quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Capitulo 8 (parte I)


VISÃO ANDREIA

Cheguei rapidamente a casa do David.
-Olá - cumprimentei, chegando à sala com o David. O Rúben estava a jogar playstation, claro.
-Oh, babaca! - chamou o David.
-Cála-te oh cara de cú! - respondeu-lhe o Rúben sem tirar os olhos da televisão.
-A Andreia chegou! - informou o David.
-O qu... hã? - olhou para onde eu e o David estavamos. - Aah, desculpa... - sorriu meio que envergonhado e passando a mão esquerda na cabeça. - Olá - cumprimentou-me finalmente.
-E... é golo! - disse o David, olhando para a televisão. - Da equipe adversária. - finalizou a rir-se.
-Oh, porra! - precipitou-se o Rúben, voltando a pegar no comando da playstation. - Não, não, não, não, não! Ah, fogo... - largou o comando. O jogo acabou.
-E o Benfica perde em casa, nas mãos do Rúben - voltou o David a rir.
-Eh pá, cála a boca cara de cú! - reclamou o Rúben. Eu e o David rimos. - E tu também te ris? Ai, obrigadinho, hã! - disse o Rúben dirigindo-se a mim.
-Oh, oh Rúben, temos de admitir que teve piada. Se tu tiveses visto as tuas figuras! - disse eu ainda a rir.
-Há quem faça figuras piores.
-Tá bom, vai, a gente pára, né Andreia? - sorriu o David.
-Hm-hm. - respondi.
-Bom gente, qu'qui cês querem almoçar?
-Uma coisa qualquer - respondi.
-Nã, nã. Então, tens convidados, por isso tens de fazer um banquete.
-É , vai comer esse mundo e o outro, né Rúben?
-Não, não, mas eu estou a falar a sério. Podias fazer um borrego assado no forno, ou uma lagosta...
-Sapateira - ironizou o David.
-Ou então uma feijoada à transmontana ou um cozido à portuguesa - continuou o Rúben. Eu estava completamente desmanchada a rir, tanto das ideias e das caras do Rúben como das caras e das intejeições do David.
-É, cê tem razão manz. Isso é qui era uma boa refeição - disse o David, ''entrando'' na conversa do Rúben. Apoiou o seu braço direito no ombro esquerdo do Rúben.
-Se era... Os cozinhados da minha mãe é que são bons... - sonhou o Rúben, fechando os olhos.
-Não chama a sua mãe qui ela não é sua criada. Si você quer comer vai fazer, vai! - riu o David, dando um calduço ao Rúben. Eu tive de me amparar no sofá, de tanto rir.
-Ai! Olha ai! E eu não posso ir para a cozinha, sou um convidado! - disse o Rúben, passando a mão na nuca.
-Aí, cê é meu manz, cê já conhece os cantos da casa, cê até já partilhou casa comigo, por isso, cê pode cozinhar pra mim! - respondeu o David, esforçando-se para não se desmanchar a rir.
-Já te disse que não posso entrar na cozinha - argumentou o Rúben.
-Porquê? Porque é visita? Cê não é visita, manz, cê é familia!
-Porque... - tentou o Rúben.
-Ué, si fosse pra comer cê punha os pés, as mãos, a cabeça, o corpo todo na cozinha, agora pra fazer você já foge, né? Cê sabe muito.
-Nem imaginas quanto! - sorriu o Rúben.
-Até sei. Eu conheço você muito bem, não esquece. Não é por acaso qui cê é meu manz. - O Rúben riu-se.
-Exacto, então tu sabes o quanto eu te amo, e também sabes o quanto eu adoro que faças o almoço.
-Sacanagem feia, Rúben! Seu melhor amigo não é seu escravo não! - riu o David.
-Eu sei, manz. Mas faz lá o almoço, por favor. É só hoje.
-É, é só hoje, e amanhã, e depois...
-Eu faço o jantar, hoje.
-Ah, assim a gente já tá falando melhor.
-Ou encomendo-o... - sussurrou o Rúben. Eu ouvi e ri-me e o Rúben também.
-Qual foi a piada dessa vez? - perguntou o David.
-Foi só a cara do Rúben que me fez rir. Acho que não consigo imaginá-lo a fazer uma refeição sozinho que saia como deve de ser - ri.~
