quarta-feira, 16 de maio de 2012

Capitulo 15 (parte I)






(visão Mónica)


Para minha sorte, começou a chover. E muito. Vi as luzes de um carro atrás de mim.
-Mónica! - Reconheci a voz, mas não olhei. - Mónica! - Voltou o Rodrigo a chamar-me. - Entra no carro!
-Não.
-Entra no carro! Tá chovendo! Cê quer fica de cama? Entra no carro! - disse ele, acompanhando o meu passo com o carro.
-Não.
-Por favor, entra nesse carro!
-Já disse que não. Podes ir-te embora.
-Entra no carro!
-Não.
-Cê tá querendo qu'eu vá aí buscar você, né?
Bufei e acabei por entrar no seu carro.
-Posha, você é mesmo teimosa! - disse ele, assim que fechei a porta do passageiro.
-Não me chateies - respondi. Ele sorriu, enquanto abanava ligeiramente a cabeça negativamente.
-Posso fazer uma pergunta pra você? - perguntou-me, pouco tempo depois.
-Não.
-Tá bom. Porqui é qui você não atendeu as minhas chamadas, novamente?
-Eu disse que não podias.
-Tá. Agora mi responde.
-Não tive tempo.
-Não teve tempo ou não quis ter?
-Não tive tempo.
-Ou não quis mesmo atender?
-Fogo, já disse que não pude!
-Eu acho qui você não quis...
-Deixa-me... Chato...
Ele sorriu.
-Agora, outra coisa.
-Não, não podes perguntar nada.
-Porqui é qui você foi embora hoje cedo sem dizer nada?
-Eu disse que não podias perguntar nada. Não quero ouvir.
-Mas eu quero ouvir a sua resposta. Pode ser?
Calei-me e olhei pelo vidro, enquanto a chuva caía fortemente, e vi um relâmpago ao fundo. Ele não disse mais nada, e de repente apercebi-me que estávamos a entrar no seu pátio, em direcção à garagem.
-Porque é que eu vim para aqui?
-Não pode ficar aqui hoje?
-Não.
-Porquê?
Calei-me uns segundos.
-Leva-me para a minha casa - pedi, mais parecendo uma exigência.
-Agora não levo - respondeu-me ele, olhando-me directamente.
-Ok. Não levas, então vou apanhar um táxi - respondi, saindo do carro, e voltando consequentemente a ficar de baixo da chuva.
-'Pera aí! - disse ele, tirando o cinto aflitivamente e correndo atrás de mim. Parou mesmo à minha frente, impedindo que eu avançasse. - Cê não vai pra lado nenhum.
Olhei para ele querendo dizer '' Sai da minha frente! Deixa-me passar!''. Desviei-me para o lado direito, mas ele seguiu-me e segurou o meu braço.
-Não faz assim. Não foge de novo, por favor...
-Levas-me a casa ou vais deixar-me passar?
-Não faz isso! Porqui é qui você foi embora hoje de manhã? Cê tem vergonha de mim? Si arrependeu de ter dormido comigo? - perguntou-me, segurando os meus dois braços.
-Vergonha?! Eu... Hã?! Não... Eu...
-Então qui foi?! Qui é qui há de errado? Fala. - Fixei o olhar no banco do jardim que estava no meu campo de visão, sem responder. Quando falou, o seu tom era mais delicado. - Porqui é qui você não fala de uma vez? Porqui qui é qui você não fala aquilo qui eu sei qui você quer falar? Porqui é qui você não diz qui mi ama como eu amo você?
-Está bem! - explodi. Ele ficou a ouvir-me com ar sério mas completamente apaixonado pelas minhas palavras. - Está bem. Eu amo-te. Amo. Amo muito. Era isso que querias ouvir? - Ele sorriu. - Mas, eu não ... Nós não podemos...
-A gente não pode o quê? Eu ti amo, você mi ama , você acabou de falar mais qui uma vez. O qui é qui a gente não pode? Porquê?
-Por causa do Zach!
-Porquê? Mas, calma, ele não é o seu melhor amigo? Qui é qui ele tem a ver com a gente?
Tentei respirar fundo.
-Ele também gosta de mim.
