quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Capitulo 31 (parte I)

Olá meninas!
Deixo-vos aqui mais um capitulo, espero que gostem e me deixem os vossos comentários! São muito importantes!

Besos
Mónica

Visão Mónica

Acordar foi difícil, ainda mais porque para além dos lençóis a cobrir-me, o abraço do Rodrigo aquecia-me mais ainda, o que não dava vontade nenhuma de sair da cama, mas assim que o despertador do meu telemóvel tocou obriguei-me a mim mesma a levantar. Virei-me de frente para o Rodrigo e chamei-o quase sussurrando, num tom ainda sonolento, porém carinhoso também.

-Tem mesmo que ser, amor? - falou-me num mesmo tom, com os olhos semicerrados, mais fechados que outra coisa.
-Se quiseres ir comigo sim, amor. Mas se preferires ficar a dormir eu vou e depois venho ter aqui contigo.
-Não, eu quero ir com você!
-Então tem mesmo de ser amor. - Ele respirou fundo.
-Tá! - declarou, esfregando os olhos, deixando-me finalmente ver o seu brilho, que nem com sono se extinguia. Chegou-se mais junto de mim e deu-me um beijo. - Bom dia, meu bem! - e ofereceu-me um pequeno mas lindo sorriso. Depois de tomar-mos banho para acordar, vestimo-nos e descemos para comer qualquer coisa e à saída fizemos o chek-out. Apanhamos logo um táxi e eu indiquei a morada. - Tá preparada pra fazer isso? - perguntou-me ele, assim que paramos à porta de casa.
-Mesmo que não esteja é o que vou fazer. Eu tenho e eu quero fazer isto.
-Sabe que eu tou do seu lado.
-Eu sei - sorri-lhe, antes de colocar a chave na porta. Entrámos e assim que voltei a virar costas para as escadas, após ter fechado a porta, dei de caras com o Bruno a vir da cozinha.
-Bom dia menina desaparecida! - sorriu-me.
-Bom dia - respondi-lhe, sorrindo-lhe de igual forma.
-E o que é que o namorado faz aqui? Não devias estar em Portugal? As competições estão a decorrer.
-É, mas eu precisei vir aqui ter com ela.
-Hmm, acho que já percebi porque é que falhaste aqueles jogos.
-É, mas agora tá tudo resolvido - sorriu.
-Ainda bem! Agora voltas para lá e ninguém te para! - riu o Bruno.
-Desculpem estar a interromper, mas é que, eu preciso de falar contigo, Bruno - interrompi.
-Claro, vamos sentar-nos aqui na sala. - Fomos para a sala e após nos sentarmos respirei fundo antes de começar.
-Eu vou voltar para Portugal.
-Vais? - perguntou de imediato, enunciando a surpresa.
-Sim. Mas eu não me ia embora antes de te agradecer. Obrigada por me teres aceite, por me teres tratado como da família, obrigada mesmo Bruno.
-Não tens de agradecer, foi um prazer ter-te aqui, e a cuidar da minha prima quando eu não estava cá! Tu não eras mas tornaste-te da família! Eu só não percebo porque é que te vais embora assim, quer dizer, até percebo, com o namorado lá agora, mas isto era o teu sonho, estudar, viver cá.
-Era, era mesmo, e acredita que quando vocês me aceitaram cá contribuíram para sentir parte desse sonho realizado, mas, as coisas mudaram. Eu sinto que já não pertenço aqui, acho que o meu lugar agora é lá, com o Rodrigo, o meu sonho agora é esse.
-Se é esse o teu sonho agora, se é o que queres fazer, então força! Sabes que a porta está sempre aberta para ti se quiseres voltar, ou vir passar férias!
-Eu sei, obrigada Bruno - sorri. - Bem, eu vou lá acima arrumar as minhas coisas - decidi rapidamente, tentando neutralizar a nostalgia que se começava a criar.
-Já contaste à Andreia? - perguntou-me o Bruno. Ele não estava ciente do que se passava realmente, só notava que não nos falavamos muito, mas para ele calculo que não tenha sido o suficiente para desconfiar que algo estaria diferente.
-Não. Eu tenho de conversar com ela.
