!
-Mais ou menos, estou só a estranhar estares a ligar-me a estas horas. Aconteceu alguma coisa?
-Não aconteceu, mas vai acontecer! - respondeu, notando-lhe já uma nesga de entusiasmo na voz, sinal de que não tinha motivos para me preocupar.
-Então e o que é que vai acontecer que te deixa num estado de ansiedade que até ao telemóvel se sente?
-O aniversário do Rodrigo! - Só podia! Mas como é que eu não adivinhei que "Rodrigo" e "Entusiasmo" estavam ligados neste momento, e ainda por cima a estas horas! - Ele faz anos daqui a uma semana! E como é óbvio eu já comecei a ter umas ideias para fazer uma festa para ele!
-Queres partilha-las, não queres? - atirei, mas para certeiro do que duvidoso.
-Melhor que isso, quero que me ajudes! Também vou pedir agora mesmo a ajuda da Mariana!
-Tou dentro! - ouvi a Mariana também do outro lado da linha, pelo que o pedido para a mesma deve ter sido feito a meio de gestos no preciso momento em que me comunicava. - Se for pra pregar susto no meu irmão então, ai eu já nem saio! - riu a Mariana.
-Fii - chamou-me a minha melhor amiga, pelo que percebi que vinha ai um pedido especial. - Achas que estou a pedir muito se te pedir que venhas cá a casa agora? Assim já conversávamos as três e tudo!
-Tudo bem, eu vou! Até calhou bem que assim chateio um bocadinho o Rúben! - ri
-Chateias um bocadinho o Rúben? - repetiu a Mónica, sem perceber.
-Depois explico! Já estou a meio do caminho para vossa casa, por isso vá, até já!
-Até já, Fii! - despediu-se também. Após desligar a chamada no atendedor de mãos livres que tinha acabado de recolocar no meu carro, inverti o sentido e segui ao encontro das meninas.

Visão Mónica

Já havia algum tempo que andava a pensar acerca do aniversário do Rodrigo. Queria fazer alguma coisa especial, só não sabia bem o quê! Acabei por ter algumas ideias, mas definitivamente ia precisar de ajuda! E ninguém melhor que a Mariana e a Filipa! A ideia de juntarmo-nos e expor-lhes as minhas ideias surgiu oportunamente na hora em que o Rodrigo saiu de casa, já depois do jantar, com o Mauro, que lhe pediu afincadamente que o acompanhasse para uma conversa de teor familiar só entre eles os dois. O Rodrigo riu, não entendendo tanto a urgência da conversa, visto que já nos havia apresentado as alianças de compromisso nas mãos dele e da Mariana, e o Rodrigo tinha apenas demonstrado felicidade para com os dois, no entanto acedeu ao seu pedido e foi com ele, que não se ficou simplesmente pelo jardim, entraram no carro do Mauro e saíram. Ali havia coisa.
-Obrigada por teres vindo! - agradeci, assim que abri a porta à Filipa, cerca de 15 minutos depois do término da chamada.
-De nada! - sorriu, dando-me um breve abraço ao passar a soleira da porta.
-Eu sei que sou chata, eu sei, mas é por uma boa causa!
-Não te preocupes, eu apoio totalmente essa causa! E como já te tinha dito, dá-me jeito para pregar um sustinho ao Rúben!
-Mas queres pregar-lhe um susto porquê? - quis saber, quando já nos sentávamos junto da Mariana, no sofá da sala.
-Apetece-me! Ele armou-se em esperto, claro que na brincadeira,vocês sabem como é que ele é, então vou pregar-lhe um sustinho!
-Ai, acho que o Rú vai apanhar é um sustão! Nem quero ver a cara dele depois!
-Ah, mas olha que tu vais ajudar-me com o susto! E tu também Mariana!
-Ui, cuidado com esse susto que o Rúben depois vai querer me pegar e esfolar!
-Ai meninas, vá lá, ele pode ficar chateado mas no segundo a seguir já está a rir!
-Isso é verdade! - concordou a Mariana.
-Está bem, pronto, mas não vamos exagerar no susto, pode ser? Para apanhar sustos todos os dias já chego eu que sou a assustadiça de serviço!
-Está bem! - concordou a Filipa, tranquilizando-nos um pouco. - Então mas que ideias são essas que já tens para a surpresa no aniversário do Rodrigo? - quis ela saber. Claro que rebobinei tudo super entusiasmada!

