terça-feira, 29 de outubro de 2013

Capitulo 31 (parte II)

Olá meninas!!
Aqui está mais um capitulo, espero que gostem e que deixem os vossos comentários, por favor, são muito importantes!
Nos próximos capítulos haverão surpresas, por isso fiquem atentas! ;p

Besos
Mónica

(Visão Rúben)

-Olá! - cumprimentei alegremente a minha namorada, do outro lado da linha.
-Olá - respondeu, sem qualquer entusiasmo.
-Bem, o dia não te deve ter corrido mesmo bem!
-Não correu mesmo,desde ontem, começando pela namorada do teu amigo!
-Hã? A namorada do meu amigo?
-Sim!
-Que amigo?
-Oh Rúben!
-O quê? Não estou a ver de quem é que estás a falar!
-Quem é que achas?
-Sei lá, tenho tantos amigos! Mas que tu conheças... ah pronto, a Mónica - percebi, finalmente.
-Vês como sabes?
-Pois, olha, em relação a eles, já sabes que foi lá o melhor amigo, quer dizer, o ex-melhor amigo dela que se aproveitou dela, e não como nós pensávamos?
-Já ouvi alguma coisa.
-Já ouviste alguma coisa?
-A rapariga disse-me!
-Que rapariga?
-Ela! Porra Rúben, compreensão lenta!
-Calminha, se faz favor! E olha, que eu saiba ainda estamos a falar da mesma pessoa, e segundo me consta, a rapariga que tu estás a falar é a tua melhor amiga.
-Eu não tenho melhor amiga!
-Eu não percebo porque é que não aceitas que afinal a tua opinião, que começou por mim e por isso peço desculpa, estava errada. Se ninguém te contou tudo eu posso contar, mas ao menos ouve e percebe que ela não errou!
-Eu não quero ouvir!
-Então e é por ainda achares que ela fez alguma coisa de errado que dizes que não tens melhor amiga?
-Eu não quero falar sobre isso, Rúben!
-Eh, senhora stressada tenha lá calma! Eu sou o teu namorado, não sou o teu saco de pancada, embora esteja aqui para te ouvir, mas estás demasiado agressiva hoje e não me apetece levar com tanta agressividade, por isso modera lá o tom, se faz favor!
-Desculpa - disse, acalmando ligeiramente a brusquidão no tom de voz.
-Vês como sabes!
-Também não precisas falar como se estivesses a mandar um cão!
-Ajudou a acalmar não foi? O teu dia parece que correu como o desse animal, por isso olha, estou a tentar suavizar os teus modos, pelo menos enquanto falas comigo! - Ela não respondeu, logo prossegui. - Eles disseram-me que estás diferente, pelo menos em relação à Mónica, e isso já consegui perceber nem em cinco minutos, agora eu gostava de perceber porquê, para além do assunto que levou o Rodrigo a ir ai, e que acabou por voltar com a Mónica, de vez.
-Eu já disse que não quero falar sobre isso.
-Nem comigo?
-Não.
-Eu que sou o teu namorado, mas antes disso o teu melhor amigo?
-Não.
-Para além do dia, o jantar também não te deve ter caído bem!
-Hã?
-Estás azeda como tudo! Assim nem dá gosto ligar!
-Pois, então podes desligar, e eu quero ir dormir que amanhã tenho de me levantar cedo.
-Como queiras! Se sentires saudades liga-me, eu já não te ligo mais hoje, não me apetece ouvir respostas tortas sem ter feito ou dito alguma coisa que as merecesse.
-Ok - e desligou. A esquisitice estava do lado dela hoje! Voltei da cozinha para a sala do Rodrigo, para junto deles.
-Que cara é essa, Rúben? - perguntou-me o Rodrigo.
-A Andreia, estava aziada como tudo!
-Ui, ainda agora começaram a namorar e já a deixas aziada tão depressa? - gozou o meu irmão.
-Ui, que se calasses a boca eras menos parvo! Ela teve um dia mau e pelos vistos ainda não passou. Vocês não me querem dizer nada? - perguntei, virando-me para o Rodrigo e para a Mónica. - É que ela disse que o dia mau começou contigo - olhei para ela - e diz que não quer falar em ti, e se eu insisto começa logo a surgir a agressividade! - E a Mónica decidiu pôr-me a par da discussão que elas tinham tido na manhã anterior. Agora quem parecia que estava a ouvir sobre um estranho era eu! Meu Deus, como é que era possível? Eu não conseguia imaginar a pessoa que conheci como a Mónica me tinha falado, e apesar de não querer acreditar, com o que me tinham dito e acrescentando os modos dela ainda agora ao telemóvel, comigo, ficava difícil de não acreditar! Mas o que é que a tinha mudado tanto, assim, num piscar de olhos?
-Você vai me desculpa Rúben, mas a sua namorada foi uma falsa, uma egoísta, uma... uma sei lá o quê com a Mónica! Como é que ela teve coragem de sacanear assim a suposta melhor amiga dela? - reclamou a Mariana.
-A questão é essa, se supostamente era a melhor amiga dela, porque é que ela fez isto? O que é que a Mónica lhe fez assim de tão aterrador que a levou a fazer isto? - expus, completamente chocado.


Acho que ia ser difícil agora de lidar com a Andreia, mesmo apenas através de chamadas. Decidi que no dia seguinte não ia dizer-lhe nada, o choque não ia passar até lá.

Visão Mónica

O Rúben ficou tão chocado quanto nós quando lhe contámos acerca da última conversa, se é que se pode dar-lhe esse nome, que tive com a Andreia. Mas apesar de chocado ele tentou deixar o assunto de lado e distrair-se! Disse que só voltava a pensar no assunto quando tornasse a falar com ela, o que eu acho bem, porque apesar de eu não fazer exactamente isso, pelo menos por agora, acho que ele não deve andar preocupado e a remoer no assunto antes de voltar a ter oportunidade de conversar com ela!
Após o dia da revelação ao Rúben, mas mais importante que isso, o dia da nossa reconciliação, em que voltei a estar bem com o Rú, que querendo ou não já me fazia falta, decidi que tinha de começar a procurar um emprego! A transferência para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa já estava feita, com a ajuda da Mariana, no dia em que regressei com o Rodrigo, uma das situações que me serviram de distracção para não desabar, e começaria a frequentar finalmente as aulas na segunda seguinte. A Mariana tinha-se oferecido para me actualizar e reposicionar no corrente desenvolvimento das aulas, por isso, só restava encontrar um emprego! Depois de falar com o meu namorado acerca desse ponto, ele acabou por sugerir, entre outras coisas, que experimentasse o Estádio da Luz. E assim fiz! Fiz a candidatura online através do site do clube e recebi um e-mail como resposta, remetendo-me para uma entrevista na quinta-feira que chegaria. Na quinta-feira o treino do plantel era precisamente no Estádio, por isso, fui com o Rodrigo. Era a mesma hora do treino dele.
-Eu vou pró treino então, amor. Muita sorte, e se conseguir aparecer no treino ainda, aparece, tá bom meu bem? - disse-me o Rodrigo, assim que saímos do seu carro.
-Claro que sim, amor, e obrigada! Vou mesmo precisar de muita sorte!
-Tomara que eles aceitem você! Já imaginou, você trabalhando aqui também?
-Não imaginei e não vou imaginar nada, não quero ficar com ideias lindas na cabeça e depois não acontecer nada, amor!
-Tá, cê tem razão! Vai lá, então!
-Até já, amor!
-Sem o meu beijo não! - reclamou, dando-me um beijo e soltando-me por fim. - Boa sorte, meu amor! - Eu sorri-lhe de volta e iniciei caminho até ao interior do Estádio, onde me dirigi à recepção de onde me pediram que aguardasse. E dois minutos depois entrei na sala do Presidente. E aí senti-me ainda mais nervosa, mas com mais vontade ainda de ser seleccionada! Cerca de uma hora foi o tempo que demorou a entrevista, e pareceu-me que correra bem. Saí muito mais descontraída da sala, e depois de desejar um resto de boa tarde saí em direcção às bancadas, para junto das meninas que lá estavam, pois ainda faltava meia hora para o fim do treino.
-E ai? - perguntou-me o Rodrigo, completamente entusiasmada e expectante.
-Acho que correu bem! O Presidente disse-me que daqui a uns dias me comunicavam a decisão!
-Que bom, meu amor! Vai ver que quando contactarem você vai ser pra falar que te escolheram!
-Espero que sim amor! - Seguimos para o seu carro e rumamos até casa, onde a Mariana já estaria à nossa espera para me encher de perguntas sobre a entrevista.
                                                                           ***
O meu horário da Faculdade era bom! Apesar de me custar muito deixar o Rodrigo na cama e de estar com muito sono, por ter dormido pouco e levantar-me cedo, valeria a pena! Além disso, a Mariana ia comigo! Tinha quase todas as aulas comigo, tirando algumas de opção que ela escolhera diferentes, e por isso companhia e alguém caloroso para me animar de manhã não me faltaria. Como era o meu primeiro dia nesta Faculdade, da qual não conhecia as infraestruturas e onde me perderia por certo, pedi-lhe que me mostrasse todos os cantos e recantos, e não foi assim tão difícil ambientar-me. E depois de tudo visto, as aulas passaram num instante e quando dei pelas horas já tinham acabado! Após nos encontrar-mos na entrada seguimos para a entrada do metro mais próxima para regressarmos a casa.
-E ai, como correu o dia da nova aluna da Faculdade? - cumprimentou-me, sorridente, o meu namorado, acercando-se de mim assim que entrámos na cozinha.
-Muito bem! A Mariana é uma excelente guia e as aulas correram muitíssimo bem!
-Que bom! Ainda bem que tá tudo correndo bem! E obrigado por mostrar tudo pra ela Mariana!
-Acha mesmo que eu ia deixar ela sozinha? Nem pensar! - sorriu a Mariana. Eu sorri também, e finalmente dei um beijo ao meu namorado, beijo esse que foi interrompido pelo meu telemóvel a tocar. Não reconhecia o número, mas atendi na mesma.
-Estou?
-...
-Muito obrigada!
-...
-Com certeza, lá estarei! Muito obrigada, boa tarde!
-É o que eu tou pensando? - perguntou-me o Rodrigo, assim que desliguei a chamada.
-É! Fui selecionada! - respondi, efusivamente.
-Eu falei pra você! Parabéns, meu amor!
-Parabéns!! - felicitou-me também a Mariana, abraçando-me depois do Rodrigo.
-Obrigada!
-Então e agora, amor, quando que você vai lá se apresentar e conhecer as coisas?
-Hoje à tarde, às 16.00h!
-Eu te levo!
-Eu também vou!
-É, depois a gente vai dar uma volta e assim que você terminar lá me liga pra gente te ir buscar!
-E pra você contar pra gente tudinho!
-Sim, está bem, e é claro que vos vou contar tudo!
Entre conversa fizemos o almoço para nós duas, visto que o Rodrigo tinha almoçado no Colombo com o Rúben, o Silvio, o Maxi e o Nico, depois do treino. Após a refeição tratamos de nos dedicar aos trabalhos que tínhamos da Faculdade, pelo menos começá-los, e quando chegaram as horas saímos em direcção ao Estádio. E os nervos começaram a arranhar-me o estômago, pois não sabia bem o que encontraria a seguir. Sai do carro, depois de muitos ''Boa sorte!'' e dirigi-me ao sitio que me haviam indicado ao telemóvel, teria de me dirigir a uma das guias do Estádio, já estando todos sobreavisados da minha chegada. E depois de uma espera de segundos, enquanto a guia a quem me dirigi foi chamar a que estaria encarregue de mim, pode dizer-se assim, os meus nervos suavizaram. Parecia ter a minha idade, um ar super simpático e um sorriso de certa forma já acolhedor. Filipa, era o seu nome. E desde o primeiro instante que trocámos impressões que me senti à-vontade e confiante de que iria correr bem.
-E pronto, nós terminámos por aqui! - disse-me ela, assim que retornámos à entrada, após cerca de uma hora e meia entre salas, corredores e muitas explicações e indicações. - Agora só tens de ir ter com o Presidente para acertarem os horários e saberes quando é que começas! - sorriu.
-Obrigada! - e sorri de uma forma tão entusiasmada que pareceu contagiá-la.
-Acho que vamos dar-nos muito bem! Estou ansiosa que comeces para podermos trabalhar juntas!
-Eu também acho, e espero começar logo, quero começar a juntar dinheiro o quanto antes! - Ela sorriu-me, gesto que retribui.
-Bem, então, até breve!
-Até breve! - despedimo-nos e eu dirigi-me novamente até ao local onde tinha decorrido a minha entrevista, onde o Presidente me esperava, mais uma vez, para acertar-mos todos os restantes detalhes.