-Está bem. Bem, eu vou só arrumar umas coisas no quarto e vou trabalhar, por isso dá-me cá um abraço de despedida! - abriu os braços e despedimo-nos com este abraço e um sorriso.
-Manda um beijinho à Justine e pede-lhe desculpa por não me despedir dela - pedi-lhe por último.
-Não te preocupes que eu entrego o recado! - sorriu e subi as escadas.
-Bem, e parece que chegou a hora! - afirmei, virando-me para subir as escadas também.
-Eu fico te esperando aqui, amor.
-Está bem.
-Alguma coisa grita! - sorriu.
-Sim. - Ele puxou-me de encontro a si e deu-me um beijo.
-Boa sorte! - desejou, soltando-me por fim e vendo-me subir as escadas.
Bati à porta e ninguém respondeu, por isso entrei. Ela ainda estava a dormir. Decidi começar então a arrumar as minhas coisas e acordá-la no fim para conversar. Não era pouca coisa, mas conseguiria levar tudo com a ajuda do Rodrigo. Estava a acabar de arrumar os últimos livros quando a ouvi mexer-se.
-Desculpa, não te queria acordar agora - disse-lhe, terminando de fechar a última mala.
-E ias acordar-me depois porquê? - respondeu, mal-humorada.
-Porque precisamos de falar.
-Eu não acho.
-Mas eu não estou a perguntar se achas que precisamos, eu estou a dizer que precisamos.
-E se não me apetecer?
-Ai Andreia, porra, para com isso. Eu vou-me embora, de vez, e antes disso quero ter uma conversa a sério contigo.
-E eu volto a repetir: e se eu não quiser?
-Acordaste parva, hoje!
-Foste tu que me acordaste.
-Ai, vamos deixar-nos destas trocas de palavras parvas e falar a sério!
-Mas eu não quero falar contigo! Achas que me deste motivos para querer?
-E tu, achas que me apetece ter esta conversa contigo? Não. Mas eu vou-me embora e preciso dizer-te tudo.
-Mas que tudo? Eu não tenho nada para te dizer e tu de certeza que não tens também!
-Porra, acordaste mesmo mal, eu estou a dizer que tenho coisas para te dizer, e posso começar já com esta tua atitude, que mais parece de uma criança do que da rapariga que foi a minha melhor amiga durante três anos!
-Dizes bem, fui, isso acabou! - reclamou, sentando-se na cama.
-Eu estou magoada contigo, a sério, mas eu não chego ao ponto de chamar isso a uma amizade que significou tanto para mim! Como é que tu consegues descartar uma coisas dessas assim? Fingiste esse tempo todo, ou ficaste sem sentimentos desde a última discussão?
-Se calhar sim!
-Se calhar sim o quê? Eu nunca signifiquei para ti o que tu significaste para mim ou passaste a ser uma pessoa cruel e sem sentimentos? - perguntei, magoada, lutando para que a voz não se me esganiçasse e as lágrimas não me interrompessem. Eu tinha de dizer tudo, por mais que me custasse dizer e ouvir!
-Não sei, o que é que tu achas?
-Eu não acho nada Andreia, eu quero é respostas tuas, não suposições minhas, para isso nem vinha falar contigo!
-Então acho que estás a perder tempo!
-Eu acho que mereço pelo menos que me respondas como deve ser, acho que mereço que me esclareças!
-Queres que eu te responda o quê?! Quando tu me disseste que eu era a tua melhor amiga, naquele dia, quando estávamos a ir para a estação, eu disse-te que eras a minha porque era contigo que estava sempre, porque os nossos colegas, apesar de falarem comigo, connosco, não gostavam muito de mim, e não sei se de ti também depois de passarmos a andar quase só as duas! Foi uma necessidade para não passar a ser aquela que ninguém ligava! Se tu deixasses de andar comigo eu ia ficar sozinha!
-E precisaste fingir? - perguntei, sentindo um toque amargo.
-Precisei! Eu sempre fiquei sozinha na turma, não queria continuar assim.
-É tão bom ser um meio utilizado sem se medir actos ou consequências... - ironizei amargamente, fitando o chão.

