quinta-feira, 31 de maio de 2012

Capitulo 16 (parte II)




(visão Andreia)


Depois de uma manhã de aulas e de uma tarde a fazer trabalhos, tirei a noite, depois de jantar, para pensar, a ouvir música. Sentei-me na cama, de olhos fechados, mas pouco tempo depois ouvi o meu telemóvel tocar. Era o Rúben. Respirei fundo.
-Estou?
-Andy.
-Rúben.
-Chegaram bem?
-Sim.
-Então e como é que correu o dia hoje?
-Normal. Tivemos aulas de manhã e à tarde matei-me em trabalhos de casa.
-Que sorte… - ironizou.
-Já me habituei.
Houve silêncio de ambos os lados da linha.
-Eu queria pedir-te desculpa pelo beijo de ontem… - disse-me ele.
-Tudo bem. Já passou.
-Mas eu tinha de te pedir desculpa.
-A Inês deixa-te desorientado e eu é que levo por cima, não é? – disse eu, tentando aliviar um pouco.
-Pois, foi isso, desculpa… - mas a voz dele pareceu meio desanimada.
-Então e vocês, tiveram treino hoje?
-Sim. Hoje à tarde. Mas o mister foi bonzinho.
-Boa.
-Tens a certeza que está tudo bem, linda?
-Sim, porquê?
-Pareces distante. Tens a certeza que não ficaste chateada, nem nada?
-Sim.
-O que é que sentiste quando te beijei? – perguntou ele repentinamente. Engasguei-me, sem fazer barulho, e ainda bem, porque não queria que ele tirasse ideias das minhas respostas.
-Foi esquisito, Rúben. Quer dizer, tu eras o meu melhor amigo.
-Já não sou? – perguntou, meio desconfiado, mas pareceu-me soar uma certa espécie de esperança na sua voz.
-Não sei. Quer dizer, não sei como é que nós ficamos a partir daqui…
-Como é que tu queres ficar? – hesitei. – Andreia?
-Não sei, Rúben. Só sei que não te, não quero perder a tua amizade…
-Sabes que nunca a perderás, nem a mim, linda.
-Obrigada. – Do outro lado ouvi uma pequena gargalhada.
-Então, sendo assim, achas que voltas cá na mesma, nas férias de Natal?
-Obviamente que sim, Rúben. Que pergunta!
-Boa… - notei satisfação na sua voz. – Ainda bem que resolvemos isto.
-Não podia ficar pendente…
-Claro que não.
-Bem, eu preciso de ir dormir. Amanhã de manhã tenho aulas.
-Está bem, linda.
-Até amanhã.
-Espera! Posso-te dizer uma coisa?
-Claro, diz.
-Posso juntar uma palavra no vocabulário que costumo usar contigo?
-É pá, o que é isso Rúben?
-Posso ou não posso?
-Pronto, podes.
-E prometes que não vais ficar chateada?
-Não sei - respondi, desconfiada.
-Promete lá.
-Está bem. Prometo.
-Então, a palavra é… - hesitou. – Amo-te.
-É o quê? - engasguei-me.
-É o que eu sinto. Sabes que eu te adoro.
-Sim, sei. Mas não achas que a palavra tem um peso muito grande, por mais que me adores e eu a ti?
-Nada é grande o suficiente.
-Tu és.
-Eu o quê?
-Aah, eu acho que não preciso de palavras grandes. Eu sei que gotas muito de mim
-A partir de agora, amo-te é a palavra correcta e que vou passar a dizer-te sempre.
-Hm…
-Bom, precisavas de ir dormir, não é?
-Aah, sim.
-Ok, então eu ligo-te amanhã.
-Está bem.
-Beijos.
-Beijos.
-E, amo-te.
-Até amanhã – disse eu rapidamente, desligando em seguida.
A Mónica tossiu disfarçadamente ao entrar no quarto.
-Estavas a ouvir a conversa, não estavas? – perguntei.
-Não fiz por mal – respondeu ela, meio envergonhada.
-Está bem.
-Mas, já agora.
-Ui, o que é que queres agora?
-Achas que consegues continuar a estar com o Rúben como antes?
-Como antes não vai ficar. Mas pode ser que não seja muito difícil. Agora ainda não se notou porque foi a primeira vez que falámos depois do, daquilo que aconteceu, mas nós vamos continuar a mandar bocas. Um para o outro e para os outros. Sim, porque agora que falo nisso, lembrei-me. – Ela pôs uma cara de quem sabia o que eu ia dizer mas não lhe agradava muito falar agora, por vergonha ou assim. Abriu a cama e deitou-se, virando-se para a minha cama. Eu ri.  –Eu sabia que andava qualquer coisa entre ti e o Rodrigo.
-Oh.
-Ah agora estás com vergonha? No aeroporto não tinhas, não é?
-Oh pá, eu ia contar-te quando já tivéssemos voltado.
-Porquê? Não me podias ter dito logo?
-Não. Senão o Rodrigo ia dizer ao Rúben e aí, em vez de ouvir bocas de um ouvia bocas dos dois.
-Pois. Sabes que o Rúben não se cala.
-E tu também.
-Eh, até parece que mando muitas bocas.
-Podem não ser tantas como o Rúben, mas mandas.
-Está bem. – O telemóvel dela tocou. Ela olhou para o visor e sorriu. – Ai o meu Rodrigo… - suspirei, gozando com ela, enquanto ela se levantava da cama. Mandou-me uma almofada e saiu do quarto.