Visão Rúben

Como havia dito, não liguei à Andreia no dia seguinte, e ela também não o fez. Era o primeiro dia que não nos falavamos, desde que estávamos juntos. Era decepcionante ver cmo a minha namorada mudara do dia para a noite, e parecia distante de todos os que seriam realmente importantes para ela. E começava a doer sentir-me dispensável na sua vida. Porém, não quebrei o meu orgulho, pois desta vez o erro era da parte dela e seria algo que não justificava que nos afectasse, pois não era nada entre nós os dois. Ela acabou por ligar-me no dia seguinte, à hora de almoço.
-Olá - cumprimentou.
-Olá - respondi, com o mesmo entusiasmo que ela parecia ter, que seria quase nulo.
-Não me ligaste ontem.
-Tu também não me ligaste, e eu avisei-te que não ligava.
-Podias ter ligado.
-Eu não quis, e fiquei com menos vontade depois de saber da discussão que tiveste com a Mónica.
-Porque é que ela tem de estar sempre na conversa? Até parece que ela é o centro do Mundo!
-Importaste de deixar de ser tão parva e mesquinha? A tua atitude começa a irritar-me.
-Está frio.
-E tu estás completamente diferente.
-Não, não estou.
-As tuas atitudes dizem o contrário.
-Desculpa.
-Eu não quero pedidos de desculpa sem vontade.
-Assim não dá para falar contigo.
-Contigo agora também se torna muito difícil.
-Então agora vai ser assim? Vais deixar que aquela rapariga se meta entre nós?
-A rapariga que estás a falar é minha amiga, e não é ela que se está a meter entre nós, és tu que... que não pareces tu, de todo.
-O que é que ela inventou para te pôr contra mim? E o Rodrigo? O Rodrigo também, de certeza que está do lado dela! Como é que ela vos dá a volta?!
-Ai Andreia, para! Deixa de ser criança, deixa de agir como uma miúda mesquinha e ridícula, porra! Tu não és assim!
-É isso que tu achas de mim?
-É o que tu demonstras agora!
-Então tem cuidado, namorar com uma pessoa assim pode não ser bom para ti! - disse, sarcasticamente, o que me irritou ainda mais.
-Isto vai mal para namoro! Para de reagir dessa forma, agressiva!
-Não paras de falar nela!
-Porque eu quero que percebas que estás errada e quero ajudar-te a voltar à razão!
-Mas tu não percebes que eu já não quero saber dela? Nunca mais? Ela para mim deixou de existir!
-Porquê?! Em pouco menos de um mês ela passou de ser a tua melhor amiga a nada? Porquê Andreia? O que é que aconteceu assim de tão aterrorizante para isso acontecer? - esperava uma resposta, mas a única que recebi foi o do fim da ligação. A minha paciência estava a ficar nos limites! A mulher que eu julgava ter ao meu lado com uma personalidade incrível estava a revelar-se uma autêntica criança, uma pessoa que não conhecia, tal como acontecera com a Mónica.
                                                                       ***
Visão Mónica

Tinha finalmente começado a trabalhar! O primeiro dia foi um pouco confuso, mas sempre que precisei a Filipa ajudou-me. Davamo-nos super bem e trabalhávamos conjuntamente de igual forma. Terminámos o nosso turno às 19.00h e acabamos por ir jantar as duas ao Colombo, aproveitando para nos conhecermos melhor uma à outra, mais em termos pessoais. A conversa estendeu-se e nem dei pelas horas passarem, até que o Rodrigo me ligou.
-Oi!
-Olá! - atendi, sorrindo.
-Onde você tá, amor?
-No Colombo, vim jantar com a Filipa, a rapariga que te disse que ia trabalhar comigo. Mas aconteceu alguma coisa?
-Não amor, só tava ficando preocupado, tão sendo dez horas e você não falou nada.
-Já? Ai desculpa amor, nem dei pelas horas a passar!
-Não tem problema amor, o que importa é que você tá bem!
-Sim, está tudo bem, desculpa.
-Não tem problema, amor. Quer que eu vá buscar você?
-Se quiseres podes vir amor.
-Então eu vou que eu tou morrendo de saudades!
-Está bem - ri. - Então até já!
-Até já amor, beijo.
-Desculpa, era o meu namorado. As horas passaram e eu não dei por isso e ele ficou preocupado!
-Já percebi que sim. Ele vem-te buscar, não é?
-Vem.
-Bem, então se calhar eu vou andando.
-Não, Filipa, podes ficar até ele chegar!
-De certeza? Acho que já te roubei demasiado tempo dele, hoje!
-Ele aguenta-se! - ri. Algum tempo depois o Rodrigo ligou-me a perguntar onde é que estava e minutos após a chamada chegou ao pé de nós.
-Boa noite! - cumprimentou-nos, sorrindo.
-Olá! - respondi, levantando-me e roubando-lhe um rápido beijo.
-O teu namorado é o Rodrigo? - perguntou-me a Filipa.
-É - respondi-lhe. Realmente, não tinha mencionado que o meu namorado era um integrante da equipa principal de futebol do Benfica.
-Bem me parecia que já tinha visto a tua cara em algum lugar! - riu.
-Pronto, acho que agora já sabes de onde!
-Sei! Vocês estavam lindos na Gala de Natal!
-Obrigada!
-De nada! Ai, tão giro, vocês agora trabalham no mesmo sitio!
-É, tá vendo só, agora já pode sonhar! - disse-me ele.
-Com calma, hoje foi o meu primeiro dia!
-Primeiro de muitos! - sorriu ele.
-E olha que para primeiro dia estiveste muito bem, eficiência foi a tua palavra hoje! - elogiou a Filipa.
-Ainda bem que estou a fazer tudo bem!
-Não tenho dúvidas que vais continuar assim! - sorriu a Filipa. - Bem, e eu vou andando, tenho de ir encontrar um táxi!
-Você mora muito longe? Se ficar no caminho eu posso dar uma carona pra você! - Acabamos por dar-lhe boleia, visto que ficava mesmo em caminho e seguimos para casa.

-Eu sei que o Rúben é que é o Senhor das festas, mas eu quero mesmo fazer-lhe uma festa de aniversário!
-Eu te ajudo! Já tem alguma coisa em mente?
-Tenho algumas ideias.
-Vamo ver essas ideias então e escolher! - Fomos para o computador e mostrei-lhe as coisas que já tinha visto e me tinham agradado. O maior problema para mim seriam apenas os preços... - Eu conheço essa cara!
-É a minha, óbvio que conheces! - tentei desviar a atenção dos meus pensamentos, que ele já calculava quais fossem.
-Você tá pensando nas despesas, de novo!
-É tudo muito caro...
-Eu...
-Tu nada! Eu tive a ideia eu vou ter de arranjar uma solução!
-Eu ia sugerir...
-Não quero que sejas tu a pagar, se era isso que ias dizer!
-Posso falar?
-Podes, desculpa.
-Eu ia sugerir que a gente fizesse as contas, e depois a gente dividia por cada convidado!
-Então tínhamos de fazer já a lista e ter as presenças confirmadas!
-E a gente faz isso agora! - Depois de elaborar-mos uma lista de quem queríamos convidar dedicamo-nos a ligar às pessoas para que pudéssemos fazer uma estimativa de quantos convidados iriam comparecer, e depois disso o Rodrigo ligou para o contacto que estava no site para poder fazer a reserva. Deitámo-nos tarde, mas no final da noite já estavam todos os pormenores acertados. No dia só tínhamos de levar o Rúben ao local, bem antes de o levarmos teríamos de distrai-lo, o que seria algo mais complicado...

Visão Rúben

Dia atrás de dia, não havia uma única excepção em que eu e a Andreia já não discutíssemos! Se estivesse a ficar maluco a culpa seria dela certamente! O mau ambiente e o interesse ficavam cada vez piores, mesmo que eu não mencionasse o assunto ''Mónica'', havia sempre qualquer coisa que a fazia discordar e dar-me respostas ainda mais mal humoradas do que desde o inicio das chamadas. Eu bem que tentava manter a calma, mas ela tirava-me realmente do sério. Ainda hoje, cerca de dez minutos depois do final do treino, desta vez no Estádio, e véspera do meu aniversário, ela não conseguiu ser um bocadinho mais delicadas nas palavras e nos modos, e ficou chateada porque eu apenas lhe disse que ela andava a trabalhar muito, e parecia que já não tinha tempo sequer para me ligar. E desta vez tornou a desligar-me o telemóvel na cara. De tão irritado que fiquei acabei por me esquecer do saco de treinos no bar do Estádio, e tive de lá voltar! A minha cabeça parecia que estava prestes a fazer curto-circuito! Enquanto me dirigia, apressadamente, ao bar novamente, não parava de confrontar-me interiormente com todas as discussões com a Andreia e o quão irreconhecível ela estava.
-Desculpe!! - exclamei, num tom um pouco mais alto, ao esbarrar em alguém. Assim que me virei para olhar para a pessoa, não sei como, nem porquê, o sorriso dela acalmou-me. Baixinha, cabelo bastante comprido, olhos castanhos de um doce surreal e um sorriso de... felicidade. Aquilo que neste momento eu estava a precisar, mais que tudo!


- Desculpe! - tornei a repetir, desta vez decentemente, olhando para a rapariga.
-Não faz mal - desvalorizou, no entanto estava a passar a mão no ombro.
-Magoei-a? Peço imensa desculpa, eu vinha distraído e não a vi!
-Não tem problema, não foi nada demais, não se preocupe - voltou a sorrir.
-Tem a certeza? Posso fazer alguma coisa por si? - e de certo modo senti-me desconfortável ao tratar a rapariga por você. Ela parecia mais nova do que eu, mas pronto, era uma questão de respeito, para além de que não a conhecia de lado algum.
-Sim, tenho a certeza.
-Bom, então pronto. Mais uma vez desculpe!
-Não faz mal - voltou a repetir, trazendo novamente aos lábios o sorriso, antes de se virar e retomar o seu caminho. Eu entrei finalmente no bar e o empregado tinha acabado de pegar no meu saco quando me dirigi a ele e lhe expliquei que me tinha esquecido dele ali. Assim que o tive virei costas e segui caminho até ao meu carro. E pronto, um sorriso tinha alterado o meu dia! O sorriso de uma desconhecida. Mas acho que era isso que estava a precisar. Um sorriso, puro e cheio de alegria e felicidade! Coisas que me faltavam há alguns dias, mas que agora tinham retornado, pelo menos durante algum tempo. Obrigado... desconhecida.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Capitulo 31 (parte I)

Olá meninas!
Deixo-vos aqui mais um capitulo, espero que gostem e me deixem os vossos comentários! São muito importantes!

