quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Capitulo 31 (parte IV)


Ola meninas!
Deixo-vos aqui mais um capitulo! Espero que gostem e deixem os vossos comentários lindos, por favor!
Besos guapas!

Mónica

Visão Filipa

Todos a meu redor admiravam o meu sorriso, mas todos eles também têm um, a diferença é que eu não desarmo um bom sorriso para dar lugar a uma expressão negativa no meu rosto!  Por mais difícil que seja, nunca opto pela tristeza, embora muitas vezes os assuntos de tal espírito se mantenham ligeiramente perceptíveis na minha mente. E agora parecia que alguém dependia exactamente do meu sorriso para sorrir novamente como costumava fazer todos os dias, a qualquer hora. O Rúben. E ele era alguém que tinha um sorriso tão bonito e verdadeiro quando o fazia. Como é que uma pessoa como ele podia precisar do meu sorriso para sorrir? Ah, pois, o ''coração destroçado''. Como é que alguém tinha conseguido destroçar um coração tão cheio de alegria como o dele?  Com certeza tinham exercido muitos esforços!  Far-lhe-ia a vontade. Não era de todo complicado sorrir com ele, e a companhia dele era bastante agradável.
Eram 14.00h quando a Mónica chegou ao Estádio, dez minutos depois de mim.
-Olá! - cumprimentou-me, sorrindo levemente.
-Olá! - retribui. - Bem, estás mesmo com cara de cansada!
-Eu estou mesmo cansada! Não dormi e logo de manhã tive aulas! Eu adoro a tua companhia, mas não vejo a hora de ir para casa dormir!
-Então mas não dormiste mesmo nada? Ainda tinhas umas horinhas antes de te levantares.
-Eu preferi não dormir essas poucas horinhas, se não a esta hora estava muito pior!
-E conseguiste não adormecer? - perguntei espantada. Cansadas como estávamos depois do dia preenchido juntando a noite a mim só me apetecia dormir assim que cheguei a casa!
-O Rodrigo ajudou.
-Hmm, o Rodrigo ajudou... - ri, o que ela também fez. - Portanto o Rúben estava certo - brinquei.
-Claro que sim!
-Claro que sim? - gargalhei.
-Nós reclamamos mas ele sabe - riu.
-Olha que o Rodrigo não reclamou, parecia interessado em continuar a responder!
-É, ele é assim, deve estar-lhe no sangue, pior ainda quando é com o Rúben!
-Estou a ver... - ri. - Por falar no Rúben, eu preciso de falar com ele... Achas que me podes dar o número dele para lhe ligar?
-Até podes ligar do meu telemóvel, enquanto eu vou trocar de roupa!  - ofereceu, dando-me o seu telemóvel já no contacto do Rúben, enquanto seguia caminho para os cacifos. ''Rú <3''. Sorri ao pressionar para iniciar a chamada.
-Então pequenina, o que é que me queres? - atendeu o Rúben, bem disposto.
-Ahh, não é a Mónica, Rúben, é a Filipa.
-Oh desculpa, como estás a ligar do telemóvel dela pensei que fosse! Mas está tudo bem? Precisas de alguma coisa?
-Pois, eu ia pedir-te um favor...
-Pede!
-Eu não queria abusar, só que...
-Pede o favor e deixa-te dessas coisas!
-Está bem. É que o meu carro ficou lá ontem à noite, e eu esqueci-me do telemóvel no carro, e nem telefone de casa ainda tenho, então achas que podias ir lá comigo, outra vez? Eu sei que é chato e ainda é um bom bocado até lá, e agora assim não tenho mais ninguém a quem pedir. Ao Rodrigo é escusado porque não quero roubar-lhe o tempo que ele tem com a Mónica...
-Eu vou contigo! E não é trabalho, nem chatice nem nada disso, ia ficar em casa sozinho de qualquer maneira, por isso não há problema.
-Ai, obrigada Rúben!
-De nada! Mas olha, dá-me o modelo e a matricula do teu carro.
-Para quê? - perguntei, confusa.
-Eu tenho contactos, sabes?
-Ai não, Rúben, não é preciso, só ires comigo porque eu me esqueci do telemóvel no carro é uma grande ajuda! Eu tenho o número de um senhor que me consegue fazer um preço mais acessível, só preciso mesmo que vás comigo para depois conseguir ligar-lhe!
-Está bem, mas dá-me na mesma, só por segurança, então!
-Ai, pronto, está bem, mas é só por isso mesmo, assim que lá chegar-mos eu ligo ao senhor!
-Está bem, vá! - Dei-lhe os dados que ele me tinha pedido, combinamos quando e onde nos íamos encontrar e despedi-me, agradecendo novamente.
-Então, ele atendeu? - perguntou a Mónica, voltando a estar junto de mim.
-Sim. Obrigada!
-De nada!
A nossa tarde acabou por não ser tão preenchida, felizmente para a Mónica, que depois de se despedir de mim foi apressadamente para a entrada do Estádio, onde o Rodrigo a esperava para regressarem a casa. Eu apanhei um táxi, que me levou rapidamente até casa, onde jantei, descansei alguns minutos no sofá, até a campainha soar.
-Olá! - cumprimentou-me o Rúben, sorrindo.
-Olá! Obrigada por vires comigo!
-Não tens de quê! Vamos então?
-Sim! - concordei, vestindo o casaco e pegando na minha mala, saindo depois atrás do Rúben até ao seu carro. A viagem pareceu não demorar assim tanto tempo, ajudando a conversa até chegarmos ao destino. Assim que ele desligou o carro sai do mesmo e dirigi-me ao meu, enquanto o Rúben saiu do carro, encostando-se depois ao mesmo. Tirei o telemóvel do porta-luvas e quando me ia juntar ao Rúben para fazer a tal chamada ele estava ao telemóvel. E a expressão dele... desagradava-me por completo. Permaneci afastada e não consegui deixar de ouvir a conversa.
-E nem dois minutos tiveste nem que fosse para escrever uma mensagem?
-...
-Oh Andreia, por muito cansada que estivesses arranjavas tempo se quisesses para mandar uma porcaria de uma mensagem!
-...
-Se fosse eu podes ter a certeza que mesmo que estivesse a morrer de cansaço mandava pelo menos uma mensagem!
-...
-Ai, está bem, olha esquece, já não quero saber! Porque é que me ligaste então?
-...
-Ah, então já deste, obrigado!
-...
-Parvo?! Desculpa, esqueceste-te do meu aniversário...
-...
-Olha, desculpa mas não é o que parece! Mal tens tempo para mim, ou pior, paciência, porque cada vez que falamos não há uma única vez que não discutamos! Achas isto normal? Nós não éramos assim, porra!
-...
-Olha, sinceramente nem sei! Tu ficaste toda indignada porque a Mónica voltou para Portugal com o Rodrigo, mas porra, eu achei lindo, eu achei que de certa forma foi uma prova de amor, foi um gesto que demonstrou por completo o quão dispostos eles estão a ficar um com o outro! E eu não estou a pedir-te para fazeres o mesmo, eu sei o quanto desejaste estar ai, mas juro-te que se fizesses nada me ia fazer mais feliz nesse momento! Eu tenho saudades tuas, daquilo que éramos um com o outro... E apesar das dificuldades e do esforço eu tento fazer o mais que posso para manter isso tudo, mas tu não parece que estejas a fazer o mesmo, Andreia! Tu estás tão diferente!
-...
-Vê se percebes uma coisa, eu amo-te, está bem? Só estou a tentar pedir-te que sejas mais...esforçada. A relação não é só minha, é nossa, eu não posso fazer tudo sozinho.
-...
-E ainda dizes que não estás diferente! Já reparaste na maneira como estás a falar comigo? Eu estou a tentar resolver as coisas, tentar encontrar uma maneira de fazer isto resultar e tu só sabes discutir, dar respostas tortas e ficar ofendida com nada!
-...
-Ouve, olha, está bem, eu não me quero chatear, o meu dia tem corrido bem e não me apetece acabá-lo com dores de cabeça! Quando decidires que consegues ter uma conversa decente e que conseguimos chegar a um consenso liga-me, porque eu não estou para te ligar mais e só ouvir gritos e porcarias! Fica bem. - E desligou. Eu fiquei estática a olhar para ele, que olhou para o chão uns segundos, de semblante triste obviamente, mas assim que ele elevou a cara eu esbocei um sorriso e fui ao seu encontro.
-Encontrei-o! - disse-lhe, mencionando o telemóvel.
-Ainda bem! - sorriu levemente. - Já fizeste a tal chamada?
-Não, vou ligar-lhe agora! - procurei o número nos contactos e premi a tecla de chamada.
-Então? - perguntou, assim que desliguei.
-O parvo do homem deve ter acordado com os pés de fora, ou então o sono falou mais alto! Pôs-se a reclamar comigo, nem percebi porquê! - Ele gargalhou, o que me deixou muito satisfeita, dado o estado em que havia ficado depois da chamada que recebera.
-Ou seja, não consegues o favor?
-Não - respondi, desanimada.
-Então ainda bem que eu trouxe os dados que te pedi e posso fazer agora eu uma chamada para te virem buscar e arranjar o carro!
-Oh Rúben, isso já é demais, eu não quero pedir mais nada!
-Mas tu pediste-me? Sou eu que quero ajudar-te, posso, ou vais proibir-me de te agradecer de outro modo o facto de me animares?
-Bem... está bem, pronto, mas depois disto chega!
-Veremos! - sorriu, levando o telemóvel ao ouvido e iniciando uma conversa curta mas pelos vistos frutífera. - Já está! Amanhã às 8.00h vêm buscar-te o carro e levam-no para o arranjarem! Depois eu dou-te o número do meu amigo para ires buscar o carro.
-Obrigada!
-E enquanto o teu carro não está de volta eu vou ser o teu motorista, pelo menos no que toca às idas e vindas do Estádio! E antes que reclames, não é incómodo nenhum, visto que é o local de trabalho de ambos!
-São muitas mais as vezes que estás no Caixa.
-Acordar cedo não faz mal a ninguém, e depois, ter dois vislumbres de coisas bonitas pela manhã é óptimo!
-Não consigo mesmo declinar a tua oferta, pois não?
-Nem que tentasses durante um mês!
-Está bem, pronto - acabei por aceitar os seus termos. Seguidamente entramos no carro para fazermos o caminho inverso ao da vinda para cá.