VISÃO RODRIGO


-Oi.
-Olá – mi respondeu ela.
-Acordei você?
-Não. Ainda estava a conversar com a Andy.
-Desculpa só tar ligando a essa hora, mas não consegui antes.
-Oh, não faz mal.
-Então e vocês chegaram bem ontem?
-Claro.
-E a Andreia? Como é qui ela tá?
-Bem.
-Tem certeza? É qui o Rúben não tava muito concentrado no treino, hoje.
-Sim, tenho. Pois, mas ele já deve estar melhor agora. Ele e a Andreia estiveram a falar à bocado e está tudo bem.
-Qui bom. Depois eu falo com ele, então.
-Sim, depois ele expõe-te a perspectiva dele – riu ela.
-Eu acho qui as perspectivas deles não são muito diferentes, não. Acho qui são muito parecidas, eles qui não querem ver. Quer dizer, ela…
-O quê? Explica-me lá isso.
-Eu explico, mas só si você não disser nada prá Andreia. Eles qui vão desenvolvendo à medida deles.
-Está bem, eu não digo.
-Mas não diz mesmo.
-Não, não digo. Se é para ajudá-la e fazê-la feliz eu não digo.
Sorri. Elas gostavam muito de cuidar uma da outra. Melhores amigas de verdade.
-O Rúben gosta dela. E não é brincadeira nem confusão da cabeça dele. Ele sabe o qui ele quer. E nesse caso é ela.
-Eu sabia! A Andreia é que é um bocadinho teimosa, mas eu vou ver se dou um jeito para ela admitir isso ao Rúben. Sem comprometer nada, prometo. Eu já estava a tentar fazer isso antes, por isso.
-Tá bom. Agora vamo deixar eles. Vamo falar da gente. Já tou morrendo de saudade.
-Eu só vim embora ontem – riu ela.
-Pra mim é muito. Nem devia ter ido.
-Sim, sim. Não és tu que perdes as aulas. Olha se fosses tu a faltar aos treinos.
-É diferente.
-Pois, pois é. Tu nem faltavas. O mister não deixava.
-Tá bom, vai, cê tem razão. Mas eu não aguento ficar longe de você. Si eu pudesse, nesse momento tava abraçando e beijando você.
-Eu também, mas não dá. E é bom começarmos a habituar-nos porque agora são duas semanas, mas depois vai ser mais tempo.
-Muito mais, né. Isso ainda é só o primeiro ano…
-Não vamos falar disso, por favor. Daqui a duas semanas já estou aí outra vez. E fico quinze dias, não três.
-É, cê tem razão. Vamo aproveitar aquilo qui a gente vai tendo. Desculpa.
-Oh, não tens de pedir desculpa. Por mim estava contigo agora.
-Tou deitado na cama, ti esperando. Vem correndo – ri.
-Hmm. Se eu pudesse… Mas bom, tenho de ir dormir. Amanhã tenho de me levantar cedo.
-Tá bom. Ti vou ligando, então.
-Sim. Para passar mais depressa.
Eu ri.
-Ti amo.
-Também te amo.
-Beijo.
-Beijinhos.
Desliguei e coloquei o telefone na mesinha de cabeceira. Fechei os olhos e fiquei pensando nela. Em todos os momentos qui passei com ela, desde o primeiro olhar até à última palavra qui tinha ouvido da boca dela, à poucos segundos atrás. Adormeci pensando nela e pensando qui essas duas semanas iam passar voando.


-Rapaziada, vamos lá começar a correr! – disse o mister prá gente.
-Rodri! – chamou o Rúben, chegando ao meu lado.
-Oi.
-Então, já sabes quando é que elas vêem?
-Não. Cê sabe?
-Não. Falei com a Andy ontem e ela disse que não sabem se vêem amanhã ou na segunda. Depende das coisas lá na Faculdade.
-Pois… - respondi, meio desanimado.
-É pá, eu sei que as saudades já apertam muito, mas no máximo faltam três dias. Já faltou mais.
-Eu sei. Mas tão apertando mesmo. – Ele riu. – Vai mi dizer qui também não tá rezando pra voltar a ver a Andreia.
-Claro que sim.
-Então. – Ele sorriu. – Mas não é só isso.
-Então é o quê?
-Eu ia levar ela na Gala de Natal do Benfica, mas si elas não chegarem… A Gala é já amanhã…
-A Gala… É isso! Ai, obrigado puto!
-Porquê? Qu’qui cê tá pensando?
-Vou levar a Andreia comigo. Eu sei que ela vai dizer que sim.
-Muito convencido você, não tá não?
-Não.
-Tá bom. Então, desculpa falar nisso, mas e a Inês? Vocês voltaram a conversar? É qui eu não sei si ela vai gostar muito de você levar a Andreia e não ela na Gala.
-Da Inês eu trato depois.
-Cê é qui sabe.
-Oh suas Amélias! Menos de língua e mais dos pedais! – gritou o mister.
-Claro mister! – riu o Rúben, acenando com a cabeça.
-Sempre o mesmo você, hein.
-Claro que sim, então. Temos de rir seja qual for a situação. Só vivemos uma vez, amigo.
-É isso aí.
-Olha, queres ir almoçar lá a casa?
-Pode ser.
-Ai é? Boa, então fazes tu almoço.
-Cê não quer mais nada não? – perguntei rindo.
-Eu lavo a louça.
-Ah, assim tá melhor!


Espero que tenham gostado de mais este capitulo e já sabem, deixem sempre a vossa opinião, que é extremamente importante para mim! :D

Beijinhos

Mónica

terça-feira, 29 de maio de 2012

Capitulo 16 (parte I)



                                 
VISÃO ANDREIA

Eu e o Rúben decidimos afastar-nos do Rodrigo e da Mónica para deixá-los despedirem-se.
-Vou ter saudades tuas, linda.
-Eu também, chato. Mas são só duas, passa rápido.
-Tomara que sim.
De repente, olhei para a direcção onde estavam o Rodrigo e a Mónica.
-Eu sabia!
-Sabias o quê? - perguntou-me o Rúben.
-Ela tem muita coisa para me contar.
O Rúben olhou para eles e depois virou-se para mim.
-Se quiseres também podemos fazer o mesmo - disse-me. Fiquei parva com o que ouvi.
-Mas tu estás parvo?! Tu namoras com a Inês e nós somos só melhores amigos!
-Nós demos um tempo.
-Oh Rúben, cala-te! Andaste a beber ou quê?
Ele deu uma gargalhada.
-Estava a brincar, linda. - disse-me ele, abraçando-me.
-Acho bem, Rúben Filipe!
Conversámos mais um pouco, mas depois chegou a hora de embarcar.
-Tenho de ir, lindo.
-Já?
-Sim.
Ele abraçou-me e depois comecei a caminhar para ir ter com a Mónica à porta de embarque.
-Andy! - chamou-me o Rúben, depois de eu já ter avançado alguns passos. O Rodrigo estava a vir da porta de embarque para junto do Rúben.
-Sim?
Ele veio ter comigo.
-Quero mais um abraço - pediu ele. Abracei-o.
-Parece que vais chorar – ri. – Isto não é o fim do mundo! Daqui a duas semanas já cá estou outra vez.
-Eu sei – disse ele abraçando-me com força. – Mas… Eu adoro-te.
O abraço terminou e eu segurei as suas mãos.
-Oh, eu também te adoro lindo – sorri.
De repente ele ficou sério e olhou-me profundamente, para a seguir me surpreender com um beijo. Se calhar ele não estava a brincar tanto quanto parecia quando sugeriu que o fizéssemos à minutos atrás… Quando separou os nossos lábios ficou a segurar a minha cara enquanto me olhava fixamente. Retirei as suas mãos da minha cara.
-Eu… tenho de ir, Rúben. Depois falamos – disse-lhe eu, meio atrapalhada. Ele não disse nada, ficou simplesmente parado a olhar para mim enquanto me afastava. O Rodrigo tinha parado a meio do caminho e estava incrédulo a olhar para o Rúben. A Mónica mostrava-se expectante.
-O que é que foi aquilo? – perguntou-me quando cheguei ao pé dela.
-Não me faças perguntas, por favor… - consegui pedir, quando passei por ela. Nem eu sabia o que é que tinha sido. Simplesmente tinha-me surpreendido, mas também afectado de alguma maneira, porque a minha cabeça ficou numa confusão total.