Besos
Mónica

Visão Mónica

Acordar foi difícil, ainda mais porque para além dos lençóis a cobrir-me, o abraço do Rodrigo aquecia-me mais ainda, o que não dava vontade nenhuma de sair da cama, mas assim que o despertador do meu telemóvel tocou obriguei-me a mim mesma a levantar. Virei-me de frente para o Rodrigo e chamei-o quase sussurrando, num tom ainda sonolento, porém carinhoso também.

-Tem mesmo que ser, amor? - falou-me num mesmo tom, com os olhos semicerrados, mais fechados que outra coisa.
-Se quiseres ir comigo sim, amor. Mas se preferires ficar a dormir eu vou e depois venho ter aqui contigo.
-Não, eu quero ir com você!
-Então tem mesmo de ser amor. - Ele respirou fundo.
-Tá! - declarou, esfregando os olhos, deixando-me finalmente ver o seu brilho, que nem com sono se extinguia. Chegou-se mais junto de mim e deu-me um beijo. - Bom dia, meu bem! - e ofereceu-me um pequeno mas lindo sorriso. Depois de tomar-mos banho para acordar, vestimo-nos e descemos para comer qualquer coisa e à saída fizemos o chek-out. Apanhamos logo um táxi e eu indiquei a morada. - Tá preparada pra fazer isso? - perguntou-me ele, assim que paramos à porta de casa.
-Mesmo que não esteja é o que vou fazer. Eu tenho e eu quero fazer isto.
-Sabe que eu tou do seu lado.
-Eu sei - sorri-lhe, antes de colocar a chave na porta. Entrámos e assim que voltei a virar costas para as escadas, após ter fechado a porta, dei de caras com o Bruno a vir da cozinha.
-Bom dia menina desaparecida! - sorriu-me.
-Bom dia - respondi-lhe, sorrindo-lhe de igual forma.
-E o que é que o namorado faz aqui? Não devias estar em Portugal? As competições estão a decorrer.
-É, mas eu precisei vir aqui ter com ela.
-Hmm, acho que já percebi porque é que falhaste aqueles jogos.
-É, mas agora tá tudo resolvido - sorriu.
-Ainda bem! Agora voltas para lá e ninguém te para! - riu o Bruno.
-Desculpem estar a interromper, mas é que, eu preciso de falar contigo, Bruno - interrompi.
-Claro, vamos sentar-nos aqui na sala. - Fomos para a sala e após nos sentarmos respirei fundo antes de começar.
-Eu vou voltar para Portugal.
-Vais? - perguntou de imediato, enunciando a surpresa.
-Sim. Mas eu não me ia embora antes de te agradecer. Obrigada por me teres aceite, por me teres tratado como da família, obrigada mesmo Bruno.
-Não tens de agradecer, foi um prazer ter-te aqui, e a cuidar da minha prima quando eu não estava cá! Tu não eras mas tornaste-te da família! Eu só não percebo porque é que te vais embora assim, quer dizer, até percebo, com o namorado lá agora, mas isto era o teu sonho, estudar, viver cá.
-Era, era mesmo, e acredita que quando vocês me aceitaram cá contribuíram para sentir parte desse sonho realizado, mas, as coisas mudaram. Eu sinto que já não pertenço aqui, acho que o meu lugar agora é lá, com o Rodrigo, o meu sonho agora é esse.
-Se é esse o teu sonho agora, se é o que queres fazer, então força! Sabes que a porta está sempre aberta para ti se quiseres voltar, ou vir passar férias!
-Eu sei, obrigada Bruno - sorri. - Bem, eu vou lá acima arrumar as minhas coisas - decidi rapidamente, tentando neutralizar a nostalgia que se começava a criar.
-Já contaste à Andreia? - perguntou-me o Bruno. Ele não estava ciente do que se passava realmente, só notava que não nos falavamos muito, mas para ele calculo que não tenha sido o suficiente para desconfiar que algo estaria diferente.
-Não. Eu tenho de conversar com ela.
-Está bem. Bem, eu vou só arrumar umas coisas no quarto e vou trabalhar, por isso dá-me cá um abraço de despedida! - abriu os braços e despedimo-nos com este abraço e um sorriso.
-Manda um beijinho à Justine e pede-lhe desculpa por não me despedir dela - pedi-lhe por último.
-Não te preocupes que eu entrego o recado! - sorriu e subi as escadas.
-Bem, e parece que chegou a hora! - afirmei, virando-me para subir as escadas também.
-Eu fico te esperando aqui, amor.
-Está bem.
-Alguma coisa grita! - sorriu.
-Sim. - Ele puxou-me de encontro a si e deu-me um beijo.
-Boa sorte! - desejou, soltando-me por fim e vendo-me subir as escadas.
Bati à porta e ninguém respondeu, por isso entrei. Ela ainda estava a dormir. Decidi começar então a arrumar as minhas coisas e acordá-la no fim para conversar. Não era pouca coisa, mas conseguiria levar tudo com a ajuda do Rodrigo. Estava a acabar de arrumar os últimos livros quando a ouvi mexer-se.
-Desculpa, não te queria acordar agora - disse-lhe, terminando de fechar a última mala.
-E ias acordar-me depois porquê? - respondeu, mal-humorada.
-Porque precisamos de falar.
-Eu não acho.
-Mas eu não estou a perguntar se achas que precisamos, eu estou a dizer que precisamos.
-E se não me apetecer?
-Ai Andreia, porra, para com isso. Eu vou-me embora, de vez, e antes disso quero ter uma conversa a sério contigo.
-E eu volto a repetir: e se eu não quiser?
-Acordaste parva, hoje!
-Foste tu que me acordaste.
-Ai, vamos deixar-nos destas trocas de palavras parvas e falar a sério!
-Mas eu não quero falar contigo! Achas que me deste motivos para querer?
-E tu, achas que me apetece ter esta conversa contigo? Não. Mas eu vou-me embora e preciso dizer-te tudo.
-Mas que tudo? Eu não tenho nada para te dizer e tu de certeza que não tens também!
-Porra, acordaste mesmo mal, eu estou a dizer que tenho coisas para te dizer, e posso começar já com esta tua atitude, que mais parece de uma criança do que da rapariga que foi a minha melhor amiga durante três anos!
-Dizes bem, fui, isso acabou! - reclamou, sentando-se na cama.
-Eu estou magoada contigo, a sério, mas eu não chego ao ponto de chamar isso a uma amizade que significou tanto para mim! Como é que tu consegues descartar uma coisas dessas assim? Fingiste esse tempo todo, ou ficaste sem sentimentos desde a última discussão?
-Se calhar sim!
-Se calhar sim o quê? Eu nunca signifiquei para ti o que tu significaste para mim ou passaste a ser uma pessoa cruel e sem sentimentos? - perguntei, magoada, lutando para que a voz não se me esganiçasse e as lágrimas não me interrompessem. Eu tinha de dizer tudo, por mais que me custasse dizer e ouvir!
-Não sei, o que é que tu achas?
-Eu não acho nada Andreia, eu quero é respostas tuas, não suposições minhas, para isso nem vinha falar contigo!
-Então acho que estás a perder tempo!
-Eu acho que mereço pelo menos que me respondas como deve ser, acho que mereço que me esclareças!
-Queres que eu te responda o quê?! Quando tu me disseste que eu era a tua melhor amiga, naquele dia, quando estávamos a ir para a estação, eu disse-te que eras a minha porque era contigo que estava sempre, porque os nossos colegas, apesar de falarem comigo, connosco, não gostavam muito de mim, e não sei se de ti também depois de passarmos a andar quase só as duas! Foi uma necessidade para não passar a ser aquela que ninguém ligava! Se tu deixasses de andar comigo eu ia ficar sozinha!
-E precisaste fingir? - perguntei, sentindo um toque amargo.
-Precisei! Eu sempre fiquei sozinha na turma, não queria continuar assim.
-É tão bom ser um meio utilizado sem se medir actos ou consequências... - ironizei amargamente, fitando o chão.

Ela não disse mais nada, por isso retomei a palavra segundos depois, restaurando alguma calma em mim mesma. - Então e estes anos que passamos juntas, como é que fizeste para aguentar tanto tempo a fingir uma coisa que não era verdade?
-Hábito. Fui criando hábitos e depois acostumei-me.
-Eu acho que não estou mesmo a ouvir isto...
-Estás. Não querias conversar? Não querias respostas? Aqui as tens, não tenho culpa que não gostes de ouvir.
-Mas não é possível! Como é que depois de tudo o que vivemos, de tudo o que passamos tu consegues dizer isso?! Teve de haver alguma ligação, algum sentimento pelo menos perto do que eu pensei que existia!
-Mas não houve.
-Eu não acredito Andreia! Eu não acredito que tu tenhas fingido tudo! Por melhor que fosse a tua representação tu não conseguias fingir tanto! Nós passamos tanto, apoiamo-nos tanto! Como é que conseguiste chorar tanto com coisas tão importantes, a tua família, a morte da tua avó, todas as coisas que confidenciámos uma à outra, todos os planos, os sonhos... quando dissemos que era-mos quase como irmãs, que nunca queríamos ficar longe uma da outra... Eu não acredito que conseguisses fingir tanto! - As lágrimas forçavam a sua saída, permanecendo no limite dos meus olhos. A Andreia calou-se alguns segundos, cerrando os lábios numa linha rígida, fitando ferozmente o chão do quarto.
-Está bem, eu não fingi! - gritou, fazendo-me tremer de susto. - Só quando disse que eras a minha melhor amiga quando tu me disseste que era a tua! Eu disse-te isso porque me pareceu mal tu dizer-me isso e eu não retribuir! Mas depois tornaste-te numa verdadeira amiga, depois, ao longo destes três anos é que te tornaste na minha melhor amiga! Mas agora está tudo completamente diferente! De um momento para o outro eu apercebi-me que não te conheço e tu não me conheces, apesar de termos partilhado tanto! Ambas mudámos, deixamos de ser quem eramos e já não nos conhecemos!
-Tu deves ter mudado, mas eu dou-te a certeza que não mudei, nem contigo nem com ninguém! Aliás, mudei agora com o Zach, porque ele levou a que eu fosse obrigada a fazê-lo! Ele mentiu-me, enganou-me e teve a lata de culpar o Rodrigo pelas acções dele! Com ele eu mudei, porque ele fez o que fez, só por isso. Mas contigo, eu nunca mudei. Bem ou mal eu estive sempre do teu lado, estive sempre ali para te apoiar, tentar fazer-te ver as coisas da maneira certa, tentei ajudar-te a acreditar mais, ajudei-te a ficar com o Rúben, porque eu sabia que ele te ama de verdade, e não estou de maneira nenhuma a atirar-te isso à cara, mas porra, eu fiz tanto por ti! Eu devotei-me a ti, a nossa amizade era uma das coisas mais importantes na minha vida! Quantas vezes é que eu me virava para ti de repente e te dizia que te adorava, quantas vezes eu me virei para ti e te dizia que tinha orgulho em ti? E tu achas isso tudo nada, só porque acreditaste numa coisa em que seria suposto teres ouvido a minha versão e ponderado pelo menos na dúvida da minha culpa?Não era o mínimo normal entre melhores amigas? Eu nunca te critiquei ou julguei sem te ouvir, nunca te disse se estavas errada ou certa, sempre te ouvi primeiro e só disse se estava de acordo ou não, mas nunca, nunca deixei de te ouvir primeiro, e mesmo discordando eu permanecia de braços abertos para te consolar!
-O Rúben viu, ele não ia mentir!
-Ele não mentiu sobre o que viu, mas também não deu hipótese para me explicar! Agiu de acordo com que viu e o que pensava! Mas eu pensei que tu me conhecias, achei que três anos e tudo o que já passamos fosse suficiente para saberes que eu não era capaz de nada assim, pensei que soubesses que eu adorava o Zach, e sim, no principio tive dúvidas, mas eu adorava o Zach como um irmão, porque amar eu amo o Rodrigo, ele sim conquistou o meu coração com o tipo de amor que o Zach queria que fosse ele!
-Ou então escolheste porque o Rodrigo te levou logo para a cama e o Zach decidiu dizer-te simplesmente que gostava de ti! - Neste momento pensei que estava realmente a ouvir mal, mas a verdade é que não. Ela tinha mesmo dito aquilo. Meu Deus, como é que isto chegou a estes termos, como é que nós, a nossa amizade chegou aqui? A desilusão só se alastrava e agora a mágoa corroía-me também. Aquela não era, definitivamente, a mesma pessoa.
-Primeiro, magoaste-me com essa. Estás a magoar-me com tudo o que estás a dizer. Acho que se calhar eu é que fui parva o suficiente para pensar que tu pensavas como eu, sentias como eu, que aquilo que eu imaginei que tivessemos criado fosse de longe o mesmo que tu pensavas. Acho que nunca me conheceste mesmo, e pior ainda, eu nunca te conheci a sério. Eu só não devo ter visto, ou ignorei se vi, porque já me tinha entregue demais a uma amizade que nem disso posso chamar agora. - As lágrimas rolavam pela minha cara abundantemente. Já não sabia se sentia ou se estava ocamente preenchida pela sombra da desilusão e da mágoa. - Eu não vou esquecer todos os momentos bons que passamos, todas as alegrias, as brincadeiras, mas podes ter a certeza que este momento, esta suposta conversa vai ficar muito mais viva na minha memória do que tudo isso, porque acabaste de destruir uma coisa que era preciosa para mim. - Agarrei em duas malas e coloquei-as fora do quarto, pegando nas outras duas logo em seguida. - Ah, e para que conste, ir para a cama com o Rodrigo foi muito bom, mas o melhor dele é o coração, porque é de lá que vem todo o amor que preciso, e dele eu sei que é verdadeiro até ao fim, ele não se vai perder. E já agora, não me voltes a agradecer ter-te ajudado a ficar com um homem devoto como o Rúben, quer dizer, já não espero que voltes a fazê-lo, de ti já não espero nada, mas é que, com a atitude que tens agora, por mais que ele te ame, acho que ele não vai conseguir suportar isso por muito tempo, por isso, se o amas a sério, muda. Por ele. - Dito isto virei costas e sai do quarto, fechando a porta atrás de mim. A última imagem dela era de uma cara que conhecia, de uma pessoa que havia perdido há mais tempo do que alguma vez soubera. Não ia ser fácil ultrapassar, mas se ela se perdeu, não tinha mais a que me prender, por que lutar, em que acreditar, por isso ia deixar ir, com o tempo, e desejando matar a dor com amor dos que realmente me amam.

