segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Capitulo 32 (parte III)

Olá meninas!
Aqui está mais um capitulo, e eu sei que é muito pequenino, mas quis publicar hoje como uma espécie de prenda, porque o RÚBEN FAZ ANOS HOJE! Por isso aqui está ele, espero que gostem e deixem os vossos capítulos! E PARABÉNS AO RÚBEN!!!
Besos
Mónica

Visão Rúben

A minha noite não tinha sido bem passada, e para piorar, até ir ter com a Filipa para a ajudar nas mudanças, fiquei a relembrar e pensar no beijo. Tentei encontrar uma explicação para o sucedido, e após tantas voltas, a única escolha plausível era a carência. E foi exactamente o que disse à Filipa, quando ela, a medo, introduziu a conversa sobre o assunto, no carro, a caminho da sua anterior morada. Foquei-me tanto na convicção da justificação que apresentara que a calma reinava em mim, e pouco pensei mais no assunto, porém, a quando da aparição e subjacente afirmação da tia da Filipa, o embaraço chegou por fim até mim. Mas apesar disso decidi prosseguir com a normalidade que havíamos reavido após o beijo. Só que não pensei que o assunto tornasse a atormentar-me. Acabei por lanchar em casa da Filipa e depois regressar a casa. Decidi ir tomar um banho para me aconchegar em casa, e quando cerca de uma hora depois voltei a prestar atenção ao telemóvel, tinha cinco mensagens. E para meu espanto eram todas da Andreia. Porém não me soavam nada amistosas. Ela tentou iniciar conversa comigo, no entanto sentia uma disposição e um tom não muito agradados. E como não respondi ela tentou mais quatro vezes, uma tornando-se mais pessimista e agressiva que a outra. Naturalmente que senti desagrado, todavia compreendi que já algum tempo não me lembrava dele, e muito menos sentia a sua falta. Até ao beijo com a Filipa, que me levou a procurar uma explicação para o sucedido, levando-me algo instintivamente à Andreia. Mas de minha livre vontade, sem ser para desculpas, explicações ou simplesmente por incorporar a normalidade de uma relação, não tinha pensado nela. E se deveria sentir-me chocado com tal constatação, foi precisamente o oposto a acontecer. Senti-me completamente normal, e acho que até sem remorsos. Ao pensar sobre isso achei-me esquisito, nunca tinha sido assim, mas a verdade era que me sentia verdadeiramente livre de qualquer culpa ou preocupação.
O assunto que mais me remoeu foi o beijo. Foi a Filipa. Não conseguia por nada esquecer aquele beijo. Se dissesse que não tinha gostado estaria a mentir, do mesmo que se dissesse que não me sentia confuso e esquisito, estaria a mentir também. Relembrar a maneira como a Filipa tinha cativado a minha atenção, melhorando o meu dia sendo uma completa estranha, fascinava-me. Um sorriso. Um simples mas genuíno sorriso. Devolveu o meu, que já faltava há algum tempo! Por causa da Andreia. Como é que era possível? E por mais estranho, absurdo e impensável que parecesse, na minha cabeça soava apenas o final de um ciclo e o inicio de outro. Não conseguia justificar tal pensamento, assim como não justificava de modo algum a distinção de um sorriso carinhoso a mencionar a Filipa e um esmorecer triste quando pensava na Andreia. Decidi tentar empurrar para longe a confusão na minha cabeça com um jogo na playstation.

Visão Rodrigo

O seu corpo permanecia aquecendo o meu, com a sua cabeça pousada no meu peito, um braço rodeando meu tronco e uma respiração calma. Mais uma vez acordando no paraíso.

 Enquanto um dos meus braços a rodeava, descansei meu olhar sobre ela, sobre a sua silhueta, colada em mim, sobre sua pele, macia, que começava sendo coberta com alguns raios de sol, vindos das frechas da janela. Uma vida inteira não bastaria pra eu me cansar de observar ela. Alguns minutos depois a quietude terminou quando ela começou se movendo de leve e abrindo os olhos mais devagar ainda.
-Oi, meu amor - cumprimentei ela, dando um beijo na cimo da sua cabeça.