Visão Rodrigo

Depois de tantas horas sem dormir acabei pegando logo  no sono, assim que a minha namorada me deu um beijo de despedida, antes de sair do quarto pra ir prá Faculdade com a minha irmã. Dormi até quase uma hora antes da hora do treino, treino esse que revitalizou minha energia. Na hora de saída da Mónica já eu tava esperando ela na entrada do Estádio, seguindo então pra casa, onde ela subiu logo  pro quarto, se deixando cair na cama e adormecer pouquíssimo tempo depois. Eu aconcheguei ela nos lençóis e desci pra cozinha, pra fazer o jantar.
-Amor... - chamei, baixinho no seu ouvido. Ela nem se mexeu, então tive de abanar um pouco ela. - Amor, acorda meu bem, vem jantar pra depois você poder ficar dormindo a noite inteira.
-Não me apetece... - resmungou, ensonada.
-Mas tem de vir amor, é rápido, vem.
-Ai, está bem... - respondeu, com cara de sono, se levantando da cama vagarosamente. - Precisa de ajuda? - perguntei, sorrindo, andando mesmo atrás dela.
-Preciso é de dormir.
-Tá, então vamo jantar num instante e logo  logo  a gente sobe de novo no quarto, meu amor.
E assim foi. depois do jantar, uma coisa leve mesmo, fomos escovar os dentes e fugimos pra de baixo dos lençóis e cobertores quentinhos. Ela se colou a mim, aconchegando a cabeça no meu peito, enquanto eu fazia cafuné nela. E em vez de dormir logo , fiquei, mais uma vez, olhando ela, com expressão serena e traços que por mais noites que dispensasse olhando, nunca ia cansar de olhar, e sorrir apenas por ter ela junto de mim.

