quarta-feira, 27 de março de 2013

Capitulo 27 (parte II)



Olá!

Bem, deixo-vos aqui mais um capítulo, com o tão esperado momento entre o Rúben e a Andreia! Espero que corresponda às vossas espectativas!

Queria também pedir-vos imensas desculpas pela demora em postar, mas tenho andado com uns problemas em casa e para além de na maior parte das vezes não ter tempo, quando o tenho não tenho muita cabeça para escrever, desculpem!

Em relação ao próximo capítulo, não sei quando vou conseguir publicá-lo, porque não quero ‘’estender mais a corda’’ cá em casa de modo a deixar as coisas pior, mas prometo que vou tentar o mais rápido que conseguir. Espero que compreendam.

Beijinhos*, espero que gostem e deixem os vossos comentários!

Mónica

 

 (visão Andreia)

Ele calou-se. Para recuperar o fôlego e também para ouvir o que eu tivesse para dizer, quer fosse bom ou mau, pois ele já estava preparado para tudo. Provavelmente o que ele estava mais a contar seria uma sequência de negações e rejeições seguidas de um ‘’convite’’ para deixar a casa. Era o que ele já estava habituado. Mas desta vez o evidente e habitual não aconteceria. Enquanto ele falava eu ouvia atentamente. Seriam mais palavras para guardar. Mais uma declaração para colecionar. Não tinha nada a dizer-lhe. Tudo o que eu poderia ter dito já ele tinha dito pelos dois, por isso, as palavras eram dispensáveis neste momento. Haviam coisas mais urgentes a ser feitas. Levantei-me da cama e fui na sua direção, enquanto ele me olhava, algo expectante. E o momento seguinte foi o ponto de viragem. Foi onde tudo começou numa nova fase, sem esquecer o que antecedeu, onde o coração venceu a guerra com a razão e a teimosia. Mal me encontrei suficientemente perto lancei-me nos braços do Rúben e beijei-o.
 
Beijei-o com tudo. Com o desde sempre que poderia ter já acontecido há muito. A dor tinha-me arrasado, mas desta vez não ia deixar que o medo me consumisse. Não mais. Deixei que todo o amor que prendia dentro do meu peito se libertasse, e mostrasse ao Rúben que confiava nele, que acreditava que a felicidade era novamente possível, ao lado dele. E foi o melhor que fiz. O Rúben abraçou-me com toda a sua força e beijou-me intensamente, ao mesmo tempo que girávamos. Acabamos por para um instante para recuperar o fôlego.

-Tens a certeza que era isto que queria fazer, não tens Andy? Não te enganaste?

-Tenho. Eu cansei-me. Cansei-me de lutar contra tudo isto, com esta coisa tão boa. Eu quero ser feliz contigo.

-Acabaste de tornar-me o homem mais feliz do mundo! – sorriu imensamente, para em seguida voltarmos a unir-nos num longo e intenso beijo. Pouco tempo depois voltamos a separa os nossos lábios. – Andreia, promete-me que a partir de agora vai ser diferente, promete-me que vamos permanecer os melhores amigos que sempre fomos, acima de tudo, e que apenas deixemos correr as coisas normalmente. Eu amo-te, tu mais que tudo tens a certeza disso, mas não quero apressar nada. Quero ir ao ritmo que for melhor para ti.

-É claro que continuamos a ser os melhores amigos que sempre fomos! Eu acima de tudo confio em ti. E, eu vou fazer melhor que isso, Rúben, eu quero que tu me ensines, quero que me ensines de novo o que é o amor, à tua maneira, com os argumentos e as desculpas que quiseres, apenas quero que me ensines. Já perdemos muito tempo – respondi. Ele sorriu mais uma vez, assentiu e voltamos a beijar-nos. E depois o amor guiou-nos. O Rúben guiou-me. Deitámo-nos em cima da minha cama enquanto o beijo se ia complexando a cada minuto. Senti as mãos do Rúben descerem, leves e calmas, pelo meu corpo. E desta vez o meu coração disparou, mas não com a intenção de ter uma reação protetora. A reação era de alegria para o meu coração, era uma vontade de amor desmedida e descontrolada, que apenas me fazia bem. Queria mais que nunca juntar-me, unir-me ao Rúben. E foi isso que aconteceu. Aos poucos, o fervor no nosso corpo aumentou, acelerando as nossas respirações. As roupas que tínhamos no corpo aos poucos foram saindo. E confesso, assim que vi o seu tronco desnudado, um peito tonificado, um corpo fantástico, arrepiei-me. Talvez fosse demais para mim.

-Também tens certeza disto? – perguntou-me. Eu olhei-o e um arrepio voltou a percorrer-me.

-Tenho.

-Não tens de fazer algo que não queres. Não vou obrigar-te a nada.

-Rúben, há muito tempo que quero estar nos teus braços. Eu não tenho dúvidas.

-Então porquê os arrepios?

-Porque… pareces demais para mim – confessei. Eu deu uma breve gargalhada.

-Demais? Tu mereces alguém que seja tão bom quanto tu, alguém que esteja ao teu nível, e, desculpa, não estou a querer fazer de mim mais do que sou, mas acho que eu sou quem tu precisas. Somos perfeitos um para o outro.

-Eu sei, só te quero a ti, mas ao ver-te assim, pareces demais para mim.

-Podes ter a certeza que não sou. Mas se tens assim tantas dúvidas, vamos esclarecê-las – respondeu, aproximando-se de mim novamente. Deixei de lado o ‘’demais para mim’’ e deixei-me levar pelos beijos e pelos toques daquele elouquente homem.

Visão Rúben

-Então, ainda achas que sou demais para ti? – perguntei, fazendo pequenas festas no seu cabelo, enquanto ela se encontrava encostada no meu peito deixando pequenos carinhos no mesmo.

-Não, já não. Completas-me. És perfeito, só isso! – sorriu, olhando para mim. Era um sorriso tão grande. Um sorriso que já não lhe via há muito tempo. Um sorriso que me fez sorrir ainda mais.

-Eu disse-te! – ri.

-Pois disseste – sorriu.

-Esperei tanto por isto. Esperei tanto que dissesses que também gostas de mim – suspirei.

-Rúben, eu não te disse isso.

-O quê? Quer dizer, não disseste exatamente, com as palavras todas, mas, quer dizer, o que se passou agora entre nós foi…

-Rúben – interrompeu-me.

-Hã?

-Amo-te. – Apanhou-me de surpresa, mas deixou-me com um enorme sorriso na cara. Ela tinha finalmente dito a palavra. E estava consciente. Ela sabia que estava a dizê-lo.

-Disseste-o – constatei.

-Eu sei que disse. É o que sinto. Amo-te Rúben Filipe Marques Amorim!

-Eu também te amo! – sorri, dando-lhe um beijo.

-Ficas cá, ou tens de te ir embora?

-Não, hoje estou por tua conta. O jacto privado que me deu boleia teve de voltar.

