domingo, 8 de maio de 2016

Capitulo 36 (parte III)

Olá meninas!
Estou tão contente por vos trazer um capitulo mais cedo do que é habitual! Não sei se para vocês está grande o suficiente, se está conforme as vossas expectativas, mas de qualquer forma, espero que gostem! E algo que eu gostava muito era as vossas palavras lindas em comentários! Por favor? Boa leitura!

Besitos

Visão Mónica

Acordei bem-disposta. Aliás, pareceu-me que mais bem-disposta do que o já habitual. Acordei com beijos e miminhos e respondi logo com um resplandescente sorriso, o que normalmente até demorava uns minutinhos até despertar melhor. Tudo porque continuava com a mesma empolgação acerca da surpresa, do dia anterior. Esperava não ter sonhado também com isso, caso contrário corria o risco de ter falado durante a noite e o Rodrigo ter percebido. Após um banho revitalizante da dormência do corpo acabado de acordar, vesti-me e arranjei-me, descendo com o Rodrigo até à cozinha.

-Amor, hoje vou tirar a folga para estar com as meninas! - informei-o, baixando-me para cumprimentar o Donni, que já se lançava à nossa volta com pulinhos.
-Por isso que você se vestiu bem assim! - comentou ele, com um breve sorriso.
-Acha ruim? - perguntou a Mariana, que já estava a terminar de colocar as coisas na mesa para o pequeno-almoço. - Bom dia, flor! - sorriu-me e deu-me um beijo na cara,o que retribui.
-Depende. O que eu tou achando ruim é você chamar flor à minha namorada e dar um beijo nela e eu não ter direito a nada! - desdenhou o Rodrigo, porém com um sorriso.
-E você achou mesmo que eu ia fazer uma coisa assim? - riu a Mariana, lançando-se num abraço ao irmão, que a presenteou também com um beijo terno na testa.
-Preparou isso tudo sozinha? - perguntou ele, constatando que a mesa de pequeno-almoço estava bem abastada.



-Sim!
-Eu sou como o meu irmão, como tu já bem sabes, gosto de comer! - ouvimos o Mauro surgir na cozinha, chegando depois junto de nós e sentando-se connosco à mesa.
-Pois foi, esqueci que ele dormiu cá! - disse o Rodrigo. - Mas, Mauro, tem cuidado porque se você não toma cuidado, em vez de você trabalhar vendendo carros, vai acabar sendo confundido com uma das rodas de um deles! - gracejou.
-Estás a ver? Estás a ver Mariana, vês como é que o teu irmão me trata? Isto de passar muito tempo com o meu irmão só faz disto! - fez-se de vitima, levando-nos a todos a rir.
-Pronto, agora que você já ficou ciente dos riscos que você corre comendo que nem um bisonte, podemos começar comendo! - atirou por cima a Mariana.
-Até tu?! Meu Deus, estou feito! - riu o Mauro connosco, antes de finalmente iniciarmos a primeira refeição do dia.

Reunimo-nos com a Filipa e o Rúben na casa dela, logo após o pequeno-almoço. O Rúben estava com uma cara de sono muito cómica, à qual se juntavam as indispensáveis piadas à Rúben, que com sono ou não, estavam sempre presentes. Mesmo sendo de manhã conseguimos arrancar algumas fotos entre nós!


                                                      (Mónica e Mariana)


                                                     (Filipa e Mónica)


                                                 (Rúben, Mariana e Mónica)