VISÃO RÚBEN


-Vou ter saudades tuas, linda – disse eu à Andy, sinceramente.
-Eu também, chato. Mas são só duas semanas, passa rápido.
-Tomara que sim.
Ela olhou para o Rodrigo e para a Mónica e quando olhei vi-os aos beijos. Eu sabia que ele gostava dela…
-Se quiseres também podemos fazer o mesmo – disse eu, gozando com a Andy, no entanto, senti-me meio esquisito de pensar na possibilidade de tal coisa.
-Mas tu estás parvo?! Tu namoras com a Inês e nós somos só melhores amigos!
Tinha de falar na Inês…
-Nós demos um tempo.
-Oh Rúben, cala-te! Andaste a beber ou quê?
Eu ri para tentar reprimir uma sensação que estava presa na minha garganta.
-Estava a brincar, linda – acabei por dizer, tentando porém meter isso na minha cabeça, que nesta altura estava tão desorientada do nada. Abracei-a e senti-me diferente por envolvê-la nos meus braços.
-Acho bem, Rúben Filipe!
Continuámos a conversar durante mais um tempo, no entanto, a sensação não desapareceu e estava ainda mais bloqueado.
-Tenho de ir, lindo.
-Já? – perguntei, sentindo uma espécie de aflição no meu interior.
-Sim.
Puxei-a novamente para os meus braços. Não queria que ela fosse embora. Ela afastou-se dos meus braços e começou a ir em direcção à porta de embarque.
-Andy! – chamei.
-Sim? – disse ela, parando e olhando para trás. Caminhei apressadamente até ela.
-Quero mais um abraço.
Ela abraçou-me.
-Parece que vais chorar – disse ela a rir. – Isto não é o fim do mundo! Daqui a duas semanas já cá estou outra vez.
-Eu sei – respondi, apertando-a mais. – Mas… Eu adoro-te – acabei por dizer. Não sabia ao certo porque é que estava a ser assim neste momento, mas sentia que tinha de dizer-lhe o quanto gostava dela. Ela segurou as minhas mãos e disse-me que também me adorava. Fixei-me no seu rosto e nos seus olhos meigos, e não sei se foi um impulso ou um desejo reprimido não conhecido, mas senti que me faltava fazer alguma coisa. No instante seguinte já me tinha lançado, sem sequer tomar consciência, e estava a beijá-la. Foi um beijo tímido e meigo que me fez revolver alguma coisa no peito. Não queria sair dali. Não queria que o momento acabasse. Ela não reagiu totalmente bem mas também não reagiu mal de todo. Tirou as minhas mãos do seu rosto e disse que tinha de ir-se embora, prometendo no entanto que falaríamos depois. Fiquei paralisado, a observá-la apenas. Estava incrédulo com o que eu próprio fizera, mas sobretudo com o que tinha percebido dentro de mim…
-Ei! Rúben, ela já foi embora. Vamo pró carro, vai – despertou-me o Rodrigo, dando-me uma pequena pancada no ombro. Virei-me e fomos para o carro dele, sem algum de nós dizer alguma coisa. Eu ainda estava meio atordoado. Durante os primeiros minutos da viagem de regresso a casa continuámos em silêncio, mas depois ele acabou por falar.
-Qu’qui cê foi fazer, hein Rúben?
-Acho que foi o que tu viste – respondi apaticamente.
-Porquê?
-Nem eu sei.
-Por alguma razão teve de ser. Vai ver e foi porqui cê tá mal com a Inês e ela tem ti dado maior força.
-Eu nem sequer pensei na Inês. Só conseguia pensar na Andreia… Parecia que eu queria ter feito aquilo à séculos! E, quando eu lhe disse ‘’adoro-te’’, as palavras que iam sair da minha boca eram outras. Eu ia dizer ‘’amo-te’’…
-Eu ia dizer qui você tá confuso e tá confuso e tá carente, mas agora eu sei qui não é isso não. Você tá é gostando dela. E pra valer, pelo visto.
-Pois, até pode ser verdade, mas não sei se ela sente a mesma coisa.
-Vai discobrir!
-E como é que eu vou fazer isso? – perguntei, meio confuso.
-Sei lá. Cê pode ligar pra ela.
-Ai é? E vou dizer o quê?
-Mi deixa terminar e depois você fala.
-Então fala lá.
-Eu vi qui ela ficou meio balançada. Você podia ligar pra ela, não hoje, deixa passar um tempo, pedir desculpas e depois na conversa você tentava perceber o qui é qui ela sente.
-Tens razão. Aí, obrigado. Já não estava a conseguir pensar.
Ele deu uma gargalhada.
-Não tem qui agradecer.
-Então e tu, puto? Porque é que não me disseste que era a Mónica, hã?
-Ela quis esperar.
-E achas-te que iam conseguir esconder durante quanto tempo? Olha que eu não sou parvo.
-A gente só ia esperar até elas irem embora agora.
-Está bem. Eu sabia que ela não te era indiferente. Depois daquele beijo nos treinos, até o mister ficou a falar sobre isso, vê lá.
-O mister?
-Só disse a algumas ‘’galinhas’’ para pararem de cochichar, que tu é que sabias da tua vida – ri.
-Ah – riu ele também. – Bem, cê tá entregue – disse ele, parando o carro à porta da minha casa.
-Obrigado, puto. Acho que estava a precisar de falar.
-Iihh, não chora no meu ombro, não. A parte de consolar você já passou, vai – riu ele.
-Eu estou a falar a séri, meu.
-Tá bom. Sempre qui você precisar cê sabe qui eu tou aqui, por isso não precisa mi agradecer toda a vez.
-Ok. Bem, vou embora, então. Até amanhã, puto.
-Fica bem.
-Tu também.