Tocaram à campainha e as três entreolhamo-nos, pois já sabíamos que vinha ai o furacão do Rúben. Na verdade ao telefone ele não parecera assim tão chateado, o problema foi qual de nós é que se voluntariava a ir abrir a porta. Acabei por me levantar e ir eu, porém meio escondida atrás a da porta quando abri a mesma.
-Não precisas de te esconder! - disse-me, assim que entro em casa. O semblante que ele forçava para ficar sério demais não resultou, porque acabou por se desmanchar num sorriso. - Vocês são mesmo parvinhas, não são? Querem matar um homem do coração?! - reclamou, apesar de o seu ar ser já descontraído. - E aposto que a ideia foi tua, menina! - apontou o Rúben à Filipa, que se desmanchou a rir na cara dele, que por sua vez não se ficou e avançou para ela com reclamações fofinhas e um ataque de cócegas. Tinhamo-lo deixado ligar duas vezes, sem obter resposta, para a Filipa, e à terceira, mesmo antes de soar o último bip de chamada, eu atendi o telemóvel e comecei a falar sem parar a pedir que ele viesse ter connosco. Antes disso, o meu telemóvel e o da Mariana tinha sido contactado por ele e ambas dissemos que a Filipa não estava connosco. Era ou não era para ele estar a estrangular-nos? Mas como o Rú é o Rú, faz as reclamações sem força dele e depois ri. Sorte a nossa! Depois de ele e a Fii já estarem recompostos no sofá, falei com ele também sobre a surpresa que queria fazer ao Rodrigo, ele podia ajudar-nos também. Não foi quase preciso expor nada, ele alinhou praticamente sem ouvir.

Visão Rodrigo

 O Mauro enrolou tanto enquanto a gente dava uma volta pelo shopping, tudo pra ficar dizendo e re-dizendo o quanto ele gosta da minha irmã e o quão feliz planeia ser junto dela. Na verdade eu acho que ele, apesar de todas as piadinhas que costuma dizer, tava meio com medo, e ficou falando e dando voltas pra ver se eu falava alguma coisa, mas tudo o que eu falei foi que acreditava nele e que esperava que ele fizesse realmente a minha irmã feliz. Quando a gente chegou em casa tinha mais gente do que quando a gente saiu. O Rúben e a Filipa tavam junto com a minha irmã e a minha namorada na sala.
-Não sabia que ia ter visita! - falei, quando a gente chegou junto deles.
-Nem nós, mas decidimos dar uma passadinha aqui! - comentou a Filipa.
-Fizeram muito bem! - informei. - Então e o que é que vocês tavam conversando aqui?
-Nada demais - falou a minha namorada.
-Bem, oh puto, já disse à minha menina que tu nos ofereces-te a noite de amanhã lá no hotel onde vocês estiveram, mas olha lá uma coisa, nós vamos ficar no mesmo quarto que vocês?
-Eu acho que sim, mas quando chegar lá vocês perguntam! Por falar nisso, tenho de pegar lá no quarto o voucher de vocês!
-Eish, não sei se quero ficar no mesmo quarto que vocês!
-Porquê? - inquiriu a Filipa.
-Olha, porque eles passaram duas noites naquele quarto a fazer sabe Deus o quê e não me apetece encontrar vestígios de nada!
-Passaste-te, Rúben! - meio que riu a Mónica.
-Eu não!
-Cê tá doido mesmo, que conversa é essa?
-Rúben, sabes que eles mudam a roupa de cama e essas coisas todas, no hotel, todos os dias! - disse a Filipa.
-Sei lá! - continuou o Rúben sorrindo.
-Rú, para de ser parvinho! - riu de novo a minha namorada.
-Eu vou pegar o voucher de vocês! - ri também e acabei por levantar do sofá e ir no quarto.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Capitulo 36 (parte I)

Boa noite meninas!!
Trago-vos, finalmente, mais um capitulo! Pode não ser grande o suficiente, apesar do volume das imagens, mas acho que fiquei super ansiosa para vos dar mais um capitulo, por isso aqui está ele! Espero que gostem, e deixem as vossas opiniões!
Besitos


Visão Mónica

Estava ansiosíssima para voltar para o spa! Aquela suite era majestosa, linda! Após termos tornado a deixar o carro no estacionamento, entramos no edifício e subimos ao 23º andar, recolhendo aos nossos aposentos das próximas duas noites.






De tão grande e fabuloso que me parecia, quase que me perdia lá dentro, sem contar com os locais do hotel & spa que nós tínhamos acesso. A nossa casa de banho tinha o tamanho de um quarto grande e era tão linda que não resisti a experimentá-la na hora, e levar o Rodrigo comigo, apesar de ele já vir de banho tomado do treino.