Visão Rúben

Sinceramente, não tinha tornado a pensar no facto de a Andreia não me ter dado os parabéns, voltei apenas a relembrar tal coisa quando ela me ligou, inoportunamente, quando cheguei com a Filipa ao estacionamento do local onde tinha sido a minha festa. E a suposta conversa voltou a não o ser, como decorria habitualmente já. Era cada vez mais difícil não tornar palavras em acusações ou criticas. Enfim, pensei que a minha noite ia acabar comigo a pensar sobre isso e a massacrar-me mais com o assunto, no entanto não foi bem assim.
-Obrigada mais uma vez, Rúben - agradeceu a Filipa, assim que parei o carro em frente ao seu apartamento.
-Não tens de agradecer, fiz de coração.
-Eu sei, mas obrigada - sorriu.
-De nada - sorri levemente, efeito suave que o seu sorriso tornou a ter, porém ainda eram pequenos os resultados, devido a recente discussão com a Andreia.
-Hm, Rúben, não queres entrar um bocadinho?
-Não é preciso, obrigado Filipa - recusei educadamente.
-Não, não vou aceitar um não como resposta!  Anda, eu faço um chocolate quente para nós!
-Está bem, já percebi que agora sou eu que não tenho escolha! - sorri, acabando por sair com ela do carro, entrando em seguida no seu apartamento.
-Fica à vontade!  - disse-me, apontando o sofá e seguindo para trás do mesmo, para a cozinha, para preparar o tal chocolate quente, que me ia saber muito bem, com o frio que fazia. Poucos minutos depois juntou-se a mim com duas canecas de chocolate quente.

-Toma - estendeu-me uma delas, sorrindo.
-Obrigado - agradeci. E após alguns segundos de silêncio e um gole no chocolate quente, a Filipa falou.
-Ahm, Rúben, eu não queria meter-me, mas eu não consegui evitar ouvir o teu telefonema, quando eu fui buscar o meu telemóvel... Era com o motivo do coração destroçado?
-Era...
-Eu não quero ser indelicada nem meter-me onde não devo, mas se calhar fazia-te bem falar, se quiseres e te sentires à vontade...
-Tens razão... Eu falo com o Rodrigo, com a Mónica ou com o David, mas é diferente, eles conhecem-na, estão por dentro da história, eles juntaram-nos, e ela era a melhor amiga da Mónica e tudo...
-Então, eu estou aqui, não sei da história e muito menos quem é ela, por isso se quiseres conversar eu sou toda ouvidos.
-Ela chama-se Andreia... - E comecei a contar-lhe tudo, desde o momento em que havia conhecido a Mónica e a Andreia naquela paragem de táxis em Londres até aos mais recentes acontecimentos.
-E estás com medo de estar a perdê-la.
-Já faltou mais para a perder. As coisas estão cada vez piores, nós já não conseguimos conversar em condições, há sempre insinuações ou criticas, ou qualquer coisa! Ela chegou a desligar-me o telemóvel na cara e tudo, mais que uma vez.
-Mas não tens nenhuma ideia porque é que ela se afastou assim de repente, e porque é que anda a comportar-se assim?
-No principio pensei que fosse por causa do assunto da Mónica e do Rodrigo, e até era, mas acho que já não tem bem a ver com isso, por isso já não faço ideia!
-Eu sei que nos conhecemos há pouquíssimo tempo, mas deu para entender com tudo o que me contaste que não deixas dúvidas que és o namorado que muitas raparigas queriam ter! Não sei como é que se destrata assim um homem que é espectacular connosco... - comentou, e notei-a algo pensativa e distante. Decidi tentar fazê-la falar também.
-E eu aposto que já tiveste um assim na tua vida.
-O que quer que tenhas apostado ganhaste. Já tive alguém assim, sim.
-Então e era tão bonito como eu?  - brinquei.
-Era - riu. Após segundos a desfazer o riso resolvi tentar saber mais sobre a sua história. Não era por ter acabado de contar a minha situação e agora achar-me no direito de saber a história dela, mas, se ela quisesse contar eu teria gosto em ouvi-la e confortá-la ou apoia-la, como ela havia feito comigo.
-Como é que ele se chamava?
-Gonçalo - respondeu, sorrindo docemente.
-Pelo teu sorrisinho ele devia ser mesmo lindo! O que é que aconteceu para já não estares com ele, ficou feio?  - tentei brincar.
-Não, claro que não. A vida é que quis assim...
-Então e como é que a vida te fez conhece-lo?
-Na escola. Eu tinha mudado de escola e no primeiro dia andava meio perdida e uma altura íamos os dois apressados e acabamos por ir um contra o outro.
-Épico, não?  - ri.
-Tão épico que ele era o homem da minha vida!
-Não és muito nova para dizer isso?
-Não és mais velho que eu o suficiente para saber que não?
-Está bem, pronto, desculpa! - ri. - Mas então se ele era o amor da tua vida porque é que já não é? Deixaste de gostar dele?
-Não.
-Ele traiu-te?
-Não.
-Tu traíste-o?
-Não, Rúben!
-Então eram as vossas famílias? Há sempre...
-Não Rúben, não foi nada disso.
-Então o que é que foi?
-Ele morreu, há 9 meses. - Assim que ouvi a resposta senti-me mal. Só queria um buraco para me esconder! Eu ali a fazer gracinhas e... Senti-me dupla ou triplamente mal pelo facto de ter puxado o assunto e ela agora estar provavelmente a relembrar coisas más.
-Desculpa!  Desculpa mesmo, Filipa!
-Não faz mal - respondeu, destacando um pequeno sorriso.
-Eu não fazia ideia, desculpa mesmo, Filipa.
-Não faz mal, a serio Rúben.
-Mesmo?
-Mesmo. O Gonçalo era o homem da minha vida e nos primeiros tempos foi difícil aceitar e viver com o facto de que nunca mais ia voltar a tê-lo na minha vida, mas depois lembrei-me do que ele costumava dizer-me muitas vezes. ''A vida passa rápido demais, por isso, qualquer que seja a situação, mesmo que seja a pior situação do mundo, encontra o melhor disso e sorri, porque sorrir cura muitos corações.''
-Como é que ele... ? - perguntei, medrosamente.
-Num acidente de carro. - Ela fez uma brevissima pausa e eu não tive coragem de dizer nada. - Ele saia mais cedo que eu das aulas nesse dia. Tinhamos estado juntos no intervalo, o último da manhã, e ele tinha-me dito que ia a casa num instante e que quando eu acabasse a aula ele estava lá fora à minha espera. O dia estava horrivel, montes de frío, aguaceiros a toda a hora. Ele era prudente na condução, conduzia super bem, só que o piso molhado é mais difícil de manobrar. Ele já ia a mais de metade do camimho de casa, mais uns 60km e chegava, mas não aconteceu.
-Ele despistou-se? - perguntei, porém sempre com um cuidado posterior.
-Não, o condutor da faixa contrária é que se despistou. O piso não ajudava, mas o homem vinha a falar ao telemóvel e só acabou por conseguir parar o carro quando já tinha batido e arrastado o carro do Gonçalo contra uma árvore num passeio.
-Que horror...
-Ele ainda permaneceu acordado até a ambulância chegar, e quando ele percebeu que não ia aguentar ele pediu para me entregarem isto - disse, mencionando o colar que pendia no seu pescoço.
-É lindo - conseguí pronunciar.
-Sim - sorriu levemente. - E queres saber o quão épico aquilo tudo era?  - afirmei com um gesto de cabeça. - Eu senti.
-Sentiste?  Sentiste o quê?
-Quando ele sofreu o acidente, eu senti. No meio da aula comecei a sentir-me mal, com falta de ar e com umas picadas fortes no peito. Eu senti Rúben, eu senti que alguma coisa tinha acontecido.
-Isso é tão...
-Épico, eu sei.
-Tão desconfortante. Deve ter sido mesmo estranho sentires essas coisas quando aconteceu o acidente.
-Foi estranho, mas depois percebi que fazia sentido.
-Ainda bem que isso nunca me aconteceu, eu ia sentir-me super esquisito.
-Se alguma vez sentires é porque é amor de verdade - sorriu, sorriso esse que me fez sorrir também ao pensar na possibilidade de tal coisa vir a acontecer-me.
-Ainda pensas nele?  - perguntei, recuperando melancolía que o sorriso tinha desencaminhado.
-Penso, mas já não é como no principio. Agora penso que ele, esteja onde estiver, sentir-se-há feliz por me ver a seguir em frente, e sempre com um sorriso.
-Acho que ele pensa exactamente isso - apoiei. - E sabes, agora que te conheci, e neste momento comprovei a pessoa fantástica que sempre te afigurei desde que te vi, quero fazer um acordo contigo!
-Um acordo?  - perguntou, expectantemente confusa.
-Sim, um acordo. Vamos combinar que nunca vamos deixar o outro ficar triste, vamos estar sempre um ao lado do outro, a apoiar-nos, e vamos fazer o outro sorrir sempre, mesmo que os motivos desapareçam! Combinado? - propus, estendendo a mão na sua direcção para celar o acordo.
-Combinado!  - concordou, apertando a minha mão e desencantando um enorme sorriso. Sorri-lhe de igual forma e de seguida olhei para o meu relógio.