-O quê? O jacto privado? Tu vieste de jacto para aqui? Como?

-Claro que vim! Queria cá chegar o mais rápido que conseguisse. Aliá, eu tinha que chegar cá o mais rápido que conseguisse. Eu falei com o Rui Costa e ele arranjou-me um que me desse a boleia imediata.

-O Rui? Oh meu Deus, o Rui sabe?

-Ele não sabe que és tu, só sabe que vim atrás da mulher da minha vida – sorri.

-A mulher da tua vida…? – perguntou um pouco embaraçada.

-Sim. Tu és a mulher da minha vida, e eu não estava disposto a perder-te, por nada – respondi seriamente, dando-lhe um beijo algo mais intenso.

-Desculpa – pediu, olhando-me diretamente.

-Desculpa porquê? – perguntei confuso.

-Por te ter feito passar tanta coisa. A minha teimosia foi maior do que o que sinto. Fiz-te sofrer desnecessariamente.

-Não tens de pedir desculpa. Eu percebo-te, eu sei por tudo o que passaste, contaste-me, lembras-te? Eu percebo-te, não te preocupes. E a pessoa a quem tens de pedir desculpa é a ti própria.

-Obrigada Rúben. Obrigada por teres sido tão persistente comigo, obrigada por não teres desistido daquilo que sentíamos.

-Do que sentimos – corrigi. - E para de me agradecer. Estamos juntos agora, é isso que importa.

-Então pronto, ficas cá hoje, não é?

-Fico. Quer dizer, o teu primo e a namorada não estão cá, pois não?

-Não, não te preocupes, eles ainda estão na Polónia. E por falar nisso, a Mónica?

-A Mónica deixou-nos sozinhos – sorri. – E não sei a que horas é que volta.

-Oh meu Deus, aquela rapariga…

-Aquela rapariga é uma grandessíssima melhor amiga!

-Se é. Ela ajudou-me tanto, insistiu tanto no que sinto por ti, insistiu tanto em nós…

-Pois foi. Ela esteve sempre do nosso lado, ela e os nossos amigos.

-Temos sorte em ter amigos assim.

-Foram a nossa sorte, muitas vezes! Ah, tenho uma coisa para te contar. Eles contaram-me quando e voltei para dentro, depois de tu te teres ido embora.

-Conta!

-O meu irmão e a Mariana namoram!

-A sério?

-Sim. Bem, se tu visses o brilhinho nos olhos deles, quando me deram a noticia! Eles estão mesmo felizes!

-Ainda bem, eles merecem.

-Bem e olha, acho que a Mónica teve uma mãozinha naquilo, acho que ajudou a Mariana.

-Oh, claro. Bem pelo menos começaram a dar-se logo bem, isso é bom. É a irmã do namorado dela, convinha que se dessem bem.

-Eles dão-se todos bem. Nós somos como que um acréscimo da família, não há como nos darmos mal.

-Pois é.

-Bem meu amor, desculpa se estou a estragar alguma coisa, mas é que, já estou a ficar com fome.

-Oh Rúben, só tu! – riu.

-Desculpa, mas estou mesmo. Saí de casa a correr, literalmente, e o dinheiro que eu tenho na carteira aqui é inútil.

-Vieste mesmo à pressa!

-Para vir atrás de ti larguei tudo.

-Vamos comer, então. Não quero aturar a tua má disposição por causa da fome!

-Agora nem a fome me põe mal disposto! – sorri.

Levantamo-nos e acabámos por partilhar um duche rápido antes de irmos comer.


Como correrá a partir de agora a relação destes dois?

sexta-feira, 15 de março de 2013

Capitulo 27 (parte I)



Olá! Aqui fica mais um capitulo, desta vez mais pequeno, mas espero que mesmo assim esteja do vosso agrado e que deixem os vossos comentários!

Beijinhos*

Mónica

(visão Rúben)

Rui Costa.

-Bom dia, Rúben! Tão cedo? O que é que se passou? – atendeu.

-Rui, eu preciso da tua ajuda, por favor! Arranja-me um jacto, um helicóptero, uma avioneta, o que tu quiseres, mas arranja-me qualquer coisa que me deixe em Londres o mais rápido possível!

-Ei, ei, calma! Uma avioneta, o que é isso, Rúben? – perguntou, rindo.

-É o desespero, ui! Preciso mesmo que me ajudes!

-Mas porque é que precisas de ir a Londres agora, assim tão rápido, com tanta urgência?

-Tenho de ir atrás daquilo que me faz feliz, da pessoa que faz o meu coração respirar!

-É uma paixoneta, Rúben?

-Não é uma paixoneta, Rui, é a mulher da minha vida!

-Bem…

-Vais ajudar-me?

-Sim, está bem, eu ajudo-te. Tenho o meu jacto privado perto do Estádio, vens cá ter?

-Sim, vou já para aí! – desliguei rapidamente e liguei o carro para acelerar em direção ao Estádio da Luz. Consegui lá chegar consideravelmente rápido. O Rui já estava à minha espera, por isso seguimos logo até junto do jacto que ele tinha falado.

-Bem Rúben, o Sr. Armando vai levar-te. Agora vê lá o que é que fazes.

-Sim, não te preocupes. E obrigado, a sério.

-Vá, vai lá!

-Dia 3 eu estou cá, está descansado!

-Está bem. Olha, e não levas mala nem nada?

-Achas que quero perder mais tempo?

-Pois, não. Vá, até daqui a dois dias!

-Obrigado, Rui!

-E, Rúben? Boa sorte!

-Obrigado! – sorri, entrando no jacto.

Chegar a Londres demorou muito mais na minha cabeça do que o tempo real. Estava tão desesperado por aterrar que minutos para mim pareciam anos. Quando finalmente aterramos, agradeci ao Sr. Armando e desatei num passo apressado, mas entretanto parei. A última vez que tinha aterrado em Londres sozinho, perdi-me. Desta vez tinha de saber o caminho, porque o David já cá não estava para me ir buscar se me perdesse. Sabia a morada delas de cor, mas não tinha dinheiro cambiado, por isso, o que me restava era comunicar com os transeuntes para conseguir lá chegar. Fui perguntando àquele e ao outro até que acabei por avistar a fachada da moradia. Pelas minhas contas, deveriam estar quase a chegar, por isso sentei-me no degrau da entrada, à espera. Realmente, ter tido a ideia de pegar no casaco mais quente que tivesse dentro do armário seria extremamente bom, visto que nem sequer tinha pensado nas temperaturas negativas que aqui se faziam sentir. Vestido apenas com umas calças de ganga, uma camisola de malha e um casaco desportivo por cima, podia dizer que estava a morrer de frio, porém, não me passava nem perto nem longe da mente a ideia de desistir. Para a palavras desistir tinha uma clara resposta: nunca. Entretanto um táxi parou lá à porta. Eram elas. Levantei-me automaticamente, apesar de sentir todos os meus músculos quase congelados. Elas apenas notaram a minha presença quando o táxi se foi embora e elas pegaram nas malas para entrar em casa. A Andreia petrificou, completamente surpreendida.

