E, queria dedicar este capitulo à Minha Melhor Amiga - sabes que esta conversa entre as nossas personagens são mais ou menos o que costumavamos fazer, às vezes meio que a discutir :s, quando surgiam aquelas nossas pancas de ''descrença''. Anyway, sabes que estou sempre aqui, sempre estarei. Ah, e sei que te ''mato'' com estes capítulos, mas não morras, por favor, és essêncial a muita gente! xD Morro de saudades! Adoro-te Melhor Amiga <3
(visão
Andreia)
Cheguei à praia e parei a carrinha. Respirei fundo e
saí do carro. Fui até à beira-mar e comecei a percorrer essa zona, enquanto
pensava. Toda a gente encorajava e incentivava para que eu admitisse ao Rúben
que o amo. Como se eu tivesse alguma coisa para admitir… Pronto, está bem,
talvez tivesse. Agora era só eu e a praia, e embora o mar traga muitas vezes
mensagens, tudo o que partilhasse ali sabia que não iria ser divulgado, mas já
reprimia tudo há tanto tempo que já era habitual as palavras saírem-me da boca,
apesar de no fundo, mas bem no fundo, escondido, do meu coração saber que essas
palavras são precisamente o oposto do que realmente sinto. Esta noite, o David
foi o primeiro a quem admiti a verdade. Ele pode ser o melhor amigo do Rúben, e
sei que ele só quer o bem dele, mas sei que também é meu amigo e sabe respeitar
as minhas decisões. Ele encoraja-me, pede-me, aconselha-me a dizer a verdade ao
Rúben, mas se eu persistir no ‘’não’’ ele respeita-me. E o Rúben… O Rúben… O
Rúben dá-me cabo do juízo! Ele insiste comigo a toda a hora, insiste em
aproximar-se, em tentar fazer-me admitir o que os nossos amigos estão fartos de
dizer, o que ele sabe… Está a tornar tudo tão difícil, tão complicado de
controlar, de esconder… Ele está sempre à espera de me apanhar em falso, à
espera que eu diga qualquer coisa que ele possa utilizar para me fazer parar de
negar. De repente senti uma pinga cair-me em cima da cabeça. Parei e olhei para
o céu. Ia começar a chover a sério dentro de pouco tempo. Olhei para trás.
Tinha andado bem mais do que pensava e ia demorar até chegar à carrinha
novamente, por isso comecei a correr de volta à mesma. Completamente
encharcada. Lindo, ia molhar a carrinha toda e ia ficar doente. Entrei na
carrinha e deixei-me ficar sentada. As lágrimas começaram a correr-me pela
cara. Estava a sufocar. Não sabia durante mais quanto tempo é que iria
aguentar-me firme. A pressão do Rúben quase que me levara a ceder várias vezes.
Os nossos amigos já não se convenciam com as minhas palavras, assim como o
Rúben, preferiam tirar conclusões das minhas atitudes e acreditar nelas. O pior
era que as conclusões estavam certas. Liguei a carrinha e conduzi até casa dos
meus pais para deixar lá a carrinha. Quando saí lá de dentro ainda chovia. Não
me importei, de qualquer maneira ia chegar encharcada a casa. E talvez até me
fizesse bem. Se aquela água gelada, chuva de Dezembro, me caísse em cima mas me
oferecesse uma parte da frieza com que caía… Podia tornar-me mais fria, podia
ajudar-me a deixar os meus sentimentos guardados e bem escondidos e focar-me
apenas em fazer o correto… Abri a porta de casa e a televisão na sala estava
acesa.
-Andy! Onde
é que andaste? Estava preocupada contigo! Oh meu Deus, estás encharcada, vais
ficar doente! – disparou a Mónica, levantando-se do sofá. Eu não disse nada.
Limitei-me a olhá-la e a deixara a água escorrer e molhar a carpete da entrada.
– Anda, vamos lá acima. Precisas de tirar essas roupas, tomar um banho
quentinho. E eu vou-te fazer um chá, também… - disse ela, arrastando-me para o
andar de cima. – Achas que consegues arranjar-te sozinha, cá em cima? –
perguntou-me preocupada. Eu apenas acenei. Ela ainda ficou a olhar-me durante
uns segundo mas depois acabou por ir-se embora. Ainda fiquei um tempo parada,
no meio da casa-de-banho, sem pensar em nada, mas depois as roupas ensopadas e
coladas ao meu corpo começaram a fazer peso e comecei a tremer de frio, então
pus-me debaixo do chuveiro, onde a água quente fez impacto na minha pele fria.