Bem, e as minhas ideias não eram muito complexas, só iriam dar-nos mais trabalho porque eramos nós que íamos realmente organizar tudo, desde decoração a catering, porque com a concordância de todos chegamos ao consenso de que a minha ideia original se concretizaria, a festa seria lá em casa. Distribuímos tarefas entre nós e algumas tarefas minimalistas foram transmitidas a comparsas da surpresa, nomeadamente a mão dos meninos Amorim. O Rúben, como de costume, serviria de bobo da corte e estava encarregado de no dia anterior logo a seguir ao treino e na manhã seguinte manter o Rodrigo o mais longe possível lá de casa. Tinha visualizado uma decoração simples, um ambiente acolhedor no geral. Optara por decorar toda a casa e o pequeno jardim de entrada com flores brancas,nomeadamente orquídeas e lírios, que simbolizavam a minha lealdade para com o Rodrigo, assim como seria de esperar da parte de todos os convidados, que seriam portanto todos aqueles realmente chegados ao meu namorado, juntamente com adornos outras diversas flores, de diversas cores, todas colocadas com o devido intuito do simbolismo perante aqueles que lá estariam e a sua ligação, a sua relação para com o Rodrigo, como o amor, a amizade, a confiança e a própria alegria, quer da própria personalidade maravilhosa do meu namorado, quer do próprio sentimento de satisfação perante a companhia de todos, perante o momento de felicidade. Pensando também no entardecer e no cair da noite pensara em delinear o caminho de acesso a casa de tochas, e dentro de casa combinações de velas em sacos de papel, própria para uso externo, pensando já na tentativa de vento com intenções de estragar a festa. A Mariana voluntariou-se para a cozinha, dado ser a irmã e ter conhecimentos mais aprofundados das possíveis esquisitices dele, e também porque como brasileira que era sabia as saudades que iam acumulando da comida da mamãe, e nada melhor que a irmã para tentar afrouxar um pouco a saudade, trazendo à mesa a comida do pais deles.
Após umas poucas horas na conversa sobre o assunto, deu-se a hora de almoço, e como nós, as meninas, já havíamos combinado, resguardamos o dia só para estar umas com as outras, pelo que o Rúben saiu ao mesmo tempo que nós, mas no seu carro e em direção à minha casa, para almoçar lá em casa com o Rodrigo, fazendo-se de convidado, como tantas outras vezes, mas que era sempre bem vindo. Nós aproveitamos o dia de sol que aparecera, trazendo consigo uma temperatura um pouco mais elevada do que nos dias anteriores. E assim que entramos no carro da Filipa, as selfies tomaram-nos pelo menos os primeiros 2/3 minutos dentro do carro.


                                                         (Filipa e Mariana)


                                                          (Filipa e Mónica)

Não resistimos, com aquele solinho bom, a boa-disposição reinava mais ainda, e convidava precisamente a um almoço entre amigas, junto do mar.



Escolhemos o Restaurante "O Faroleiro", na linha de Cascais, que era absolutamente o que pretendíamos, melhorando ainda quando pudemos escolher a nossa mesa e houve a oportunidade de nos sentarmos numa mesa linda com uma espetacular vista para o Cabo da Roca.





-Oh Mariana, fiquei curiosa sobre as circunstâncias em que o Mauro te ofereceu essa coisa linda que tens no dedo! Não queres contar-nos? - perguntou a Filipa, já no fim da refeição, tentando amenizar a nossa curiosidade.
-Tem certeza que quer saber? - perguntou a Mariana, fazendo um olhar arisco.
-Podes, aliás, deves tirar as partes mais intimas e constrangedoras para nós de ouvir! - apelei logo. - Ficamo-nos pelo básico!
-Tá! - riu ela. - A gente foi acampar e já era de noite quando a gente foi dar uma volta, então a gente parou num sitio com uma vista linda, ele começou falando o quando gostava de mim e o quanto ele entendia o Rúben agora e todas as coisas que ele já fez por gostar de alguém e ai ele me pediu pra fechar os olhos e quando abri ele tinha as alianças estendidas pra mim!
-Aii, que lindo! - derreti, e não tinha pormenores alguns no relato, fará se tivesse!
-Mesmo querido! - comentou a Filipa também. - E mais?
-Mais... Bom, depois de colocarmos as alianças eu beijei ele e depois a gente desceu de novo pró acampamento, e mais eu não conto! - riu a Mariana.
-Pronto, pronto, podes parar por ai, meu amor, pormenores não obrigada!
-Eu não contava nem que vocês pedissem, cunhadinha!
-Mas a sério, Mari, não queremos saber! Saber que foi querido desse jeito já chega! - reforçou a Fii.
-Foi lindo sim! - disse a Mariana, com um sorriso de orelha a orelha. Era tão bom ver-nos assim, todas felizes, apaixonadas, e principalmente, pelas pessoas certas.
-Bem meninas, vamos pedir a conta e passear um bocadinho? - sugeri.
-Claro que sim! - entusiasmou-se a minha melhor amiga, colocando logo a mão no ar para chamar o empregado.