Visão Rodrigo

Tava um pouco nervoso de deixar ela ir falar sozinha com a Andreia. Ela tava muito magoada, e como a Andreia andava respondendo e mandando bocas a conversa podia não correr tão bem como o razoável que se pode esperar. Fiquei esperando, impaciente e nervoso, na sala, mudando canais na televisão. Assim que ouvi uma porta fechar no andar de cima larguei o comando e me coloquei de pé, vendo a minha namorada descer as escadas em seguida, carregando duas malas. Assim que olhei o rosto dela notei que teve chorando. Me acerquei dela no instante seguinte.
-Amor, podes ir buscar as outras malas que estão à porta do quarto, por favor? - me pediu, com uma voz fraca e meio rouca. A expressão dela demonstrava que falar que ela tava triste era pouco.
-Claro, eu vou pegar amor - concordei imediatamente, subindo as escadas e descendo logo de seguida com as duas malas restantes.
-Podemos ir lá para fora chamar um táxi? - perguntou, ao que eu acedi na hora. Antes de sair, ela deixou as chaves dela na mesa da entrada de casa. Lá fora pousamos as malas e depois de eu chamar um táxi pra gente, ficamos esperando, em frente da porta da casa.
-Amor, fala alguma coisa? - pedi, bem calminho, mostrando, não que fosse preciso, que eu tava ali pra ela.
-Queres que diga o quê? - perguntou, falando baixo.
-Qualquer coisa amor, tudo menos ficar com tudo o que tá sentindo ai dentro! Eu tou aqui com você, vou tar sempre meu amor. - Segundos depois a expressão dela desabou em lágrimas ressoantes. Meu coração apertou muito. Envolvi ela nos meus braços, bem forte e beijei seu cabelo enquanto ela falava.

-Foi horrível, Rodrigo! Eu queria tanto que isto fosse um pesadelo! Aquela não é a pessoa que eu sempre tive em conta ser! A maneira como ela falou, o que ela me disse... foi horrível... - e ai sucumbiu ao choro e se enterrou mais no meu peito, e eu apertei mais ela. Ela tava desfalecendo por dentro e eu tava indo junto. Me matava ver ela assim. Ela permaneceu chorando, mas pouco depois parou, sem no entanto se afastar de mim ou afrouxar seu abraço. Alguns minutos passaram e o nosso táxi chegou, e depois de ajudar o taxista colocando as malas na bagageira indiquei o aeroporto como destino.
Durante toda a viagem ela nunca me soltou assim como eu também não larguei ela. Ela precisava disso, e eu só queria aliviar o estado em que ela tava. No avião acabou mesmo adormecendo. Durante a viagem liguei prá minha irmã avisando que tava regressando, mas não falei que a minha pequinina tava indo comigo, decidi fazer surpresa. Assim que a gente aterrou acordei a minha menina e depois de recolher a bagagem tomamos de novo um táxi até minha casa.
-Amor eu falei prá minha irmã que tava voltando, mas eu não falei que você veio junto, quis fazer surpresa.
-Fizeste bem amor - me deu um sorriso bem pequinino e eu plantei um beijo suave nos seus lábios, antes mesmo de o taxista parar em frente de minha casa. Depois de retirar as malas da bagageira e pagar entrámos no pátio. Percorremos o caminho de acesso a casa e chegamos na porta. Após abrir a mesma chamei pela minha irmã.
-Rodrigoooooo! - me respondeu, descendo as escadas a correr, e mal viu a Mónica o seu sorriso se estendeu ainda mais. - Ahhhhhh, Mónicaa! - e assim que chegou junto da gente se abraçou à minha namorada.