-Bem, já está a ficar tarde, eu vou andando - disse, levantando-me do sofá, enquanto a Filipa igualou o gesto.
-Sim, é melhor - concordou.
-A que horas é que entras amanhã?
-Às 10.00h.
-Passo por cá as 09.00h então?
-Pode ser.
-Então pronto, até amanhã - despedi-me, vestindo o casaco e dando-lhe dois beijinhos. - Se precisares de alguma coisa já sabes, liga-me.
-Sim, obrigada - sorriu, fechando a porta depois de dizer ''Até amanhã''. Eu entrei no carro e conduzi até minha casa, onde assim que cheguei me dirigi até ao quarto e depois de trocar de roupa me deitei e adormeci pouco tempo depois.

sábado, 2 de novembro de 2013

Capitulo 31 (parte III)

Olá meninas!!
Aqui está mais um capitulo, espero que gostem e deixem os vossos comentários, por favor, é muito importante!

Besos
Mónica

Visão Mónica

E finalmente era o aniversário do Rúben! Sinceramente, estava ansiosa que chegasse a noite! Queria que ele gostasse da surpresa! Eu e o Rodrigo tratamos dos últimos detalhes com a empresa, e bastou um telefonema, apenas passamos pelo local umas horas mais tarde para verificar tudo e depois regressamos a casa. Fomos arranjar-nos, a Mariana já estava a acabar de se arranjar também e o Mauro chegou lá a casa pouco depois.
                                                                              (Mariana)

                                                                            (Mauro)

                                                                           (Mónica)

                                                                           (Rodrigo)

-Então pronto, vocês podem ir andando! - disse para a Mariana e para o Mauro. Depois virei-me para o Rodrigo, que tinha acabado de chegar junto de mim. - Também podes ir amor, eu vou ligar ao Rúben daqui a meia hora.
-Tá bom, vamo gente - respondeu ele, dando-me um beijo e saindo de casa com eles. Meia hora depois liguei ao Rúben como havia dito e ele chegou cerca de quarenta minutos depois a casa do Rodrigo.
-Obrigada por vires, Rúben! - disse-lhe, após sair de casa e dirigir-me com ele para o seu carro.
-De nada.
-Se não fosses tu estava feita!
-Então mas onde é que o chato do teu namorado se enfiou para não poder ir contigo a essa apresentação?
-Se queres que te diga nem eu sei bem, só sei que saiu daqui a correr para ir ter com a Mariana!
-Mas está tudo bem?
-Sim! Pelo que ele me disse assim meio a correr acho que foram fazer não sei o quê para os pais, e tinha mesmo de ser agora!
-Bem, está bem, se é importante!
-Mas olha, ao menos assim não ficas fechado em casa no dia dos teus anos!
-Era precisamente o que eu ia fazer se não fosse a tua emergência!
-Mas foste um querido e saíste de casa, e ao menos assim posso passar a noite a chatear-te para não ficares a debater-te com pensamentos desnecessários no teu dia!
-Oh, de qualquer das formas vou pensar! Acreditas que ela não me ligou a dar os parabéns? - A esta altura já tínhamos iniciado caminho, depois de eu ter posto as coordenadas no GPS do carro dele. E pronto, lá estava a Andreia, a atormentar os dias dele. Isso já estava a irritar-me de uma maneira! O Rúben estava sempre a remoer, e ele não era assim, ele era aquele que punha toda a gente a rir, aquele que estava sempre despreocupado e alegre!
-Eu disse que ela estava diferente, e agora tem estado a descarregar em ti!
-Eu já tentei fazê-la ver que está errada em relação ao assunto do Rodrigo, mas agora mesmo que eu não fale nada acerca desse assunto, ou sobre ti ela já atende a chamada mal disposta.
-A questão já nem é o assunto do Rodrigo, Rúben. O maior problema sou eu, já não é a questão de ter traido ou não o Rodrigo, e gostava de poder explicar-te porque é que ela está assim contigo agora, mas não sei, mas se for por minha causa, desculpa.
-Não tens de pedir desculpa, pequenina, ela é que tem de mudar, se não estamos mal.
-Bem, mas olha, é o teu aniversário, não vamos falar de coisas tristes, nem nada disso! Eu quero ver-te a sorrir, muito! Isso já não acontece há muito tempo!
-Ai é que te enganas! Ontem à tarde esse milagre entre estes dias aconteceu! - disse, esboçando finalmente um generoso sorriso.
-Ai foi? Então? - sorri também.
-Foi um sorriso que me pôs a sorrir, acreditas? - e o sorriso não lhe desaparecia!
-Um sorriso? Como é que foi isso?
-Foi de repente. Depois do treino a Andreia ligou-me e voltámos a discutir e eu fiquei passado porque ela mais uma vez me desligou o telemóvel na cara, e com isso tudo acabei por me esquecer do saco de treinos no bar do Estádio, então tive de voltar para trás, só que ia tão passado que fui contra uma rapariga e quando lhe pedi desculpa ela sorriu-me de uma maneira que... sei lá, era o sorriso que eu estava a precisar para sorrir também!
-Bem, esse sorriso deixou-te mesmo feliz! Pela maneira como te deixou a sorrir agora também!
-Acredita que melhorou o meu dia, sem dúvida! É que o sorriso dela transmitia tudo o que eu desejava sentir naquele momento e vê-lo teve simplesmente esse efeito em mim, foi bom, foi muito bom! E veio mesmo em boa hora, porque eu estava prestes a mandar alguma coisa pelo ar!
-Bem, então bem-dita rapariga e o seu lindo sorriso! - ri, ao que ele se juntou a mim.
-É aqui? - perguntou, algo curioso, ao estacionar perto do local onde teríamos destino. E um rasgo do sorriso manteve-se no seu rosto.
-É!
-Não te enganas-te? Geralmente as apresentações não são em veleiros.
-Não, não me enganei! A minha Faculdade tem iniciativas muito modernas, pode ser? Mas eu gosto, eu gosto de estar nestes ambientes!
-Sim, eu também gosto, só não acho muito comum, mas pronto, Faculdades modernas! - Saímos do carro e começamos a andar em direcção ao veleiro. Mandei, despercebidamente, uma mensagem ao Rodrigo a dizer que estávamos prestes a entrar.
-Veleiro Príncipe Perfeito, mesmo a minha cara! - gracejou o Rúben, assim que avistamos o nome do veleiro.