Visão Filipa

De tão divertido que estava a ser o dia, nem dei por ele passar! A tarde com as meninas soube muito bem, revitalizou baterias! Estar com o meu namorado era maravilhoso, mas estar com amigas também nos faz um bem incrível, e tirarmos este tempinho para nós foi mesmo bom!
Por volta das 19h, depois de termos comido alguma coisa lá em casa, seguimos para a nossa Catedral, ver os nossos meninos jogar! Chegamos aos camarotes e cumprimentamos as outras namoradas/mulheres dos colegas de equipa dos nossos respetivos e sentamo-nos nos nossos lugares, enquanto a conversa infindável entre nós se estendia até o inicio do jogo. Como tanto queríamos e esperavamos ganhamos, com um golo do Nico e outro do Lima!
-Bem meninos e meninas, vão-me desculpar, mas agora chegou a hora de levar a minha menina para fora daqui! - disse o Rúben para o nosso grupo, abraçando-me, quando estavamos prestes a separar-nos cada um para os seus carros.
-Já? Isso é que é pressa! - comentou o Mauro, que foi ter connosco um pouco antes do inicio do jogo e nos acompanhou às tumultuosas reações durante o mesmo.
-Pressa sim! Já estive demasiado tempo longe dela hoje, e acho que mereço, depois do jogo!
-Você nem marcou golo nenhum! - gozou o Rodrigo.
-E tu marcaste, oh seu brazuca de meia tigela?
-Mas eu não preciso de marcar golo algum pra receber todos os mimos que eu quiser!
-Convencido! - reclamou de novo o Rúben.
-Ai amor, assim também estás a ser um bocadinho convencido! - juntou a Mónica.
-Vês? Até a tua namorada, convencido de primeira! - tornou o Rúben a meter-se com o Rodrigo.
-Vá meninos, vá! - apelei. - Nós vamos embora! Até porque para além das razões do senhor meu namorado, eu estou ansiosa para conhecer o hotel!
-Não te vais arrepender, é fantástico! - sorriu-me a minha melhor amiga.
-Eish, tinhas de me lembrar que vou dormir na mesma cama que tu e ele, pequenina? - mais uma vez o meu namorado apelou ao gozo, o que nos levou às gargalhadas. Após umas despedidas sorridentes, eu e o Rúben seguimos para o seu carro, o meu ficaria onde o estacionara para amanhã ter como voltar para casa, e seguimos então com destino ao hotel onde íamos passar aquela noite que nos tinham dado de presente.
-Sabes o que é que eu descobri? - perguntei ao meu namorado, depois de termos já entrado na nossa suite. E bem, que suite, o Rodrigo pensava grande quando se referia à minha melhor amiga!
-O quê, princesa? - quis saber, deslocando-se até bem perto de mim com um sorriso lindo.
-Que existe um spa aqui!
-Hmm, muito bem, então e tu estavas a pensar...
-Estava a pensar exatamente irmos experimentar!
-Sabes que descobres coisas muito interessantes? Adorei a descoberta, e vai saber-me super bem, depois do jogo de hoje!
-Então vamos lá?
-Vamos agora! - respondeu, puxando-me pela mão.
-Ai Rú, isto é tão lindo! - comentei quando lá chegamos, já prontos para recebermos os tratamentos maravilhosos dos profissionais daquela área.



-É mesmo princesa! Vamos aproveitar esta beleza?
-Vamos! - acedi, dirigindo-me para a marquesa à minha frente, e ficando ali por quase duas horas, a desfazer-me de todo o stress, toda a pressão, só a sentir o meu corpo quase desaparecer dos meu sentidos sensoriais... E além de toda este tratamento maravilhoso, tivemos direito a ficar numa sala de relaxamento também ela simples mas acolhedora, e com uma vista noturna linda.