VISÃO ANDREIA


Até nos sentarmos e levantarmos voo eu a Mónica permanecemos ambas caladas, mas eu sentia o olhar e a hesitação dela.
-Andreia… - tentou ela, meio com medo de me estar a chatear. Este tempo calada deu-me tempo para me acalmar e tirar nuvens da confusão em que tinha ficado a minha cabeça.
-Já podes fazer as perguntas. Mas com calma – disse eu, calmamente.
-Ok – hesitou um pouco. – Sabes explicar-me o que é que foi aquilo entre ti e o Rúben? Eu sei que foi um beijo, mas, como é que aquilo aconteceu? Tu não me contaste nada.
-Olha quem fala! Passa-te o fim-de-semana praticamente fora e mesmo quando me podias ter contado, não contaste nada, foi preciso virmos embora para eu ver o que é que se andava a passar.
Ela sorriu.
-Está bem. Mas explica-me lá o que eu te pedi – pediu.
-Sinceramente, não sei.
-Não sabes?
-Não. Foi esquisito. Eu comentei que tu tinhas muito que me contar, quando te vimos aos beijos com o Rodrigo, e ele deixou-me parva quando disse que eu e ele também podíamos fazer o mesmo.
-Ele disse isso?
-Disse, mas estava a brincar. Quer dizer, foi o que pareceu, só que quando eu me vinha embora ele pediu-me mais um abraço, começou a dizer que me adorava e depois beijou-me.
-Wow.
-Pois. Imagina como é que eu fiquei.
-Mas ele nunca te deu a entender nada, nem nada?
-Não. Tu sabes que nós nos damos super bem e estamos sempre a picar-nos e assim, mas nunca houve nada que desse a entender…
-Então mas tu achas que ele gosta mesmo de ti?
-Não sei. Se calhar não. Eu disse-te que ele e a Inês não estão bem. E eu tenho-o ajudado e estado ao lado dele. Se calhar ele só está confuso.
-E tu?
-Eu o quê?
-Gostas dele?
Desta vez fui eu a hesitar. Era uma pergunta difícil.
-Acho que… Não sei.
-Consegues-me explicar como é que te sentiste?
-Vais armar-te em psicóloga? – brinquei.
-Eu estou a falar a sério, Andy.
-Está bem… Foi bom. Ele foi tímido, mas foi querido ao mesmo tempo. E a maneira como os lábios dele tocaram os meus foi… Foi esquisito. Ele é o meu melhor amigo. Ou era. Não sei como é que as coisas vão ficar.
-Pois… Sabes uma coisa?
-O quê?
-É uma coisa que eu já tinha adivinhado antes sequer de conhecer-mos o Rúben. – Olhei para ele, desconfiada. – Tu vais ficar com ele. Por mais voltas que a vida e que a relação entre vocês dê milhentas voltas, tu vais ficar com ele.
-Sim, sim. Sonha.
-Foi exactamente isso que eu fiz e consegui que se tornasse mesmo realidade. – Ela olhou para mim, à espera que eu dissesse alguma coisa, o que não aconteceu. – Andy, o Rúben é homenzinho suficiente para se aperceber que este beijo podia estragar muita coisa entre vocês, mas se mesmo assim ele te beijou é porque ele gosta de ti. Não interessa se é muito ou pouco. Não interessa o quanto. Mas ele gosta de ti – voltou a olhar, expectante, para mim. – O que é que vais fazer? – perguntou-me. Limitei-me a continuar a pensar. – Fogo, isto parece mais um monólogo que eu sei lá o quê! Importaste de me dizer alguma coisa, Andreia Filipa?
-Filipe o quê? – perguntei, abandonando o raciocínio que estava a ter.
-Eu chamei-te Andreia Filipa.
-Ah. Mas o que é que estavas a dizer?
-Estava a perguntar-te se já sabes o que é que vais fazer.
-Ignorá-lo.
-Vais o quê?!
-Acho que é o melhor.
-Tu estás é parva! Tens noção do que acabaste de dizer? Então ele gosta de ti e tu dele e vais ignorá-lo? Não estás é boa da cabeça!
-Eh, calma aí!
-Calma o tanas! Nem penses que vais fazer isso!
-Está bem. Eu não vou fazer isso. Mas também não lhe vou dizer que gosto dele, ou que estou a começar a gostar dele, ou o que quiserem dizer. Já te disse que acho que ele só está confuso por causa da Inês.
-E tu a dar-lhe.
-Oh.
Ela não disse mais nada. Eu fiquei a pensar na nossa conversa.
Não ia deixar de lhe falar, mas não ia admitir-lhe nada…


Olá! :D
Bem, espero que tenham gostado!
Espero que deixem os vossos comentários para saber a vossa opinião, que é muito importante para mim!
Beijinhos

Mónica

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Capitulo 15 (parte III)









(visão Rodrigo)

-Eu fiz o almoço, por isso, tu lavas a louça - disse ela pra mim, si levantando da mesa. Levantei também e levei a minha louça pró lava-louça.
-Mas você pode mi ficar fazendo companhia, né?
-Companhia ou a empatar-te?
-Companhia.
-Está bem.
Eu mi coloquei na frente do lava-louça e ela si encostou na bancada, do meu lado esquerdo.
-Você alguma vez foi numa festa de gente conhecida? - perguntei, terminando de lavar o último prato, depois de a gente ter ficado só trocando olhares e sorrisos.
-Não. Porquê?
-Você gostava de vir numa comigo?
-Não sei. Que festa?
-A Gala de Natal do Benfica - peguei no pano e sequei as mãos.
-A sério?
-Claro. Então, cê quer vir comigo?
-Quero! - respondeu, sorrindo muito.
-Sério?
-Sim! - sorriu ela, rodeando o meu pescoço e si encostando em mim. Eu sorri.
-Cê quer qui eu vá com você comprar o vistido ou cê quer ir com a Andreia?
-Eu vou depois com ela.
-Tá bom, então - tirei a carteira do meu bolso de trás das calças. - toma. Ti dou já o código.
Estendi pra ela o meu cartão de crédito, mas ela ficou olhando, surpresa.
-Estás-te a passar. Não me vais pagar nada e muito menos dar-me o teu cartão de crédito.
-Cê pode parar? Você vai comigo e eu quero ti pagar as coisas.
-Rodrigo...
-E tem qui fazer as compras rápido. A Gala é dia 23.
-Faltam duas semanas...
-Sim. E...é melhor eu conhecer os seus pais logo. Na Gala vão fotografar muito a gente.
Ela si engasgou.
-Mas a Gala é dia 23.
-E daí?
-Dia 24 é suposto estarmos com a familia.
-È, os meus pais vêem cá... E você mi deu uma ideia.
-Uma ideia? - perguntou ela meio qui desconfiada.
-Bom eu tava pensando qui, eu quero conhecer os seus pais e você vai ter qui conhecer os meus, não é? - ela acenou meio a medo. - Então, dia 24, a gente faz um jantar aqui em casa com os seus pais e os meus.
-Hã?!
-È essa a minha ideia.
-Ah... Não, não achas que é um bocado cedo demais? Quer dizer, eu amo-te, muito, mas, nós só começámos a namorar ontem...
-Eu sei. Mas, na Gala não vão largar a gente, e mesmo qui a gente diga qui não tá junto, você vai sair em tudo quanto é jornal e revista como a ''Possível dona do coração do jogador do Benfica, Rodrigo Moreno''. A gente não vai conseguir evitar, por isso, si a gente apresentar logo os nossos pais é melhor. Isso é o qui eu acho.
-Sim, tens razão.
-Para além de qui eu não tenho dúvida nenhuma qui quero tar com você pra valer. - Sorri e abraçei ela.
-Eu também - sorriu ela, mi beijando de seguida.
-Pronto. Então agora , você vai aceitar isso - peguei o meu cartão de crédito e coloquei no bolso de trás das calças dela - e não vai reclamar, viu - terminei dando um pequeno beijo nos lábios dela e a soltei pra ir buscar uma caneta na outra bancada do nosso lado.
-Não posso dizer nada contra, não é?
-Nem uma palavra.
-Está bem. Tens é de me dar o código.
-Dá a sua mão aqui - pedi. Ela estendeu a mão direita.
-Faz cócegas. Despacha-te - riu ela enquanto eu escrevia na sua mão.
-Ah você tem cócegas...
-Sim... Muitas...
-Então já sei como qui vou mi vingar de você - brinquei.
-Rodrigo, por favor, não. Se fizeres eu não vou conseguir parar de rir… - sorriu ela, meio qui com medo.
-Tá bom. Agora eu não tenho nada pra cobrar mesmo. Você aceitou ir comigo na Gala e mi deixou ti pagar as coisas, por isso.
-Isso de pagar as coisas foi meio que obrigada, mas está bem.
-Bom, vamo subindo?
-Para quê?
-Pra matar a saudade.
-Já é assim tanta?
-É.
-Mas não vamos demorar muito, porque eu tenho de ir para casa… Oh, fogo! O meu telemóvel!
Ela saiu correndo as escadas e eu segui ela até ao quarto. Ela pegou no telefone. Chamando.
-Hey! Sorry, I completly forgot… Yeah. No, I’m fine, I just forgot to call you. Really sorry… Okay… Zach, I need to… Yeah, but… Okay. Have fun. Yeah, then you tell me. Love you. Bye.
Respirou fundo, enquanto eu via ela, encostado na ombreira da porta. Chamando novamente.
-Estou? Andy, desculpa não ter dito nada, só que aconteceu uma coisa e… Sim, está tudo bem… Não… Não, não, falamos depois… É pá, não, chata! Depois… Não sei. Depois eu mando mensagem. Até logo. Beijos.
As caras dela enquanto falava com a Andreia no telefone mi fizeram rir.
-Qual é que é a piada? – perguntou ela, colocando o telefone em cima da cama.
-As suas caras são demais – ri, indo pra junto dela e a abraçando.
-Pois, já me tinham dito.
-Você e a Andreia si dão mesmo bem…
-Oh, damos, só que andamos sempre a mandar bocas uma à outra e assim.
-É, no fundo, vocês si amam. É como o Rúben e o David – ri.
-Não vamos comparar. Eles sim são demais. É tão mau quando estão os dois – riu ela mi abraçando também.
-Não é assim tão mau, mas tá bom. Agora, será qui eu posso cobrar o meu tempinho?
-Podes – ela sorriu e me começou beijando. Coloquei a mão por baixo da camisola dela, e assim qui toquei a pele das costas dela ela si arrepiou. – ‘Tás frio!
-Tive lavando a louça.
-Oh.
-Mas vem cá. Eu prometo qui não faço mais isso enquanto não tiver quentinho.
Ela voltou a mi abraçar e eu mi encostei a ela beijando o seu pescoço.
-Não venhas com ideias que tens de me ir levar a casa…
Notei na voz dela qui ela quiria a minha ideia, mas tinha de ir embora.
-Janta comigo e depois eu ti levo em casa  -pedi, continuando com os beijos.
-Está bem.
-Então a minha ideia pode voltar, né? A gente tem tempo de sobra…
Ela riu e depois mi beijou.