-Rúben?! – disse a Mónica, também ela surpreendida, mas com um leve sorriso no rosto.

-Eu não vou desistir até tu me dizeres que sim – disse, olhando diretamente para a Andreia, apesar da dificuldade em articular. Ela continuou apenas a olhar para mim.

-Meninos, vamos entrar porque calor é o que não está cá fora, e tu deves estar congelado, Rúben – disse a Mónica, abrindo a porta de casa. A Andreia entrou também com as suas malas e eu segui-a. A diferença de temperatura notava-se abismalmente, principalmente para quem tinha congelado lá fora e agora entrado num forno interior. Elas foram ao andar de cima deixar as malas mas depois apenas a Mónica desceu.

-Rúben, tens aqui este casaco do primo da Andreia, para aqueceres.

-Obrigado – aceitei o casaco. – A Andreia?

-Ela ficou lá em cima.

-Está outra vez a evitar-me?

-Está surpreendida. Não estávamos de todo à espera de ver-te aqui, agora, assim.

-Eu vim por ela.

-Eu sei, Rúben. E apesar de vocês estarem a sofrer, e eu não gosto nada de ver-vos assim, eu gosto de ver isto, porque isto é o amor verdadeiro em frente de toda a gente, são provas atrás de provas de que o amor verdadeiro existe.

-Podes crer que apesar de às vezes sair destas lutas cansado, não me ei-de cansar de travar todos os dias mais uma luta, ou mais que uma por dia, simplesmente não irei cansar-me de lutar por algo, por alguém que eu sei que vale a pena, que eu sei que quando ceder, porque a algum momento ela vai ceder, vai entregar todo o sentimento que tem guardado lá dentro.

-E sabes que eu estou do teu lado, eu não, todos nós, os teus amigos. Podes contar connosco.

-Eu sei disso. Se não fossem vocês, a esta hora, eu já tinha fraquejado muitas vezes. – Ela sorriu delicadamente, mas depois alcançou as escadas com o olhar. Olhei para lá também e vi a Andreia subir novamente as escadas.

-Vai atrás dela. Ela não vai resistir mais, tenho a certeza. – Olhei-a, esperançoso. – Vai. Eu vou sair. Boa sorte – sorriu.

-Obrigado, Mónica. A sério, obrigado.

Ela sorriu, e depois de pegar nas chaves de casa que estavam na mesinha da sala, saiu de casa.


Visão Andreia

Embarquei antes da Mónica para que ela e o Rodrigo se pudessem despedir em condições. Eu via que embora ainda não se tivessem separado já estavam cheios de saudades um do outro. Assim como eu, apesar de tentar não demonstrar, estava a morrer pelo Rúben. A festa da noite passada ecoava na minha mente. Todos os olhares, todos os toques, todas as palavras, ditas ou cantadas, todas as reações. Todos os sentimentos que se revoltaram dentro de mim a cada instante. A minha fragilidade tinha atingido o seu pico, a minha resistência estava prestes a quebrar-se. Se não tivesse fugido, teria cedido com certeza. Na viagem contei à Mónica a última conversa que tinha tido com o Rúben, constatando que por mais incrível que parecesse eu não tinha chegado a casa lavada em lágrimas, nem feita em nervos consumidores, fiquei tranquila demais, mas apenas porque fiquei esgotada. Sentia-me demasiado cansada para desatar a chorar por algo que eu também queria, mas em que insistia em recusar. Bem, mas de qualquer forma, este reconhecimento e aceitação e a possível baixa de guarda, abrindo assim os meus sentimentos, não valeriam de muito, pois eu e a Mónica já estávamos a mais de metade do caminho de regresso a Londres. A distância era muita, para além de que eu tinha a Faculdade e tão depressa não voltavam. A minha melhor amiga cedeu-me bastantes palavras encorajadoras e de apoio, e ao fim da conversa, impressionantemente, sentia-me menos pesada, sentia-me de certa forma mais aliviada e com menos dor até. Entretanto no táxi que nos conduzia até casa do meu primo Bruno e da Justine, que ainda se encontravam de férias na Polónia, a casa onde eu e a Mónica estávamos em Londres, a conversa já foi algo animada e distraí-me bastante. Mas ao chegarmos à porta de casa, eu simplesmente petrifiquei. O Rúben estava lá.

-Eu não vou desistir até tu me dizeres que sim – disse ele, olhando-me intensa e diretamente nos olhos. Não fui capaz de dizer nada, apenas de ficar a observá-lo. A Mónica acabou por abrir a porta e nós as duas subimos até ao quarto para deixar as malas.

-Vais ficar aqui ou desces? – perguntou-me a Mónica.

-Não sei, eu…

-Surpreendida, não é?

-Pois…

-Sabes porque é que ele veio, não sabes?

-Sei…

-Estás disposta a falar com ele novamente? Ou achas que não aguentas?

-Talvez…

-Está bem, então… Posso ir buscar um casaco do teu primo para lhe dar? É que ele deve estar congelado.

-Sim, vai.

-Está bem.

Ela saiu do quarto e eu sentei-me na minha cama. Não estava chateada, enervada, não sentia um remoinho dentro do meu peito. Sentia-me surpreendida. Surpreendida por ver o Rúben aqui. Mas surpreendida a sério. O meu peito exalava calma, aceitação e acima de tudo, umas tréguas que não tinham ainda final definido. Tréguas entre a minha teimosia e o meu coração. Tréguas com o Rúben. Tréguas com o amor. O amor da minha vida. Algum tempo depois bateram à porta. Era ele. A Mónica não bateria.

-Entra – autorizei. Ele entrou, fechou a porta e ficou à minha frente a alguns metros de distância.

-Andreia, eu sei que já te disse muitas coisas, muitas vezes, mas é o que eu sinto, é o que eu sei que tu também sentes, e isto dói, percebes? É que, eu já tentei, milhares de vezes, perceber o porquê de tu continuares a fugir, a negar, a rejeitar o que sentes. Agora, mais do que nunca, não temos entraves, tudo pende a nosso favor, e tu só precisas de dizer uma palavra, o resto são as consequências. Só tens de abrir o teu coração. Abri-lo para mim. Não é tão difícil quanto parece, e eu juro que não trará dor. O teu coração vai sentir-se melhor que nunca, vais sentir algo a brotar dentro de ti, algo maravilhoso que te vai fazer sorrir até te doerem as bochechas, vai fazer-te suspirar até ficares sem fôlego… Sabes, eu sinto tudo isso, mas grande parte nem te consigo explicar… Gostava que sentisses tudo isso também, mas comigo, que partilhássemos tudo isso um com o outro, que… sei lá! Andreia, por favor, só te peço uma oportunidade, uma oportunidade para ser feliz, para te fazer feliz, mas sobretudo para te mostrar, para te provar que amar é bom, quer seja ou não correspondido, porque de tudo o que vivemos tiramos experiências, tiramos lições, até dos amores sem correspondência, daqueles que julgam ser bem-amados mas não o são e daqueles que se correspondem e vivem o melhor do amor. E este caso é um deles. É um amor correspondido, um amor mutuo, um amor que vale a pena. Se me deres esta oportunidade vais ver que o arrependimento e o desgosto não baterão mais à tua porta.