-Não acredito, Andreia! Estás a duvidar das minhas capacidades? - disse o Rúben, fingindo-se ofendido.
-Si eu fosse ela eu duvidava também! - riu o David.
-Cála a boca, seu cara de cú!
-Tá bom! Tou indo! As panelas e os tachos já devem tar mi esperando faz tempo! - riu o David, indo para a cozinha.
-Eu não acredito que tu foste capaz de duvidar de mim, Andreia. - disse-me o Rúben, fingindo-se desiludido.
-Preferias que eu tivesse contado ao David que estás seriamente a pensar em encomendar o jantar, e não fazê-lo?
-Shiuu! Fala baixo que ele tem bom ouvido! - sussurrou-me, a sorrir. Eu ri. Fomos sentar-nos a fazer zapping na televisão.
-A Inês voltou a ligar-te? - tentei saber, sem ser demasiado intrometida.
-Não. Felizmente não. Consegui algum descanso.
-Ainda bem - calei-me durante algum tempo. - Então e já sabes o que é que vais dizer, quando conversarem? Já decidiste se ficas no Benfica ou não?
-Pfff... Eu já disse à Inês milhares de vezes, eu não vou sair do Benfica. Por mais que o ambiente com o mister não fosse o melhor e não tivesse grande vontade de treinar com ele, no principio deste ano, o meu coração está no Benfica, a minha família, a segunda família, está no Benfica, a família que me faz feliz quer ganhêmos quer percamos, a família sem a qual não consigo viver. Se eu quisesse ter saído tê-lo-ia feito quando me deram oportunidade, quando muitos clubes se mostraram interessados, mas eu não consegui, porque é ao Benfica que eu pertenço e é a este clube que o meu coração há-de pertencer sempre.
Fiquei sem palavras. Agora eu tinha a certeza que o Rúben era benfiquista de corpo, alma e coração. O Rúben era o Benfica e o Benfica era o Rúben. Por melhores que fossem os outros clubes, nenhum lhe faria melhor do que o Benfica, clube que lhe ensinou a ser um dos melhores, ensinou-o a melhorar para além do melhor, ajudou-o a vencer maus momentos onde ele chorou, testemunhou momentos onde ele riu até chorar, o clube onde obteve inúmeras vitórias e onde também perdeu Taças, Ligas, Campeonatos, mas sempre com a cabeça levantada, porque o clube ensina a perder com um sorriso na cara e com uma sensação de satisfação por saber que deram o melhor do melhor e se não venceram foi porque Deus assim o quis. O clube que não é apenas nome, não é apenas a cor, não é apenas equipa técnica nem os jogadores, mas também a Nação que vive cada momento da maneira mais intensa, são adeptos ferranhos que se orgulham por entregar tanto amor a uma paixão reciproca e que os preenche. Fazia parte do Rúben e nunca mais iria deixar de fazer, porque entras nesta onda alucinante e ficas totalmente devota a ela e nunca mais irás deixá-la para trás.
-Também acho que é o melhor - acabei por concordar, ainda com dificuldade em pronunciar-me.
-Ainda bem que me percebes - sorriu-me honestamente. Sorri-lhe do mesmo modo.
-Oh gente! Eu faço o almoço, mas vocês podiam colocar a mesa, né? - interrompeu o David, indo à porta da sala.
-Sim David, vamos já - respondi.

4 comentários:

  1. fantastico...

    quero mais... agora tou cheia de curiosidade para ver o proximo...

    continua...

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  2. Maravilhoso :)
    Estou curiosa e quero muito ler o próximo.
    Beijinhos*
    http://quandomenosseespera.blogs.sapo.pt/

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  3. Gostei muitoooo!
    Espero pelo próximo

    Bjokinhas
    Mariaa
    http://mariaainwonderland.blogspot.com

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