VISÃO ANDREIA


Estava na sala a ver televisão quando tocaram à campainha.
-Quem é que será? – Levantei-me e fui abrir a porta.  –Rúben?
-Olá também para ti – disse-me o Rúben com um enorme sorriso.
-Olá. O que é que estás aqui a fazer?
-Vim te convidar para irmos dar uma volta.
-A onde?
-À minha casa. Fui pôr o carro à revisão, por isso não dá para irmos muito longe.
-Até parece. Os transportes públicos eu sei que não é lá muito confortável, com toda a gente atrás de ti, mas eu tenho carro.
-E vais servir de minha motorista? Nem penses.
-Oh, que mal é que tem?
-Não quero, então. Mas não gostas de ir a minha casa ou quê?
-Gosto.
-Então. Avisa os teus pais que hoje não vais estar em casa. Despacha-te.
-Estás com pressa, tu.
-Estou. Tenho de falar contigo.
-Falar comigo?
-Sim, vá.
Liguei aos meus pais a avisar para não irem ter comigo a casa que depois eu passava por casa deles para me despedir e fui ter com o Rúben lá fora. Começámos a andar para irmos para casa dele.
-Então e o que é que precisavas de falar comigo? – perguntei. Estávamos os dois encolhidos, de mãos nos bolsos, enquanto descíamos a rua.
-É sobre a Inês – disse ele, deixando de sorrir.
-Então, o que é que se passa? Ainda não se resolveram?
-Não. Nós demos um tempo…
-Deram um tempo?
-Eu pedi-lhe um tempo. As coisas não estão boas e se estivermos juntos as coisas vão ficar ainda piores.
-Rúben, tem calma. Se calhar foi precipitado. Como é que ela reagiu?
-Mais ou menos. Ela ficou chocada. E não pára de me ligar.
-E tu atendes?
-Não. Se fosse para isso nem tinha pedido um tempo.
-E vão ficar assim para sempre?
-Não sei.
-Rúben Filipe, estás-me a irritar!
Ele deu uma gargalhada.
-Sabes há quanto tempo é que não me chamavas isso?
Ele abriu a porta e entrámos em casa dele.
-Eu estou a falar a sério. Isso não pode continuar assim.
-Sim… Agora mudando de assunto. Vocês vão-se embora hoje à noite, não é?
-É. E a Mónica ainda não voltou para casa. Ela esteve de fim-de-semana num fim-de-semana fora…
-O quê?
-Basicamente, ela não dormiu em casa e passou os dias fora. E não me contou nada.
-Se calhar estás a querer saber demais – disse ele, com um sorriso gozão.
-Estás tão parvinho, tu.
Passámos a tarde em casa dele, a conversar, mas entretanto chegou a hora de eu me ir embora.
-Tenho de ir embora – anunciei.
-Já? Mas o voo não é só mais tarde?
-Sim, é às 20.30h, mas eu ainda tenho de passar por casa dos meus pais para me despedir deles e ainda tenho de ir jantar, e ver se a Mónica janta…
-Ah, está bem. Queres que vá contigo?
-Podes vir.
-E já agora podia jantar contigo. Já que te vou levar.
-És um colas, Rúben – ri.
-Até posso ser, mas não reclames que tu gostas. Mas vá, eu depois posso lavar a louça, vá…
-Mas vais mesmo!
-Está bem, está bem…
-Só falta abanares a cabeça.
-Olha quem é que se está a armar em parvinha, agora.
Saímos de casa e iniciámos caminho para casa dos meus pais. Depois de estar com os meus pais e de me despedir deles, eu e o Rúben fomos para minha casa.
Quando chegámos, a Mónica e o Rodrigo estavam a acabar de pôr a mesa.
-Bons olhos te vejam, não é Mónica Alexandra? – disse eu.
-É… - respondeu ela, olhando para a mesa.
-Então puto, já cá estás? – perguntou o Rúben ao Rodrigo.
-Já. E a gente tá contando com vocês – respondeu o Rodrigo, com a colher de pau na mão.
-Está bem, mas baixa lá a colher que eu não fiz nada!
-Agora cê mi deu uma ideia…
-Nã, nã, nã. Não venhas com ideias. Para além de que a casa não é para partir hoje, por isso…
-Nisso tens razão – concordei. – Mas, oh Rodrigo, uns calduços eram bem acentes – sugeri a rir.
-Então?! Estás comigo ou contra mim?!
-Agora contra. Andas a precisar de uns calduços.
-Ai é? Vais ver.
Cheguei-me junto dele e coloquei a mão no seu ombro.
-Oh Rúben, não fiques chateado. – Ele olhou para mim, desconfiado. De repente, dei-lhe um calduço. – Mas estás mesmo a precisar!  -ri.
-Então! – disse ele, passando a mão pela nuca. Começou a vir atrás de mim, então fugi e coloquei-me entre a mesinha da sala e a televisão, enquanto que ele ficou entre a mesa e o sofá. – E vocês aí a gozar! – reclamou olhando para trás. Também olhei para o Rodrigo e para a Mónica, que estavam a rir-se. Ri também.
-Mas vá, já chega Rúben. Eu não te dou mais calduços.
Ele sentou-se no sofá. Fui sentar-me também, mas antes reparei que o Rodrigo e a Mónica estavam a trocar uns olhares muito cúmplices. Ali havia coisa.
-Depois nós conversamos, menina Andreia – disse-me baixinho o Rúben, quando me sentei ao seu lado. A Mónica e o Rodrigo também se vieram sentar ao pé de nós.
-Cinco minutos e vamos comer – disse a Mónica.
-Não podemos ir já? – perguntou o Rúben.
-Não – respondeu ela.
-Esfomeado do caraças, pá! – brinquei. Rimos os três e o Rúben tentou disfarçar um sorriso e não dispensou uma boca para não ficar atrás.
-Não podes rir muito, puto! Também estás sempre com fome!
-Mas eu sei esperar, agora você.
-Bem, vamos mas é para a mesa antes que o Rúben comece a desesperar!  -ri.
O Rúben saltou do sofá, provocando a risada geral. Jantámos sempre com bocas e risos e o Rúben só dizia disparates. Quando acabámos de comer levantámos a mesa.
-Olha, só para saberem, hoje quem vai lavar a louça é o Rúben, por isso, podem-se sentar a ver televisão ou a conversar. – Depois olhei para o Rúben. – Vá, eu ajudo-te – ri.
Lavámos a louça enquanto o Rodrigo e a Mónica estavam muito animados a conversar no sofá.
-Sabes se se passa alguma coisa entre eles? – perguntei baixinho ao Rúben.
-Eu saber não sei, mas quase que aposto. Aqueles olharezinhos… Ainda por cima depois do beijo no treino… De certeza…
-Beijo? Estás a falar do quê?!
-Ela não te contou nada?
-Rigorosamente nada.
-Então vais ter de esperar que ela te conte…
-Oh Rúben, não sejas mau! Fogo… Eu disse-te que ela mal esteve em casa e não me tinha contado nada.
-Ihh… Então ficaste este tempo todo sozinha e não me chamaste?
-Oh pá, vai passear! Olha, ela subiu. Vou lá ter com ela para ver se ela me diz alguma coisa.
-Boa sorte!
Limpei as mãos e depois subi as escadas para o andar de cima.