-Nada convencido, tu! - ri
-Pois não! - riu também. E assim que entrámos todos os presentes gritaram um ''Parabéns!'' uníssono, que deixou o Rúben boquiaberto. - Bem parecia que esta apresentação era num sitio esquisito! - disse o Rúben virando-se ligeiramente para mim enquanto ia cumprimentando as pessoas. Eu apenas lhe retribui um sorriso e juntei-me ao meu namorado que tinha acabado de dar um abraço ao Rúben.

Visão Rúben

Tinha planeado ficar em casa. O meu espírito não era de todo o dos anos anteriores para ir festejar o meu aniversários com os meus amigos. Mas houve alguém, que devido à ausência do namorado me chamou! Assim que desliguei a chamada entrei no carro e conduzi até casa do Rodrigo. Durante o caminho conversamos e acabamos por tocar no assunto Andreia, mas ela fez o mesmo dar a volta e fomos parar à rapariga e ao sorriso que me alegrou o dia. E bem, mesmo não o tendo voltado a ver, voltei a sorrir de igual modo como se o houvesse visto. E foi ai que começou o maior tempo que fiquei sem pensar na Andreia, seguido pela surpresa no veleiro! Bem que eu suspeitava que a suposta apresentação que a Mónica iria tinha sido marcada num local incomum! Estavam lá todos os meus amigos, todos aqueles que costumavam estar comigo nos anos anteriores, e estavam lá, aqueles que sem dúvida tinham tratado de elaborar esta surpresa, aqueles que eram os mais importantes, a minha família afectiva, que como sempre, me fizeram sorrir e sentir bem novamente! E ao ver todo o veleiro fiquei ainda mais agradecido! Estava tudo simples mas bonito, fazia-me sentir de certa forma em casa, porque estavam lá todos de quem precisava e o mar deixava-me uma sensação apaziguadora e acolhedora na alma, o que precisava nesta noite para conseguir aproveitar o que eles tinham preparado para mim!












E como previ pelo entusiasmo de todos e o fantástico ambiente, a noite começou desde logo muito bem, e conversa e gargalhadas não faltavam! Mas a dada altura retrai-me, repentinamente. Não tinha puxado de todo o pensamento, mas uma das músicas que passavam fez-me recordar e pensar num dos vários momentos atribulados de esforços para conquistar a Andreia.

 *****

– Viste aquilo, David? Viste?


-Se acalma, Rúben. Como você disse, ela só tá deixando ele fazer essas coisas pra provocar você, não é de verdade – tentou acalmar-me o Rodrigo.


-Achas que eu consigo ficar calmo, Rodrigo? É claro que não consigo! Se fosse a tua namorada ali aposto que já tinhas lá ido! – eu já batia o pé no chão com tanta força que eu próprio me irritava com isso.


-Oh Rúben, vá lá! Sabes que ela está a fazer de propósito! Quanto mais ela vir que te afeta, pior ela vai fazer! – disse a Mónica.


-Oh Mónica, tu sabes como é que é a tua amiga, uma teimosa de primeira, mas sabes que eu ainda sou mais teimoso que ela… - Depois falei mais baixo, em forma de suspiro. – Ai eu não vou desistir não… Estás aqui estás a ver-me a tirar-te das mãos desse menino. Ai estás, estás…


-Oh manz, para aí de bater esse pé no chão! Com tanta força cê ainda vai acabar fazendo um buraco no chão!


-Eu paro de bater o pé, mas quieto também não vou ficar! – levantei-me de rompante da cadeira e preparava-me para ir ter com os outros dois, mas o David e o Rodrigo puseram-se à minha frente, bloqueando-me a passagem.


- Cê não vai fazer nada, Rúben.  Agindo de cabeça quente cê ainda vai fazer besteira.


-É manz, não faz nada não, o Rodrigo tá certo. Cê pode se arrepender de alguma coisa.


-É pá, mas eu preciso de lá ir, deixam-me passar?


-Não – responderam os dois ao mesmo tempo.