 E foi lindo de ver. Era bom ver que nessa altura a minha namorada podia contar com o apoio da garota mais importante na minha vida desde que nasceu! E parecia que sem saber dessa última discussão a minha irmã sabia de algum jeito que  ela tava precisando de um abraço bem forte e foi isso que ela ficaram fazendo, em silêncio, durante cerca de um minuto. Eu permaneci olhando elas, e depois que desfizeram o abraço a minha namorada sorriu de leve à minha irmã, mas notei que as lágrimas tavam se formando de novo nos seus olhos, porém ela lutou contra elas e não derramaram. - Que surpresa!
-Era suposto ser surpresa mesmo, maninha.
-Mas, o que é que você tá fazendo aqui? Você não tem aulas? - mas de repente ela tomou sentido às malas que tavam na porta. - Você voltou pra cá? - perguntou, com grande entusiasmo.
-Voltou, e vai ficar aqui com a gente por um tempinho! - respondi.
-Sério? - A minha namorada acenou que sim, com um pequeno sorriso. - Ai que bom! Você vai adorar!
A minha irmã não largou a minha namorada e as duas foram prá sala, a minha irmã sempre conversando com ela. Distrair ela. Apesar de o entusiasmo ser mesmo de verdade, ela tava mesmo entusiasmada com o facto de a Mónica ter voltado, melhor ainda ficar em nossa casa por um tempo. Peguei as malas e levei elas pró meu quarto, assumindo que ela ia ficar lá comigo, descendo em seguida pra me juntar, apesar de ficar apenas assistindo elas, na sala. Passamos todo o dia em casa, sempre arranjando maneira de não deixar a Mónica pensar nas coisas más, e de noite ela adormeceu no meu abraço, se sentindo ligeiramente melhor.
Despertei eram 8.45h da manhã, com o despertador do meu telefone, que também acordou a Mónica.
-Desculpa meu amor, pode voltar a dormir, eu vou me arrumar pra ir no treino - falei pra ela, enquanto saia da cama.
-Eu vou contigo.
-Não precisa meu bem, fica dormindo mais um pouquinho.
-Eu quero ir, amor, quero estar ao teu lado no teu regresso.
-Tem certeza? Olha que lá fora não tá tão quentinho quanto ai dentro - sorri.
-Claro que sim, amor! - se levantou, bem devagar e depois veio ter comigo, abraçando o meu tronco e me reclamando um beijo.
-Tá, então eu vou tomar um banho, vem comigo? - ela concordou e depois de já estarmos vestidos descemos pra tomar o café da manhã e sair pró meu carro, destinando o Caixa, onde ia decorrer o treino às 10.00h.
Chegámos no Caixa perto da hora do treino, então depois de estacionar levei ela até às bancadas, onde só estavam algumas das namoradas e mulheres dos jogadores, pois esse treino não era aberto ao público. Depois de dizer ''Oi'' pra elas e falar que a Mónica ia ficar com elas, dei um beijo na minha namorada e fui me equipar. A caminho dos balneários encontrei o Rúben.
-Então mano, voltaste! - sorriu pra mim.
-Voltei! - sorri de volta.
-A Mariana disse-me que tu e a Mónica se entenderam... - comentou, olhando sessa vez em frente em vez de olhar pra mim. Mas eu entendia.
-Sim, a gente se resolveu sim, e eu sei as coisas que você falou pra ela - ele me olhou, meio surpreendido e sem saber o que falar. - Ela voltou comigo pra Portugal, e eu gostava que vocês conversassem. Você entendeu as coisas errado, Rúben.
-Tens a certeza?
-Os olhos dela não mentem pra mim. Pra além de que a gente foi ter com aquele tarado do inglês e ele acabou confessando, de um jeito grosso, o que ele fez.
-Ai se fosse comigo espetava-lhe um murro naquela cara!
-Foi o que eu fiz1
-Fizeste? Eh lá, muito bem puto1 - riu.
-Eu me controlei, mas ele ofendeu ela e ai eu tive de reagir dessa forma!
-E fizeste muito bem puto!
-É, mas então, você tá disposto a falar com ela, ou vai ser orgulhoso e babaca como sua namorada tá sendo? E desculpa se eu tou te ofendendo, mas você não viu nem ouviu o que eu e a Mónica escutamos e vimos, principalmente ela.
-Não percebi, mas esquece, vamos treinar e depois contam-me tudo!
-Então você vai falar com ela?
-Claro que sim! Fui homem para deitar abaixo, sou homem para pedir desculpas! E agora vamos que eu quero mostrar-te que perdeste qualidade nestes dias! - zoou, rindo.
-Convencido você, hein? Olha que eu tenho motivação extra, vê se não se desilude muito!
-Veremos, então! - Saímos dos balneários correndo até o campo e quando pisámos o relvado procurei por ela e sorri mandando um beijo, e depois de ela me responder notei sua expressão mudando, algo confusa, no entanto sorrindo timidamente, e quando reparei, o Rúben tava atrás de mim, sorrindo pra ela, aquele sorriso que ele sempre dava pra ela. Significava que ele só tava esperando que ela perdoasse ele.
O treino correu muito bem! Dei toda a minha energia, me diverti, e sorri, muito! Passei o treino olhando pra ela e sorrindo. O Mister falou comigo brevemente no final do treino, me dando os parabéns.
-Se continuares assim em todos os treinos no próximo jogo podes ter a certeza que a titularidade não te tiram!
-Se eu puder trazer a minha namorada em todos os treinos, pode ter certeza que não vou baixar meu rendimento Mister!
-Sabes que as meninas podem vir sempre! E fico feliz que se tenham entendido!
-Obrigado Mister! E obrigado por ter me apoiado e ter me dado esses dias!
-Estou cá para isso rapaz, e olha que não me arrependo, porque assim com essa energia toda só vais render, e bem!
-Espero que sim Mister!
Depois do papo segui prós balneários e o Rúben tava terminando de se arrumar.
-Despacha-te puto, a tua menina está à espera!
-Eu sei, só fiquei conversando com o Mister, mas vou me despachar num instante! - Dez minutos depois já tava pronto. - Vamo!
-Bem, acho que nunca te despachaste tão rápido! - riu ele, meio zoando comigo, mas era verdade, eu só queria correr pra junto dela, porque já tava com saudade, mas nesse caso, sobretudo porque queria que eles se resolvessem logo! Ela tava esperando nas bancadas, bem junto do acesso aos corredores.
-Oi! - sorri, pegando logo um beijo dela. - Gostou do treino?
-Claro que sim!
-Viu só o que eu fiz hoje? Com você aqui todos os dias, vou fazer sempre igual!
-Acho muito bem, afinal porque é que eu vim contigo? - sorriu. Eu ri, e o Rúben tava olhando a gente e sorrindo. E esperando.
-Bom, amor, eu falei pró Rúben que ele tava errado e que o babaca do inglês confessou tudo, e ele quer conversar com você. - Ela olhou o Rúben, que agora tava com uma postura séria, esperando uma resposta dela.
-Está bem - concordou ela.
-Então vamo pra casa e o Rúben vem com a gente e ai vocês falam.
-Não é preciso, podemos falar mesmo aqui - falou o Rúben, pousando o seu saco numa das cadeiras das bancadas. A gente se sentou nas bancadas e o Rúben começou logo falando. - Então, o Rodrigo dissee que vocês me iam contar melhor as coisas, mas agora, antes de tudo eu quero pedir-te desculpa! Eu agi impulsivamente, sei lá, depois de te ver agarrada àquele gajo, a maneira como falavam, sorriam, apanhar-vos aos beijos fez-me perceber tudo como eu achava que era, e tu sabes que o Rodrigo é como um irmâo para mim, e só de pensar que estavas a trai-lo, a trair a confiança dele, a brincar com os sentimentos dele, mesmo sabendo o que ele já passou, eu senti-me na obrigação de lhe dizer. Desculpa por ter sido irracional, desculpa por não ter parado para pensar e perceber que por mais evidente que parecesse tu não eras capaz de fazê-lo. Eu sei que é difícil, eu fui o pior amigo de sempre, mas perdoa-me, por favor. Tu sabes que
eu não te dizia nada do que disse se tivesse sido esperto suficiente para me dar conta que o errado estava a ser eu!
-Espertos são os cães, oh! - riu ela - É óbvio que te perdoo, seu parvo!
-Não vais fichar magoada nem nada?
-Não vou dizer que não me magoaste, porque magoaste muito, senti-me horrível com isso e com o facto de vos ter desiludido, e eu acho que se a Mariana não tivesse ficado do meu lado tería sido ainda pior, mas o facto de reconheceres que afinal não estavas certo e vires pedir desculpa faz-me pôr para trás o quão mal me senti com as tuas palavras naquele dia. Tu dizes que o Rodrigo é como um irmão para ti, mas tu também és como um para mim! Por isso é claro que te perdoo, Rúben!
-Oh pequenina, ainda bem, obrigado!  - agradeceu ele, realmente aliviado, abraçando ela. Ficaram abraçados durante um tempo e eu decidi brincar com o Rúben e fazer a gente rir.
-Oh Rúben, já chega vai, tá bom, já pode soltar a minha namorada! - Ele olhou para mim, assim como a Mónica, desfazendo o abraço, mas permanecendo com o braço sobre ela.
-Estás com ciúminhos, é?  - sorriu, entrando também na brincadeira.
-Tou - tentei não rir, mas foi impossível não sorrir um pouco.
-Então rói-te lá mais um bocadinho de ciúmes porque eu vou pegar-lhe ao colo e correr por ai com ela!
-O quê... ? - perguntou ela, mas o Rúben não deu tempo e pegou mesmo ela por cima do seu ombro e começou correndo! Eu decidi alinhar novamente na brincadeira, afinal, não deviam haver muitas pessoas já  no Caixa. Mas enquanto a gente corria por um corredor, sempre com a minha namorada se debatendo e reclamando com o Rúben, o Mister passou pela gente.
-Desculpe Mister!  - se desculpou o Rúben, rindo enquanto passava correndo.
-O que é isto?  - perguntou o Mister, mas não parecia zangado.
-Desculpe Mister!  - foi a minha vez de me desculpar, enquanto passava pelo Mister correndo.
-Ao menos tenham pena da rapariga,,, ai ao ombro do Rúben que nem um saco de batatas! - riu o Mister, se virando e assistindo a gente.
-Rúben pára! Já chega, por favor! - pediu a minha namorada, rindo.
-Está bem, pronto, já chega! - concordou o Rúben, colocando ela no chão.
-Obrigada! - riu a Mónica. - Não sei como é que não te cansaste rápido, eu não sou propriamente leve!
-Mas tu estás a ver-me com cara de fraquinho? - falou ele, tentando manter um ar sério, mas depois todos começamos rindo.
-Bom, vamo embora gente?
-Posso ir almoçar a tua casa?
-Sempre a mesma coisa, Rúben! - ri. - Você ainda tem de perguntar? Óbvio que pode!
-Boa, então vamos! - Depois de pegarmos as nossas coisas nas bancadas saímos das instalações e seguimos pra minha casa.

Visão Rúben
Assim que o Rodrigo me disse que se tinha entendido com a Mónica e me disse que o suposto melhor amigo dela é que tinha enganado todos eu percebi imediatamente que havia algo que tinha de fazer: pedir desculpas à Mónica. E assim que ela me perdoou senti-me tão aliviado! Eu tinha sido realmente horrível naquilo que lhe tinha dito, mas tinha sido essa a minha intenção na altura, porém, após saber que eu é que tinha percebido as coisas da maneira errada, e sem oferecer qualquer hipótese de explicação, senti-me terrivelmente mal. O Rodrigo era como um irmão para mim, a Mónica estava com ele, e ela também já era como uma irmã para mim. Uma pequenina que eu adorava e que me tinha ajudado tanto com a minha namorada! Sim, eu tenho tendência a querer formar uma família ainda maior do que a que já tenho! Passei o dia em casa do Rodrigo, com eles os dois, a Mariana e o meu irmão, que quando chegámos já lá estava. O dia estava chuvoso, a modos que o convívio no quentinho da sala do Rodrigo, com a lareira acesa e tanta e boa conversa foi o melhor programa. A Mónica e o Rodrigo acabaram por contar-me o que tinha acontecido com o inglês, e mencionaram que a Andreia estava diferente, pelo menos para com a Mónica. Ela tinha fixado a razão no que eu tinha visto, e agora, por mais que dissessem que estava errado e contassem a verdade, ela não parecia disposta a mudar de opinião. Senti-me na obrigação de falar com ela, porque afinal tinha sido eu a plantar essa ideia nela, visto que ela acreditou logo em mim, sem se preocupar em ouvir a versão da Mónica, o que agora pensando com as ideias no sitio, não me parecia normal.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Capitulo 30 (parte II)

Olá meninas!!
Aqui vos deixo mais um capitulo! E neste capitulo tenho um grande agradecimento a fazer à minha melhor amiga, a Filipa da ''Nothing else but Love'', e à Sofia Martins da ''Me Perdi En tu Sonrisa'', ''Puede Que No Vuelva Más, Pero Ya És Parte de Mi'' e ''When Not Waithing, Love Appears''! Muito obrigada guapas lindas do meu coração! Se não fossem as vossas ideias e a vossa ajuda o capitulo nem a metade estava! Obrigada por me aturarem! Vos quiero! <3

E pronto, espero que goste e me deixem os vossos comentários!!

Besos
Mónica

Visão Rodrigo

Depois de mais três horas muito bem passadas no quarto do hotel a gente finalmente foi jantar. Fomos até ao restaurante do hotel e após sentarmos numa mesa nos entregaram os cardápios.
-Oh my God, as opções são tão esquisitas, não sei como é que alguém tem apetite para estas coisas! - riu ela.
-Os ingleses devem gostar, né? Isso e o Fish and Chips...
-Que também consta aqui, mas não me está a apetecer.
-Isso que eu não como também! Posha, quando eu morei em Bolton a gente comia isso pra caramba!
-Enjoaste - comentou, rindo.
-É, acho que sim, eu nunca gostei muito mesmo!
-Pois, tu és mais do tipo feijoada lá do teu pais.
-Tá me zoando? - sorri.
-Não, eu também gosto, mas és, não és? - riu.
-Sou, ainda por cima a minha avó faz uma feijoada mesmo boa...
-Tá, mas olha, não te babes que aqui não te vão servir isso de certeza!
-É... Tou pra ver o que é que a gente vai comer!
-Espera, espera! Encontrei uma coisa normal! - riu. - Olha ai em baixo, ao lado das saladas!
-É mesmo, alguma coisa decente e que a gente sabe que gosta! Tá decidido?
-Claro que sim! - Chamei o empregado que veio novamente até a nossa mesa e eu fiz os nossos pedidos.
-And to drink, have you decided yet? - perguntou o empregado.
-I want a coca-cola, please - pediu a Mónica.
-And you Sir?
-I'm going to have a red wine, the one from Argentina, ''La Folia''.
-Yes Sir. If you'll excuse me... - se retirou.
-Vinho? - perguntou a minha namorada, fazendo uma cara esquisita.
-Sim.
-Isso vai cair-te mal...
-Descansa que não, eu já experimentei.
-Ai de ti que me vomites em cima! - riu.
-Que graça! Pode descansar! - ri também.
-E depois os ingleses é que são esquisitos à mesa! Essa escolha é um bocado duvidosa!
-Não gosta de mim na mesma?
-Gosto, claro.
-Então pronto, esquece a combinação estranha!
-Está bem - riu de novo. Pouco depois o empregado surgiu com o nosso pedido e logo de seguida surgiu outro com as nossas bebidas.