E agora, irá a Andreia finalmente ceder, ou voltará a negar e recusar os seus sentimentos pelo Rúben?

 

terça-feira, 12 de março de 2013

Capitulo 26 (parte IV)



Olá! Aqui vos deixo mais um capitulo, espero que gostem e deixem os vossos comentários! E peço desculpa se ando a deixar alguém muito ansioso, nomeadamente a Mariana Mendes, ainda por cima grávida, mas, tem de ser assim para vos deixar ansiosas pelo próximo capítulo! :p

Beijinhos*

Mónica

(visão Mónica)

 -Lembraste do primeiro dia que estivemos juntos, quando tu e o Rúben me foram buscar a mim e à Andreia ao aeroporto?

-Lembro sim – sorriu.

-E, lembraste dessa noite?

-Claro qui lembro meu bem. Uma das melhores da minha vida – sorriu ainda mais. Um breve estremecer percorreu o seu corpo, e também a minha mente. Também essa tinha sido, definitivamente, uma das melhores noites da minha vida.

-Bem, nessa noite eu… - comecei, sendo cada vez mais consumida pelos nervos. Não olhei para ele.

-Hey, psiu, pode olhar pra mim? O qui quer qui você vá dizer não vai me deixar mal, com certeza – disse elevando o meu queixo para que eu olhasse para ele. Em seguida deu-me um beijo. Tal beijo pareceu transportar a confiança que me faltava. – Agora fala, olhando pra mim.

Ele estava certo, não ia magoá-lo com o que ia dizer-lhe. E o receio era algo completamente desnecessário. Não tinha o que recear. Amava-o e entregava-lhe todo o meu coração, assim como ele fazia comigo. Trocávamos amor por amor, e esse amor era verdadeiro, por isso as coisas seriam simples.

-Foi a minha primeira vez. – disse, finalmente. O seu olhar denotou toda a sua surpresa. – Tu foste o primeiro homem a quem me entreguei. E quero que sejas o único e último – terminei. Já conseguia olhá-lo. Após o seu beijo não receei mais Ele continuava surpreso, mas estava com um olhar terno e um leve sorriso começou a iluminar o seu rosto.

-Não tava esperando ouvir isso, até porqui, pra ser sincero, não pareceu nada. Você se entregou de uma forma qui…

-Com amor – denotei, seriamente, olhando-o.

-Com amor – concordou. – Eu tou me sentindo, nem sei, é uma sensação tão boa… Parece qui tou me sentindo meio qui honrado, ou uma coisa parecida…

-Não é todos os dias que se é o primeiro homem de uma mulher.

-E nem é por ser o primeiro homem de uma mulher, meu bem, é por eu ser o seu primeiro homem. É por ser você, meu amor. Eu ti amo demais, e ser o primeiro homem na sua vida me faz te amar ainda mais, me faz sentir ainda mais especial na sua vida.

-Podes ter a certeza que és mesmo muito importante na minha vida – assegurei.

-E você não sabe o quanto você é importante pra mim – sorriu. – E é muito bom ouvir tudo isso qui você me disse.

-Ainda bem – sorri.

-Mas, amor, posso só fazer uma pergunta pra você?

-Sim.

-Porqui é qui você decidiu contar isso pra mim agora, hoje?

-Eu já queria ter-te contado, só que depois perdia a coragem.

-Porquê?

-Sei lá, tinha vergonha ou assim.

-Ôh meu amor, você sabe qui não tem de ter vergonha de nada.

-Sim, eu sei. E também porque, vou embora amanhã…

- amanhã, por isso, vamo aproveitar o hoje, tá?

-Tá.

-E olha, eu ti prometo qui da próxima vez qui a gente fizer amor eu vou fazer tudo com mais calma, vou fazer tudo o qui eu conseguir pra fazer como se fosse da primeira vez. Cê sabe, vou fazer daqueles ambientes todos românticos, cheios de velas, e flores, e incensos, e vinho e todas as coisas qui as garotas imaginam. – Eu encostei a cara no seu peito a rir, ao que ele me acompanhou.

-Amor, eu não preciso desses ambientes nem dessas coisas. O ambiente perfeito já nós criamos. Eu só preciso de ti, da tua calma, da tua segurança e do teu amor.

-Isso eu ti dou a toda hora e vou ti dar sempre – certificou, fazendo-me deitar para se debruçar sobre mim.

-Ainda bem, porque é tudo o que eu quero agora – afirmei, pousando a minha mão na sua cara. Ele voltou a juntar os seus lábios aos meus e a sua calma voltou a invadir-me. A sua segurança absorveu-me conforme a intensidade dos beijos aumentava. O seu toque fazia-me tão bem. Compactava-me ao seu corpo e fazia-me sentir única, poderosa, desejada e capaz. Qualquer tipo de toque, desde que fosse seu. As suas mãos percorriam o meu corpo como o cetim a descer pela pele, leve e delicadamente, mas com um toque tão profundo que me arrancava arrepios. Senti também os seus traços o mais que pude, pois esta seria a última vez que o faria até voltar de férias a Portugal. Tentei memorizar todos os seus toques, todos os seus traços, recordar o som da sua voz, o seu cheiro tão atraente e confortante. Queria levar tudo isso para matar as saudades quando elas se fizessem mais sentir.


Visão Rodrigo

Acordei com ela nos meus braços. Apesar das baixas temperaturas eu não tava com frio. Tava tão quente qui aquecia ela também, por isso é qui ela devia tar dormindo tão aconchegada no meu peito.
Fiquei olhando ela, qui entretanto abriu os olhos, sorrindo pra mim em seguida.

-Bom dia, meu amor!

-Ótimo dia, meu bem! – sorri também, dando um beijo nela.

-Vou ter tantas saudades de dormir assim abraçada a ti! – reclamou, se abraçando mais a mim.

-Eu também, meu amor. Vou sentir muito a sua falta na minha cama.

-Só de pensar que daqui a pouco tempo vou estar longe de ti…

-É, vai custar muito esse tempo sem você. E por falar nisso – olhei prá mesa-de-cabeceira pra ver as horas - , tá na hora de a gente se levantar pra se arrumar. A gente ainda tem qui passar na sua casa e da Andreia pra pegar as suas coisas e pra pegar ela pra irmos pró aeroporto.

-Pois é! Oh meu Deus! Tenho de ir ver como é que ela está – se exaltou, se levantando de imediato da cama.

-Ei, calma melhor-amiga-super-preocupada! Eu sei qu você tá super preocupada, assim como eu também tou, mas quer dizer, o seu namorado ainda tá aqui, lembra? Você vai embora com a sua melhor amiga, mas o seu namorado fica aqui, viu? – reclamei, segurando a sua mão.