-Bom dia amor.
-Mais boa tarde, meu bem, meio-dia e meia.
-Dormi assim tanto?
-A gente não dormiu propriamente cedo, amor.
-É, tens razão.
-Então e dormiu bem?
-Porque é que fazes a pergunta se sabes que contigo durmo sempre bem? - sorriu, se erguendo e colocando em cima do meu peito, virada pra mim.
-Pronto, desculpa. Mas você sabe que escutar isso todos os dias sabe bem, meu amor.
-Tonto - respondeu também com um sorriso, me dando um beijo.
-Banho? - sugeri, assim que me foi possível falar.
-Sim! - Saímos da cama e seguimos pró banheiro pra tomar um duche rápido. Vinte minutos depois a gente já tava se vestindo, ao mesmo tempo que discutíamos o que fazer pró almoço, e de repente a campainha tocou. - Ai, deve ser a entrega! - exclamou ela, me sobressaltando um pouco.
-Que entrega? - perguntei, mas ela não respondeu, correndo pró andar de baixo, ainda descalça. Eu terminei de vestir uma camisola e desci também.
-Obrigada, boa tarde! - se despediu de alguém, fechando a porta. Reparei então que um caixote de cartão, nem grande nem pequeno tava no chão da entrada.
-Que é isso amor? - perguntei, curioso, me referindo ao caixote.
-A tua segunda prenda! - me esclareceu, visivelmente contente e entusiasmada.
-Posha amor, eu falei que não precisava! - tentei protestar.
-Oh, vem abrir, rápido, vais adorar! - a sua felicidade e entusiasmo me desarmaram e fui até junto dela, abrir então o meu segundo presente.
-Um cão amor? - perguntei, algo surpreso. Dentro do caixote forrado com jornal, tava um cachorrinho, que olhava pra nós assustado.

 A minha namorada, com calma, pegou nele, que tremia, e o encostou no seu peito, dando pequenas festas no animalzinho.
-Não é lindo amor? - perguntou, sorrindo.
-É amor, é lindo, obrigado! - concordei, chegando junto dela pra tomar um beijo e fiquei passando a mão no pêlo do pequeno cachorrinho, que tava deixando de tremer tanto.
-Ainda bem que gostaste amor! - sorriu. - Agora tens de dar-lhe um nome! - Pensei um pouco e rapidamente surgiu um nome.
-Doni!
-É giro e incomum! - concordou. - Mas de onde é que veio esse nome, amor?
-Era o nome de um cachorro que morava na rua, que eu e o Thiago brincávamos, quando a gente morava lá na Espanha. A gente gostava tanto dele que deu um nome pra ele e brincava muito tempo com ele!
-Que queridos!
-É, mas depois levaram ele pró canil e a gente nunca mais viu ele.
-Mas agora tens aqui o Doni, que vai ser lindo e te vai fazer companhia! - E realmente o Doni parecia já tar de ambientando. Já não tremia e agora dava pequenas lambidelas nas nossas mãos, agitando a pequena cauda.
-É, acho que vais sim, não é amiguinho? - sorri, voltando a dar festas no Doni.

Visão Filipa

Depois do lanche o Rúben foi embora, e eu, depois de arrumar a cozinha, sentei-me no sofá a passar canais para ver se dava alguma coisa interessante, mas sobretudo para ocupar os meus pensamentos. O meu telemóvel tocou, era a Mónica.
-Olá! - atendi.
-Olá! - cumprimentou alegremente. - Então, como é que correram as mudanças?
-Bem, nem foi muito difícil com a ajuda do Rúben.
-Que bom!
-Então e precisas de alguma coisa? - perguntei, visto ela ter-me ligado.
-Não, era só para saber como é que tinha corrido!
-Ah, está bem!
-Bem, então, até amanhã.
-Até amanhã.
-E se precisares de alguma coisa já sabes!
-Sim, e tu a mesma coisa!
-Está bem, beijinhos.
-Beijinhos - despedi-me. Depois decidi focar-me no programa que passava na televisão.