                                                   ( Homemade macaroni cheese )

                                           ( Red wine, ''La Folia'', from Mendonza, Argentina )

-Tens a certeza que vais fazer a mistura? - ainda perguntou ela antes de a gente pegar os talheres.
-Vou - sorrri.
-E tens a certeza que já experimentaste?
-Tenho.
-E não te vomitaste?
-Não - gargalhei.
-Nem no dia a seguir?
-Não.
-Nem no outro?
-Você tá com tanto medo assim? - ri.
-Sinceramente, acho que sim - riu. - Quer dizer, vais dormir comigo estes dias...
-Amor, lamento lembrar você, mas você só vai me ter na mesma cama que eu hoje, depois eu volto pra Portugal... - respondi, pousando os talheres.
-Ai, pois, mas tu percebeste!
-Tá, eu entendi sim, e te aviso que não precisa ficar alerta não, eu não vou passar mal1 Acha que eu arriscava isso na última noite e no último dia que eu vou tar com você?
-Não, pronto, eu confio em ti! - riu.
-É muito bom ouvir isso, por isso agora pode começar comendo tranquila! - acabei rindo e a gente finalmente começou comendo. A conversa surgiu, como sempre, e dei por mim apreciando ela mais ainda do que o normal. Esse tempo, essa confusão deram cabo da gente, e pensar que nesse momento a minha vida tava deprimente até nem poder com ela, sem a minha menina do meu lado, me arrepiava. Um mês não é tanto tempo assim, mas parece que eu já passei metade da minha vida com ela. Se tirassem metade da sua vida, de repente, você ia conseguir viver de novo em condições? Eu nem viver ia conseguir! Me chama de dramático, exagerado, loco, o que quiser, mas viver sem ela não era mais possível!
-Estás tão pensativo amor. Estás a reconsiderar a tua opinião em relação á mistura? - riu, quando a gente terminou.
-Nada disso meu bem, tava pensando em coisas completamente diferentes, tava pensando em você!
-Em mim? - perguntou, curiosa.
-É, em você, em o quanto a minha vida não ia fazer sentido se eu deixasse de ter você!
-Ai amor, nem a comer deixas de ser tão querido? - perguntou, naturalmente afetada pela sinceridade das minha palavras.
-Se me perguntar quando que eu não tou pensando em você vai ser difícil responder.
-Assim fica difícil! Podemos pedir a sobremesa para depois sairmos daqui e eu te encher de beijos?
-Porquê não pode me dar um agora? - desafiei.
-Posso claro, mas um não me vai chegar, estás muito querido hoje!
-Então me dá e eu vou continuar sendo ainda mais! - Ela me deu um sorriso lindo e depois juntou seu lábios nos meus de forma rápida. Poucos segundos depois já o empregado tava junto da gente com o cardápio das sobremesas, que a gente escolheu, com alguma dificuldade, visto que dos doces a gente conhecia e gostava de quase todos.

                                                       ( Chocolate fudge brownie )

-Oh seu guloso, tens chocolate no queixo! - riu.
-Tira pra mim?
-Como? - provocou.
-Do jeito mais decente, vamo deixar as indecências só pra gente - respondi de igual modo, ao que ela retorquiu com um sorriso enorme meneando a cabeça e contendo uma gargalhada.

Depois de a gente terminar e pagar, vestimos os casacos e fomos passear. Os nossos corpos estavam quentes de amor e carinho suficiente pra esquecer o frio lá fora.
-Adoro andar na rua à noite. E desta vez o frio é irrelevante, tenho-te comigo.
-Quer ver que isso se pega?
-Isso o quê amor?
-Essa coisa de ser muito querido! - Ela gargalhou.
-Talvez amor, mas eu não preciso disso para te dizer o que sinto e o que penso.
-Não precisa não, eu sei você de cor meu amor!
-Ai, Rodrigo a sério, daqui a nada eu derreto!
-Boba - sorri, apertando mais ela contra mim, enquanto a gente andava.
-É verdade, se tu soubesses o que o que tu dizes me provoca cá dentro! Parece que o meu coração quer sair!
-Minhas palavras também fazem isso? Pensei que eram só meus beijos! - brinquei.
-Podemos experimentar, já que tinhas dúvidas! - sorriu matreiramente.
-Então vem aqui me esclarecer - respondi, me referindo à distância que ela ia ter de travar entre as alturas das gente.
-Vem cá tu e comprova! - Imediatamente depois das suas palavras sublinhadas de um sorriso desafiador, eu peguei ela pela cintura e a ergui, colada em mim, até conseguir uni os nossos lábios sem precisar me baixar. Depois coloquei ela no chão de novo e separei nossos lábios. O contraste da temperatura e da nossa respiração se fez notar no ar.
-Foi boa a viagem? - perguntei, sorrindo.
-Foi óptima. E a dúvida, esclarecida?
-Que dúvida? Ah, isso? Não, isso foi só uma desculpa pra te pegar e te deixar sem ar!
-Tosco!
-Que você ama!
-Que eu amo - repetiu, com um sorriso doce. Voltamos a nos abraçar e continuámos caminhando. Parámos junto da Catedral de Ely.









-Vem! - falei pra ela, nos levando pra junto de uma árvore. - Vamo subir?
-O quê? A árvore?!
-Sim!
-Estás doido!
-Sério! Não é alta, a gente consegue sentar naquele ramo! - respondi, apontando o ramo mais baixo e grosso o suficiente pra suportar o nosso peso.
-Rodrigo, eu não vou subir, ainda caio dali a baixo!
-Eu te seguro, te ajudo a subir!
-És chato!
-O chato que você ama! Agora vem aqui que eu te ajudo! - Ela acabou cedendo e a gente sentou na árvore.
-E pretendes fazer o quê aqui sentado?
-Pra começar, te beijar.
-Há bancos, no chão amor, podíamos sentar lá, é mais seguro.
-E perder a adrenalina e o romantismo daqui? Não meu amor.
-Ai, está bem, pronto amor. Mas se...
-Pára de protestar e me deixa te beijar?
-Já me calei - respondeu, com uma expressão tão doce, e de quem esperava ansiosa pelo meu beijo.
-Não é bom? - perguntei, depois de roçar o meu nariz no dela, após terminar o beijo.
-É - sorriu.
-Amor, consegue imaginar você um dia voando no espaço, se sentindo a maior estrela das constelações?
-Hã? Não, claro que não, isso é um bocado irracional amor, estás a descer na ascensão da espécie, ou quê? - riu, meio confusa ainda com a pergunta.
-Não sua boba.
-Não parece! Daqui a pouco viras primata, até já ás árvores queres subir! - voltou a rir, e eu ri junto.
-Não é isso meu bem, eu só quero que você perceba que como essa pergunta parva e irracional, eu já não sei viver sem você! A minha vida ia passar sendo da espécie anterior à atual do Homem, nem razão nem coração, só alma vazia. Ela ficou calada, de boca aberta e olhos brilhantes. Toquei seu coração, mais uma vez. Era lá que o meu amor por ela deveria chegar.
-É por isto, por seres quem és, como és, por valorizares o invalorizável pela sociedade, por te preocupares, por usares o coração à frente de tudo que cada dia me apaixono por ti, uma e outra vez - acabou dizendo, deixando uma lágrima cair. Era a mais pura reação ao meu amor, feita de amor, derivada de amor, pra prolongar esse sentimento, o amor.
-Você é a mulher da minha vida, mas mais que isso, você é a razão principal pelo bater do meu coração a cada segundo. é o motivo do meu sorriso mais fácil e do mais dificil, é você que dá direção pra minha felicidade, e eu te juro que do seu lado ela é plena. - Ela nem chegou a me responder. Segurou meu rosto e me beijou, com todo o amor que faiscava nessa noite. Tava sentindo o que ela dizia sentir, o meu coração tava querendo saltar pra fora do meu peito. Não havia sensação melhor nesse momento que sentir o amor dele bem dentro do meu peito, ressoando, explodindo, me lembrando a razão pra ela ser a única. Pra ela ser a tal. - Tem a sua chave de casa ai? - perguntei, interrompendo o silêncio preenchido por sorrisos apaixonados e olhares radiantes refletidos um no outro e escrevendo seus nomes na lua.
-Tenho, mas porquê amor?
-Me dá?
-Sim... - respondeu, meio reticente, me entregando a chave. Escolhi a mais bicuda e estendi a mão pró tronco da árvore, começando depois a raspar. - O que é que estás a fazer amor?
-Vou escrever os nossos nomes. Quero gravar eles aqui, assim como o seu tá no meu coração.
-Eu escrevo o teu! - se ofereceu. Eu terminei de escrever o dela e dei a chave pra ela que começou logo escrevendo o meu.
-Agora deixa eu acrescentar aqui uma coisa - pedi, pegando a chave de volta.
-Um de Dezembro de Dois Mil e Doze... - sorriu, lendo o que eu tinha acrescentado.
-E como vai ser pra sempre, fica assim só, a gente não vê o fim. - Ela me deu um beijo.
-Eu amo-te Rodrigo. - Meus olhos brilharam. Ela falava aquilo pra mim milhares de vezes num dia, e em nem uma os meus olhos deixavam de brilhar ou o meu coração deixava de acelerar.
-Posso te responder como me tá apetecendo?
-Podes, desde que não implique eu cair daqui, podes! - riu. Eu sorri pra ela e enchi meu peito de ar.
-EU TE AMO! - gritei de uma vez só. A sobrecarga do amor tava me dominando. Tava sentindo tanto ao mesmo tempo que gritar isso desse jeito me aliviou um pouco.
-Rodrigo! - tentou repreender, no entanto o sorriso dela era enorme. - O vinho fez-te efeito!
-A culpa disso é sua! Me faz sentir tão bem que me faz fazer essas coisas!
-Tu és doido! Sabes onde é que estamos? E estamos mesmo em frente à catedral!
-E então? Assim soa ainda mais romântico! - ela gargalhou e eu me senti flutuando. - Experimenta!
-Eu? Não.
-Sim, você! Experimenta! Vai ver como vai se sentir bem!
-Mas...
-É só gritar! - Ela respirou fundo.
-AMO-TE! - gritou, rindo em seguida. Eu sorri e abracei ela forte.
-Não soube bem?
-Soube! - sorriu, e eu tornei a juntar nossos lábios. Isso era uma necessidade essa noite, ainda maior que os outros dias. - Amor, eu tenho uma coisa para te dizer - falou, interrompendo um beijo pra resfolegar.
-É importante? É que tava tão gostoso.
-É.
-Então fala!
-Eu vou voltar contigo para Portugal.
-Tá falando sério? - perguntei, ainda incrédulo.
-Sim! - sorriu.
-Meu Deus, que bom! - quase gritei, apertando ela num abraço e detribuindo vários beijos no rosto dela.
-Sim amor!
-Não tou nem acreditando!
-Mas, eu precisava de ficar uns dias em tua casa, até encontrar emprego e uma casa para alugar.
-Claro meu amor, claro que sim! Você podia até ficar vivendo lá em casa, a Mariana vai ficar lá também, mas ela passa muito tempo com o Mauro e depois vai prá Faculdade aqui também!
-A sério? Que bom! Mas olha amor, eu agradeço, mas, neste momento prefiro alugar uma casa, assim que conseguir. Eu não quero apressar as coisas entre nós, e acho que se ficasse lá definitivamente podia não correr tão bem.
-Tá, tá bom, mas o importante é que você vai! Eu tou tão feliz meu amor!
-Eu também amor! - sorriu, e eu, pela milionésima vez nesse dia, beijei ela como a minha maior necessidade. Essa noite tava sendo uma noite perfeita, e essa noticia tinha aparecido pra melhorar ainda mais! Não tava nem acreditando que ela ia voltar pra Portugal, comigo! Se não era amor, era o quê então? Me envolvi tanto nesse toque dos nossos lábios que nó voltei a despertar quando senti gotas, geladas, caindo, torrencialmente.
-Caraca! - reclamei, me separando dela.
-Que bom! - ironizou. - Vamos embora amor!
-Porquê? Tá gelada, mas eu gosto de ficar na chuva! - ri, saltando pró chão, e depois ajudando ela a descer da árvore também.
-Eu também, mas isso é quando posso! Não te esqueças que tu tens os treinos e tens de recuperar a titularidade e eu quero começar logo a procurar emprego!
-Tá bom, pronto, vamo embora então! - acedi, segurando a mão dela.
-Vamos a correr, mas não me largues, se não eu fico para trás! - riu, eu sorri e a gente começou correndo.
-Wohoooooo! - gritei, de repente. Hoje a melhor forma pra libertar tanta pressão boa tava sendo gritar!
-Doido! - falou ela pra mim, num tom mais alto, rindo. Eu ri com ela e pouco depois chegámos no hotel. - Vão pensar que somos malucos - riu, assim que chegámos na recepção.
-Não sou daqui mesmo! - ri também. Assim que coloquei o meu olhar no balcão a repcionista tava olhando pra gente com uma cara confusa, o que me deu vontade de rir, mas me controlei.
-I'm so sorry, we were outside and started to rain and we got nothing to protect us! - se desculpou a minha namorada, também com vontade de rir.
-We understand, you're not the first ones coming here like this, it's normal, we never Know when it's going to rain. You can come up to your room and our people clean all, don't worry about it.
-Thank you!
-What's your room?
-The 22 - respondi eu rapidamente. A recepcionista nos entregou a chave e a gente subiu rápido até o nosso quarto. Lá dentro, começamos rindo muito.
-Ai, viste a cara da mulher amor? Ela disse que não eramos os primeiros, mas ficou cá com uma cara!
-Eu tava me esforçando pra não rir na frente dela!
-E eu enquanto falava!
- Agora vem, vamo ficar quentinho! - puxei ela comigo até ao banheiro. Depois de encher a banheira de espuma, a gente tirou todas as roupas, encharcadas, e entrou na água quente. Não resisti e puxei ela pra junto de mim.