-Também?
-Sim. Ele falou comigo. Ele beijou-me...
-E ai você focou confusa... - disse ele parecendo triste.
-Não! Não é nada disso! Quer dizer, sim, no principio sim. Ele beijou-me, e depois tu, eu fiquei confusa, sim. Mas depois não... Eu não quero magoá-lo...
-A gente não escolhe quem ama. Ele também deve saber isso.
-Eu sei. Mas eu não quero magoá-lo. Ele é o meu melhor amigo. Não quero perdê-lo.
-Eu posso ti ajudar. Eu vou com você contar pra ele. E eu percebo o qui ele vai dizer, si for preciso eu falo com ele também - disse ele com um sorriso.
-Não...
-Oi! - pegou no meu rosto e fez-me olhá-lo nos olhos. - Eu disse qui não ia desistir de você. Não desisti e parece qui agora eu ganhei, por isso, agora, deixa eu ti ajudar.
Disse-me isto olhando-me fixamente e em seguida conseguiu roubar-me um beijo. Depois abraçou-me e ficou a olhar para mim com um sorriso meigo. De repente, ouviu-se um travão. Eu assustei-me e dei um salto. Ele desmanchou-se a rir.
-Isso tá tudo sendo muito romântico, mas eu consigo ser romântico sem ficar doente... - comentou. Eu sorri. - Vamo pra dentro? - sugeriu com um leve sorriso.
-Sim.
Corremos até à porta de entrada da casa e entrámos. Estávamos completamente encharcados e a molhar tudo. Ele tirou o casaco e pô-lo no chão à entrada. Despi o meu casaco também. Felizmente a camisola não estava molhada. Mas era a única coisa. Quando olhei para o Rodrigo, ele estava sem camisola, descalço e a tirar as calças.
-O que é que estás a fazer? - perguntei, sem no entanto deixar de os deslumbrar.
-Tirando a roupa pra não molhar a casa. Cê podia fazer o mesmo - respondeu, aproximando-se de mim. - Vamo tomar um banho quentinho e depois a gente conversa.
Ele estava tão perto de mim que já sentia dificuldade em respirar.
-Eu vou precisar de roupa... - acabei por dizer.
-Eu ti dou - sorriu. - Cê pode ir pró banheiro do meu quarto, eu tomo cá em baixo. As toalhas tão no armário.
Deu-me um beijo e seguiu para a casa-de-banho do andar onde estávamos. Eu subi as escadas e entrei no seu quarto. Estava arrumado e a cama estava feita. Assim que fechei a porta, encostei-me a esta e inspirei o seu cheiro, que impregnava todo o quarto. Deixei a porta e fui para a casa-de-banho, abri o armário e tirei uma toalha. Sentia-me tão preenchida que parecia demasiado para mim. Desde que tinha conhecido o Rodrigo, até mesmo antes, que sonhava em sentir o seu beijo, desejava o seu toque, ansiava ouvir o tom da sua voz, e agora, estava na casa-de-banho do seu quarto, da sua casa. Estava mesmo ali e já tinha tido tudo com que sonhava. Depois de tomar banho, enrolei-me na toalha e saí para o quarto. Mal abri a porta, o Rodrigo entrou no quarto também, apenas com a toalha enrolada na cintura. Os seus traços eram demasiadamente perfeitos para mim. Fiquei a olhá-lo, extasiada.
-Qui foi? - perguntou-me com um pequeno sorriso a iluminar a sua cara.
-Ahm, nada. Eu... Ainda não tenho a roupa...
-Pode procurar o qui você quiser.
-Não. Dá-me tu.
-Tá bom. Qui é qui cê quer?
-Uma coisa qualquer.
Ele abriu um armário.
-Hm. Toma essa. Acho qui vai ficar bem pra você - disse ele, segurando uma camisola vermelha.
-É melhor atirares para a cama que ela apanha mais que eu.
Ele riu-se e atirou a camisola para a cama. Depois veio ter comigo para me dar uns dos seus boxers, mas colocou um braço sobre a minha cintura e puxou-me para si.