-Cê vai é sentar aqui de novo e ficar quietinho – disse o David, levando-me a sentar novamente. Sentaram-se os dois, um de cada um dos meus lados, como anteriormente estavam. Calei-me uns segundos, mas voltei a levantar-me.


-Mas eu tenho de lá ir! – tente avançar, mas os dois voltaram a impedir-me, segurando-me pelos ombros e voltando a colar-me à cadeira. Está bem. Se não é a bem, é a mal. Fiquei uns dois minutos calado e quieto, apenas continuando a ter perante os olhos aqueles aos quais eu queria ir ao encontro.


-Já se acalmou? – perguntou o manz. E agora eu ia ter de jogar um bocadinho.


-Já. Pronto, vocês têm razão. Não vou fazer nada, senão ainda me arrependo.


-Finalmente qui você entendeu – disse o Rodrigo.


-É – fingi concordar. Esperei um pouco até as atenções se terem desviado um pouco de mim, e então, num ápice, levantei-me da cadeira e corri, fugindo das mãos que me tentaram segurar, tardiamente. – Desculpem, mas mais teimosos que eu, vocês não são! – Após perceber que ninguém vinha atrás de mim, pois resignaram-se às minhas palavras e ficaram apenas a observar, expectantes, recompus-me e fui ter com a Andreia e o James, que dançavam. Mal cheguei junto deles, arremessei a Andreia dos braços dele e coloquei-a nos meus. – É  a minha vez de dançar contigo – disse-lhe, levando-a mais para o meio do salão. Antes ainda consegui ouvir o Garay falar com o James, que ficou sem perceber bem o que se tinha passado.



-Le aconsejamos que no lo haga usted entusiasmaresAmbos tienen una larga historia que va a comenzar.


-E quem é que te disse que eu quero dançar contigo? – perguntou-me a Andreia.


-Não queres dançar com o teu melhor amigo?


-Não me venhas com tretas.


-Ah eu é que ando com tretas? Esta noite, de nós os dois, quem tem andado com treta és tu. Esta noite eu tenho sido totalmente verdadeiro, tenho demonstrado os meus sentimentos por ti a torto e a direito, tenho tentado vezes sem conta que tu também o faças, que tu liberes o teu coração sem medos nem entraves, em frente de todos. Tu só tens fugido. E o pior é que foges do que queres.


-Mas tu queres dançar ou queres falar? É que se é para falares podes ir-te já embora.


-Chiça, que é teimosa!


-Ah ainda não sabias?


-Estás a ver? Já admitiste que estás a ser teimosa! Que tal deixares esse orgulho de lado e aproveitares o que de bom essa escolha tem para te dar?


-E que tal te calares com esse assunto? Já estou cansada disso!


-Pois, mas eu pelo contrário não me canso de lutar pela pessoa que amo.

*****
Decidi ir arejar as ideias para tentar tirar aquelas lembranças que de certa forma me estavam a deixar saudades. Fui até ao convés do veleiro.

Recolhi-me num canto com menos gente e fiquei a observar a água, gelada na noite de Inverno que não estava particularmente fria, mas junto do rio fica sempre mais frio. Ainda bem que decidi vestir uma roupa um bocado mais quente, se não já estava a igualar a temperatura ambiente. Divaguei alguns minutos, e consegui ilibar a minha mente de pensamentos menos bons, decidindo então que ia aproveitar a noite até ir dormir! Virei-me de repente, empolgado com a ideia de viver e pensar depois, e choquei contra alguém. E o destino estava do meu lado ou eu tinha muita sorte!
-Desculpa! - dissemos ao mesmo tempo.
-Outra vez? - sorri.
-Pois - concordou, sorrindo também, e novamente o mesmo sorriso que voltava agora a encher-me de entusiasmo para sorrir!
-Rúben, aleluia que te encontro! - disse a Mónica, chegando ao pé de nós.
-Vim apanhar ar!
-Hm, está bem. Bem olha, queria apresentar-te a Filipa, é ela que está a trabalhar comigo no Estádio! - disse, referindo a desconhecida, virando-se de seguida para a mesma. - Filipa, é o Rúben, já sabes quem é, não é! É o aniversário dele!
-Parabéns! - felicitou-me a rapariga, da qual agora já sabia o nome!
-Obrigado! - agradeci.
-Rúben, não te importas que a tenha convidado, pois não? É que, nós estamos a dar-nos tão bem então decidi convidá-la!
-Não, claro que não, foi uma óptima ideia! - respondi-lhe com um sorriso. - Aliás, nós já meio que nos conhecemos!
-A sério?
-Sim, no Estádio, ontem - respondeu-lhe a Filipa.
-Que bom! - sorriu a Mónica, visivelmente animada por me ver bem disposto.
-Amor, vem aqui por favor! - chamou-a o Rodrigo.
-Bem, eu já volto! - disse-nos, afastando-se em seguida.
-Então tu é que estás a ajudar a minha pequenina? - perguntei, mais constatando o facto.
-A tua pequenina? - perguntou, parecendo algo curiosa. - Vocês são irmãos, ou assim?
-Não, mas é como se fossemos! Ela faz parte daquela família que não é de sangue mas é de coração!
-Isso é lindo!
-E tu também estás linda! - elogiei, tentando não soar indiscreto.


(Filipa)

-Obrigada - agradeceu, sorrindo, porém notei-lhe por de trás daquele sorriso simples alguma vergonha ou embaraço, mas não mencionei nada, apenas lhe devolvi um sorriso.
-Então e estão a dar-se bem, hã?
-Sim, muito, gosto muito de trabalhar com ela, para além de ser uma pessoa fantástica, pelo que já temos falado.
-É mesmo! Pode ser pequenina, mas o coração é gigante! Eu acho que a minha família  tanto a de sangue como a outra têm todos corações gigantes!
-Isso é bom, isso é que é uma boa família!  -sorriu.
-Então e o teu, como está? Grande, pequeno, ocupado, desimpedido, destroçado?
-Grande, mas desimpedido - acabou por responder, desviando cuidadosamente o olhar. Pronto, realmente Rúben, não a conheces e entras logo assim? Vai parecer que te estás a fazer a ela!
-Desculpa, a pergunta foi um bocado deslocada, acabamos de nos conhecer.
-Não faz mal, até é normal, um solteirão como tu tem por hábito fazer essas perguntas assim, eu sei como é.
-Esse é que é o problema, sinto-me mais solteiro que comprometido...! - suspirei. Agora não te queixes, a culpa de a conversa ter vindo aqui parar é tua, Rúben! 
-Não percebi - comentou, meio confusa.
-Não vale a pena, hoje não! Queres beber alguma coisa? A vista aqui é linda, mas eu quero aproveitar a festa!
-Pode ser. - Desencostamo-nos do corrimão e seguimos para o interior do veleiro, onde a música soava animada e propicia para dançar. 