- Você já falou pra Andreia que tá indo embora comigo?
-Não. Eu só decidi que ia hoje.
-Então eu te ajudo a falar pra ela.
-Não amor, não é preciso. Aliás, eu preciso de falar com ela, a sério e sozinha. E também tenho de falar com o primo dela e a namorada dele, foram eles que me deram casa este tempo todo, e eu nem sou da família!
-Tá, mas quer que eu vá com você até lá, pelo menos?
-Podes ir, mas quando for falar com a Andreia vou sozinha. Tenho algumas coisas para lhe dizer para além de dizer que vou voltar contigo!
-Mas vai com calma, tá? Eu não quero que você saia mais magoada ainda amor!
-Eu sei amor, mas há coisas que tenho mesmo de dizer-lhe, independentemente das consequências.
-Mas eu vou tar do seu lado.
-Eu sei amor, obrigada.
O banho demorou, porque entre o aquecer houveram muitos carinhos, mas depois que agente saiu, vestimos as roupas pra dormir e nos deitámos por baixo dos lençóis, abraçados. A última palavra que escutei antes do beijo dela e de fechar os olhos foi ''Amo-te''. Depois cai num sono tranquilo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Capitulo 30 (parte I)

Olá meninas!
Finalmente vos trago mais um capitulo! Não é muito grande, mas espero que gostem!
Deixem os vossos comentários, por favor!

Besos
Mónica

Visão Rodrigo

-Tá demorando pra você se levantar hoje, hein? - falei, vindo do banheiro. Ela ainda tava deitada, de barriga pra baixo, meio descoberta pelos lençóis. Parecia cansada mesmo, mas a gente tinha de levantar. Ela nem me respondeu, por isso subi na cama e colei minha pele na sua pele desnuda, deixando a água do corpo, depois do banho, molhar ela, atribuindo um beijo no seu ombro. - Vai levantar ou eu vou ter de tirar você da cama à força?
-Ai, pronto, eu levanto-me... - respondeu, ainda de olhos fechados.
-Assim que eu gosto.
-Vê lá se queres gostar de outra coisa! - falou ela, se espreguiçando e finalmente abrindo os olhos.
-Vindo de você não tenho dúvida que ia gostar mesmo! - sorri, permanecendo no lado dela.
-Já foste tomar banho? - perguntou, meio desanimada.
-Já. Eu te chamei, mas você falou que era só mais um instante e acabou ficando ai.
-Pronto, desculpa, eu levanto-me.
-Não precisa pedir desculpa, você que perdeu mesmo - ri, brincando.
-Perdi o quê? - perguntou, se sentando na cama de frente pra mim.
-Um banho comigo.
-Ah, isso.
-Isso?
-Podes ir outra vez comigo, não pagas mais por isso, acho eu.
-De novo?
-De novo. Mas decide-te rápido que eu quero despachar-me!
-Agora tá com pressa, é? - perguntei, observando ela se dirigir pró banheiro.
-Estou! Estou a morrer de fome, tu não?
-Nem lembrei.
-Milagre! - riu. Me levantei e fui ter com ela.
-Ah, você não me deixou lembrar!
-Eu? Eu estava a dormir! - cheguei junto dela e fiquei observando enquanto ela regulava a temperatura da água.
-Me desconcerta do mesmo jeito! - respondi, ao que ela reagiu com um ''Oh'', estendendo de novo a mão pra ver a temperatura da água. - Quer mesmo a minha companhia ai dentro? Olha que eu vou sobreaquecer a água!
-Cala-te e vem! - falou, entrando na banheira, gesto que eu repeti com todo o prazer.
Depois de a gente se vestir saímos pró restaurante do hotel pra almoçar, visto que tava na hora, e acabamos por subir de novo no quarto pra descansar um pouco. Eu cheguei no quarto e me sentei na cama, encostado nas almofadas da cabeceira, e ela resolveu se sentar no meio das minhas pernas, se encostando a mim.

-É provável que vás gastar pelo menos metade de um dos teus ordenados nestes dias, não é? - falou, meio que resmungando.
-Não vejo qual é o problema.
-É muito dinheiro, amor!
-Ai você acha muito? Se fosse o Rúben era capaz de ele gastar dois ordenados só pra dar o melhor prá Andreia!
-Tu não és o Rúben...
-É, não sou, mas sou loco pela minha namorada também, e só quero dar o melhor pra ela!
-Ai, pronto, está bem, não reclamo mais dos gastos destes dias! - acabou concordando com um sorriso.
-Amor, por falar no Rúben, você ainda não contou pra mim que é que aconteceu com vocês...
-Queres mesmo que te conte...? - perguntou, já com um expressão triste.
-Claro que eu quero.

*****

-Dá gosto ver alguém tão apaixonado e feliz, mais ainda depois de tudo que ele passou! Mas sabes, tu trouxeste isso de volta, mas acabaste de tirar-lhe de novo, e não duvido que seja pior desta vez! - Ele fez uma brevíssima pausa que eu tentei aproveitar para falar, mas novamente fui impedida. - Porra Mónica, desiludiste-me! - pronunciou, com uma expressão desgostosa. - Logo tu! Tu ajudaste-me tanto, mas tanto com a Andreia, tu trouxeste o meu amigo de volta à vida, tu eras aquela amiga que estava lá não interessava o quê, quando, como, porquê... Como é que conseguiste mudar assim do nada? Foi o atrasado do inglês que te fez a cabeça? Ou então se calhar tudo isso era uma mentira que contavas todos os dias, a toda a hora... Só não percebo o fim disso. Magoar ainda mais o Rodrigo? Não eras tu que te dizias a maior fã dele? Ou então também era mentira, espera... - Cada palavra, cada ressoar no tom de voz do Rúben estava a matar-me. Fazia doer a cada ínfimo milésimo de segundo, cada vez doía mais. Doía tanto que o melhor me parecia deixar doer até a alma secar e sangrar e deixar de sentir e pensar. Ainda quis tentar pronunciar-me, defender-me e clamar pela minha inocência, mas as lágrimas taparam-me a voz e turvaram-me a visão.  Será que o resto do mundo ainda desabava, ou ia ficar a pairar sobre mim ainda? - Eu queria deixar-te pior, juro que queria! Queria que sentisses o que ele está a sentir agora! Mas não consigo... Já não consigo deslindar palavras para te mostrar a desilusão que me deste! - Olhou-me desprezivelmente e voltou a fitar o chão. - Só mais uma coisa. Eu vou-me embora amanhã, mas quero que saibas que não quero que voltes a aproximar-te do Rodrigo. Acho que já chega. - Dito isto voltou costas e saiu do quarto.

*****

-Mas já passou... - disse ela, não-convincentemente, quando terminou de me falar o que o Rúben tinha falado pra ela.
-Não passou não, dá pra ver que não meu amor... - segurei a mão dela.
-Vai passar amor... Agora ainda não, porque, apesar de eu adorar o Rúben, as palavras dele magoaram-me... Eu sei que ele não teria dito nada daquilo se soubesse o que se passou realmente, mas ele não me deu hipótese para explicar e disse o que disse na mesma... Mas vai passar.
-Você sabe que o Rúben não é desse jeito, ele é compreensivo e calmo, mas ele viu vocês se beijando e tudo mais e pronto, se precipitou e partiu pra defesa do que ele acreditava.
-Eu sei amor, não te preocupes.

-Então e aquele vagabundo do inglês, vai ficar longe agora né?
-Eu disse-lhe que nunca mais queria falar com ele.
-Onde que ele mora?
-Para quê, amor?
-Me fala.
-O que é que vais fazer?
-Conversar.
-Rodrigo esquece.
-Não vou esquecer. Quando a gente se conheceu a gente fez um aviso mutuo. Ele te desrespeitou e eu vou lá lembrar ele da nossa conversa!
-Oh Rodrigo não, eu não quero que ninguém se magoe! Vamos esquecer!
-Se eu não quebrar a cara dele ele vai ter muita sorte.
-Rodrigo! - pediu, se virando pra mim.
-Me fala e a gente vai lá.
-Rodrigo - tentou me dissuadir de novo.
-Não vai resultar amor, eu vou lá nem que eu tenha de descobrir sozinho onde que ele mora!
-Pronto, está bem, eu digo. Mas eu vou contigo!
-Claro que você vai, ou você acha que eu ia te deixar aqui pra ele depois negar tudo porque você não tá lá?
-Achas que ele era capaz disso?
-Eu acho que você não conhecia ele tão bem assim! Se fosse preciso eu acho que ele ia inventar que você que tinha inventado tudo isso pra cima dele! Ele foi capaz de te enganar do jeito que fez, por isso eu acho que ele era capaz sim!
-Sim, tens razão. Quando é que vamos?
-Agora! Eu quero resolver isso logo!
-Está bem - concordou, saindo da cama, gesto que eu igualei.
 