Ela não disse mais nada, por isso retomei a palavra segundos depois, restaurando alguma calma em mim mesma. - Então e estes anos que passamos juntas, como é que fizeste para aguentar tanto tempo a fingir uma coisa que não era verdade?
-Hábito. Fui criando hábitos e depois acostumei-me.
-Eu acho que não estou mesmo a ouvir isto...
-Estás. Não querias conversar? Não querias respostas? Aqui as tens, não tenho culpa que não gostes de ouvir.
-Mas não é possível! Como é que depois de tudo o que vivemos, de tudo o que passamos tu consegues dizer isso?! Teve de haver alguma ligação, algum sentimento pelo menos perto do que eu pensei que existia!
-Mas não houve.
-Eu não acredito Andreia! Eu não acredito que tu tenhas fingido tudo! Por melhor que fosse a tua representação tu não conseguias fingir tanto! Nós passamos tanto, apoiamo-nos tanto! Como é que conseguiste chorar tanto com coisas tão importantes, a tua família, a morte da tua avó, todas as coisas que confidenciámos uma à outra, todos os planos, os sonhos... quando dissemos que era-mos quase como irmãs, que nunca queríamos ficar longe uma da outra... Eu não acredito que conseguisses fingir tanto! - As lágrimas forçavam a sua saída, permanecendo no limite dos meus olhos. A Andreia calou-se alguns segundos, cerrando os lábios numa linha rígida, fitando ferozmente o chão do quarto.
-Está bem, eu não fingi! - gritou, fazendo-me tremer de susto. - Só quando disse que eras a minha melhor amiga quando tu me disseste que era a tua! Eu disse-te isso porque me pareceu mal tu dizer-me isso e eu não retribuir! Mas depois tornaste-te numa verdadeira amiga, depois, ao longo destes três anos é que te tornaste na minha melhor amiga! Mas agora está tudo completamente diferente! De um momento para o outro eu apercebi-me que não te conheço e tu não me conheces, apesar de termos partilhado tanto! Ambas mudámos, deixamos de ser quem eramos e já não nos conhecemos!
-Tu deves ter mudado, mas eu dou-te a certeza que não mudei, nem contigo nem com ninguém! Aliás, mudei agora com o Zach, porque ele levou a que eu fosse obrigada a fazê-lo! Ele mentiu-me, enganou-me e teve a lata de culpar o Rodrigo pelas acções dele! Com ele eu mudei, porque ele fez o que fez, só por isso. Mas contigo, eu nunca mudei. Bem ou mal eu estive sempre do teu lado, estive sempre ali para te apoiar, tentar fazer-te ver as coisas da maneira certa, tentei ajudar-te a acreditar mais, ajudei-te a ficar com o Rúben, porque eu sabia que ele te ama de verdade, e não estou de maneira nenhuma a atirar-te isso à cara, mas porra, eu fiz tanto por ti! Eu devotei-me a ti, a nossa amizade era uma das coisas mais importantes na minha vida! Quantas vezes é que eu me virava para ti de repente e te dizia que te adorava, quantas vezes eu me virei para ti e te dizia que tinha orgulho em ti? E tu achas isso tudo nada, só porque acreditaste numa coisa em que seria suposto teres ouvido a minha versão e ponderado pelo menos na dúvida da minha culpa?Não era o mínimo normal entre melhores amigas? Eu nunca te critiquei ou julguei sem te ouvir, nunca te disse se estavas errada ou certa, sempre te ouvi primeiro e só disse se estava de acordo ou não, mas nunca, nunca deixei de te ouvir primeiro, e mesmo discordando eu permanecia de braços abertos para te consolar!
-O Rúben viu, ele não ia mentir!
-Ele não mentiu sobre o que viu, mas também não deu hipótese para me explicar! Agiu de acordo com que viu e o que pensava! Mas eu pensei que tu me conhecias, achei que três anos e tudo o que já passamos fosse suficiente para saberes que eu não era capaz de nada assim, pensei que soubesses que eu adorava o Zach, e sim, no principio tive dúvidas, mas eu adorava o Zach como um irmão, porque amar eu amo o Rodrigo, ele sim conquistou o meu coração com o tipo de amor que o Zach queria que fosse ele!
-Ou então escolheste porque o Rodrigo te levou logo para a cama e o Zach decidiu dizer-te simplesmente que gostava de ti! - Neste momento pensei que estava realmente a ouvir mal, mas a verdade é que não. Ela tinha mesmo dito aquilo. Meu Deus, como é que isto chegou a estes termos, como é que nós, a nossa amizade chegou aqui? A desilusão só se alastrava e agora a mágoa corroía-me também. Aquela não era, definitivamente, a mesma pessoa.
-Primeiro, magoaste-me com essa. Estás a magoar-me com tudo o que estás a dizer. Acho que se calhar eu é que fui parva o suficiente para pensar que tu pensavas como eu, sentias como eu, que aquilo que eu imaginei que tivessemos criado fosse de longe o mesmo que tu pensavas. Acho que nunca me conheceste mesmo, e pior ainda, eu nunca te conheci a sério. Eu só não devo ter visto, ou ignorei se vi, porque já me tinha entregue demais a uma amizade que nem disso posso chamar agora. - As lágrimas rolavam pela minha cara abundantemente. Já não sabia se sentia ou se estava ocamente preenchida pela sombra da desilusão e da mágoa. - Eu não vou esquecer todos os momentos bons que passamos, todas as alegrias, as brincadeiras, mas podes ter a certeza que este momento, esta suposta conversa vai ficar muito mais viva na minha memória do que tudo isso, porque acabaste de destruir uma coisa que era preciosa para mim. - Agarrei em duas malas e coloquei-as fora do quarto, pegando nas outras duas logo em seguida. - Ah, e para que conste, ir para a cama com o Rodrigo foi muito bom, mas o melhor dele é o coração, porque é de lá que vem todo o amor que preciso, e dele eu sei que é verdadeiro até ao fim, ele não se vai perder. E já agora, não me voltes a agradecer ter-te ajudado a ficar com um homem devoto como o Rúben, quer dizer, já não espero que voltes a fazê-lo, de ti já não espero nada, mas é que, com a atitude que tens agora, por mais que ele te ame, acho que ele não vai conseguir suportar isso por muito tempo, por isso, se o amas a sério, muda. Por ele. - Dito isto virei costas e sai do quarto, fechando a porta atrás de mim. A última imagem dela era de uma cara que conhecia, de uma pessoa que havia perdido há mais tempo do que alguma vez soubera. Não ia ser fácil ultrapassar, mas se ela se perdeu, não tinha mais a que me prender, por que lutar, em que acreditar, por isso ia deixar ir, com o tempo, e desejando matar a dor com amor dos que realmente me amam.