Visão Mónica

O jogo da noite anterior tinha-nos trazido mais alegria à noite e como tal chegamos a casa todos feitos uns loucos! O Mauro acabou por passar lá a noite novamente, coisa que o Rodrigo espicaçou, numa tentativa engraçada de se meter com o Mauro e com a Mariana, tentativa essa que se prolongou por uns cinco minutos, até os dois subirem para o andar de cima.
-Ai amor, és tão mau para ele! - ri, abarcando o seu pescoço com os meus braços.
-Eu não sou nada, só tou cuidando do que é meu!
-Ela é tua irmã amor, e além disso ela já é maior de idade e perfeitamente capaz de se defender se assim for necessário!
-Amor, entende uma coisa, pra mim ela vai ser sempre a minha irmãzinha, pequenina, que eu vou sempre cuidar! Não vai haver namorado, homem nenhum que vai mudar isso, porque nenhum deles vai amar mais ela que eu!
-Aii, tinha de ter gravado esta parte para a Mariana ouvir, que querido amor!
-É verdade amor!
-Eu sei! - sorri, dando-lhe um beijo.
-E o dia com as meninas, como que foi?
-Foi ótimo! Fomos almoçar a um sitio lindo!
-Que bom! O Rúben veio aqui almoçar comigo também, chegou aqui lamentando que a Filipa trocou ele por vocês! - riu.
-Oh, o Rú é sempre o mesmo! - ri também. Segundos depois ouvimos a campainha tocar, e olhamos um para o outro, especulando quem seria àquela hora. Levantei-me do seu colo e fui abrir a porta. Mais valia termos fingido que não ouvimos. Carolina. Ia fechar a porta quando ela entrou se rompante, achando-se a dona e senhora do pedaço, e entrando para a sala. O Rodrigo deu um salto e fez cara feia logo de seguida.
-Que é que você tá fazendo aqui?
-Calma amor! Eu ouvi vocês muito divertidos lá da porta então vim me juntar! - anunciou, tomando a ridícula liberdade de sentar-se no sofá, no lugar onde o Rodrigo tinha desocupado segundos atrás.
-Você é loca?! Sai daqui, fazendo o favor! - disse-lhe rispidamente o Rodrigo, apontando a saída. Eu deixei-me ficar no mesmo sitio onde tinha parado, à porta, com a mesma aberta.
-Calma neném, vim só devolver isso pra você! - disse ela, levantando-se e encostando contra o peito do Rodrigo uma t-shirt.
-Que é isso? - perguntou ele, agarrando a peça de roupa e observando-a.
-É seu, não é? - riu a Carolina, caminhando já para a saída. Reparei que o rosto do Rodrigo ficou algo apático, ele ficou falado, de olhos magoados a olhar para a t-shirt. Nesse mesmo momento percebi que a Mariana descia a escadas apressadamente, já a praguejar contra a loira que se dirigia para a saída. - E você flor, pode continuar rindo muito, porque com as surpresas que você ainda vai ter, vai ter muito rio pra chorar, tá? Beijo! - disse-me, passando a soleira da porta com um ar e um olhar altivo. Tive a capacidade de me recompor minimamente e empurrar a porta de modo a fechá-la e por-me em frente da mesma, impedindo a passagem à Mariana.
-Deixa Mariana - disse-lhe somente, vaga e de olhar fixo no limbo, mas que não focava o meu namorado.
-Ai me deixa ir que é agora que eu parto a cara daquela ignorante! - reclamou ela.
-Deixa - repeti, num tom mais forte, que a fez acalmar a euforia e a resmunguice.
-O que é que aconteceu dessa vez? - quis saber, já mais calma e num tom de preocupação.
-Nada - respondi no mesmo tom anterior, porém já olhando para ela, que me encarou e não insistiu. 
- Rodrigo? - inquiriu o irmão, que acabou por desviar o olhar da peça de roupa na sua mão e recompor um pouco a sua postura, no entanto nenhuma palavra escapou da sua boca. Ela olhou para ambos, e mostrou-se compreensiva, apesar de eu saber que ela queria saber o que tinha acontecido e acabar com aquele mal-estar naquele instante. - Tá, eu vou deixar vocês dois, mas, por favor, não discutam, eu odeio quando vocês discutem - pediu-nos fazendo um olhar suplicante. De novo nenhum de nós lhe respondeu, pelo que ela subiu novamente para o seu quarto. Asim que, naquele silêncio agoniante, se ouviu o fechar da porta do quarto da Mariana, ambos olhamos um para o outro. A distância era alguma, mas conseguia senti-lo a tremer, por dentro e por fora.
-É teu? - perguntei, com a voz pouco audível. Parecia que o ar que me mantinha estava a escassear.
-É - respondeu, num tom rouco. Encolhi-me, recolhendo o olhar até ao chão. - Mas eu não deixei isso em casa dela, quer dizer, não nessa... - retrai-me novamente. - Não, eu não... Isso é de quando eu tava com ela, já faz muito tempo, eu devo ter deixado esquecido em casa dela quando me separei dela. - Não respondi e permaneci encolhida no mesmo lugar, percebendo pelo canto do olho que ele jogara a t-shirt, com um pequeno gemido de mágoa. Depois de tal ato colocou-se direito e foi até junto de mim. - Você acredita em mim, não acredita? - perguntou-me, levantando-me o rosto para vê-lo. No seu olhar vi o meu, aguado, com um mar de emoções a revolverem, mas ainda assim em busca da calma.
-Acredito - respondi, largando a posição recolhida. Senti e foi visível o seu pequeno alivio, tal como eu soltei um pouco a tensão. - Mas eu não confio nela.
-Nem eu, amor, nem eu - concordou, desfazendo-se da água que revolvia no seu olhar e abraçando-me. De facto, eu acreditava nele, mas o que ela tinha dito antes de finalmente desaparecer insistia em ocupar um espaço na minha cabeça. Tinha medo de chegar à demência por culpa da loucura dela.