-Namorado ciumento, pelos vistos!

-Tou com ciúme sim! Eu quero aproveitar esses últimos momentinhos com você! Vou ficar muito tempo sem você, depois!

-Está bem, pronto… Então e que tal aproveitarmos e irmos tomar um banho rápido, agora?

-Acho boa ideia, vamo! – me levantei da cama e a gente seguiu pró banheiro do meu quarto.

Depois de nos termos arranjado, tomamos o café da manhã e ao sair de casa a Mónica ligou prá Andreia pra ela ter tempo de se arrumar até a gente chegar em casa delas. Quando lá chegamos a Andreia já tava terminando de trazer as malas dela prá sala.

-Oi! – cumprimentei, dando um beijo e um abraço nela.

-Olá – respondeu, com um pequinino sorriso, no entanto a voz dela se notava cansada.

-Como é que estás? – perguntou logo a Mónica, depois de dar um abraço nela

-Estou bem. – A Mónica olhou pra ela com um ar desconfiado.

-Depois nós conversamos melhor! – falou a minha namorada. A Andreia esboçou um sorriso de quem já tava adivinhando a compreensão e preocupação da melhor amiga. – Eu vou só lá acima buscar as minhas malas e já vamos embora – disse a Mónica, subindo as escadas.

-Bom, a gente pode começar colocando as suas malas no carro! – disse eu, pegando numa das malas. Pouco tempo depois as malas da Mónica também tavam no carro e eu dirigi até ao aeroporto de Lisboa. Ainda demoramos algum tempo pra chegar lá, mas depois elas foram fazer o check-in. O voo delas era dentro de meia hora. Ficamos conversando e eu fui roubando discretamente alguns beijos da minha namorada, mas tentei fazer com cuidado pra não deixar a Andreia nem de parte nem se sentindo mal. Mas o tempo passou correndo e de repente a gente já tinha qui se despedir.

-Vá, eu despeço-me já de ti para vocês depois se despedirem em condições! – sorriu a Andreia, vindo me dar um abraço.

-Fica bem, viu? E vai dando notícias! Se cuida – disse pra ela.

-Fica descansado que eu estou bem, e é claro que dou notícias! – sorru.

-Eu tou falando sério, Andreia.

-Eu também, cunhadinho, não te preocupes. Vá, agora eu vou andando. Não se demorem! – riu. Assim qui ela passou a porta de embarque eu me abracei à Mónica.

-Vou ter tantas saudades suas, meu amor! – suspirei.

-E eu tuas amor!

-Cuida dela, viu? – pedi.

-Óbvio que cuido! Mas, quer dizer, agora já queres saber.

-Oh, cê sabe qui eu me preocupo!

-Eu sei, estava a brincar.

-Ah bom – ri. – Me liga quando puder?

-Ligo. E tu vai dando notícias, por favor. Vou morrer de saudades! Até de ver os teus treinos vou ter saudades! – Eu ri.

-Vai vendo na internet as fotos. É melhor qui nada!

-Nem sempre metem, os treinos têm sido à porta fechada!

-Não se preocupa, eu peço à alguma das meninas pra tirarem e depois eu te mando.

-Está bem.

-Bom, você tem qui entrar, né? – Ela acenou. – Então me dá um beijo, daqueles bem gostosos, pra ver se eu consigo guardar pra depois ir matando as saudades!

-E tu capricha neste beijo também que vai ser o último, o de recordação até às próximas férias!

-Tá, então vamo caprichar os dois!

-Vamos.

Tava difícil de controlar o riso enquanto a gente se aproximava pra se beijar, tão difícil qui a gente chegou a metade da distância e se desfez rindo. Eu decidi não falar nada, e quando a gente acalmou eu segurei o rosto dela e a beijei. Tentei dar a minha alma nesse beijo assim como ela tentou dar a dela também, pois, como ela tinha dito, esse ia ser o nosso beijo de recordação até chegarem as próximas férias. Esse beijo, tão intenso quanto a saudade qui a gente já sentia, terminou com o ar rareando nos nossos pulmões.

-Eu ti amo muito. Não esquece isso, tá? Nunca.

-Eu sei, não vou esquecer. E eu também te amo muito.

-Eu sei disso, meu amor – respondi, roubando mais um rápido beijo dela.

-Vai passar rápido, está bem? Daqui a pouco tempo eu já cá estou outra vez.

-Desde qui eu oiça a sua voz todos os dias, vai passar um pouquinho mais rápido! – Ela riu.

-Tenho de entrar, meu amor.

-Tá, tem mesmo de ser. Se cuidem, viu?

-Podes ficar descansado – ela sorriu, já entrando na porta de embarque. Assim qui ela desapareceu eu me virei, suspirando.

E pronto, em tão pouco tempo tinha conquistado o amor da minha vida, vivido os melhores momentos do lado dela, e tão depressa assim ela tinha qui ir embora de novo. Ia ser difícil de passar os dias sem ela, vendo o seu sorriso, o brilho do seu olhar, o som quente e fantástico da sua voz, sentir o calor do corpo dela, na minha cama de manhã, à noite quando a gente deitava, ou até durante o dia, quando nos envolvíamos em enormes abraços. Ia sentir falta do gosto do seu beijo, da audácia e do carinho em qui os nossos lábios se envolviam… Ia sentir muito a falta dela. Respirei fundo e iniciei então o caminho pra sair do aeroporto e voltar pró meu carro.


Visão Rúben

Levei uma eternidade para conseguir adormecer.
 Andei às voltas na cama, sempre a pensar no mesmo. A Andreia. Aquela fuga, sem uma última contestação como era normal não me saia da cabeça. Ela não disse mais que não, não disse para eu parar, não disse que eram mais mentiras, simplesmente fugiu. E ninguém me tirava da cabeça que ela fugiu para não ceder, para não dizer que também sentia o mesmo por mim. Durante grande parte da noite pensei sobre tudo isso. Sobre tudo. Sobre a nossa história que já tinha começado a ser escrita, mesmo sem já estarmos juntos, até porque as histórias de amor não começam só quando os casais já estão juntos, iniciam-se sim desde o primeiro momento em que um dos corações começa a bater mais forte pelo outro. E o meu coração, neste momento, já quase que saia do meu peito, por sentir algo tão forte e profundo quanto o que eu sentia por ela. E por isso mesmo, por toda a história já escrita, todo o amor que sentia e que estava ciente que ela também sentia, por toda a luta e todo o afinco que dediquei a esta mulher, eu não ia desistir. Não ia desistir até conseguir alcançar o meu objetivo, até conseguir alcançar a felicidade ao lado daquela mulher. Sabia que o voo delas era às nove e que o Rodrigo ia levá-las ao aeroporto, por isso, dormindo pouco ou muito, ou até nem dormindo, na manhã seguinte, às nove horas, eu estaria lá, e voltaria a insistir no nosso sentimento, que por enquanto era por ela renegado, e continuaria a declarar o meu amor, continuaria a lutar contra tudo que ela colocava como obstáculo.