Não quis ligar ao Rúben para me ir buscar ao Estádio depois de sair do trabalho, portanto encaminhei-me para a paragem de táxis mais próxima. Rapidamente chegou um, no qual entrei apressadamente devido ao frio que se fazia sentir já às sete e meia da tarde.
-Para onde, menina? - perguntou-me o taxista. A sua voz fez-me prender a respiração, por momentos. Soava-me tão familiar. Era tão jovial e alegre, com um timbre tão característico de alguém mais ou menos da minha idade. Parecia mesmo que já ouvira esta voz antes. Talvez já tivesse apanhado este taxista alguma outra vez. Mas não me recordava de alguma vez ter apanhado um taxista tão jovem, eram sempre aqueles mais velhos, alguns já de cabelos grisalhos, geralmente com a voz meio rouca, de baixa estatura. E eram quase sempre os mesmos, por isso quando me viam perguntavam se era para o mesmo sitio, já tendo decorado o meu destino. Procurei ignorar a sensação e indiquei a morada. A viagem foi iniciada com prudência pois o tempo não estava muito propicio a grandes velocidades ou manobras. Distrai-me a observar Lisboa através da janela, mas foi impossível não desviar a atenção quando percebi que o taxista tinha trocado o som da rádio por um CD. E a música que começou imediatamente a tocar não me era de todo indiferente. O Gonçalo metia-se comigo a toda a hora porque achava piada eu gostar tanto dos filmes da Disney, e desde que o Frozen tinha saído não parava de ouvir a Let it go, da Demi Lovato, e quase obrigá-lo a prometer ir ver o filme comigo. No momento em que olhei em frente devido ao impulso da recordação que a música me trouxe, percebi que de facto conhecia aquela pessoa. Conhecia aqueles olhos. Estávamos parados num sinal vermelho, a cerca de uns dois minutos de minha casa.
-Gonçalo? - questionei, com a voz a falhar-me.

Visão Rodrigo

O treino de hoje era às 17.00h, e desde a hora que a gente tinha levantado, parando apenas pra almoçar, o nosso novo amigo foi o centro das atenções.
-Amor, eu vou me preparar pra ir no treino - falei prá minha namorada, que tava encostada em mim, no sofá, e o pequenino no colo dela, dormindo.
-Está bem amor. Hoje não te vou ver, vou ficar aqui com o Doni - sorriu, se desencostando de mim e se ajeitando, tendo cuidado para não desperta o Doni.
-No quentinho, né?
-Não fiques triste, quando voltares eu aqueço-te!
-Tá prometido, hein!
-Mesmo que não quisesse cumprir não conseguia, não consigo ficar longe de ti durante muito tempo
-É, eu sei que não! - sorri.
-Olha, eu chamava-te convencido, mas pronto, fui eu que acabei de admitir! - Eu ri e beijei ela, pra subir no quarto e ir buscar o saco de treinos em seguida.
-Eu vou embora então, amor.
-Está bem amor, bom treino!
-Obrigado, meu bem - agradeci, sorrindo e dando um beijo de despedida nela e fazendo uma festa ao de leve no Doni, que nem se mexeu.
Cheguei no Caixa e depois de uns minutos de espera na conversa todo mundo seguiu prós balneários pra se equipar. Achei estranho o Rúben ainda não tar lá, mas calculei que tivesse um pouco atrasado por ter ido ajudar a Filipa com as mudanças, no entanto os minutos passaram e nem sinal dele.
-Oh Rodrigo! - me chamou o Mister, no final do treino, quando já tava saindo de campo.
-Diga Mister! - parei, me virando pró Mister.
-Então o Rúben, não veio?
-É Mister, ele vir não veio, mas não sei porquê.
-E sabes se algum deles sabe?
-Não Mister, mas acho que ninguém deve saber!
-Está bem, pronto. Até segunda, então.