                          *****
Os dias voaram, é verdade, e no meio de tanta escapadinha para tratar dos pormenores e detalhes da festa-surpresa do Rodrigo, quase não tive tempo de pensar na plantação semeada pela Carolina na minha cabeça. Quase. Havia sempre um momento em que me dava a pensar e repensar nas últimas palavras daquela noite. Esclarecera a Mariana na manhã seguinte, sem grande adiantamento, mas o suficiente para tranquiliza-la e faze-la para de ficar a perguntar mais alguma coisa ou sequer abordar o assunto, assim como fiz com a Filipa mais tarde nesse dia. E todas essas ausências disfarçadas ajudaram também para camuflar a minha ânsia e meio que ausência para o Rodrigo, que era quem melhor me conhecia e a quem não passava nada despercebido. Com o pouco tempo que passava com ele conseguia distrair.me, e engolir com um sorriso tudo o que me denunciasse, quando por mera infelicidade nos cruzamos com a nova vizinha da frente, ou olhava pela janela e lá estava ela a mostrar-se ao mundo e ao deuses.
O dia ia começar cedo, pelo que na noite anterior o Rúben convenceu o Rodrigo a terem uma "noite de homens", juntamente com o Mauro, dando-nos espaço de manobra na noite anterior e na manhã do aniversário. Pedi ao Rúben que empatasse o assunto até à hora de almoço, quando se iniciaria a surpresa. Para além da enorme surpresa em casa, com todos os amigos e afins, tinha preparado uma surpresa mais especial ainda. Tinha tido a ideia à algum tempo, e decidi não abortar a mesma nem com o que havia sucedido, até porque se o fizesse levantaria altas suspeitas, principalmente da minha melhor amiga e da minha cunhada. Eu e a minha melhor amiga eramos a peça chave da surpresa.
-Ai, vocês fazem isso tão bem! Quem dera conseguir essa proeza! - choramingou a Mariana, pouco tempo antes de eu receber uma mensagem do Rúben a avisar que estavam a cinco minutos lá de casa.
-Há pessoas com dons! - riu a minha melhor amiga, respondendo à irmã do Rodrigo.
-Meninas, aliás, pessoal - chamei a atenção de todos os presentes, que cada vez ia ganhando em numerosidade - O Rúben acabou de me dizer que daqui a cinco minutos eles chegam, por isso preparem-se!
-Cinco minutos? Oh meu Deus, ele tá chegando! - voltou a Mariana a mostrar o seu entusiasmo. Se eu estivesse bem na totalidade estaria igual ou pior ainda que ela. Mas estava bem o suficiente para não fazer notar. Tirando o meu pequeno alvoroço interior. E a minha obsessão com as janelas.
-Gente, eles chegaram! - informou-nos o Lima, assim que ouvimos o carro chegar ao seu destino. Eu e a Filipa preparamo-nos e posicionamo-nos no pequeno palco onde iriamos fazer uma atuação ao vivo, um acontecimento único até ao momento. Assim que eles chegaram à porta fiz sinal ao responsável de som e a música que eu e a minha melhor amiga íamos interpretar começou a tocar, fazendo o meu namorado parar na porta, com um sorriso deleitado, enquanto o Rúben lhe dava um abraço fugaz e lhe dizia alguma coisa, esbanjando um enorme sorriso também.