-O que é que vieste aqui fazer? – perguntei.
-Buscar as minhas roupas.
-E ainda não as tiraste?
-Já. Mas eu disse qui a gente ia falar… - respondeu ele, tentando fazer mais pressão sobre mim.
-Pois, pois vamos… Mas primeiro vais-te vestir! – Disse-lhe eu, soltando-me das suas mãos para sair de tão perto do seu corpo. Ele deu uma gargalhada.
-Tá bom. Mi espera aqui – pediu ele, falando junto do meu ouvido, enquanto passava por trás de mim.
Assim que ele fechou a porta vesti-me e em seguida deitei-me na sua cama, a pensar. Sentia-me desperta com o Rodrigo a lutar por exaltar toda uma mistura de sentimentos dentro de mim, mas não conseguia deixar de pensar no Zach. Eu não queria magoá-lo… De repente, o Rodrigo estava deitado ao meu lado, e pôs-se a olhar para o tecto como eu.
-Qui foi? – perguntou-me.
-Tenho de pensar numa maneira para falar com o Zach.
-Não si preocupa agora. Eu já disse qui falava com ele, com você.
-Mas o que é que vou dizer-lhe?
-A verdade. Eu acho qui ele vai perceber. Quer dizer, ele sabe qui a gente não escolheu si apaixonar. Ele também não escolheu gostar de você, né?
-Não é assim tão fácil… - disse eu, começando a levantar-me para sair da cama. Ele percebeu, então colocou o braço esquerdo do meu lado direito e impediu-me de sair.
-Não vou deixar você fugir outra vez – disse-me. Eu deixei cair novamente a cabeça na almofada enquanto ele pairava por cima de mim. – Eu sei qui não é fácil, mas você vai ter qui contar pra ele na mesma. Eu vou com você, a gente fala com ele e ele vai entender. É o seu melhor amigo, né? Então ele vai perceber.
Acenei que sim com a cabeça. Ia ser difícil, mas ia ter de dizer-lhe. Entretanto, o Rodrigo, ainda a pairar sobre mim, baixou-se um pouco, de modo a unir os seus lábios aos meus. Depois deixou-se cair suavemente por cima do meu corpo e desceu as mãos até ao fundo das minhas costas, puxando-me para juntar ainda mais os nossos corpos, como se estar encostado a mim não chegasse. Beijei-o, e desta vez sem nem cuidado e coloquei as minhas mãos nos seus ombros, afastando-o devagar para o lado, de modo a dar-me espaço para me levantar. Ele ficou a olhar para mim como que à espera de uma explicação. Saí da cama e puxei a camisola para baixo, ajeitando-a.
-Tenho fome – disse eu com uma gargalhada estúpida. Ele riu, desacreditado e passando a mão pela cara.
-Eu tava ti beijando e você levanta pra dizer qui tá com fome. Você não existe…
-Oh… - segurei as pontas da camisola e sentei-me na cama. – Não reclames1 Eu vim para tua casa, tomei banho aqui, vi coisas que não devia ter visto, deitei-me ao teu lado na cama e beijei-te, por isso, agora vamos comer!
-Reclamo sim! Eu tava ti beijando e você tava pensando em comida! Mas tá bom, vamo comer, então – disse ele a rir. Levantou-se e abriu a porta do quarto. Levantei-me e ele deixou que eu saísse primeiro.
-Então e o que é que eu posso esperar dos teus armários? – perguntei, enquanto nos dirigíamos para a cozinha.
-Nada. Tenho qui encher eles.
-Hm – entrámos na cozinha e avistei no meio da mesa uma fruteira perfeita. –Isto é a sério? – perguntei, referindo-me às maçãs que estavam tão perfeitas que pareciam de plástico.
-Não sei. Experimenta trincar pra ver.
-Parvo, pá! – ri, depois de tirar uma maçã e dando-lhe um encontrão.
-Cê gosta.
-Cala-te e vai comer!
-Eu não tenho essa fome.