Visão Rodrigo

Tava um pouco nervoso de deixar ela ir falar sozinha com a Andreia. Ela tava muito magoada, e como a Andreia andava respondendo e mandando bocas a conversa podia não correr tão bem como o razoável que se pode esperar. Fiquei esperando, impaciente e nervoso, na sala, mudando canais na televisão. Assim que ouvi uma porta fechar no andar de cima larguei o comando e me coloquei de pé, vendo a minha namorada descer as escadas em seguida, carregando duas malas. Assim que olhei o rosto dela notei que teve chorando. Me acerquei dela no instante seguinte.
-Amor, podes ir buscar as outras malas que estão à porta do quarto, por favor? - me pediu, com uma voz fraca e meio rouca. A expressão dela demonstrava que falar que ela tava triste era pouco.
-Claro, eu vou pegar amor - concordei imediatamente, subindo as escadas e descendo logo de seguida com as duas malas restantes.
-Podemos ir lá para fora chamar um táxi? - perguntou, ao que eu acedi na hora. Antes de sair, ela deixou as chaves dela na mesa da entrada de casa. Lá fora pousamos as malas e depois de eu chamar um táxi pra gente, ficamos esperando, em frente da porta da casa.
-Amor, fala alguma coisa? - pedi, bem calminho, mostrando, não que fosse preciso, que eu tava ali pra ela.
-Queres que diga o quê? - perguntou, falando baixo.
-Qualquer coisa amor, tudo menos ficar com tudo o que tá sentindo ai dentro! Eu tou aqui com você, vou tar sempre meu amor. - Segundos depois a expressão dela desabou em lágrimas ressoantes. Meu coração apertou muito. Envolvi ela nos meus braços, bem forte e beijei seu cabelo enquanto ela falava.