VISÃO MÓNICA


-Então e vai ser hoje que vou descobrir se sabes cozinhar? - perguntei, quando ele estacionou o carro em frente da minha casa e da Andreia.
-Si você deixar
-Só se tiveres a certeza que vai sair bem, porque eu não quero ficar sem cozinha e tenho um avião para apanhar às oito e meia.
Saimos do carro e entrámos em casa. A Andreia não estava.
-Não mi lembra disso. Não quero qui você vá embora.
-A mim também não me apetece muito ir, agora. Mas tenho de voltar. Tenho a Faculdade.
Ele abraçou-me.
-Volta rápido, viu?
-Assim que as aulas acabarem - Ele deu-me um beijo e continuou a beijar-me sem me largar. - Já chega. A Andreia ainda aparece.
-Você não vai contar pra ela?
-Sim, mas só depois de irmos embora. Prefiro. Para além de que se o Rúben souber vai mandar bocas até nos irmos embora.
-Tá bom. Mas, mi dá só mais um beijo.
Deilhe um pequeno beijo mas para ele não foi suficiente então arrebatou-me com um beijo forte, seguro e carregado de sentimento...
-Vá, vamos para a cozinha... - disse eu, ainda recuperando o ar perdido. - É melhor comecarmos já a fazer o jantar e contar com a Andreia e com o Rúben.
-Tá bom. Mi diz onde qui tão as coisas qui o resto eu faço.
-Fazemos.
-Não fica com medo qui cê não vai ficar com nada ditruido. Eu moro sozinho, esqueceu? Eu sei cozinhar.
-Não, não esqueci. Com os armários vazios.
-Eu não costumo deixar isso acontecer. Foi só dessa vez.
-Pois, está bem...  -ri. Ele sorriu.

Enquanto o jantar estava ao lume, fomos pôr a mesa e entretanto a Andy e o Rúben chegaram. Assim que o Rúben chegou à cozinha fez-nos logo rir e rimos ainda mais quando a Andy deu um calduço ao Rúben. Enquanto eles estavam ao pé da televisão e do sofá, eu e o Rodrigo ficámos ao pé do fogão para ver do jantar, mas cada vez que olhávamos um para o outro tinhamos de fazer um enorme esforço para tentar não demonstrar nada. Em seguida fomos sentar-nos junto da Andy e do Rúben enquanto esperavamos para ir jantar e o Rúben demonstrou-se o esfomeado de sempre, fazendo-nos rir quando saltou do sofá para a mesa. A Andy e ele lavaram a louça do jantar e enquanto isso eu e o Rodrigo sentámo-nos no sofá a conversar.
-Vou só lá acima ao quarto e já venho - disse eu, levantando-me.
-Tá bom.
Cheguei ao quarto e arrumei uma coisa na mala e a Andy entrou no quarto.
-Então... - disse ela.
-Então o quê?
-Será que agora me podes contar o que é que andaste a fazer este fim-de-semana?
-Agora não.
-Porquê?
-Eles estão lá embaixo.
-Eles não te vão ouvir daqui.
-Depois, Andy.
-Estás sempre a fugir.
-Não, não estou.
-Está bem - respondeu nem um pouco convencida. - E agora andas a dar-te muito bem com o Rodrigo, não é? - perguntou.
Pronto, ela estava desconfiada. Mas eu não ia dizer-lhe nada, por agora.
-E então? - perguntei, tentando manter uma normalidade inexistente no meu interior.
-È que vocês dão-se mesmo bem...
-Qual é que é o problema? - prosegui.
-Nenhum... Só que eu sei de uma coisa...
O meu coração saltou com o susto, só não saltei eu para continuar a fingir que não era nada.
-Aí sabes? Ainda bem - dirigi-me para a porta e ela veio atrás de mim.
-Eu sei que ele te beijou no treino!
Calei-me e desci as escadas a correr.