Poucos minutos após tê-lo arrastado comigo para aquela água quente e borbulhante ele saiu por uns segundos.
-O que é que foste fazer?
-Pedir o serviço de quartos!
-Eu pensei que iamos ficar aqui um bocadinho antes de irmos jantar - dei a conhecer, chegando-me para mais perto dele e rodeando o seu pescoço com um abraço.
-E a gente vai, mas enquanto isso eu pedi umas bebidas pra nos acompanhar!
-Bebidas?
-Sim!
-Mas nós não costumamos beber assim amor, e além disso amanhã tens treino - adverti.
-Eu sei meu bem, mas não tem problema não, só se tivesse jogo amanhã é que não podia!
-Se tu dizes, então está bem - acabei por concordar. Pouco depois ele voltou a abandonar-me por uns segundo e chegou com uma garrafa de vinho na mão.
-Você sabe porque é que eu arrumei esse tempinho prá gente?
-Carolina - respondi apenas.
-Principalmente, sim, mas também porque eu tenho pensado em algumas coisas e, a gente fica bem depois que a gente discute, mas a gente não aprofunda muito as conversas sobre os motivos das brigas e eu gostava de tentar esclarecer alguma coisa.
-Hmm... Alguma coisa em especifico?
-Não, mas a gente tem de começar por algum assunto, por isso... Lembra da briga que a gente teve naquele jantar que a gente ia contar que você ia ficar morando definitivamente lá em casa?
-Sim.
-Então... Você ficou muito magoada comigo?
-Na altura fiquei um bocadinho, porque ao pensar que se eu engravidasse de repente e tu podias não querer a gravidez, para mim seria horrível, porque apesar de inesperado seria um filho nosso, e se tu não quisesses a criança seria como se me estivesses a rejeitar a mim...
-Eu nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas, amor. Eu só fui pego de surpresa, mas eu juro que se por acaso acontecer eu não vou reagir daquele jeito mais, eu juro. Nunca na vida eu vou rejeitar um ser que vai ser a prova viva do nosso amor!
-Pronto, agora foste ultra-querido! - respondi babadíssima.
-Só fui sincero, meu bem, só isso.
-Eu sei amor, eu também acho que naquele dia, aliás, naqueles dias eu andava mais sensivel e a minha reação também não foi a melhor, desculpa.
-Não tem que se desculpar, a gente só tinha que esclarecer as coisas direitinho, pra depois não andar pensando mais nisso.
-Concordo contigo! Mas agora podemos ir jantar? Juro que não é para parar a conversa, mas o vinho não pára os roncos que a minha barriga está prestes a fazer! - pedi, rindo e fazendo-o rir também.
-Claro, vamo lá! - Depois de nos vestirmos, nada muito chique, apenas o bastante para mostrar elegância, dirigimo-nos ao restaurante do hotel.





Enquanto ele pediu uma bolognese eu pedi um bacalhau à Brás, e a acompanhar houve vinho, claro.






-Amor, continuando o curso da conversa lá no quarto...
-Sim, diz - disse-lhe, enquanto ele me enchia mais uma vez o copo. A garrafa estava praticamente no fim.
-Você vai querer casar comigo?
-Tu, tu não estás a pedir-me em casamento, pois não Rodrigo?! É que se estás não podes, não estás, isto, isto não é assim, tem de ser um pedido mais bonito, não podes estar aqui a empaturrar-me de vinho e a meio da refeição fazer a pergunta como se não fosse nada! - comecei a disparatar, tal foi a surpresa perante a pergunta, comecei a gaguejar e tudo!
-Calma, amor, calma! Eu não tou te pedindo em casamento, ainda! Eu só queria saber se tá nos planos que você faz ai na sua cabecinha! - tranquilizou-me docemente.
-Sim, sim, está - respondi menos nervosa. - Mas porque é que queres saber agora?
-Só queria saber se cruzava com os aviões que eu passeio aqui na minha! - sorriu, apontando a sua cabeça.
-Ai que tótó pá! - ri.
-Bom, eu não sei se agrada a você um tótó que pediu uma sobremesa especial, mas se agrada então eu sou ele! - sorriu, fazendo um sinal a um dos empregados, que lhe sorriu como resposta e se dirigiu ao interior da cozinha, regressando ao exterior segundos depois e dirigindo-se à nossa mesa, já despojada dos pratos da refeição, obséquio de um outro empregado. - Se não quiser eu não me importo nem um pouco de comer sozinho! - gozou-me.
-Não querias mais nada! - ri, dividindo a sobremesa com ele.





Após uma disputa de quem comia o último pedaço da divindade de chocolate que nos haviam trazido, ficamos perto das enormes janelas que nos proporcionavam um lindo panorama da vista.