-Foi horrível, Rodrigo! Eu queria tanto que isto fosse um pesadelo! Aquela não é a pessoa que eu sempre tive em conta ser! A maneira como ela falou, o que ela me disse... foi horrível... - e ai sucumbiu ao choro e se enterrou mais no meu peito, e eu apertei mais ela. Ela tava desfalecendo por dentro e eu tava indo junto. Me matava ver ela assim. Ela permaneceu chorando, mas pouco depois parou, sem no entanto se afastar de mim ou afrouxar seu abraço. Alguns minutos passaram e o nosso táxi chegou, e depois de ajudar o taxista colocando as malas na bagageira indiquei o aeroporto como destino.
Durante toda a viagem ela nunca me soltou assim como eu também não larguei ela. Ela precisava disso, e eu só queria aliviar o estado em que ela tava. No avião acabou mesmo adormecendo. Durante a viagem liguei prá minha irmã avisando que tava regressando, mas não falei que a minha pequinina tava indo comigo, decidi fazer surpresa. Assim que a gente aterrou acordei a minha menina e depois de recolher a bagagem tomamos de novo um táxi até minha casa.
-Amor eu falei prá minha irmã que tava voltando, mas eu não falei que você veio junto, quis fazer surpresa.
-Fizeste bem amor - me deu um sorriso bem pequinino e eu plantei um beijo suave nos seus lábios, antes mesmo de o taxista parar em frente de minha casa. Depois de retirar as malas da bagageira e pagar entrámos no pátio. Percorremos o caminho de acesso a casa e chegamos na porta. Após abrir a mesma chamei pela minha irmã.
-Rodrigoooooo! - me respondeu, descendo as escadas a correr, e mal viu a Mónica o seu sorriso se estendeu ainda mais. - Ahhhhhh, Mónicaa! - e assim que chegou junto da gente se abraçou à minha namorada.