Me despedi também e segui finalmente prós balneários, começando agora a ficar realmente preocupado com o Rúben. Antes de entrar no carro pra ir pra casa liguei pra ele, mas o telefone tava desligado, o que me alarmou mais ainda.
-Oi, oi meninos! - sorri, chegando na cozinha, onde a minha namorada tava de volta do fogão e o pequeno Doni tava sentado ao seu lado, olhando pra ela enquanto abanava a pequena cauda.
-Olá amor! - sorriu de volta a minha namorada e logo de seguida me acerquei dela pra conseguir um beijo. O Doni me olhava do mesmo jeito que olhava a Mónica e eu dei pequenas festas nele.
-Como que ele tá se portando? - perguntei prá minha namorada, abraçando ela por trás.
-Bem, não me largar!
-Ele gostou logo de você! - Ela apenas sorriu. - Tá fazendo o quê pró jantar?
-Jardineira.
-Deixa eu espreitar! - pedi, e ela destapou o tacho. - Tá com um cheiro gostoso! - elogiei.
-Oi gente| - ouvimos de repente a minha irmã na cozinha.
-Olá! - sorriu a minha namorada, apagando o lume e colocando de novo a tampa no tacho, indo dar um abraço na minha irmã em seguida.
-O chato do seu namorado não veio também? - perguntei, brincando, enquanto agora eu abraçava também a minha irmã.
-O chato do namorado está aqui e ouviu! - riu o Mauro, surgindo então na cozinha. A gente cumprimentou ele também.
-Ai meu Deus, que coisa fofa é essa? - falou a minha irmã, se agachando junto dos pés da Mónica, onde o Doni tava meio encolhido. A minha namorada se baixou e pegou nele, dando pequenas festas que ajudaram a acalmar o pequenino.
-É meu, quer dizer, nosso! Foi a minha namorada linda que me deu! - esclareci, me encostando à minha namorada e dando uma festa no Doni.
-Ai que lindo! - se maravilhou a minha irmã, passando finalmente uma mão no pêlo do cachorrinho. - E ele já tem nome?
-Doni! - respondeu a Mónica.
-Doni? - inquiriu a Mariana. - Foi você que escolheu o nome, Rodrigo?
-Fui.
-Lembra do Doni? - sorriu a minha irmã, lembrando o cachorro que eu tinha falado prá Mónica.
-Lembro, por isso eu pus esse nome!
-Ai que lindo, vou adorar você, sabia amiguinho? - sorriu, fazendo novamente festas no Doni.
-Bem meninos, vamos pôr a mesa para irmos jantar? - falou a Mónica, colocando então o Doni no chão, com uma última festa. Concordámos, e depois de posta a mesa, fomos jantar, com o Doni sempre de volta da gente.
Eu e o Mauro lavamos a loiça no final, enquanto que as meninas ficaram na sala, brincando com o Doni. Quando terminámos a loiça voltámos pra junto delas, mas eu me detive na porta da cozinha, observando a minha namorada e a minha irmã brincando com o nosso novo amiguinho. Elas gargalhavam em alto e bom som, divertidas. E eu me deliciei, vendo como momentos tão simples como esse me enchiam a alma de felicidade! E era essa mesma felicidade que eu queria sentir por muitos anos, essa felicidade que enchia meu coração com desejos de um futuro igualmente perfeito, com a mulher que tanto me fazia sorrir. E foi sorrindo que me juntei a eles e fiquei observando e absorvendo a felicidade de mais perto.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Capitulo 32 (parte II)

Boa noite meninas!
Bem, já há algum tempo que não vos deixava novo capitulo, mas aqui está ele! E é o primeiro deste ano! Espero que gostem e espero os vossos comentário!