Visão Mónica


Quarenta minutos depois o táxi deixou-nos em frente da casa do Zach. Eu preferia não lá estar, ainda menos devido às circunstâncias que lá nos levavam, e eu sabia que ele estava em casa. Mas persuadir o Rodrigo a não ir foi uma tarefa em vão, por isso vim com ele. Conhecia o homem que tinha ao meu lado, mas o outro já nem tanto, por isso queria estar por perto para tentar suavizar os ânimos se preciso fosse.
-Ele mora aqui? - comentou o Rodrigo, assim que o táxi se foi embora. Agarrei-me imediatamente a ele.
-Mora. E está em casa.
-Tem certeza?
-Sim. Ele está sempre em casa a esta hora.
-Então vamo logo. - Chegámos ao portão e entramos para o caminho de acesso à casa até chegarmos à porta. Toquei duas vezes, como costumava fazer quando lá ia. Poucos minutos depois a porta abriu-se. Assim que nos viu a sua expressão alterou-se da de descontração com que foi abrir a porta. Surpreso, e talvez receoso também, foi o que a sua expressão demonstrou à primeira impressão. Primeiras impressões era tudo o que podia extrair, e mesmo essas poderiam não ser fiáveis. Quanto mais e melhor julgamos conhecer, menos profundamente essa pessoa se devota a nós como nós fazemos para com eles. Aquele que pensei conhecer melhor que ninguém desde à uns meses tinha-se revelado o maior estranho na minha vida. E o maior estranho a deixar danos no meu orgulho.
-We need to talk, now. - disse o Rodrigo assumindo a dianteira. Ele não queria molengar, ele estava ali com um propósito, por isso o melhor era despachar tudo rápido. Passamos pelo Zach, que ficou à porta de boca aberta, e entramos direcionando-nos para a sala. Ele não estava sozinho. Que sentido de oportunidade fantástico que o meu namorado tinha. A Candice estava lá..
-I didn't invited you in - reclamou o Zach, batendo a porta e indo também para a sala.
-Rodrigo want to talk with you - disse-lhe, apertando a mão do meu namorado.
-I don't understand what you're doing here, I don't even know you! - continuou o Zach a espingardar, dirigindo a palavra ao meu namorado.
-Oh you don't? From what you said to my girlfriend, I would say that you do know me, and you knew that she is my girlfriend. Are you anmesic now?
-What's going on here? - perguntou a Candice, levantando-se do sofá.
-Nothing Candice, I think you shoul better go, we talk later - desculpou-se o Zach, tentando apressa-la.
-You're his mate at the serie? - perguntou o Rodrigo à Candice.
-Yeah, but, what's happening here? - voltou ela a perguntar, confusa.
-Nothing Candice, go home please! - disse-lhe novamente o Zach.
-No, stay please, you're in this too, you just don't know - pediu o meu namorado.
-What are you saying? - ela estava cada vez mais confusa.
-Nothing, he's a liar, don't listen to him! - apelou o Zach, e o meu namorado ia responder, mas eu apressei-me.~
-No Zach, you are the only one that lied in all this!
-Hey! Please, tell me what's going on here! What do I have to do with this fight? - pediu novamente a Candice, já mais que confusa.
-He lied to me and used you as an excuse - esclareci-a.
-What?! - perguntou incrédula, olhando para o Zach.
-It's not true! - mentiu ele.
-How can you do this after all that?! I trusted you and you say that I am lying now? It wasn't me that said that was trying to get Candice, wasn't me asking advices about myself and my qualities as a woman to make her fall for me! And then it was a big lie to have something that you knew so well that belongs to him!
-You... you did that Zach?! - perguntou-lhe a Candice, pasmada.
-No, no I didn't! - respondeu, porém já estava mais derrubado pelo que não conseguiu levar verdade às palavras.
-Why did you put my name on this? Are you crazy?! If her heart belongs to him and you knew it why did you do that? She was your best friend! You should her respect!
-She broked my heart!
-I didn't choose to do it! You know that I was the first trying not to hurt you! We don't pick to fall for that certain person! You were so importante to me... but I didn't loved you the same way, my heart choosed him, and I'm happy, I'm so damned happy! If you really cared with me and with my happiness, like my best friend, you would be happy too just to see that I'm happy! But you did the opposite, you tried to destroy it!
-I tried to make you love me, to forget him, to see that I could be better to you!
-You're better away from her! If you really loved her like you said you would do anything you could to make her happy, even if it hurts! - desta feita foi o Rodrigo que respondeu.
-I'm not talking to you!
-But I came here to talk to you, to remember how you can maintain a promessa! When we meet we both made a warning, don't you remembre? You disrespected her, you've broke the promisse to keep her happiness first than everything, so I want to advice you now that it's better not to even think about her! You've lost that right!
-Why? Are you afraid that I think about her like I was going to sleep with her and pretend to love her just to have a little fun like you do? - Senti-me enojada. Não acreditava que ele descesse tão baixo. Eu avancei na sua direção, mas só dei um passo, porque o Rodrigo foi mais rápido. Em segundos vi o meu namorado levar a mão cerrada num punho à cara dele.

-Clean your mouth when you talk about her. You can not give her her value, but she's the woman of my life, and you're no one, so be careful! - disse-lhe o Rodrigo, contendo a ira de dentes cerrados. Segurei a sua mão e puxei-o mais para trás, para junto de mim.
-Guys, I'm going out of here 'cause I can't look at him anymore! Mónica, we talk later, okay? - disse a Candice, agarrando nas suas coisas e dirigindo-se para a porta.
-We're going too, we've got nothing to do here anymore! - disse eu, tentando puxar o Rodrigo.
-You'll never have with her what I had! - ouvi o Zach a dizer para o Rodrigo, ainda no chão, enquanto tentava limpar o fio de sangue que corria do lábio na camisola.
-You're right, 'cause you and her never really had something, and I will make her the happiest girl in the world, something you couldn't do in a million years! - respondeu-lhe o Rodrigo, seco mas convicto, virando-se em seguida para mim, iniciando comigo o caminho para fora de casa. A Candice ofereceu-se para nos levar e então durante a viagem contei-lhe todo acerca do que o Zach tinha negado. Enquanto lhe contava, e ela ouvia, completamente pasmada, o Rodrigo estava ao meu lado, nervoso e revoltado no seu interior. Estava demasiado tenso. Apertei-lhe a mão, suavemente, tentando, um pouco em vão tranquiliza-lo. Quando chegamos em frente ao hotel agradecemos à Candice e saímos do carro, entrando então no hotel. Subimos até ao nosso quarto e assim que lá entramos o Rodrigo foi direto para a casa de banho. Fui ter com ele, com calma.
-O que é que se passa amor? - perguntei, pousando uma mão no seu ombro.
-Nada meu bem.
-Se é por causa do que aconteceu com o Zach à bocado, não vale a pena pensares mais nisso, e  muito menos estares assim amor.
-Eu sei amor.
-Então se sabes porque é que estás assim amor?
-Porque eu não gostei nada das coisas que ele falou amor, você nem sabe como...
-Amor calma, a sério, ele não merece que fiques assim. E eu não te quero assim! Eu já esqueci tudo, e vou tratar de esquecer que ele existe, e tu devias fazer o mesmo!
-É um pouco difícil amor, ainda por cima eu bati no cara!
-E foi bem dado!
-Você não queria que isso tivesse acontecido.
-Se não lhe tivesses batido tinha ido eu!
-Eu fiquei com uma raiva dele...
-Nunca pensei que ele fosse assim. Mas já chega de falar dele! Agora só quero saber de ti, de preferência com um sorriso na cara e bem juntinho de mim! - disse-lhe, abraçando-me a ele e dando-lhe um pequeno beijo.
-Eu ficava doido se não tivesse você do meu lado, meu amor! - disse-me, mostrando-me um sorriso.
-Ainda bem que eu quero ficar contigo para sempre!
-Quer mesmo?
-Duvidas?
-Não!
-Ah.
-Então e agora, que é que você que fazer?
-O tempo está uma bela porcaria para irmos passear, ainda por cima não temos carro, e este tempo dá-me vontade de ficar em casa, por isso estava a pensar enfiar-me na cama contigo!
-Hm, proposta interessante essa, posso te levar pra lá agora?
-É claro que podes! - ri, e ele pegou-me ao colo e levou-me para a cama, onde me presenteou com inúmeros beijos.
-Estás a ver, estamos mesmo bem, tu até quase me pedis-te em casamento, para que é que havemos de pensar em coisas e pessoas que não têm importância! - ele gargalhou, e essa mesma gargalhada, um gesto tão simples e vulgar fez-me sentir... inexplicavelmente feliz, recolhida num conforto tão bom, que senti que era aquela mesma gargalhada que eu iria querer ouvir por toda a minha vida. - Gosto tanto quando ris!
-E eu gosto de fazer você rir!
-Então podes ficar contente, porque contigo é isso que mais faço!
-Fico muito contente sim, mas, você tem certeza que é isso que você faz mais comigo?
-Ai pronto, já percebi, não, não é! - ri.
-Bom, quer ver um filme pra passar o tempo?
-Quero.
-Ainda bem que eu trouxe o meu computador! Já sei que filme que a gente pode assistir! - saiu da cama e foi até à sua mala, de onde tirou o seu computador, regressando de seguida para junto de mim, de baixo dos lençóis. - Acho que você vai gostar!
-Qual é?
-Já vai ver! - sorriu e ligou o computador. Reparei de imediato na imagem que tinha como fundo. Ele e a Mariana.

-Que lindos amor! - sorri.
-Obrigado meu amor.
-Tens as nossas no computador?
-Tão aqui sim, eu passei elas quando você voltou pra cá com a Andreia. Quer ver?
-Pode ser amor. - ele foi às pastas e abriu a nossa. Ficamos a vê-las e a relembrar os momentos e quando terminamos, depois de alguns beijos e gargalhadas, fomos finalmente ver o filme. The Vow.

 Abracei-me a ele, encostando a cabeça no seu peito e ele envolveu-me com os seus braços.
"Um momento de impacto tem a capacidade de mudar, tem efeitos bem além do que podemos imaginar. Em alguns, algumas partículas batendo umas nas outras. Deixando-as mais unidas do que antes; enquanto mandam outras para grandes desafios. Indo parar onde nunca achou que iriam. Essa é a questão sobre momentos assim. Não pode controlar como irão te afetar. Tem que deixar que as partículas se colidam. E esperar até a próxima colisão."

-Fazias a mesma coisa se acontecesse connosco amor? - perguntei, assim que o filme terminou.
-Eu já tento fazer todos os dias que você se apaixone por mim de novo e de novo. Mas é claro que eu fazia, meu amor. Eu ia buscar todos os detalhes, todos os momentos, e fazer de novo até você lembrar.
-E se nunca voltasse a lembrar-me, como aqui?
-Ai eu ia tentar começar uma nova história prá gente, mas eu nunca ia esquecer o que a gente já tinha passado.
-É bom saber isso - sorri.
-É bom saber que você me ama.
-Ai, amo,amo muito! Eu não quero que aconteça de novo nada disto que aconteceu com o Zach!
-Quem é esse que eu não lembro? - sorriu.
-Sim, tens razão, ele já não existe para nós! Mas eu nunca mais me quero separar de ti por coisas destas!
-Isso não vai voltar a acontecer. E desculpa se a minha confiança em você vacilou...
-Shhh... - interrompi-o, pousando o indicador nos seus lábios. Ele aproveitou e depositou um pequeno beijo no mesmo. - A tua confiança em mim não vacilou, tu no fundo sabias que eu não te tinha traído, se não não tinhas vindo aqui para me ouvir. E agora chega disto, chega de pedidos de desculpa e lamentações! Já passou! Estamos bem, é isso que importa!
-Tá, desculpa.
-Eu disse chega de pedidos de desculpa! - sorri. - E bem, já são 17.00h, por isso vamos até lá abaixo que estou com fome!
-Tá parecendo eu!
-A diferença é que tu andas esquisito em relação a apetites!
-A fome tem sido pouca, mas se você me ajudar vou voltar num instante ao normal! - riu.
-E como é que queres que te ajude?
-Tou precisando partilhar afeto.
-Podemos ir comer e depois vamos a isso?
-Pra ir comer de novo depois de tratar do assunto?
-Sempre podemos estender o assunto até à hora de jantar, são só três horas...
-E você aguenta?
-Tu fazes-me aguentar...
-Vamo ver se eu aguento... - disse ele, quase sussurrando.
-Viraste fraquinho agora, foi? - brinquei, roubando-lhe um beijo.

-Não virei fraquinho, mas das semanas fizeram diferença.
-Ui que não podes parar durante muito tempo... - ri, e logo de seguida ele abraçou-me e deitou-me na cama, pairando sobre mim.
-Não garanto essas três horas pra você, mas tentar não custa, né? - sorriu, não me dando tempo para responder ao beijar-me calmamente e depositando o peso do seu corpo de igual forma sobre o meu.