Ficamos apenas agarrados um ao outro, a olhar para lá do vidro da janela, com sorrisos no rosto, a pensar em nada e no quão felizes nos sentíamos ao mesmo tempo. Durou uns dois ou três minutos, porque passado esse tempo o chamativo de um homem da parte do bar nos chamou a atenção.
-Muito boa noite meus senhores, queria pedir-vos apenas uns instantes da vossa atenção! Gostaria apenas de informar que daqui a meia hora iremos efetuar um workshop de cocktails aqui no nosso bar, para quem estiver interessado é só dirigir-se até lá e podem distribuir-se pelas mesas que lá se encontram, serão todos muito bem vindos! Uma boa noite e resto de bom apetite! - terminou, retirando-se.
-Vamos? - pedi.
-Bom, você sabe que vai ter de beber o que fizer, não sabe?
-Não tinha certeza, mas não faz mal! Vamos?
-Vamo então! - Meia hora depois estavamos no bar e uma hora e meia depois o workshop já tinha acabado, deixando-nos com um golo do sabor de cada um dos cocktails que haviam sido apresentados, e cada um com um, inteirinho, para si.





-Rodrigo, Rodrigo, isto estava espetacular, mas vamos para o quarto que daqui a nada começo a ver tudo à roda! - Pedi, após termos acabado a nossa "prendinha". Ele riu-se na minha cara, mas subimos até à suite.
-Tá tão fraquinha que a hipótese de começar vendo dois de mim tá chegando?
-Primeiro:não estou fraquinha coisa nenhuma, mas é que isto tudo de seguida está a pedir-me água contra a visão dupla! E depois, quem é que está a chegar? - disse-lhe, sentando-me no fundo da cama.
-Ninguém amor, não tá chegando ninguém! - riu. - Vem ai é um licor de chocolate que tem aqui que é delicioso! - dirigiu-se ao carrinho/ mini-frigorifico onde estavam as bebidas e do cesto de cima deste tirou a tal garrafa de licor, pegando em dois copos e juntando-se a mim.
-Mais não Rodrigo! Daqui a nada ainda começa a ver a quadruplicar em vez de a dobrar!
-Mas tem chocolate...
-Bem, tem chocolate... Está bem, mas só porque o chocolate não embebeda!

Visão Filipa

Após o filme o sono ainda não tinha aparecido, pelo que decidi entreter-me indo buscar as fotos que tinha minhas e do Rúben e colando-as num caderno. Sim, nós formamos partes daqueles que ainda têm aquelas máquinas fotográficas que imprimem as fotografias na hora! Velhos, chatos... melhor seria épicos.
-O que é que vais fazer? - perguntou-me ele, largando o comando da televisão no sofá e sentando-se ao meu lado no tapete da sala.
-Vou começar um álbum com as nossas fotografias!
-Não é mais fácil colocá-las num daqueles álbuns já feitos?
-Assim tem mais piada! - respondi-lhe, colando a primeira fotografia.



-A primeira foto que tiramos! - sobressaltou-se.
-Sim! Foi na tua festa de anos, lembras-te?
-Claro que lembro! Só tu é que me conseguiste levar de facto à festa, caso contrário ia estar lá a um canto a pensar na morte da bezerra!
-Ai que tonto Rú! - sorri, colando de seguida a segunda fotografia.



-Devo ter mel, eu! - gracejou.
-Deves ter é a mania! - piquei, continuando a colar as fotografia, claro que sempre acompanhada dos comentários e gracinhas do Rúben.
















Eram 9:40h da manhã quando acordei com o telemóvel do Rúben a tocar. Ele com um olho fechado e outro meio fechado apalpou em cima da mesa-de-cabeceira e atendeu, sem ver quem era.
-'Tou - atendeu, com a voz embargada de sono. Ai como aquele som mexia com a minha libido! Um homem das cavernas acabado de acordar que por mais que quisesse ou tentasse não conseguia deixar se ser lindo e fofinho! - Hã? - perguntou ainda ensonado. - Ai oh Mauro, a sério? Acabaste de me acordar a uma hora destas para pedir ajuda para uma surpresa que vai ser só esta noite? Vai-te catar, meu! Eu tenho sono! Sabes o que é? S - o - n - o. Deixa-me dormir mais um bocado e depois consigo raciocinar. Depois ligo-te! - desligou a chamada, tornando a enroscar-se a mim.



-Surpresa?
-Amor, deixa-me dormir. Só mais um bocadinho, a sério. Depois conto-te - sorri, permanecendo em silêncio, permitindo-o adormecer poucos minutos depois. Poucos minutos passaram e muito devagar sai da cama e vesti-me sem fazer barulho, indo para a sala. Fiquei a passar os canais da televisão para ver se dava alguma coisa de jeito, porém a fome surgiu e decidi ir tomar o pequeno-almoço, visto que o meu príncipe encantado ainda dormia.