Visão Rodrigo

-Desculpa amor, tava apresentando eles, né? - perguntei, depois que ela chegou junto de mim.
-Estava, mas chamaste-me mesmo na hora certa, ele já meio que se conheciam, e eu queria arranjar uma desculpa para eles ficarem sozinho.
-Já se conheciam? Como? E, você tá tentando juntar alguém, ou é impressão minha?
-É impressão tua! É só que, o Rúben disse-me, no caminho para cá que quando se cruzou com ela o sorriso dela o fez sorrir também, até quando me contou sorriu, e eu sinto tanta falta do sorriso na cara dele todos os dias! Por isso enquanto eles estiverem os dois na festa quero que o Rúben sorria o mais que for possível  para além de que o dia dele já foi pessimista demais hoje, e ele merece ter uma folga nos anos dele!
-Você é tão linda sempre preocupada, sabia? - sorri, abraçando ela.
-Oh, tu sabes que eu só quero ver bem aqueles de quem gosto!
-E se for preciso se esfola toda pra isso!
-Se forem pessoas realmente importantes para mim claro que sim!
-Eu tenho tanto orgulho em você!
-E eu amo-te! - sorriu.
-Eu te amo mais!
-Não vamos discutir isso! - riu.
-Tá, eu prefiro reclamar outra coisa! - sorri, tirando um beijo demorado dela.
-Então e porque é que me chamaste?
-Isso pode esperar! - respondi, voltando a tomar os seus lábios. Ficamos trocando alguns beijos até que a minha irmã acabou interrompendo a gente.
-Eu falei pra você ir buscar ela, não pra se esconder com ela!
-A gente já tava indo!
-Eu tou bem vendo vocês indo! - reclamou, porém sorrindo.
-Então mas porque é que precisavas de mim? - perguntou a minha namorada pra minha irmã.
-Vem comigo! - pediu a minha irmã, segurando a mão da Mónica e a soltando dos meus braços.
-Tá, eu fico esperando aqui! - ri, e a minha namorada olhou pra trás sorrindo antes de desaparecer nas mãos da minha irmã.
-Não fiques triste Rodrigo, elas voltam já! - meio que me zoou o Mauro. Ficamos conversando e pouco depois elas tavam de volta.
-Rápido hein.
-É, eu não demorei tanto pra você não ficar com muita saudade! - riu a minha irmã.
-Hm, obrigado por ter pensado em mim! - ri também.
-De nada! - de seguida se virou pró Mauro e os saíram de junto da gente.
-Então, o que é que a minha irmã queria com você?
-Coisas nossas!
-Na festa do Rúben?
-Sim!
-Cá pra mim vocês foram apreciar um dos empregados!
-Olha que já uns quantos bonitos!
-Tá me descartando?
-Eu? - riu.
-Você.
-Óbvio que não!
-Ah bom!
-Não acredito que ficaste com ciúmes de uma piada parva!
-Eu não!
-Pois, sim... Bem Senhor Ciumento, vamos sair do meio das pessoas? Não quero servir de poste aqui no meio!
-Se você dançasse não ficava servindo disso!
-Pois, só que eu não sou como o meu lindo namorado que sabe dançar!
-Agora eu que sou lindo?
-Continuas a ser ciumento!
-Vem me mostrar esses tais empregados pra eu me sentir melhor?
-Eu disse que era uma piada!
-Então vamo sair daqui e parar de conversar?
-Óptima ideia! - A gente saiu do meio das pessoas e se resguardou num canto mais espaçoso, namorando um pouquinho.

Visão Rúben

Passei a maior parte da noite desde que a Filipa chegou com ela. Conversamos tanto que no final da noite parecia que já nos conhecíamos há mais tempo. E senti-me tão bem, tão despreocupado, sorri o resto da noite! Tirei várias fotografias, incluindo com os meus pais, que claro também estavam presentes, e depois de me cantarem os parabéns, com um bolo provavelmente feito pela minha mãe, veio a cerimónia dos presentes e consequentes gargalhadas!