 E foi lindo de ver. Era bom ver que nessa altura a minha namorada podia contar com o apoio da garota mais importante na minha vida desde que nasceu! E parecia que sem saber dessa última discussão a minha irmã sabia de algum jeito que  ela tava precisando de um abraço bem forte e foi isso que ela ficaram fazendo, em silêncio, durante cerca de um minuto. Eu permaneci olhando elas, e depois que desfizeram o abraço a minha namorada sorriu de leve à minha irmã, mas notei que as lágrimas tavam se formando de novo nos seus olhos, porém ela lutou contra elas e não derramaram. - Que surpresa!
-Era suposto ser surpresa mesmo, maninha.
-Mas, o que é que você tá fazendo aqui? Você não tem aulas? - mas de repente ela tomou sentido às malas que tavam na porta. - Você voltou pra cá? - perguntou, com grande entusiasmo.
-Voltou, e vai ficar aqui com a gente por um tempinho! - respondi.
-Sério? - A minha namorada acenou que sim, com um pequeno sorriso. - Ai que bom! Você vai adorar!
A minha irmã não largou a minha namorada e as duas foram prá sala, a minha irmã sempre conversando com ela. Distrair ela. Apesar de o entusiasmo ser mesmo de verdade, ela tava mesmo entusiasmada com o facto de a Mónica ter voltado, melhor ainda ficar em nossa casa por um tempo. Peguei as malas e levei elas pró meu quarto, assumindo que ela ia ficar lá comigo, descendo em seguida pra me juntar, apesar de ficar apenas assistindo elas, na sala. Passamos todo o dia em casa, sempre arranjando maneira de não deixar a Mónica pensar nas coisas más, e de noite ela adormeceu no meu abraço, se sentindo ligeiramente melhor.
Despertei eram 8.45h da manhã, com o despertador do meu telefone, que também acordou a Mónica.
-Desculpa meu amor, pode voltar a dormir, eu vou me arrumar pra ir no treino - falei pra ela, enquanto saia da cama.
-Eu vou contigo.
-Não precisa meu bem, fica dormindo mais um pouquinho.
-Eu quero ir, amor, quero estar ao teu lado no teu regresso.
-Tem certeza? Olha que lá fora não tá tão quentinho quanto ai dentro - sorri.
-Claro que sim, amor! - se levantou, bem devagar e depois veio ter comigo, abraçando o meu tronco e me reclamando um beijo.
-Tá, então eu vou tomar um banho, vem comigo? - ela concordou e depois de já estarmos vestidos descemos pra tomar o café da manhã e sair pró meu carro, destinando o Caixa, onde ia decorrer o treino às 10.00h.
Chegámos no Caixa perto da hora do treino, então depois de estacionar levei ela até às bancadas, onde só estavam algumas das namoradas e mulheres dos jogadores, pois esse treino não era aberto ao público. Depois de dizer ''Oi'' pra elas e falar que a Mónica ia ficar com elas, dei um beijo na minha namorada e fui me equipar. A caminho dos balneários encontrei o Rúben.
-Então mano, voltaste! - sorriu pra mim.
-Voltei! - sorri de volta.
-A Mariana disse-me que tu e a Mónica se entenderam... - comentou, olhando sessa vez em frente em vez de olhar pra mim. Mas eu entendia.
-Sim, a gente se resolveu sim, e eu sei as coisas que você falou pra ela - ele me olhou, meio surpreendido e sem saber o que falar. - Ela voltou comigo pra Portugal, e eu gostava que vocês conversassem. Você entendeu as coisas errado, Rúben.
-Tens a certeza?
-Os olhos dela não mentem pra mim. Pra além de que a gente foi ter com aquele tarado do inglês e ele acabou confessando, de um jeito grosso, o que ele fez.
-Ai se fosse comigo espetava-lhe um murro naquela cara!
-Foi o que eu fiz1
-Fizeste? Eh lá, muito bem puto1 - riu.
-Eu me controlei, mas ele ofendeu ela e ai eu tive de reagir dessa forma!
-E fizeste muito bem puto!
-É, mas então, você tá disposto a falar com ela, ou vai ser orgulhoso e babaca como sua namorada tá sendo? E desculpa se eu tou te ofendendo, mas você não viu nem ouviu o que eu e a Mónica escutamos e vimos, principalmente ela.
-Não percebi, mas esquece, vamos treinar e depois contam-me tudo!
-Então você vai falar com ela?
-Claro que sim! Fui homem para deitar abaixo, sou homem para pedir desculpas! E agora vamos que eu quero mostrar-te que perdeste qualidade nestes dias! - zoou, rindo.
-Convencido você, hein? Olha que eu tenho motivação extra, vê se não se desilude muito!
-Veremos, então! - Saímos dos balneários correndo até o campo e quando pisámos o relvado procurei por ela e sorri mandando um beijo, e depois de ela me responder notei sua expressão mudando, algo confusa, no entanto sorrindo timidamente, e quando reparei, o Rúben tava atrás de mim, sorrindo pra ela, aquele sorriso que ele sempre dava pra ela. Significava que ele só tava esperando que ela perdoasse ele.
O treino correu muito bem! Dei toda a minha energia, me diverti, e sorri, muito! Passei o treino olhando pra ela e sorrindo. O Mister falou comigo brevemente no final do treino, me dando os parabéns.
-Se continuares assim em todos os treinos no próximo jogo podes ter a certeza que a titularidade não te tiram!
-Se eu puder trazer a minha namorada em todos os treinos, pode ter certeza que não vou baixar meu rendimento Mister!