Enquanto terminava de lava a pouca loiça que havia sujado, uma música de que gosto muito começou a passar na televisão e não resisti a cantar.




-Além de dançarina a minha namorada é cantora e eu não sabia! - Aplaudiu-me o Rúben, chegando agora à cozinha, enquanto eu estava de mão fechada junto à boca, imaginando um microfone.
-E eu não sabia que o meu namorado tinha um talento ainda maior para me assustar!
-Não te queria assustar, mas estou a falar a sério, cantas maravilhosamente!
-Oh, não canto nada!
-Ah então vais dizer-me que eu canto bem? Queres que cante agora para comprovares a minha voz de cana rachada?
-Não, não deixa estar, não é preciso Rúzinho! - ri, retornando ao sofá da sala.
-Já tomaste o pequeno-almoço?
-Sim! Mas deixei-te uma coisinha no frigorifico!
-Só isto? - fez cara feia, pegando no pequeno potinho que havia deixado para ele.






-E vais com sorte! Acordas tarde!
-Eu estava cansado!
-Eu percebi, adormeceste tão rápido hoje depois do telefonema do teu irmão!
-Ai pois é, agora vou ter de pensar numa surpresa para a Mariana! - disse, sentando-se ao meu lado enquanto comia.
-Para a Mariana? Ela faz anos?
-Não, mas ele quer fazer-lhe uma surpresa! É o lado romântico dos Amorim a sobressair!
-Ah, está bem! - ri. - Queres ajuda a pensar?
-Toda a ajuda é bem-vinda! Até porque eu já tenho de ter ideias para as surpresas que eu tenho de preparar, então fica complicado!
-Ele disse que tipo de surpresa estava a pensar, já tinha alguma ideia?
-Não sei, não me lembro bem, mas acho que não!
-Bem, então... Eles podiam ir acampar! - acabei por sugerir.
-Boa ideia! É romântico e ainda tem o beneficio de os levar para longe da nova encomenda loira! Obrigado princesa! - agradeceu-me, dando-me um beijo na testa. - Vou ligar mas é àquele cromo se não daqui a nada está a ligar-me feito loco! - levantou-se e foi até ao quarto buscar o telemóvel para ligar ao Mauro, retornando para junto de mim já com o telemóvel ao ouvido.
-Já posso falar oh fogo no cú? Pronto, muito obrigado! - falou, sentando-se novamente ao meu lado. - Então é assim, na verdade foi a Filipa que deu a ideia, porque eu só tenho uma namorada e já fica difícil às vezes ter ideias, por isso ela ajudou-me - calou-se por segundos e retomou a palavra. - Ela sugeriu que podiam ir acampar! É uma coisa romântica, como o menino queria, e assim também se vêm livres da nova indigestão da vizinhança! - Voltou a silenciar-se por segundos. - Vês como o maninho aqui é útil? Pronto, desta vez foi a namorada do maninho, mas ajudamos-te! - Novamente silêncio numa pequena fração de tempo. - Vá, está bem, agora vai lá tratar das coisas, vá, aproveitem! Até logo! - despediu-se e desligou a chamada.
-Então?
-Parecia uma menina com uns guinchinhos! Mas adorou a ideia, estava todo trocado das ideias já com o que tinha de ir tratar!
-E tu também só dizes babuseiras, coitado do Mauro! - ri
-Oh, ele está habituado, isto já nos está nos genes! - riu também.
-Bem, agora está na hora de irmos arranjar-nos para almoçar e eu ir trabalhar e tu para o treino, ou esqueceste-te que hoje é mais cedo?
-Não, não esqueci, vamos lá princesa! - levantamo-nos do sofá e fomos preparar-nos.