As palmas e todo o barulho de fundo que surgiu assim que se deu o final da música, eram meros incómodos bons no meio do nosso olhar. Ficamos vidrados um no outro, com sorrisos parvos na cara. Parecíamos dois parvinhos, a admirar-nos ao longe, sem ter bem a necessidade de ir logo a correr para o abraço um do outro. Na verdade foi a minha melhor amiga que me despertou, com um pequeno toque no braço e um sorriso a dizer-me "Estás à espera do quê?", e que me fez mover o corpo, porém com a mesma calma com que ele se mexeu do lugar a mesmo tempo. Fomos ao encontro um do outro, absorvemos o sorriso um do outro em segundos e depois, finalmente, abraçamo-nos.
-Você é a mulher da minha vida, sabe disso? - disse-me ao ouvido, num tom baixo, suave, que apesar de quase mudo no meio do barulho ao nosso redor, ouvi tão limpidamente como uma voz no mais absoluto silêncio.
-Dizes isso depois de te ter cantado que és o homem da minha vida? Que conveniente! - ri.
-Você tá zoando da minha cara? - perguntou, já com um laivo provocativo no tom de voz.
-Eu? Só estou a constatar que chegaste tarde, devias ter sido o primeiro! - tornei a rir enquanto me metia com ele.
-Tá, eu vou deixar esse assunto pra depois e vou te largar, porque a gente tá abraçado no meio de meia multidão, só por isso, tá? - sentiu-se tentado, mas recuou, porém apenas pelo facto de não estarmos sozinhos e não haver, ainda, uma oportunidade de fuga fugaz. Eu ri e em seguida largamo-nos e demos atenção a mais alguém que não fossemos nós.

Visão Rodrigo

De facto, com uma namorada e amigos assim, eu não precisava de mais nada! Não tava esperando nada desse género pra surpresa de aniversário, por isso acho que gostei mais ainda, por ser algo diferente e tão acolhedor ao mesmo tempo. Depois de cumprimentar todo mundo, o que demorou um pouco porque ainda havia uma pequena multidão dentro de casa, procurei pela minha namorada pra poder aproveitar um pouco mais da sua companhia na festa. Vi que tava conversando com a minha irmã e a Filipa e do lado delas o time Amorim rindo também. As duas mulheres da minha vida tavam de branco, completamente lindas, e a Filipa tava com um vestido rosa claro, que achei invulgar ela usar, mas que ficava muito bem nela. Quem devia tar adorando ver ela assim era o Rúben, que entre conversa e risada com o Mauro, não tirava o olho brilhando dela.


                                                                  (Mónica)


                                                                      (Mariana)


                                                                         (Filipa)