-Sabes que as meninas podem vir sempre! E fico feliz que se tenham entendido!
-Obrigado Mister! E obrigado por ter me apoiado e ter me dado esses dias!
-Estou cá para isso rapaz, e olha que não me arrependo, porque assim com essa energia toda só vais render, e bem!
-Espero que sim Mister!
Depois do papo segui prós balneários e o Rúben tava terminando de se arrumar.
-Despacha-te puto, a tua menina está à espera!
-Eu sei, só fiquei conversando com o Mister, mas vou me despachar num instante! - Dez minutos depois já tava pronto. - Vamo!
-Bem, acho que nunca te despachaste tão rápido! - riu ele, meio zoando comigo, mas era verdade, eu só queria correr pra junto dela, porque já tava com saudade, mas nesse caso, sobretudo porque queria que eles se resolvessem logo! Ela tava esperando nas bancadas, bem junto do acesso aos corredores.
-Oi! - sorri, pegando logo um beijo dela. - Gostou do treino?
-Claro que sim!
-Viu só o que eu fiz hoje? Com você aqui todos os dias, vou fazer sempre igual!
-Acho muito bem, afinal porque é que eu vim contigo? - sorriu. Eu ri, e o Rúben tava olhando a gente e sorrindo. E esperando.
-Bom, amor, eu falei pró Rúben que ele tava errado e que o babaca do inglês confessou tudo, e ele quer conversar com você. - Ela olhou o Rúben, que agora tava com uma postura séria, esperando uma resposta dela.
-Está bem - concordou ela.
-Então vamo pra casa e o Rúben vem com a gente e ai vocês falam.
-Não é preciso, podemos falar mesmo aqui - falou o Rúben, pousando o seu saco numa das cadeiras das bancadas. A gente se sentou nas bancadas e o Rúben começou logo falando. - Então, o Rodrigo dissee que vocês me iam contar melhor as coisas, mas agora, antes de tudo eu quero pedir-te desculpa! Eu agi impulsivamente, sei lá, depois de te ver agarrada àquele gajo, a maneira como falavam, sorriam, apanhar-vos aos beijos fez-me perceber tudo como eu achava que era, e tu sabes que o Rodrigo é como um irmâo para mim, e só de pensar que estavas a trai-lo, a trair a confiança dele, a brincar com os sentimentos dele, mesmo sabendo o que ele já passou, eu senti-me na obrigação de lhe dizer. Desculpa por ter sido irracional, desculpa por não ter parado para pensar e perceber que por mais evidente que parecesse tu não eras capaz de fazê-lo. Eu sei que é difícil, eu fui o pior amigo de sempre, mas perdoa-me, por favor. Tu sabes que
eu não te dizia nada do que disse se tivesse sido esperto suficiente para me dar conta que o errado estava a ser eu!
-Espertos são os cães, oh! - riu ela - É óbvio que te perdoo, seu parvo!
-Não vais fichar magoada nem nada?
-Não vou dizer que não me magoaste, porque magoaste muito, senti-me horrível com isso e com o facto de vos ter desiludido, e eu acho que se a Mariana não tivesse ficado do meu lado tería sido ainda pior, mas o facto de reconheceres que afinal não estavas certo e vires pedir desculpa faz-me pôr para trás o quão mal me senti com as tuas palavras naquele dia. Tu dizes que o Rodrigo é como um irmão para ti, mas tu também és como um para mim! Por isso é claro que te perdoo, Rúben!
-Oh pequenina, ainda bem, obrigado!  - agradeceu ele, realmente aliviado, abraçando ela. Ficaram abraçados durante um tempo e eu decidi brincar com o Rúben e fazer a gente rir.
-Oh Rúben, já chega vai, tá bom, já pode soltar a minha namorada! - Ele olhou para mim, assim como a Mónica, desfazendo o abraço, mas permanecendo com o braço sobre ela.
-Estás com ciúminhos, é?  - sorriu, entrando também na brincadeira.
-Tou - tentei não rir, mas foi impossível não sorrir um pouco.
-Então rói-te lá mais um bocadinho de ciúmes porque eu vou pegar-lhe ao colo e correr por ai com ela!
-O quê... ? - perguntou ela, mas o Rúben não deu tempo e pegou mesmo ela por cima do seu ombro e começou correndo! Eu decidi alinhar novamente na brincadeira, afinal, não deviam haver muitas pessoas já  no Caixa. Mas enquanto a gente corria por um corredor, sempre com a minha namorada se debatendo e reclamando com o Rúben, o Mister passou pela gente.
-Desculpe Mister!  - se desculpou o Rúben, rindo enquanto passava correndo.
-O que é isto?  - perguntou o Mister, mas não parecia zangado.
-Desculpe Mister!  - foi a minha vez de me desculpar, enquanto passava pelo Mister correndo.
-Ao menos tenham pena da rapariga,,, ai ao ombro do Rúben que nem um saco de batatas! - riu o Mister, se virando e assistindo a gente.
-Rúben pára! Já chega, por favor! - pediu a minha namorada, rindo.
-Está bem, pronto, já chega! - concordou o Rúben, colocando ela no chão.
-Obrigada! - riu a Mónica. - Não sei como é que não te cansaste rápido, eu não sou propriamente leve!
-Mas tu estás a ver-me com cara de fraquinho? - falou ele, tentando manter um ar sério, mas depois todos começamos rindo.
-Bom, vamo embora gente?
-Posso ir almoçar a tua casa?
-Sempre a mesma coisa, Rúben! - ri. - Você ainda tem de perguntar? Óbvio que pode!
-Boa, então vamos! - Depois de pegarmos as nossas coisas nas bancadas saímos das instalações e seguimos pra minha casa.