Lancei-lhe um olhar que pedia que não começasse. Ele começou a andar na minha direcção e rodeou a minha cintura firmemente.
-Essa camisola fica mesmo bem em você.
-Deixa a camisola em paz.
-Ela eu deixo, agora você…
-Mas tu deixas-me comer?
-Despacha.
-Estás com a pressa toda.
-Eu sou apresado.
-Desapressa-te. – Ele olhou para mim, largou-me e encostou-se à bancada em frente da bancada onde eu estava encostada. – Não vais mesmo comer? – perguntei, meio admirada.
-Não.
-Tens a certeza?
-Sim. Porquê?
-Estás sempre com fome…
-Agora não.
-Ok – respondi, encolhendo os ombros e trincando a minha maçã. Comecei a balançar os pés, sentada em cima da bancada, e ele riu-se. – O que foi?
-Cê parece uma criança – riu.
-Vê lá se queres comparar – respondi, no entanto estava a brincar.
-Até parece – sorriu.
-Até parece? Então, vocês portam-se como uns putos e eu é que sou a criança – ri.
-Tá bom. Agora vamo deixar desse papo. Já terminou?
-Não.
-Depois eu qui tenho de desapressar, né? Cê tá aí há um montão de tempo.
-Espera.
-Cê tá mi pondo doido de tanto esperar!
Eu ri-me.
-Pois. Acontece… - gozei a rir.
-Ai você tá gozando comigo? – voltei a rir. – Não faz isso comigo. Já esperei tempo demais – continuei a sorrir. Ele veio ter comigo, pousou as mãos nas minhas pernas e pediu-me um beijo. Beijei-o rapidamente. – Cê tá mi provocando… - suspirou ele com um pequeno sorriso.
-Eu? Não.
-Tá sim.
Eu fiquei a olhá-lo com um pequeno sorriso gozão. Ele ficou a olhar para mim e de repente, tirou-me de cima da bancada e pegou-me ao colo.
-Então?! – reclamei.
-Não vou esperar mais. Cê tá mi levando pró limite e se eu chegar lá, amanhã não vou levantar cedo.
-Vê lá o que é que vais fazer! Olha que eu sou uma criança! – disse eu, tentando não me rir.
-Pode ser uma garotinha, mas você mi tira do sério.
-Ah, então tu tratas assim todos os que te tiram do sério?
-Assim, só você.
-Sabes muito.
-Você ainda não viu nada.
Entrámos no seu quarto e ele pousou-me em cima da cama. Com as mãos a rodear o seu pescoço, puxei-o e beijei-o energicamente. As suas mãos acentavam firmemente no meu corpo.
-Depois eu qui sou apressado, né? – disse ele a rir, despindo a camisola.
-Não sou eu que já estou a tirar a roupa – ri.
-Culpa sua – sorri. – Mas você parou de mi beijar porquê?
-Tu é que paraste.
-Tá bom. Agora vem aqui.
Voltei a beijá-lo e ambos nos envolvemos em abraços e beijos longos. Mais tarde o sono acabou por chegar-nos. Virei-me para ele e encostei-me ao seu peito despido, sentindo e ouvindo o bater do seu coração.
-Não sei como é que estás tão quente. Está tanto frio – comentei, já com voz sonolenta.
-Pode si agarrar qui eu ti aqueço.
-Obrigada.
Ele deu-me um pequeno beijo, seguido de alguns mais longos. Depois abraçou-me mais, por baixo dos lençóis, e fechou os olhos.
-Posso dormir sem ter qui mi preocupar si você vai fugir amanhã outra vez?
-Podes – sorri levemente. – Prometo que amanhã quando acordares eu vou estar ao teu lado.
-Eu ti amo, sabia?
-Eu também te amo.
Ele beijou-me uma última vez e pouco depois adormeci.



Espero que tenham gostado de mais este capitulo :D
Desculpem pela demora a publicar, mas não consegui antes :s
Beijinhos, e comentem1 :D

Mónica

1 comentário:

  1. fabuloso...

    quero mais... tou super curiosa para ver o proximo...

    continua...

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