Besos guapas!
Mónica

Visão Rodrigo

Depois de levar a minha menina na Faculdade segui até casa e fiquei pela sala até ter que sair de novo de casa pra ir pro treino, no Caixa, às 10.00h.
Faziam hoje dois meses que a gente namorava, e pensei ir almoçar com ela, mas lembrei que ela ia almoçar com a minha irmã na Faculdade pra seguir directo pro Estádio, então desisti da ideia, no entanto não esqueci a data e decidi preparar alguma coisa especial pra noite. No meu computador uma lista de músicas que tinham significado pra gente, e depois juntei ao rasto não visível dos meus passos um caminho de pétalas de rosas. Quando terminei todo esse tipo de surpresas, saí até ao supermercado mais próximo pra comprar as coisas que tavam faltando pra fazer o nosso jantar, e assim que cheguei em casa me enfiei na cozinha preparando o mesmo. Tinha terminado tudo faziam uns dez minutos quando ela me ligou falando que podia ir buscar ela no Estádio.
-Oi meu amor! - cumprimentei ela, sorrindo, quando entrou no carro.
-Olá amor - sorriu de volta, me dando um beijo.
-Como correu seu dia?
-Normal. Movimentado o suficiente para trabalharmos bem.
-E tá muito cansada?
-Nem por isso.
-Bom - sorri meio escondido, algo que nem assim passou despercebido pra ela.
-Bom? - perguntou, sorrindo. - O que é que já estás ai a pensar?
-Eu nada!
-Pois. Agora a verdade.
-Agora não tou pensando em nada. Melhor, até tou, tou pensando como vai ser o que eu pensei antes!
-O quê? - perguntou com um sorriso confuso. - Não percebi nada!
-Nem precisa. Vai entender daqui a pouco. - Ela acabou concordando meio confusa ainda e eu me mantive no silêncio, sorrindo.

Visão Mónica

No caminho para casa não percebi bem a conversa do Rodrigo, mas assim que chegámos a casa comecei a entender.
-Cheira bem - denotei, pousando o meu casaco e o resto das coisas no sofá da sala.
-É o nosso jantar.
-Que bom. - Ele deixou o casaco também no sofá e foi até ao forno, retirando uma travessa do mesmo, que ainda fumegava. Sentei-me e ele sentou-se em seguida, e o jantar decorreu normalmente.
-Gostou? - perguntou quando terminámos.
-Gostei.
-Ainda não terminou.
-O jantar?
-As surpresas.
-Então vamos ao resto! - E quando ele me encaminhou, escadas acima avistei um caminho de pétalas de rosa que me estimulou imediatamente uma imagem de uma noite ainda melhor que as habituais. Assim que abriu a porta do quarto, o cenário era identicamente romântico, o que me fez aumentar o sorriso e a vontade de me abraçar a ele. - Que lindo, amor! - abracei-me então a ele.
-Ainda bem que gostou, amor! Não é nada de especial, mas é um pouco diferente do normal pra assinalar um dia especial!
-Está lindo, amor, eu adorei!
-Bom e agora eu tava pensando em um banho pra você relaxar do seu dia, e eu ajudo, claro - sorriu. - E depois pra terminar, uma massagem, que que cê acha?
-Acho perfeito, só te enganaste numa coisa.
-No quê? - perguntou, abraçando-me ligeiramente com força.
-Não vamos acabar a noite com a massagem, porque eu também tenho um presente para ti.
-Que óptimo, então vamo começar já!
-Vamos!
Seguimos para a casa de banho, onde ele preparou a banheira, que se encheu de espuma a cobrir um fundo de água quente, e um cheiro doce envolveu o ar. Depois de tirarmos a roupa e emergirmos naquela água confortante, encostei-me a ele e relaxei, desfrutando de beijos, caricias e palavras, declarações e algumas juras bem junto do meu ouvido.