Visão Rúben
Assim que o Rodrigo me disse que se tinha entendido com a Mónica e me disse que o suposto melhor amigo dela é que tinha enganado todos eu percebi imediatamente que havia algo que tinha de fazer: pedir desculpas à Mónica. E assim que ela me perdoou senti-me tão aliviado! Eu tinha sido realmente horrível naquilo que lhe tinha dito, mas tinha sido essa a minha intenção na altura, porém, após saber que eu é que tinha percebido as coisas da maneira errada, e sem oferecer qualquer hipótese de explicação, senti-me terrivelmente mal. O Rodrigo era como um irmão para mim, a Mónica estava com ele, e ela também já era como uma irmã para mim. Uma pequenina que eu adorava e que me tinha ajudado tanto com a minha namorada! Sim, eu tenho tendência a querer formar uma família ainda maior do que a que já tenho! Passei o dia em casa do Rodrigo, com eles os dois, a Mariana e o meu irmão, que quando chegámos já lá estava. O dia estava chuvoso, a modos que o convívio no quentinho da sala do Rodrigo, com a lareira acesa e tanta e boa conversa foi o melhor programa. A Mónica e o Rodrigo acabaram por contar-me o que tinha acontecido com o inglês, e mencionaram que a Andreia estava diferente, pelo menos para com a Mónica. Ela tinha fixado a razão no que eu tinha visto, e agora, por mais que dissessem que estava errado e contassem a verdade, ela não parecia disposta a mudar de opinião. Senti-me na obrigação de falar com ela, porque afinal tinha sido eu a plantar essa ideia nela, visto que ela acreditou logo em mim, sem se preocupar em ouvir a versão da Mónica, o que agora pensando com as ideias no sitio, não me parecia normal.

3 comentários:

  1. Amei <3
    Por favor, quero mais... E rapidinho ;)
    Beijinhos

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  2. Adorei o capítulo, só fiquei triste por ver a Andreia ser tão injusta, a Mónica não merecia ouvir aquilo.
    O que gosto mesmo é que Rodrigo e ela estão cada vez mais unidos, mais apaixonados e isso sim é bonito de se ver!
    Fico à espera do próximo.
    Beijinhos

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  3. Olá guapa linda!
    Primeiro és linda e escreves maravilhosamente bem;
    Segundo, amei a discussão, mas amei no sentido em que a Mónica ganhou coragem de deixar tudo para trás das costas e falar diretamente com a Andreia e esclarecer tudo, saiu magoada mas a Andreia mudou muito e ter dito que a usava?! Jasus!
    Terceiro, adoro a maneira como a Mariana gosta da Mónica, opá é absolutamente fofo $:
    Quarto, aquele treino maravilha do Rodrigo, o pedido de desculpas do Rú e a brincadeira dele com a nica foi lindo!
    Quinto, tou mesmo a ver a Andreia a ser parva para o Rú no próximo cap :c

    Bem, depois disto tudo, pedir mais é bom?!
    Te quiero princesa <3

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