Acordei sobressaltado. Tinha adormecido precisamente há três horas. E estava atrasado. Faltava meia hora para as nove da manhã. Não podia chegar tarde. Não podia. Saltei da cama e vesti as primeiras peças de roupa que apanhei, dei um jeito rápido ao cabelo e depois de me calçar e pegar no meu telemóvel, na carteira e nas chaves de casa e do carro, enfiei-me dentro do carro e acelerei o máximo permitido para tentar combater o tempo e chegar a horas ao destino desejado. Assim que lá cheguei, corri até ao quadro que apontava as partidas e aterragens, à procura da porta de embarque em que elas estariam e voltei a correr até lá. Vi o Rodrigo a regressar e parei meio atrapalhado.

-A Andreia? – perguntei rapidamente.

-O voo partiu há cinco minutos, Rúben.

-Não acredito! – reclamei, completamente irado.

-Cê vinha se despedir?

-Mais que isso, Rodrigo. Eu vinha atrás da mulher da minha vida! Mas cheguei tarde…

-Nunca é tarde.

-O que é que queres dizer com isso? – perguntei, confuso.

-A gente só tem qui se apresentar dia 3, por isso, arranja uma maneira e vai atrás dela!

-Como é que eu vou fazer isso…? – Num ápice, alguma coisa ocorreu na minha mente. – Já sei! Obrigado, Rodrigo! – Comecei a correr novamente.

-Rúben! – gritou. Parei e virei-me para trás. – Boa sorte! – sorriu.

-Obrigado! – sorri de volta, retomando a corrida em seguida. Cheguei ao meu carro e tirei o telemóvel do porta-luvas. Procurei o número nos contactos e premi para chamar.

Para quem irá ligar o Rúben? E qual será a sua ideia?

quinta-feira, 7 de março de 2013

Capitulo 26 (parte III)


Olá!
Bem, ontem esperava conseguir publicar mais um capitulo, mas não consegui vir ao computador :s Era suposto ser um capitulo especial, porque queria ''comemorar'' o aniversário do Rodrigo, mas pronto, não consegui. De qualquer das formas, está aqui! E pronto, parabéns ao Rodrigo! :D
Beijinhos*
Mónica

Visão Rúben

Quando cheguei lá fora deparei-me com a Andreia a um canto, a tentar controlar a respiração. Decidi aparecer atrás dela, devagar.

-Andreia – chamei. Ela assustou-se, mas virou-se para mim.

-O que é vieste aqui fazer, Rúben?

-O que é que achas? Claro que vim atrás de ti.

-Não percebo porquê.

-Não Andreia, tu percebes, percebes muito bem, até porque me tens estado sempre a dar para trás. – Olhei-a e esperei para ver se ela dizia alguma coisa, mas não disse. – Por exemplo, o teu solo foi uma resposta ao meu solo. Foi mais uma rejeição a mais uma das minhas declarações, a mais uma das minhas tentativas de te mostrar o quanto te amo, de…

-Para, Rúben! – disse ela, bruscamente.

-Ai agora é que não paro! Não paro e não paro mesmo! Durante toda a noite tentei fazer-te ver que estás a lutar contra nada, apenas contigo mesma, estás a dar a mão à tua teimosia descabida. Estás a fugir de uma coisa que, se deixares, só te vai trazer momentos felizes!

-Rúben…

-Eu amo-te, Andreia! Porra! É assim tão complicado? Não é! É fácil, simples e só não é barato porque simplesmente não tem preço, percebes? Eu amo-te, ok? Tu sabes, toda a gente sabe! E nós estamos livres, não há nada nem ninguém no meio de nós! Até a Inês já percebeu, ok? A Inês saiu do nosso caminho! A Inês percebeu que eu te amo mais que tudo, que te amo demais para te fazer sofrer. Sofrer, que é aquilo que tu tens medo. – Ela baixou o olhar. – Vá lá Andreia, eu sei que também me amas, e assim tão difícil admiti-lo tu, aqui e agora? Eu sei que precisas de mim, e eu também preciso de ti…

-Rúben, eu nunca te disse que te amo, nem nada parecido. Para de sonhar, ok? Já chega de insistires numa coisa que só tu acreditas, uma coisa que só tu queres e uma coisa que só tu dizes que é verdade. Deixa-me ir, Rúben. (Soulplay – Deixa-me ir – LINK) Deixa de inventar, deixa de me perseguir com essa ideia parva…

-Tu disseste que me amas! – disse-lhe, elevando um pouco mais a voz.

-Não, não disse! – protestou.

-Disseste. No dia em que ficaste doente, quando eu fiquei a tomar conta de ti, tu deliraste. Sabes o que é que disseste? Para eu não me ir embora, que precisavas de mim e que me amavas. O teu inconsciente conseguiu dizer-me isso mais rápido que tu própria. Ele tem menos medo do que tu. Ele quer permitir-te ser feliz, mas mesmo assim tu não pareces querer. Fogo, sou eu Andreia. Antes do amor surge a amizade. Antes de te começar a amar desta forma, amava-te como amiga, como a minha melhor amiga. – Fiz uma breve pausa. – O que é que mudou? Já não confias em mim? Confias em mim para ser o teu melhor amigo mas não confias para irmos mais além, para conciliar a nossa amizade com o amor que foi crescendo no nosso interior um pelo outro? Fogo Andreia, o que é que mudou? – Já estava a ficar desesperado. Estava a ficar sem energias. Amava-la demais, mas a resistência dela tirava-me forças. Fiquei a olhá-la, à espera que ela me desse uma resposta. Provavelmente seria uma resposta torta. Mas ao invés disso, ela olhou-me e de repente disparou numa correria. Queria ir atrás dela, e ainda gritei por ele, mas não valia a pena. Ela não ia querer ouvir-me, de certeza. Provavelmente só lhe apetecia bater-me, agora… Depois de uns minutos em absoluto silêncio, apenas concentrado a olhar na direção em que ela tinha corrido, com esperança de vê-la correr de volta para junto de mim, tive mesmo de voltar para dentro. Não estava minimamente com vontade de voltar para a festa, ainda por cima ela já lá não estando… Assim que me juntei ao nosso grupo, que conversava animadamente, todos repararam que eu não estava bem, para além de ter regressado sozinho.

-Então manz… - disse o David, colocando um braço sobre os meus ombros.

-Então que eu não consigo, David. Ela… - não consegui controlar e comecei a chorar, mesmo ali no meio.
 
 O David abraçou-me.

-Calma, Rúben. Eu sei qui é difícil, ela é muito difícil, mas calma manz. A gente tá aqui com você, a gente tá aqui pra ti apoiar, a gente não vai deixar você cair.