VISÃO RODRIGO


Toda vez qui eu olhava ela, tinha qui segurar pra não chegar e a beijar. Tava sendo dificil, mas ela preferia e eu tava respeitando. O Rúben e a Andreia ficaram lavando a louça do jantar e eu e a Mónica sentámos no sofá, conversando e vendo televisão. Eu tava dando em doido de tar tão perto e não poder tocar...
-Vou só lá acima ao quarto e já venho - disse ela, levantando.
-Tá bom.
A Andreia subiu atrás dela. Iam cochichar e si eu bem conhecia, o Rúben ia chegar pra mim daí a pouco.
-Então puto? - disse ele pouco tempo depois, mi dando com o pano da cozinha na nuca.
-Então?! Qu'qui foi isso? - perguntei, passando a mão na nuca.
-A Mónica é gira, né?
-Porqui é qui cê tá perguntando isso?
-È gira ou não é? - insistiu.
-È.
-E é interessante, não é? Quer dizer, vocês estão fartos de falar.
-Pergunta logo qu'qui cê quer saber.
Ele sentou no braço do sofá, no meu lado direito.
-Tu gostas dela - disse ele sem perguntar. Eu não disse nada. - Ficaste calado é porque gostas.
-Oh Rúben...
-Gostas sim! Toma lá, tu gostas dela! Eu sabia.
-Cála a boca Rúben! Elas tão lá em cima.
-Está bem - respondeu ele, baixando o tom da voz. - Mas tu gostas dela... - de repente a gente ouviu elas descerem pelas escadas, correndo. A Mónica vinha na frente e si sentou do meu lado esquerdo. - Então, as crianças chegaram, foi? - riu o Rúben.
-Cála-te Rúben Filipe! - reclamou a Andreia dando um calduço no Rúben.
-È pá! - disse ele passando a mão pela cabeça. Todo mundo riu.
-Vocês querem ir já andando pró aeroporto ou querem perder o avião e ficar aqui com a gente? - perguntei quando a risada acalmou. Eu quiria qui elas ficassem...
-Vamos - respondeu a Andreia.
-Não é que apeteça muito, mas temos de ir - acrescentou a Mónica.
-Então vá, Sr. Motorista, levante-se lá - riu o Rúben.
-Não fala muito senão cê fica em casa.
-Está bem. - Depois olhou prá Andreia. - Eu quero levar-te ao aeroporto - sorriu ele, indo pra junto dela.
-Grande acontecimento... - disse ela, ironizando.
Depois de arrumar tudo, apagar as luzes e a televisão saímos pró meu carro. Quando chegámos no aeroporto ainda faltavam 15 minutos pra elas embarcarem. O Rúben e a Andreia ficaram si despedindo, afastados de mim e da Mónica.
-Posso mi despedir de você em condições? - perguntei pra ela mi chegando mais.
-Eles vão ver.
-E daí? A gente não vai guardar isso pra sempre. E eles são os nossos melhores amigos. A gente vai ter qui contar pra eles.
-E não te vai expor muito nem nada?
-Eu vou ti levar na Gala do Benfica no Natal... - Ela ficou pensando. - Posso mi despedir ou não?
-Sim - respondeu ela com um enorme sorriso. Puxei ela pra mim e a abraçei. Depois beijei ela sem querer largar. Ia morrer de saudade dela nessas duas semanas.


Olá! :D
Bem, espero que tenham gostado de mais este capitulo, que é um pouco maior!
Queria agradecer-vos pelos comentários e pedir que continuem a comentar, pois é muito significativo e motivador para mim!
E aproveito para dizer-vos que no próximo capitulo vão ter uma surpresa!

Beijinhos

Mónica

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Capitulo 15 (parte II)





(visão Mónica)


-Rodrigo… - chamei ainda meio a dormir.
-Hm…
-Telemóvel ‘tá a tocar…
-Hm…
O toque do telemóvel já estava a irritar-me. Sentei-me na cama e dei uns abanões ao Rodrigo.
-Acorda! Isto está farto de tocar! – disse-lhe eu, pondo o telemóvel ao pé dele. Ele abriu os olhos, a custo, e agarrou no telemóvel.
-Fala… - disse, meio sonolento, atendendo a chamada. – Ih… Desculpa, mister… Sim, tou indo… - desligou, depois de ter falado tão rápida e despertamente. Saltou da cama e dirigiu-se ao armário.
-Então? – perguntei.
-Tou atrasado pró treino!
-Hii, o avô passou-se… - comentei, falando mais comigo do que com ele.
-O quê? – perguntou ele a rir, acabando de atar os ténis.
-O mister – corrigi.
-Tá bom – sorriu. Foi ter comigo e deu-me um beijo rápido. – Tenho de ir.
-Até logo.
-Cê vai tar aqui quando eu chegar?
-Não posso?
-Pode, pode. Claro qui pode. Só qui você vai sofrer com fome.
-Eu arranjo-me.
-Tá bom. Ti amo, viu.
Deu-me mais um beijo.
-Eu também te amo. – Ele sorriu e dirigiu-se para a porta do quarto. – Bom treino! – disse-lhe.
-Brigado! - Depois voltou atrás. – Esqueci do saco – riu ele. Pegou no saco de treino da Adidas que estava junto da porta e desta vez foi mesmo embora. Agarrei-me à sua almofada e inalei o seu cheiro. Sorri e deixei-me ficar assim alguns segundos mas depois levantei-me. O sorriso manteve-se na minha cara. Fui arranjar-me e em seguida fui tirar a minha roupa da máquina de secar, depois de ter estado na máquina de lavar, a noite passada, para me vestir. Reparei que na entrada, ao lado da porta, havia uma chave suplente.
-Já é minha – ri.
Decidi então ir às compras para os armários da cozinha do Rodrigo. Pelo menos para conseguir orientar-me agora. Voltei com um saco cheio.
Sentia-me meio que importante por estar em casa dele, ter uma chave da casa (que ainda não era minha, mas ia ser) e encher os armários da sua cozinha. Parecia que me tinha mudado para cá, apenas neste pequeno espaço de tempo. Depois de comer, subi até ao quarto, fiz a cama e arrumei as coisas espalhadas e depois desci até à sala e sentei-me no sofá a ver televisão.