 A festa acabou por volta das duas da manhã, e como sempre, apenas o grupo habitual ficou para o fim, incluindo desta vez a Filipa.
-Bem, eu vou andando! Até amanhã Mónica! - despediu-se a Filipa, dirigindo em seguida para o seu carro.
-Bom, e a gente vai também! - disse o Rodrigo, dando-me um abraço de despedida, ao qual se seguiu o da Mónica.
-Bem, e eu vou também, não vou ficar aqui sozinho, já que o meu irmão decidiu desaparecer com a tua irmã!
-É, vai com cuidado!
-Sim paizinho! E olhem, obrigado pela festa, a sério! - agradeci-lhes.
-Valeu muito a pena, Rúben! - sorriu a Mónica. Depois olhou para trás de mim com expressão confusa. - Aconteceu alguma coisa?- perguntou, e ao virar-me constatei que a Filipa tinha voltado.
-Aconteceu! O meu carro avariou! - respondeu, visivelmente aborrecida. Era a primeira vez que não a vi a sorrir.
-Caraca, e agora?
-E agora eu queria perguntar-vos se alguém me pode levar a casa e amanhã eu chamo o reboque!
-A gente pode levar você, fica no caminho! - ofereceu o Rodrigo.
-Não, eu levo-a.
-Por mim pode ser! - disse a Filipa.
-Mas fica mais distante pra você.
 -Mas vocês precisam de ir arrefecer!
-Hã? - disse a Filipa.
-É o normal, precisam de ir os dois arrefecer para casa! As festas têm um efeito sobre vocês, não consigo perceber! - gozei.
-Se você passasse todos os dias agora quase todo o dia sem nem um beijo você ia ficar igual!
-Mas eu passo, agora tu estás sempre necessitado, coitada da rapariga!
-Rúben! - reclamou a Mónica a rir.
-E depois fala que eu que sou fraquinho! - e o Rodrigo a dar aso à conversa!
-Isso já não sei, tens de lhe perguntar a ela, mas és fraquinho porque nem uma vez consegues ficar imune a isso!
-Mas vocês importam-se? Nós estamos aqui! Se querem discutir os vossos problemas de necessidades escolham uma altura em que nós não estejamos presentes, principalmente se eu for incluída na conversa! - disse a Mónica, olhando por último para o Rodrigo de forma punitória, apesar de ser mais um acto para terminar a conversa, enquanto tentava permanecer sem rir.
-Reclama com o teu namorado, ele continuou a conversa e disse que estava...
-Cala-te Rúben Filipe! E nós vamos embora! - adverteu-me, virando-se de seguida para o Rodrigo, que estava a rir-se, e dando-lhe uma pequena palmada no rabo em forma de protesto, enquanto o empurrava em direcção ao carro.
-Ui que eu já vi quem é que manda lá em casa! - ri.
-Cala-te Rúben! - disse mais uma vez. - Filipa, não te importas mesmo que o Rúben te leve?
-Claro que não, podem ir embora! - respondeu-lhe enquanto ria também um pouco mais disfarçadamente.
-Está bem, então até amanhã! - despediu-se a Mónica, entrando no carro.
-Foste um bocadinho mau! - riu a Filipa, assim que eles arrancaram viagem e nós nos dirigimos ao meu carro.
-Isto nem foi nada, mas eles já estão mais que habituados comigo! Não viste o Rodrigo a responder-me?
-Vocês são a comédia!
-E só passaste uma noite connosco!
-E espero passar mais, gostei muito de hoje!
-Eu também! Só não vão haver é festas como hoje, mas sempre que quiseres, da minha parte, podes estar connosco!
-Obrigada! - sorriu. Durante o percurso até ao apartamento onde ela morava não houve quase nunca conversa sem ser a dos locutores da rádio que passava àquela hora. E entretanto chegámos. - Obrigada por me teres trazido, Rúben - agradeceu.
-Não tens de agradecer - sorri educadamente. Acho que devo ter parecido um pouco apático, mas estava a debater-me nos últimos minutos acerca de uma pergunta que lhe queria fazer, à qual acabei mesmo por ceder. - Filipa, posso pedir-te uma coisa?
-Sim, acho que sim - respondeu, soando naturalmente confusa e um pouco cautelosa.
-Sempre que estiveres comigo, sorris?
-Não é difícil não o fazer, tu metes todos os que estão contigo a rir! - sorriu.
-Eu sei, mas, há já alguns dias que não fazia isso, já sentia falta disso, e voltei a fazê-lo porque me fizeste voltar a sorrir.
-Eu?
-Sim. Quando nos cruzamos no Estádio eu não estava bem, mas quando vi o teu sorriso, acho que me fez lembrar o meu, e desde ai voltei a sorrir. Hoje quando nos voltamos a encontrar eu estava a começar a desanimar novamente, mas depois tu apareceste e o teu sorriso ajudou-me outra vez, estiveste comigo a noite toda e eu sorri a noite toda. Tu fazes-me sentir bem, fazes-me sentir o eu de sempre outra vez.
-Ah, bem, olha Rúben, sinceramente nem sei bem o que hei-de te dizer, mas, sei lá, fico contente por teres voltado a sorrir. Não sei qual foi o motivo para teres deixado de o fazer, mas ainda bem que voltaste a fazê-lo. O teu sorriso para além de contagioso é lindo.
-Surpreendentemente o motivo é aquele que antes me fazia sorrir.
-Hmm, coração destroçado? - perguntou, cautelosamente, utilizando os termos que eu utilizara primeiramente.
-Sim, acho que já está a chegar ai...
-Eu não sei fazer milagres, mas se o meu sorriso te ajudar a esquecer um bocadinho e a sorrir, eu vou sorrir sempre!
-Obrigado!
-De nada! Bem, eu vou subir, preciso de descansar! Boa noite, Rúben!
-Boa noite, Filipa, e obrigado por teres vindo à festa! - agradeci, após ela já se encontrar no passeio. Ela respondeu apenas com um sorriso e virou costas para ir para casa. Voltei a ligar o carro e segui para minha casa.

Visão Mónica

Finalmente tínhamos chegado a casa! Estava cansada, e tinha de me levantar cedo para ir para a Faculdade, mas ao organizar a festa sabia que teria de me aguentar depois! Apesar do pensamento pesaroso, sentia-me muito feliz! A festa tinha sido linda, o Rúben tinha gostado, e tinha passado a noite a sorrir. E com a Filipa. Ela era a rapariga do sorriso! Agora ainda estava mais agradecida! Eu gostava bastante dela, dai tê-la convidado, e o facto de ela ter chegado e passado a noite a fazer sorrir o Rúben, ainda era mais propicio para lhe agradecer umas quinhentas vezes! Assim que cheguei ao quarto descalcei-me e sentei-me aos pés da cama.
-Muito cansada, amor? - perguntou-me o Rodrigo, em pé à minha frente, despindo o blazer.
-Sim! Eu acho que nem vou dormir, se não de manhã nas aulas e depois no Estádio vou andar a arrastar-me!
-Eu fico acordado com você, não tou com sono mesmo.
-Isso era suposto ter a intenção de me dizer indirectamente que amanhã tu ficas a dormir e eu vou para a Faculdade, ou era apenas uma oferta inocente?
-Oferta era, agora inocente ou não você que escolhe.
-Ai Rodrigo, assim não vale!
-Assim como? - perguntou com um sorriso, sentando-se ao meu lado.
-Assim, essas propostas indirectamente indecentes a estas horas e quando eu preciso dormir mas não vou fazê-lo!
-A gente não vai ficar acordado toda a noite? Tem que fazer alguma coisa...
-Cansar-me mais não ajuda muito.
-Isso te cansa? - perguntou, passando as pontas dos dedos pelas minhas costas. Foi o suficiente para me arrepiar e aceitar deliberadamente a sua proposta.
-Se fizeres isso a noite toda sim, porque vai aborrecer-me de tão repetitivo - respondi, insinuosamente.
-Quem falou que era só isso?
-Ai há mais?
-Tudo que você quiser.
-Hmm, assim está bem - concordei, sorrindo provocadoramente, enquanto subia com as mãos a sua camisola para retirá-la do seu corpo. - Mas vais durar até às sete e meia da manhã?
-Me provoca de vagar e eu vou tentar.
-Então tem de ser muito devagarinho... - sorri, começando por deixar-lhe um beijo no pescoço.