-Cheguei, cheguei! - anunciei, me esgueirando logo pra junto da minha namorada.
-Que bom, já estava a sentir a tua falta! - disse a minha namorada, pelo que a abracei, assim permanecendo.
-Vocês são mesmo umas libelinhas! Não podem passar uma noite separado que é isto! - se meteu o Rúben.
-Rúben Filipe, podes começar a calar-te relativamente a esse assunto, porque se fores ver bem tu também és assim! - respondeu logo a Filipa, recebendo um revirar de olhos e um pequeno sorriso.
-Gostou da surpresa, maninho?
-Adorei maninha, adorei! - respondi, largando momentaneamente a minha namorada pra dar um abraço e um beijo na minha irmã.
-Que bom que você gostou! Deu trabalho mas valeu bem a pena!
-É mesmo, nem sabes o trabalhão que isto tudo deu! Acho que só por isso vou almoçar à tua pala durante uma semana! - pigarreou o Rúben de novo, mas o canto foi curto porque a Filipa se apressou a dar uma chapada na nuca dele. - Então?!
-Então que ele é o aniversariante, não há cá cobranças para ele! E olha que tu não tens do que te queixar muito, que estiveste a descansar ou a passear com ele enquanto nós arrumamos tudo! - esclareceu a Filipa.
-Que má, amor! Além de me agredires ainda me tiraste a oportunidade de comer de graça durante uma semana!
-Ai Rú, até parece que tu precisas disso para vires cá a casa almoçar ou jantar! - falou a minha namorada rindo. A conversa continuou, os risos quadruplicaram, e as horas foram passando, e passaram tão rápido que quando eu dei conta já era de noite! Depois de ter tido direito a dançar com a minha namorada umas três vezes, a minha irmã e a Filipa tiveram direito a uma dança, e ainda nos premiaram a todos com mais uma música cantada pela minha namorada e a sua melhor amiga. Claro que ainda houve tempo pra eu e a Mónica subirmos escondidos até ao quarto e tratar do assunto que a gente tinha deixado pendente na hora que eu cheguei em casa mais cedo. Pouco depois de a gente ter voltado à festa no andar inferior da casa, fomos cantar os parabéns, com direito ao meu bolo preferido, apesar de eu nem ligar muito pra esse tipo de doces, pelo que calculei que tinha sido a minha irmã confeccionando. Após apagadas as velas fiz um brevíssimo discurso de agradecimento e tirei a primeira fatia do bolo, que entreguei pra minha namorada, a maior responsável por aquela festa e todos aqueles momentos maravilhosos, deixando depois nas mãos de quem quisesse provar o bolo que servisse.
-Ai amor, não é por nada, mas não vou comer isto tudo! - falou a minha namorada, se referindo à fatia de bolo.
-Porquê? Tá com medo de engordar? - ri.
-Talvez.
-Tola! Mas olha, pra você não se sentir tão culpada, as calorias do bolo são as que a gente gastou à pouco, tá bom assim? - sorri maliciosamente, a envolvendo com os braços.
-Tu sabes muito! - riu ela.
-Rodrigo! - me chamou o André Gomes, seguido pelo Almeida. - Vem aqui connosco que temos uma coisa para ti e queríamos tirar umas fotografias!
-Tem mesmo de ser agora? - perguntei, brincando que tava receoso.
-Tem, vem lá puto! - respondeu o Rúben, que aparecera também, já me empurrando, mesmo não tendo sido ele me chamando. Tive tempo de mandar um beijo no ar prá minha namorada e fui embora com eles. Quando paramos, tava um grande número de pessoas em meia-lua, e me fizeram ficar na frente deles, apenas com o Rúben e o André Gomes do meu lado direito e esquerdo, respectivamente.
-Tá, e agora? - perguntei.
-Agora, metes isto - falou o André Almeida, me dando uma coroa de flores brancas e azuis - e seguras isto que vamos tirar-te umas fotos! - terminou, segurando um cartaz, enquanto o Rúben pegou de imediato a coroa de flores das minhas mãos e a pôs na minha cabeça, meia torta da pressa com que ele colocou. Ele devia tar mortinho que tirassem as fotos pra depois zoar de mim o tempo todo!
-Sério, rapazes? - ri.
-Vá lá, Rodrigo! Hoje é para descontrair ainda mais que todos os dias! Fazes anos, pá! - disse o André Gomes. Acabei pegando o cartaz que o André Almeida me deu.



-Só não tou entendendo o que tá dizendo aqui, mas tá! - ri, assim que vi o que dizia.
-Já já tu percebes! - riu o Gomes, enquanto o Enzo se colocou na frente da meia-lua pra tirar as fotos. Só de repente, eu percebi o porquê daquele cartaz. Na hora que o Enzo apertou pra tirar a foto, o Almeida apareceu por trás de mim e me atirou chantilli pra cima! Não consegui nem reclamar na hora com a chafurdice que eles fizeram em cima da minha roupa, e um pouco no meu rosto também, enquanto todos riamos e o Enzo aproveitava pra tirar aquilo como recordação com a câmera.
-'Cês são demais! - ri, assim que finalmente a gente acalmou um pouco.
-Tinhas dúvidas? - riu o André Almeida, me bagunçando o cabelo, acabando por fazer cair a coroa de flores.
-Agora vou ter que ir me trocar!
-E acho muito bem, és o aniversariante mas não é por isso que tens de estar todo sujo no meio da tua festa! - zoou o Rúben.
-Muita piada! - ironizei. - Vou subir e já volto!
-Não, espera, não fazes nem um brinde? Afinal acabamos de te cantar os parabéns! - apelou o Mauro, rindo também.
-Tá, tá bom, vamo lá! - acedi, enquanto eles ia distribuindo as taças já cheias de champanhe que tavam numa das mesas de bebidas. Depois do brinde subi até ao quarto, encostando a porta e começando a tirar a roupa cheia de chantilli, mas parei, após tirar a camisa, tendo de me sentar na beira da cama. Uma tonteira apareceu do nada, me levando a ficar com a vista turva muito rápido, me fazendo deitar pra trás na cama. Não sabia se tinha sido do champanhe, mas era desagradável. Lembro que antes mesmo de adormecer subitamente, ouvi fecharem a porta do quarto, e o pior foi ver uma cabeleira loira. Tinha quase certeza de quem era, mas não conseguia ter reação, à medida que o sono tomava conta de mim.