Visão Rodrigo

A gente não tá mesmo acostumado a beber tanto, mas com o ambiente que a gente tinha tido nos últimos dias, a gente precisava se distanciar um pouco daquilo, por isso pra complementar a estadia no Spa decidi juntar um pouco de álcool. Dizem que o álcool desinibe, e a gente tava precisando  se soltar um pouco e desanuviar. No entanto a Mónica não tava habituada, tal como eu, e acabou sendo levada pela bebida.
-Rodrigo - me chamou, sentada no tapete da sala da suite, de frente pra mim.
-Fala amor - incentivei, apelando a ouvir a sua voz embargada e parecendo chorosa e arrastada.
-Achas a Carolina bonita? - arregalei os olhos. Mesmo se não estivesse sóbrio teria reagido do mesmo jeito.
-Porque é que você tá perguntando isso?
-Achas ou não?
-Respondendo sinceramente, acho, mas não pra mim, não mais. Os encantos dela agora só são visíveis, não são motivo pra eu sentir nada.
-Mas ela é mais bonita que eu, não é? E vocês já namoraram e tudo!
-Amor, a partir do momento que eu te conheci até ao final da minha vida, você é e vai ser a mulher mais linda que eu já vi e vou ver, nem que venha a Carolina ou mil modelos de topo!
-Tu tens olhos, Rodrigo, claro que vais ver raparigas muito mais bonitas.
-Mas eu tenho um coração maior, e esse é todo seu, por isso não interessa se eu vejo, se você é quem eu amo! Pra mim você é perfeita, meu bem!
-Oh, estás a ser querido para eu não me sentir mal, isso não vale!
-Juro que não, meu amor!
-Mas a Carolina...
-Vamo esquecer a Carolina? A gente veio aqui pra esquecer um pouco ela, pra se focar na gente e se abstrair.
-Mas a Carolina intimida-me! Ela é linda, parece uma modelo, passa o tempo todo a insinuar-se, e vocês já namoraram. vocês têm uma história...!
-Amor, sério, pára com isso! - me cheguei mais pra junto dela e tomei seu rosto nas minhas mãos. - Você é linda, você é a mulher mais perfeita que eu já conheci e você é a única com quem eu quero ter uma história eterna, sem fim, que só termine no dia em que um de nós fechar os olhos pra não abrir mais!
-Tens a certeza?
-Claro que eu tenho! Pára com esses pensamentos feios! Você é linda e eu te amo!
-Tá - acabou concordando e se acalmando, deixando a cabeça tombar e encostar no meu peito e ficando assim durante cerca de um minuto. - Quero ir para a cama - acabou pedindo, com a voz meio sumida.
-Então vamo, eu te levo - respondi, pegando ela no colo e carregando prá cama. A deitei e ela se virou de lado, ficando de costas pra mim, por isso permaneci um pouco mais do seu lado, a olhando, e acabei reparando que estavam caindo lágrimas silenciosas no seu rosto. - Amor... - chamei, mas ela não respondeu ao meu chamado de modo algum, então insisti. - Amor, porque é que você tá chorando? - Silêncio de novo. - Eu falei alguma coisa errada?
-Não - acabou por responder. Eu me desloquei e me deitei de frente pra ela, limpando o seu rosto.
-Então porque é que você tá chorando amor?
-Nada.
-Ninguém chora por nada, meu bem.
-Eu choro, sou estranha, por isso eu choro por nada.
-Você não é estranha nada, você é linda meu amor! Me fala, porque é que você tá chorando?
-Nada... - Ela hesitou, por isso lancei um olhar incentivador. - É só que... Querendo ou não, sinto-me ameaçada digamos, com a presença da Carolina, ainda por cima mesmo de frente para a nossa casa...
-Não tem que se sentir ameaçada, meu bem, já falei e volto a repetir, ela não significa nada mais pra mim, nada. Nunca eu vou trocar o amor da minha vida, a única pessoa que faz me sentir feliz além do imaginável pra ficar com alguém que partiu o meu coração no passado, alguém que me repugna.
-A presença dela vai voltar a fazer-me sentir mal mesmo que agora eu fique bem...
-Acredita mais em você, no seu potencial, na sua beleza... E não fala que não tem porque você entendeu que disso não falta pra você quando a gente foi no supermercado tem pouco tempo! - Ela deu uma gargalhada, e tornou fechando os olhos. Eu dei um beijo na testa dela e fiquei olhando o seu rosto até que pouco tempo depois percebi que ela tava dormindo. Me levantei e fui até à sala da suite, levando comigo um caderninho e uma caneta. Me sentei no tapete junto da mesinha pequena e comecei pensando numa forme de começar escrevendo.



Visão Mariana

Adorei a ideia de o meu irmão e a Mónica ficarem, nem que fosse só, duas noites fora lá de casa! O ambiente andava meio estranho, apesar de eles serem lindos e queridos, assim que o assunto sondava a Carolina, a coisa mudava de cara. Mas eu também adoraria não ver a cara daquela lambisgoia! Porém como não tinha feito planos previamente, me restava apenas ignorar ela!
Tinha acordado faia meia hora e enquanto tomava o café da manhã trocava mensagens com o Mauro, até que fui interrompida pela campainha! Me levantei da cadeira da cozinha e fui num salto abrir a porta.
-Bom dia coisa mais linda deste mundo! - me recebeu o Mauro, com um buquê de flores na frente.