-Obrigado. Obrigado a todos, a sério. Se não fossem vocês, eu…

-Rúben, não tem qui agradecer – respondeu o Rodrigo. – Os amigos são pra isso mesmo. Bom, mas olha, agora pra você ver se se anima, o seu irmão e a minha irmã têm uma coisa pra falar pra você.

-Ai é? – perguntei, limpando as lágrimas e esboçando um mínimo sorriso. – Então digam lá.

-Eu e a Mariana namoramos – disse o meu irmão.

-Parabéns! Parabéns mano! Parabéns Mariana! A sério, parabéns! – felicitei, realmente feliz por eles, abraçando-os em seguida. Eles sorriram genuinamente, abraçando-se. A esta hora, se não fosse a teimosia de uma certa pessoa, também eu podia estar assim, genuinamente feliz.


Visão Andreia

Fiquei simplesmente em choque. Eu tinha dito ao Rúben que o amo. O meu inconsciente traiu-me. Simplesmente traiu-me. Não tinha que ter dito nada. Tanto tempo, tanto trabalho, tanto sofrimento para esconder isso do Rúben, e depois, num momento de fraqueza, de doença, de delírio, o meu inconsciente resolveu deitar tudo isso abaixo. Ele sabia. Ele sempre soubera, mas agora, mesmo que de forma inconsciente, eu lhe havia dito, ele tinha ainda mais certeza. Mas eu não conseguia. Eu não conseguia. Agora, consciente dos meus atos e das minhas palavras, frente a frente com o homem que amo, não conseguia dizer-lho. Não conseguia dizer-lhe um amo-te. E nada tinha mudado. Ele amava-me e eu amava-o. Não, afinal algo tinha mudado. Eu amava-o cada vez mais. Todas a tentativas dele, todas as declarações que ele me fazia, todos os ‘’sermões’’ que ele me dava em que me dizia vezes e vezes sem conta que me amava, e nos quais ele me pedia que eu cedesse ao meu sentimento por ele… Toda essa luta incessante da sua parte me faziam amá-lo ainda mais. Mas eu recuava, eu fugia sempre, tal como desta vez, que desatei a correr, a fugir dele, a afastar o meu coração dele para não ceder. Mas já estava cansada. Muito cansada.


Visão Mónica

Quando vi o Rúben chegar junto de nós, com uma cara péssima e sozinho, percebi que tinha corrido muito mal. Ele chorou e tudo, o que significava que ele a amava verdadeiramente, contudo já todos nós o sabíamos, mesmo sem ele ter chorado. O David tentou animá-lo, e ele até nos mostrou um sorriso após o Mauro e a Mariana lhe terem dito que namoravam, e depois acabou por abstrair-se um pouco do assunto e divertir-se um pouco mais connosco. Avisei o Rodrigo que ia à casa-de-banho e aproveitei para ligar à Andreia. Tinha ficado preocupada com ela também.

-Estou – atendeu, com uma voz cansada.

-Andreia. Onde é que estás?

-Eu vim para casa, não te preocupes. A conversa com o Rúben não correu muito bem, mas desta vez não fiz nada sem pensar. Eu vim para casa e estou bem.

-Bem é coisa que tu não estás, Andy.

-Não te preocupes comigo. Preocupa-te contigo e com o Rodrigo. Divirtam-se.

-É impossível não me preocupar contigo, és a minha melhor amiga. Eeu detesto ver-te assim, já sabes.

-Eu sei, eu sei, mas a sério, não te preocupes. Eu agora só preciso de ficar sozinha, a pensar, a descansar um bocadinho.

-Tens a certeza?

-Sim, tenho. E olha, tu nem te atrevas a vir para casa, percebes? Vai com o Rodrigo e aproveitem a tua última noite cá.

-Está bem, já percebi. – sorri ligeiramente. Ela era demais. Mesmo estando mal como estava preocupava-se primeiro com os outros. – Olha, só mais uma coisa – disse eu, olhando para o relógio, constatando que era precisamente meia-noite, o ponto de viragem para o ano seguinte.

-Feliz Ano Novo! – dissemos as duas unissonamente, sorrindo.

-Obrigada melhor amiga. Obrigada por estares sempre ao meu lado – agradeceu-me.

-Sabes que não tens nada que gradecer. Adoro-te.

-Eu também te adoro – respondeu com um ténue som mais alegrado, proporcionado pelo leve sorriso que devia percorrer os seus lábios neste preciso momento.

-Bem, eu vou voltar para junto deles.

-Sim, vai lá. E deseja-lhes um Feliz Ano Novo por mim também.

-Claro que sim.

-Vá, beijinhos.

-Beijinhos. Ah, e se precisares de alguma coisa, liga-me. Por qualquer coisa.

-Não vai ser preciso, mas está bem. E olha, vê se amanhã não se atrasam porque temos um avião para apanhar bem cedo.

-Eu sei. Então até amanhã.

-Até amanhã.

Desliguei e voltei para junto do nosso grupo.

-Demorou, viu – comentou o Rodrigo, segurando uma das minhas mãos.

-Desculpa. – Ao invés de me responder ele deu-me um beijo.

-Feliz Ano Novo! – dissemos um ao outro, selando a felicitação com um beijo. Em seguida distribuímos os mesmos votos pelo nosso grupo, que nos fizeram o mesmo, e fizemos o mesmo também com outros convidados. Depois acabámos por ir para um canto mais recatado.

-Tenho saudade de você, meu amor… - sussurrou-me, após se abraçar a mim.

-Eu também tenho saudades tuas, amor. Mas não te preocupes, hoje vou dormir a tua casa, como amanhã eu e a Andy voltamos para Londres e tu vais connosco até ao aeroporto…

-Você ainda nem foi embora e eu já tou morrendo de saudades…

-Pois, mas vá, não vamos pensar nisso agora. Vamos aproveitar que a noite ainda não acabou. – Ele ia dizer alguma coisa, mas os nossos DJ’s voltaram a interromper a música para terem novamente a palavra, após terem gritado, desejando uma boa passagem ao ano seguinte.

-Bem,  e agora, nós preparámos uma surpresa para todos! – anunciou o Witsel, no seu português ainda arranhado.

-Sí amigos! Hemos preparado una sorpresa y todos deben participar, incluso en los dos!-O que é que será? – ouvi o Mauro perguntar.

-Bueno, lo que estábamos preparados ... - voltou o Javi a falar, fazendo suspense. - 
Vamos todos a bailar y cantar una canción! Y la coreografía es original! – A curiosidade aumentou ainda mais.
-E a música é a ‘’Tchu tcha tcha’’ de João Lucas & Marcelo! – anunciou o Witsel. Houve uma onda de exclamações, risos e assobios.

-Ah, olha para mim a dançar! – exclamei ironicamente.

-Tá com medo de pisar alguém, é? – gracejou o Rodrigo.

-Podes crer que sim! Eu não sou muito boa a dançar, ainda por cima uma música brasileira.

-Tem alguma coisa contra o Brasil ou os brasileiros? – picou.