 Quando a água começou a ficar fria abandonamos a casa de banho de toalha, para nos sentarmos na cama, no quentinho do seu quarto.
-Massagem? - perguntou sorrindo.
-Sim - concordei, deitando-me de barriga para baixo, enquanto ele pegou no meu creme de corpo e o levou consigo para a cama, posicionando-se por fim para começar a dar-me a massagem.
-Quando terminares tenho de fazer-te eu a ti - disse-lhe, começando já a molengar no timbre por começar a deixar-me embalar pelas suas mãos.
-Não precisa.
-Mas assim não é justo, quem ganha mais sou eu, e é suposto ser igual para os dois.
-Eu só preciso ouvir e sentir o seu agrado. Isso me retribui o que eu te ofereço.
-Mas continua a não ser a mesma coisa.
-Vai aproveitar e para de reclamar? Assim nem você nem eu ganhamos!
-Está bem, pronto - resignei-me, deixando-me envolver novamente pelo seu toque.
-É tão bom tocar você desse jeito - desabafou, após terminar a massagem e nos sentarmos os dois na cama, de frente um para o outro.
-Imagina do outro jeito... - provoquei-o, brincando.
-Pra quê imaginar se eu posso concretizar... - sorriu, chegando o seu corpo para mais próximo do meu, abraçando-me consequentemente.
-Então mas já vamos a essa parte! Eu também tenho uma surpresa para ti! - afirmei, saindo da cama e dirigindo-me a um dos armários, retirando do meio das camisolas o seu presente.

Visão Rodrigo

Ela voltou pra junto de mim com um embrulho simples de papel branco e um laço vermelho, estendendo o mesmo pra mim e se posicionando de novo na minha frente.
-Não precisava, amor.
-Não reclames e abre lá!
Decidi abrir então. Vi a capa de um livro, um que eu sabia que ela já tinha lido, mas ao abrir descobri qe não era bem o livro só. Parecia meio confuso, mas era o livro, recortado no meio, formando um buraco em forma de quadrado. Assim que abri ele o perfume dela emergiu do seu interior, onde constavam algumas coisas. A primeira coisa que retirei era a primeira foto que a gente tinha tirado junto. Olhei pra ela sorrindo.
-Vê sempre o verso das fotografias - indicou, sorrindo também. Eu fui ver então o verso da foto.


''Tens sido aquela pessoa que sabe dar-me o que o coração tinha escondido'' 

Apenas sorri pra ela. Agradeceria tudo no final. A segunda coisa que retirei era também uma foto, dessa vez uma tirada na Gala de Natal do Benfica, a primeira aparição com ela, onde a gente já tava junto. Fui ler o verso da mesma.

''Foi tudo tão repentino, mas foi o melhor que me aconteceu. Tu foste o melhor que me aconteceu''

E tornei apenas a mostrar um sorriso. Mas com sorriso eu quero dizer enorme sorriso. Voltei a ir à caixa e me deparei com um dos inúmeros enfeites da minha árvore de Natal. No cordelinho pra pendurá-lo na árvore pendia um pequeno papel. Abri e li.
''Diziam que a pressa é inimiga da perfeição, e eu era da mesma opinião, mas graças a Deus e às nossas famílias maravilhosas o ditado não passou apenas disso mesmo. Foi um momento muito importante para mim, obrigada por teres feito isso''

-O papel parecia pequenino, mas tava enroladinho! O que você escreveu já dava pra começar uma história, sabia? - brinquei, sorrindo pra ela.
-Oh, continua, vá! - falou, sorrindo, e me incitando a continuar a ver o conteúdo da surpresa. Assim fiz, e lá estava mais uma foto. A foto do que a gente tinha escrito naquela árvore em Londres, bem no dia da nossa reconciliação. Virei pra ver o verso.
''Você é a mulher da minha vida, mas mais que isso, você é a razão principal pelo bater do meu coração a cada segundo. é o motivo do meu sorriso mais fácil e do mais difícil, é você que dá direcção pra minha felicidade, e eu te juro que do seu lado ela é plena''

E no fundo tava uma chave pequenina, daquelas que abrem cadeados, mas sem qualquer papel ou indicação sobre o significado dela.