-Bom dia! - sorri, aceitei as flores e me lancei no seu pescoço, o brindando com um beijo. - O que é que deu em você pra aparecer aqui tão cedo? - perguntei, levando ele pela mão pró interior de casa.
-Não posso vir fazer uma surpresa à minha namorada?
-Pode, claro que pode!
-Ainda bem, isso significa que também estou autorizado a raptar-te por dois dias? - perguntou, mal nos sentamos à mesa da cozinha.
-Sério?!
-Posso?
-Pode, pode, claro que pode! Você não sabe o quanto eu tava ansiando sair dessa casa!
-Calculei que sim, princialmente com o teu irmão e a Mónica fora de casa também!
-Pode acreditar que sim! Com essa bruxa ai de frente de casa!
-Ainda bem que ainda não a vi, então!
-Ainda bem mesmo! Mas pra onde que a gente vai?
-Não pode ser surpresa?
-Não!
-Está bem, pronto, vamos acampar!
-Que bom, adorei! Quando é que a gente vai?
-Já a seguir! Tenho tudo no carro, só precisas arrumar o que vais levar!
-Sério? Vou subir então e arrumar as coisas! Vou tentar ser rápida! - me levantei e subi até o meu quarto pra preparar tudo. Como prometi, não demorei muito tempo, pelo que pouco depois tornei a descer com as minhas coisas. - Prontinho! - anunciei, chegando na sala.
-Foste rápida!
-É pra você ver o quão desesperada eu tou pra sair daqui!
-A nova vozinha é assim tão horrível?
-Só de pensar nela já me enche de enjoo!
-Está bem, então vamos embora! - riu, abrindo a porta e levando a minha mochila pra colocar no porta bagagens do seu carro, ao que eu segui ele e fechei a porta.
-Obrigada pela surpresa, meu amor, adorei mesmo! Você me salvou!
-Primeiro, não tens de agradecer, decidi apenas fazer uma surpresa à minha namorada, e depois, olha, tive pontaria! - sorriu. me beijando.



Assim que me separei dos lábios dele e abri meus olhos, constatei que tínhamos mirones nos observando, nomeadamente uma loira oxigenada e peçonhenta que tinha virado a nova vizinha. Como sempre com aquele sorriso falso no rosto. Mas reparei que além de olhar pra mim ela tava tentando sacar se tava alguém em casa. Tadinha, dessa vez não ia ter ninguém pra ela irritar!

Assim que chegamos, mesmo antes de sair do carro, já senti uma paz enorme. Ficar longe de tudo e de todos, no meio da natureza, só com o Mauro, me fazia sentir tão feliz! Levamos as coisas prá área onde a gente ia acampar e começamos montando a tenda e o resto do material.
-Isso aqui é tão lindo!
-É mesmo! Por isso é que te trouxe para aqui!
-É tão bom ficar aqui, melhor ainda com você!
-É perfeito princesa! - me beijou.
-O que é que a gente vai fazer agora?
-Eu trouxe umas coisinhas para nos entretermos! Vamos estrear a tenda?
-Vamo!

A noite já tinha caído e o dia tinha passado correndo! Tivemos que fazer uma fogueira, por minha insistência, pra parecer um acampamento de verdade, e não resisti em colocar aquelas gomas fofinhas no fogo, que todo o fiel escuteiro faz!




-Vamos dar uma volta?
-E não tem problema agente deixar as coisas aqui?
-Não, acho que não, só estamos aqui nós!
-Então tá bom! - Nos levantamos e começamos uma caminhada, olhando aquele horizonte, que se mostrava escuro, mas mágico, com pequenos focos de luz parecendo pirilampos.
-Sabes, antes eu metiam-me com o meu irmão, quando ele andava atrás da Andreia, mas era só porque já um desporto para nós metermo-nos um com o outro, mas agora eu percebo-o, sinto-me um palhaço às vezes, por tanta ginástica e babuseira que digo e faço para fazer surpresas e ser mais romântico, mas é tão gratificante. Ver esse teu sorriso lindo, os teus olhos a brilhar cada vez que te faço uma surpresa, que te levo a algum lugar especial ou digo alguma coisa super pegajosa... Vale a pena. A gora eu percebo, mais que nunca, o Rúben. Não importa o palhaço que vá parecer, vale sempre a pena, por ti.
-Ai, o que é que voce tá querendo? Com essa conversa tão fofa!
-Só quero que saibas que estou completamente apaixonado por ti!
-Ai amor, assim eu fico sem saber o que falar...
-Só preciso que gostes tanto de mim como gosto de ti! E, que feches os olhos!
-Fechar os olhos? Porquê?
-Fecha! - Acedi ao seu pedido. - Podes abrir! - Assim fiz novamente, após alguns segundos. Assim que abri os olhos, tinha o Mauro na minha frente do mesmo jeito, mas na sua mão, estendida na minha direção, estava uma pequena caixinha, com um par de alianças. Meu Deus, só conseguia sorrir feito uma doida e respirar atentamente pra não perder o ar de uma vez.