VISÃO RODRIGO


Depois de tanto correr atrás, finalmente ouvi ela falar qui mi amava. Depois de tantas vezes tentar conquistar ela e ela mi dar sempre o fora, consegui fazer ela cair nos meus braços. Senti qui toda essa persistência e essa luta valeram bem a pena. Depois de beijar ela, na primeira noite qui ela ficou lá em casa, eu não tive nem uma dúvida qui ela gostava de mim, mas tava custando ela si entregar. De todas as garotas qui eu já dormi, e foram poucas sim, não fiquei com nenhuma tão… Não consigo encontrar a palavra certa, mas, de todas elas, ela foi a qui mi encheu por dentro de uma maneira qui nunca tinham preenchido antes. Junto com todo o corpo dela, perfeito pra mim, imperfeito pra quem quiser, senti a essência dela qui é tão única como especial. Sim, porqui um corpo, por mais perfeito qui seja, não é nada sem uma alma, qui é a essência do ser. E a essência dela é linda. Todas as coisas boas dela mi fazem sentir a pessoa mais feliz no mundo, e as más mi dão mais força pra continuar jogando na horta da vida.
Quando eu chegasse no Caixa, o mister ia pegar no meu pé, com razão, e ia mi dar um treininho extra, mas só de pensar qui quando chegasse em casa ela ia tar lá mi esperando, podia mi dar os treinos qui ele quisesse. Cheguei correndo no campo, depois de ter mi vistido no balneário. Eles tavam terminando a corrida.
-Desculpa o atraso, mister.
-Precisaste que te acordassem hoje, hã? Custou mais a sair da cama porquê?
-Oh mister… - comecei mi desculpando, passando a mão na cabeça.
-Hm, estou a ver. Mas não pode ser todos os dias, hã. Foi hoje e mesmo assim não te safas. Toca a correr, vai!
Comecei correndo e o resto da equipa parou pra terminar o aquecimento.
-Então, quem é que é a rapariga? – perguntou o Rúben Amorim pra mim, rindo. Eu ri, meio embaraçado.
-Rúben, vê lá se queres ir dar mais umas voltinhas com o Rodrigo! – avisou o mister.
-Pode ser mister! – respondeu o Rúben, rindo na mesma.
-E respondes a sorrir e tudo, hã! Rodrigo, mais cinco voltas para ele correr mais um bocadinho! – disse o mister com um sorriso de quem tava pronto pra mandar mais voltas. O Rúben começou correndo comigo.
-Então, diz lá quem é ela. Eu conheço-a? – perguntou ele, sempre sorrindo.
-Cê tem qui tar sempre sorrindo? – respondi, tentando mi safar.
-Nã, nã, nem tentes. Não venhas que não vamos mudar de assunto. Diz-me lá quem é ela.
-Cê é chato!
-Nem tu viste metade.
-Tou começando a ter pena da Inês…
Ele deixou o sorriso cair um pouquinho.
-Está bem, pronto, já vi que não vais dizer-me quem é. Mas mete-te mesmo nas nuvens, já vi – disse ele, voltando a sorrir um pouco mais.
-Mesmo… - respondi sorrindo enquanto fixava o relvado na minha frente.
-Uuiii, que o menino ‘ta apaixonado. Muito bem, hã puto! – disse ele rindo e mi dando uma pancada nas costas.
-Oh meninas, é para correr! Isto aqui não é a casa da tia Joana, os cochichos são fora dos treinos! – gritou o mister pra gente. A gente riu mas acelerou a corrida e depois de terminar e ter feito os aquecimentos fomos treinar com o resto da equipa, qui tinha tado a rir da gente.
O treino foi normal e a gente ria e o mister reclamava, chamando a gente de galinha. O treino terminou e a equipa foi pró balneário.
-Puto, posso-te pedir um favor? – mi perguntou o Rúben.
-Fala aí.
-É pá, achas que dá para me dares boleia? É que fui pôr o carro à revisão e só lá para amanhã é que devo ir buscá-lo.
-Claro, eu ti levo.
-Obrigado.
-De nada.
Meia hora depois eu e o Rúben saímos e fomos directo pró meu carro.
-Você demorou quase quinze minutos em frente do espelho!
-Tem de ser, então! Senão elas não olham para mim!
Começámos os dois rindo e entrámos no carro. No caminho pra casa ele voltou a tentar fazer com qui eu dissesse o nome da garota qui eu tava gostando, mas não conseguiu.
-Tamo chegando, né?
-Sim. Mas vais levar-me à casa da Andreia.
-Da Andreia?
-Sim. Se não souberes onde é eu digo-te.
-Não. Eu sei. Já levei a Mónica lá. Mas você vai a casa dela fazer o quê?
-Fazer-lhe uma surpresa.
-Cê é qui sabe. Mas, não acha qui já tá saindo muito com ela? Não tenho nada a ver com isso, mas eu ouço você falar mais vezes qui vai ter com ela do qui com a Inês, e a Inês é sua namorada.
-Eu e a Inês demos um tempo – e o sorriso dele desapareceu.
-Deram um tempo?
-Sim.
-Desculpa. Quer dizer, você passa os dias sorrindo...
-Claro. Não ia passá-los a chorar nem com cara de enterro. Por mais que eu ame a Inês e por muito dificil que esteja a ser este tempo, tenho de saber aproveitar as outras coisas.
-Mas você não tá si virando demais prá Andreia?
-Ela é a minha melhor amiga e tem-me ajudado muito. Sinto-me bem ao pé dela.
-Cuidado qui cê pode si aproximar demais, mesmo sem querer...
-Fogo puto! Tu também? Já o David diz a mesma coisa.
-A gente só tá ti alertando prás coisas não cairem no torto.
-Obrigado pela preocupação, mas eu sei o que é que estou a fazer.
-Cê qui sabe. È aqui. Tá entregue.
-Obrigado. Fica bem.
-Você também. Tchau.
Depois de deixar o Rúben fui quase voando pra minha casa.
-Qui cheiro bom é esse? - perguntei, fechando a porta e colocando o saco do treino no chão, na entrada. Entrei na cozinha e vi a Mónica junto do fogão.
-O almoço - respondeu ela, desligando o lume.
-Brigado - agradeci, colocando as mãos na cintura dela e fazendo ela si virar pra mim.
-De nada - respondeu ela sorrindo também e colocando as mãos por trás do meu pescoço. Encostei ela na bancada e a comecei beijando. Só o beijo dela já mi fazia feliz e eu quiria estar sempre feliz. Um beijo não chegou então eu dei dois, dei três e dei mais um.
-Olha, eu tirei a chave que estava na entrada para pôr qualquer coisa nos teus armários.
-Pode ficar com ela.
-Pois, eu já pretendia cobiçá-la de qualquer maneira...
-Podia cobiçar uma coisa melhor, né?
-Como por exemplo?
-Não sei. A minha cama, talvez... Essa eu deixo você cobiçar e pular pra cima, si você quiser.
-Hm, pois. Mas sabes o que é que eu queria agora?
-O quê?
-Almoçar. Mexe-te! - ela si soltou dos meus braços e começou colocando a mesa. Fui ajudar ela e depois sentámos pra almoçar.



Espero que tenham gostado de mais este capitulo J
Obrigada pelas visitas e pelos comentários :D
Continuem a comentar, pois os vossos comentários são muito importantes para mim!
Beijinhos

Mónica