-E isso significa o quê? - perguntei, mostrando a chave na minha mão. Ela retirou de baixo da almofada dela algo pequenino também, enquanto sorria, o que eu só entendi o que era quando ela mostrou. Estava servindo de um dos porta chaves de minha casa, que ela tinha. Um cadeado.
-Isto tem sentido figurativo. - Anunciou primeiramente. - Este cadeado deveria representar o meu coração, e como cada cadeado tem a sua chave, eu dei-te a chave deste, porque só tu chegas ao meu coração, dentro e fora da protecção.
-Entendi - dei a conhecer, sorrindo. Seguidamente coloquei as coisas num canto da cama e me posicionei em frente da minha menina, a abraçando e dando um beijo gostoso nela. - Obrigado. - acabei agradecendo, sem largar o seu corpo.
-Isto não tem de se agradecer, seu tonto! Pelo menos com estas palavras!
-Então deixa eu falar em outra língua. Gracias. Merci. Grazie...
-Não é isso! - interrompeu, rindo e colando dois dedos nos meus lábios, pra eu me calar.
-Mas eu tenho de agradecer dessa forma! Eu tenho, eu quero e eu vou te agradecer de todas as formas que eu conseguir!
-Oh, está bem, não vale a pena! Mas olha, então guarda agradecimentos para amanhã, porque amanhã chega a tua outra prenda!
-Outra?
-Sim!
-Amor, você não entende que eu só quero te fazer e ser feliz com você? Eu não preciso dessas prendas todas!
-Mas paras de reclamar? Eu dou-te o que eu quiser, quando eu quiser e bem me apetecer!
-Resmungona, você agora, hein! - ri.
-Oh, cala-te! - riu também.
-Me cala você! - desafiei.
-E calo! - respondeu prontamente com um sorriso, se atirando em cima de mim, fazendo a gente cair deitado na cama, e me beijou, satisfazendo assim o meu pedido.

Visão Filipa


Aconteceu um beijo. Porém, apesar de ter gostado, tentei desvalorizar o sucedido o mais possível. Porque, para começar, ele tem namorada, não interessa se estão bem, mal ou a ponto de se separarem, e depois, seria um pouco estranho ainda para mim pensar em ter novamente alguém. Contudo, depois de me deitar e fechar os olhos para adormecer, involuntariamente, os meus pensamentos correram para o momento que havia tratado de desvalorizar. E quando eu pensava que não deveria estar a alugar espaço, voluntária ou involuntariamente, nesse assunto, ao mesmo tempo, outra parte da minha mente desejava desfrutar da lembrança do momento. E passei todo o tempo numa guerra interior sobre o assunto, sucumbindo por fim ao cansaço.