-Gostas?
-Adoro amor, adoro! - sorri euforicamente. Ele me sorriu de volta e tomou a dianteira pra colocar a aliança na minha mão e depois eu coloquei na dele. -Eu te amo, sabia?
-Não sei se tanto quanto eu a ti, mas está bem! - Eu ri. - Mas não digas nada disto ao meu irmão, se não vai atazanar-me a cabeça porque fui muito lamechas! - tornei rindo e em seguida recebi um abraço junto de um beijo.



Visão Mónica

Senti-me despertar, mas já antes de conseguir abrir o olhos, percebi que a minha cabeça estava pesada e a atacar-me com uma grande dor de cabeça. É o que dá bebermos muito mais do que aquilo a que estamos habituados. Juntando também o facto de ter sido a única maneira de conseguir coragem, ou cobardia, suficiente para conseguir dizer ao Rodrigo como me sinto em relação à Carolina. Levantei-me, bem devagar, e fui até à casa-de-banho, saindo depois para a sala, onde iria pedir alguma coisa para comer. O Rodrigo já tinha saído para o treino, pelo que ia comer sozinha. Ao entrar na divisão reparei num papel em cima da pequena mesa da sala. Era para mim. Do Rodrigo. Bem, estava escrito "Amor", por isso esperava que não fosse uma bronca pelas coisas que tinha dito na noite anterior. Peguei no papel, impecavelmente dobrado, e reparei que em baixo dele estava um comprimido. Ele adivinhou que ia precisar. Sentei-me no tapete de pêlo e desdobrei o papel, começando a ler.

"Quando inclui toda aquela bebida no nosso programa não queria que você se sentisse mal, muito menos chorasse. Queria apenas que a gente descontraísse e se soltasse um pouco de todos os problemas, confusões e mal-entendidos. Mas acabou acontecendo também o contrário, e lamento por isso, porque ver você soltar seu medos e receios, suas inseguranças daquele jeito, tentando lutar contra isso mas não podendo porque seu choro te denunciou, me apertou o coração. Como eu falei com você na hora, eu torno dizendo, porque mesmo que você tenha escutado direito, eu quero reforçar, que não há nem vai haver mulher mais linda pra mim. Fica difícil descrever tudo o que eu sinto. Decidi tentar fazer como você e escrever. Fica difícil do mesmo jeito, mas eu quero que fique registado pr'além da minha e sua memória.
Você sabe o quão doloroso foi meu passado com a Carolina, sabe o quão difícil foi pra mim voltar a confiar em alguém do jeito que eu confiei nela, amar, aliás, gostar dela do jeito que eu gostei e ser descartado daquele jeito, usado daquele jeito. Mas você mudou isso. Mudou tudo, desde aquele momento em que puseram a gente falando pelo Skype. Desde o primeiro sorriso que você me deu e me fez dar, desde que vi seus olhos brilhando, desde que sua voz me encantou... Sabe aquela pessoa que a cada dia que você conhece só quer conhecer mais e mais? Que a cada dia é uma surpresa, uma descoberta? Aquela pessoa que você passa de "tar conhecendo" pra adorar de um momento para o outro, assim de repente, que a cada dia você se quer integrar mais e mais na vida dela, e esperar que essa pessoa queira você na vida dela por muito e muito tempo? Aquela única pessoa que você conversa todo santo dia, horas a fio, e não cansa, só quer continuar conversando e conversando, até porque o assunto não acaba nunca? E sabe aquela garota linda, de dentro pra fora, fantástica, lutadora, romântica mas atrevida quando quer, aquela garota que todo o dia me faz acreditar que o amor existe e que não é porque correu mal uma vez que vai ser sempre assim, aquela que faz com que eu sonhe com um futuro muito além da próxima semana? Essa garota é você! Eu TE AMO e não quero que você duvide disso nunca, nem que tenha inseguranças em relação a nada que tenha que ver com a Carolina ou com qualquer outra garota, porque eu só tenho olhos pra você, meu amor! É com você que eu quero ter a mais bela história que eu já vivi, aquela que começou em Dezembro e só vai acabar quando um de nós não abrir nunca mais os olhos, é com você que eu quero passar todos os dias da minha vida, com você que eu vou querer casar e ter crianças lindas...! É você amor, só você.
Te amo.
p.s- deixei pra você um comprimido pra melhorar a dor de cabeça... Quando eu voltar quero ver o seu sorriso! Te amo, te amo, te amo!!"

Quando acabei de ler, ouvi a porta da suite a abrir. Na hora certa, porque só me apetecia saltar para o seu colo e enche-lo de beijos, mesmo com as estúpidas das lágrimas que teimavam em tondar-me os olhos!