-Óbvio que não! Até porque eu tenho comigo o brasileiro mais bonito e mais querido que eu já conheci! – respondi, soltando-me do seu abraço.

-Qui bom ouvir isso! – sorriu.

Fomos novamente para junto do nosso grupo e tivemos de começar a coreografia, pois a música começou.

-Oh pá, isto vai correr tão mal! – queixei-me, começando a enganar-me nos passos. O Rodrigo deu uma gargalhada e parou de dançar, indo até junto de mim.

-Vem aqui qui eu ti ajudo! – disse, colocando-se ao meu lado. Tivemos várias tentativas, mas todas correram mal. Desatámos a rir e fizemos uma breve pausa nas tais tentativas.

-Oh meu Deus, isto está a correr tão mal! – ri.

-Vamo tentar de novo, vai, vem aqui! – incentivou, colocando-se atrás de mim, pousando as suas mãos na minha cintura, iniciando os passos comigo. E a partir daí, resultou. Dancei, ou melhor, dançámos até a música acabar. Antes disso ainda tive tempo de dar uma olhadela ao nosso redior. Todos dançavam. Uns melhor que outros, mas todos o faziam, e principalmente, todos se riam. Foi bom, olhar e ver todo aquele salão repleto de pessoas a dançar no mesmo ritmo – quer dizer, com certeza nem todas - , todos num puro momento de diversão, onde o que se ouviam mais eram gargalhadas que eram capazes até de abafar a música. Gargalhadas de todos os tipo, todas diferentes umas das outras, mas todas gargalhadas puras.

-Então, foi assim tão difícil dançar? – perguntou-me o Rodrigo.

-No principio até foi, mas depois aqui com o meu lindo namorado a ajudar-me, as coisas ficaram mais fáceis. E olha, não sabia que tu te mexias tão bem, oh!

-Não sabia ficou sabendo! Se você quiser eu posso ensinar algumas coisas pra você. Se você souber você até qui se mexe bem também, viu.

-Hm, acho que vou considerar a tua proposta sobre as tais aulas. Acho que mesmo que eu não aprenda nada de jeito, vai valer a pena ver-te mexer meu bem…

-Ah, cê sabe muito! Cê vai querer ficar só me olhando, né sua safadinha?

-Pois, talvez… - sorri, provocadoramente. – Não ias gostar se fosse o contrário?

-Hm, ia sim…

-Ah pois, então pronto! – Ele deu uma gargalhada.

A festa continuou, sempre muito animada, mas pouco mais de uma hora depois chegou mesmo ao fim. Os convidados foram embora aos poucos, demonstrando sempre o agrado com que de lá saiam, até que apenas ficou o nosso grupo.

-Bom gente, eu e a Sara vamos indo – disse o David, começando a despedir-se dos outros, assim como a Sara. – Mónica, boa viagem pra você e prá Andreia, e manda um beijo pra ela, por favor.

-Sim, claro, eu mando.

-Bem, e eu e a Mariana também vamos – anunciou o Mauro. – Queres que te leve a casa, mano?

-Não, deixa estar, eu vou bem sozinho.

-Tem certeza, Rúben? – preocupou-se o Rodrigo.

-Sim. A sério, eu já estou calmo, está tudo bem.

-Está bem, então pronto, nós vamos andando – disse o Mauro.

-Mas espera! – disse a Mariana. – Eu quero me despedir de você – disse-me ela, dando-me um abraço. – Vou ter saudades suas, cunhadinha – sorriu-me.

-Eu também vou ter saudades tuas, Mariana – sorri.

-E obrigada por tudo, obrigada por ter me ajudado.

-Oh, não tens nada que agradecer. Sabes que podes falar comigo sempre que precisares – disponibilizei.

-Obrigada – sorriu.

O Mauro também se despediu de todos, mas saiu um bocadinho envergonhado, porque o Rodrigo avisou-o para ‘’não se esticar’’ com a Mariana. O Rúben saiu ao mesmo tempo que nós, e quando chegou a casa, estávamos nós quase em casa do Rodrigo, enviou-nos uma mensagem, como tínhamos pedido que fizesse, para ficarmos maios descansados.

-Finalmente! Doem-me os pés! – reclamei, tirando os sapatos e sentando-me no sofá.

-Iihh, levanta daí, vai! Vamo subir já pra não ficar enrolando no sofá e pegar no sono aí, vem! – pediu, estendendo-me a mão. Agarrei-a e peguei nos sapatos, levantando-me em seguida.

Quando chegámos ao quarto deixei os sapatos no chão e deitei-me em cima da cama, fechando os olhos, no entanto, voltei a abri-lo assim que senti o Rodrigo deitar-se junto de mim. Fiquei a observá-lo, enquanto sorria levemente, de olhos fechados. A sua beleza natural estonteava-me. O seu olhar meigo, o seu sorriso doce, a sua personalidade extraordinária… Sentia que finalmente encontrara alguém perfeito para mim, alguém que me completava, que me realizava, alguém que me amava.
 
Desci o olhos pelo seu corpo. Sobressaiu o seu peito musculado, que era visível através da sua camisa meio aberta. Em seguida, o seu tronco esculpido por elegantes e deliciosos abdominais, que eu tã bem conhecia, mesmo sem estarem a descoberto. As suas mãos, que estavam pousadas na barriga, tão elegantes e cuidadosas, olhando-se assim. Mas eram mais do que isso. Eram mãos conhecedoras de traços que ninguém para além dele, alguma vez tocaram. Mão delicadas, sonhadoras. E as suas pernas, musculadas e atléticas, que causavam arrepios por senti-las tão perto de mim, ou por senti-las tão bem quando me sentava no seu colo.  Pós a examinação e apreciação mais que positiva de cada traço do meu menino, voltei a erguer o olhar, que acabou por se encontrar com o dele. Estava curioso e divertido ao mesmo tempo.

-Qu’qui cê tava fazendo, hein? – sorriu.

-A apreciar-te, a ver o quão bonito és e a pensar que tenho muita sorte por ser eu aqui ao teu lado, agora.

-Pr’além da sorte qui você tem, e ainda melhor qui isso, você tem o meu coração, você tem todo o meu amor – sorriu, dando-me um pequeno beijo. – Ti amo – sorriu, falando tão perto do meu rosto quanto podia. Deu-me um novo beijo e voltou a deitar-se ao meu lado.

-Rodrigo – chamei.

-Fala amor.

Havia um assunto que eu já há algum tempo queria falar com ele. Não era um assunto relevante, mas, de certa forma, achava que tinha de falar com ele sobre esse assunto.

-Eu quero dizer-te uma coisa.

-Pode dizer, meu bem – respondeu, virando-se para mim, apoiando-se com o braço direito na cama, de modo a ficar um pouco elevado. Hesitei. Estava um pouco nervosa. Respirei fundo e comecei.

Será desta que o Rúben desiste? Ou nem assim ele deixará de insistir? E o que será que a Mónica tem para dizer ao Rodrigo?