-Obrigada por vires, Rúben - agradeci-lhe, assim que iniciamos o caminho com destino à minha antiga casa.
-Não tens de agradecer, já sabes que faço de boa vontade - sorriu.
-Mesmo assim agradeço.
-Está bem, pronto.
Depois disso, um imenso silêncio. E para mim estava a ser, pela primeira vez após termos já tido inúmeros momentos silenciosos, constrangedor. Decidi tentar acalmar a ânsia confusa no meu interior.
-Rúben? - chamei-o, soando algo insegura.
-Sim? - ripostou. O seu tom pareceu-me perfeita e normalmente passivo.
-Eu... Esquece! - senti-me sem coragem.
-Não posso esquecer algo que nem sequer pronunciaste - delegou, com a mesma calma anterior.
-Oh, esquece, não vale a pena... - disse, já descrente em relação a encetar tal conversa.
-Vale sempre a pena - incentivou.
-É... - respirei fundo. - É sobre o beijo - acabei por indicar.
-Hm... - murmurou, na mesma tranquilidade anterior. - O que é que queres esclarecer?
-O beijo.
-Mas o beijo em si, ou os...
-Os motivos. Porque é que aconteceu? E porquê contigo, comigo, connosco?
-Sinceramente, acho que da minha parte foi carência. Sei lá, eu não ando bem com a Andreia, desde o inicio de Janeiro que não a vejo e desde que sai de perto dela só discutimos... Eu acho que foi isso. E acho que foste tu porque... és a pessoa com quem mais me tenho dado, com quem mais tenho partilhado o que sinto, e para além de seres uma miúda extremamente bonita, com um sorriso fantástico que faz toda a gente sorrir, és uma pessoa excepcionalmente incrível, com uma força fantástica e és genuinamente doce e amiga. És alguém por quem adquiri um grande carinho. - Após as palavras do Rúben, mal conseguia falar. - Então e tu, porque é que achas que aconteceu?- Ele esperou uns segundos, suspirou e finalmente voltou a falar.
-Não sei. Eu acho que... não tinha um amigo rapaz com quem passasse tanto tempo há alguns meses. Se calhar deixei-me levar. Estupidez. Não sei!
-De qualquer da maneiras, da minha parte nada mudou, continuamos amigos de igual maneira e estamos juntos sempre que quiser-mos. A única coisa que vou exigir é mais auto-controlo a mim mesmo. Não posso ficar ai a beijar-te sempre que me sentir carente.
-Sim, concordo. Amigos como do inicio - concordei, à falta de mais palavras. Eu realmente quis esclarecer o assunto, só não sabia era o que dizer exactamente, menos ainda com tudo o que ele tinha dito. Entretanto chegamos ao destino, e já tinha tratado de arredar o assunto para um canto da minha memória, coisa que parecia ter sido também opção do Rúben, pois voltamos, finalmente a conviver como nos era já comum. A senhoria recebeu-nos e logo de seguida começamos a transportar as coisas para o carro. Quase no final, após eu ter depositado mais uma caixa de cartão com mais umas quantas, senti alguém aproximar-se atrás de mim.
-Tia! - cumprimentei, após me virar e constatar que era uma tia minha que vivia ali perto.
-Olá minha querida! Como estás?
-Estou bem, e a tia?
-Também. Então, o namorado veio ajudar-te no resto das mudanças, foi? - perguntou, no exacto momento em que me virei para ajudar o Rúben, quando ele ia a poisar a caixa. Ambos nos entre-olhamos, embaraçados.

-Ele não é meu namorado, tia - tratei de esclarece-la apressadamente. - Ele é só um amigo.

-Olha que eu pensava que era teu namorado.
-Mas não é tia - voltei a frizar meio atabalhoada.
-Ah, pronto - resignou-se por fim, fixando em seguida o Rúben. - Agora é que eu vi bem, este não é aquele do Benfica, o...
-Rúben, tia.
-Não, não é esse, é o...
-Amorim - disse então o Rúben.
-Isso, é isso! É o Amorim!
-Sim tia, ele é o Rúben Amorim.
-Sim filha, é isso, é isso! Mas eu não sabia que tinhas amigos famosos!
-Oh tia, ele é uma pessoa normal...
-Mas dá na televisão! O teu tio é que percebe mais disso, mas este eu sei quem é!
-Pronto, está bem tia. Olhe nós vamos despachar-nos que ainda faltam algumas coisinhas.
-Está bem filha, eu vou só ali à fruta e vou para casa!
-Está bem tia, mande beijinhos ao tio - despedi-me finalmente, e ela foi embora.
-A tua tia é a comédia! - gargalhou o Rúben. Eu sorri apenas.
-Só faltam duas caixas, não é?
-Sim. -Então vamos lá acabar isto!
Depois de estar tudo no carro, entramos no mesmo e iniciamos o caminho inverso ao da vinda. E como não tínhamos assunto ficamo-nos pelo rádio. E aí o momento com a minha tia reavivou-se na minha mente, levando a que tornasse a recordar o beijo. Mas impedi-me de continuar tais pensamentos. Já tínhamos conversado e esclarecido o assunto, portanto não haviam motivos para pensar mais nisso