Fria como eu queria que estivesse o meu interior…
Depois do
banho vesti o pijama e o robe por cima. Sabia que a minha melhor amiga estava a
dar-me tempo e espaço, mas devo ter demorado uma imensidão, pois ela subiu até
ao quarto, agitada de preocupação. Descemos até à sala e sentámo-nos no sofá
com as canecas de chá na mão.
Ela não disse nada nem fez perguntas, enquanto eu
permanecia apática.
-Achas que
estás em condições para falar e contar-me tudo o que vai aí dentro, ou preferes
ficar calada? – perguntou cuidadosamente.
-Acho que
posso… - respondi num sussurro. Ela ficou à espera, e enquanto eu tentava
recordar devagar, as lágrimas caíram pela minha cara.
-Hey! Calma!
Eu estou aqui! – tentou tranquilizar-me, abraçando-me. Depois do abraço
respirei fundo e sequei as lágrimas da minha cara com as mangas da camisola do
pijama.
-Eu fui para
a Costa. Pensar… - continuei a pensar.
-Pensar…
-Sim,
pensar. Pensar no Rúben e nisto tudo que se anda a passar.
-E… chegaste
a alguma conclusão?
-Cheguei.
-E posso
saber que conclusão é essa? Queres contar-me?
-Cheguei à
conclusão que apesar de amar o Rúben não posso deixar que aconteça alguma coisa
entre nós, mesmo que isso me faça sofrer… - respondi já num tom normal.
-Espera, eu
acho que ouvi mal. Tu disse-te que amas
o Rúben?
-Disse. É
verdade. Mas eu já decidi e não vou deixar nada acontecer entre nós, apesar de
me estar a custar muito e de tudo isto me fazer sofrer, não vou deixar nada
acontecer.
-Andreia, tu
não estás a sofrer, tu estás em cacos. Isso não te faz bem. Ainda por
cima, se já reconheceste que o amas… Devias lutar pelo amor que sentes por ele,
devias dizer ao Rúben o que sentes, devias permitir que a felicidade chegasse
ao teu coração.
-Não… -
neguei.
-Porquê?!
Andy, é a pessoa certa. Desta vez até eu te dou a certeza que é, e eu não faço,
pelo menos diretamente, parte dessa história. Desde sempre que eu percebi que o
homem da tua vida tinha chegado. Eu fiz questão de te incentivar, porque sei
que é a escolha certa, sei que ao lado do Rúben vais ter felicidade, amor,
estabilidade e mais, posso garantir-te, eu coloco as minhas mãos no fogo ao
dizer que vais ter eternidade ao lado dele. Vais ter eternidade de tudo o que
sempre desejaste e tudo o que mereces. – As palavras da minha melhor amiga
estavam a causar-me dor. Mas porque acreditava nelas também, porque sabia que
eram verdade, mas a redoma onde o meu coração se encontrava não me permitia
dizer que sim a mim mesma. A redoma fechava-se cada vez mais; chegava a sufocar
muitas vezes. Peguei na caneca de chá e pousei-a na pequena mesa em frente do
sofá. Levantei-me fazendo tensões de ir para o quarto. – Andy – disse a minha
melhor amiga, segurando-me firmemente mas com cuidado pelo pulso. – Sabes que
eu não estou a dizer-te isto para te magoar nem para te fazer sofrer e muito
menos para tomar partido ao lado do Rúben. Estou a dizer-te isto porque acho
que já está na altura de deixares de lado essas proteções todas que tens aí à
volta do teu coraçãozinho e deixá-lo bater descompassadamente, livre e feliz. E
se encontraste a pessoa certa ainda melhor. Podes deixar-te ir. Não vais
sofrer. Já não. A pessoa que tem a perfeição que necessitas chegou por isso o
pior que te pode acontecer é só seres feliz.
Tentei
esboçar um sorriso de agradecimento. Saiu meio frustrado mas ela percebeu a
intenção e sorriu-me de volta. Levantou-se.
-Obrigada –
acabei por pronunciar a palavra.
-Eu vou
estar sempre aqui. Não preciso que me agradeças. Dar-me-á mais satisfação
ver-te feliz ao lado da pessoa certa. – Eu não respondi. Não conseguia falar
sequer. – Vá, vamos lá para cima! Tu deves estar cansada e eu também estou.
Vamos descansar porque amanhã vamos descontrair as duas! – sorriu,
abraçando-me. Subimos para o quarto e fomos dormir.
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