quinta-feira, 31 de maio de 2012

Capitulo 16 (parte II)




(visão Andreia)


Depois de uma manhã de aulas e de uma tarde a fazer trabalhos, tirei a noite, depois de jantar, para pensar, a ouvir música. Sentei-me na cama, de olhos fechados, mas pouco tempo depois ouvi o meu telemóvel tocar. Era o Rúben. Respirei fundo.
-Estou?
-Andy.
-Rúben.
-Chegaram bem?
-Sim.
-Então e como é que correu o dia hoje?
-Normal. Tivemos aulas de manhã e à tarde matei-me em trabalhos de casa.
-Que sorte… - ironizou.
-Já me habituei.
Houve silêncio de ambos os lados da linha.
-Eu queria pedir-te desculpa pelo beijo de ontem… - disse-me ele.
-Tudo bem. Já passou.
-Mas eu tinha de te pedir desculpa.
-A Inês deixa-te desorientado e eu é que levo por cima, não é? – disse eu, tentando aliviar um pouco.
-Pois, foi isso, desculpa… - mas a voz dele pareceu meio desanimada.
-Então e vocês, tiveram treino hoje?
-Sim. Hoje à tarde. Mas o mister foi bonzinho.
-Boa.
-Tens a certeza que está tudo bem, linda?
-Sim, porquê?
-Pareces distante. Tens a certeza que não ficaste chateada, nem nada?
-Sim.
-O que é que sentiste quando te beijei? – perguntou ele repentinamente. Engasguei-me, sem fazer barulho, e ainda bem, porque não queria que ele tirasse ideias das minhas respostas.
-Foi esquisito, Rúben. Quer dizer, tu eras o meu melhor amigo.
-Já não sou? – perguntou, meio desconfiado, mas pareceu-me soar uma certa espécie de esperança na sua voz.
-Não sei. Quer dizer, não sei como é que nós ficamos a partir daqui…
-Como é que tu queres ficar? – hesitei. – Andreia?
-Não sei, Rúben. Só sei que não te, não quero perder a tua amizade…
-Sabes que nunca a perderás, nem a mim, linda.
-Obrigada. – Do outro lado ouvi uma pequena gargalhada.
-Então, sendo assim, achas que voltas cá na mesma, nas férias de Natal?
-Obviamente que sim, Rúben. Que pergunta!
-Boa… - notei satisfação na sua voz. – Ainda bem que resolvemos isto.
-Não podia ficar pendente…
-Claro que não.
-Bem, eu preciso de ir dormir. Amanhã de manhã tenho aulas.
-Está bem, linda.
-Até amanhã.
-Espera! Posso-te dizer uma coisa?
-Claro, diz.
-Posso juntar uma palavra no vocabulário que costumo usar contigo?
-É pá, o que é isso Rúben?
-Posso ou não posso?
-Pronto, podes.
-E prometes que não vais ficar chateada?
-Não sei - respondi, desconfiada.
-Promete lá.
-Está bem. Prometo.
-Então, a palavra é… - hesitou. – Amo-te.
-É o quê? - engasguei-me.
-É o que eu sinto. Sabes que eu te adoro.
-Sim, sei. Mas não achas que a palavra tem um peso muito grande, por mais que me adores e eu a ti?
-Nada é grande o suficiente.
-Tu és.
-Eu o quê?
-Aah, eu acho que não preciso de palavras grandes. Eu sei que gotas muito de mim
-A partir de agora, amo-te é a palavra correcta e que vou passar a dizer-te sempre.
-Hm…
-Bom, precisavas de ir dormir, não é?
-Aah, sim.
-Ok, então eu ligo-te amanhã.
-Está bem.
-Beijos.
-Beijos.
-E, amo-te.
-Até amanhã – disse eu rapidamente, desligando em seguida.
A Mónica tossiu disfarçadamente ao entrar no quarto.
-Estavas a ouvir a conversa, não estavas? – perguntei.
-Não fiz por mal – respondeu ela, meio envergonhada.
-Está bem.
-Mas, já agora.
-Ui, o que é que queres agora?
-Achas que consegues continuar a estar com o Rúben como antes?
-Como antes não vai ficar. Mas pode ser que não seja muito difícil. Agora ainda não se notou porque foi a primeira vez que falámos depois do, daquilo que aconteceu, mas nós vamos continuar a mandar bocas. Um para o outro e para os outros. Sim, porque agora que falo nisso, lembrei-me. – Ela pôs uma cara de quem sabia o que eu ia dizer mas não lhe agradava muito falar agora, por vergonha ou assim. Abriu a cama e deitou-se, virando-se para a minha cama. Eu ri.  –Eu sabia que andava qualquer coisa entre ti e o Rodrigo.
-Oh.
-Ah agora estás com vergonha? No aeroporto não tinhas, não é?
-Oh pá, eu ia contar-te quando já tivéssemos voltado.
-Porquê? Não me podias ter dito logo?
-Não. Senão o Rodrigo ia dizer ao Rúben e aí, em vez de ouvir bocas de um ouvia bocas dos dois.
-Pois. Sabes que o Rúben não se cala.
-E tu também.
-Eh, até parece que mando muitas bocas.
-Podem não ser tantas como o Rúben, mas mandas.
-Está bem. – O telemóvel dela tocou. Ela olhou para o visor e sorriu. – Ai o meu Rodrigo… - suspirei, gozando com ela, enquanto ela se levantava da cama. Mandou-me uma almofada e saiu do quarto.


VISÃO RODRIGO


-Oi.
-Olá – mi respondeu ela.
-Acordei você?
-Não. Ainda estava a conversar com a Andy.
-Desculpa só tar ligando a essa hora, mas não consegui antes.
-Oh, não faz mal.
-Então e vocês chegaram bem ontem?
-Claro.
-E a Andreia? Como é qui ela tá?
-Bem.
-Tem certeza? É qui o Rúben não tava muito concentrado no treino, hoje.
-Sim, tenho. Pois, mas ele já deve estar melhor agora. Ele e a Andreia estiveram a falar à bocado e está tudo bem.
-Qui bom. Depois eu falo com ele, então.
-Sim, depois ele expõe-te a perspectiva dele – riu ela.
-Eu acho qui as perspectivas deles não são muito diferentes, não. Acho qui são muito parecidas, eles qui não querem ver. Quer dizer, ela…
-O quê? Explica-me lá isso.
-Eu explico, mas só si você não disser nada prá Andreia. Eles qui vão desenvolvendo à medida deles.
-Está bem, eu não digo.
-Mas não diz mesmo.
-Não, não digo. Se é para ajudá-la e fazê-la feliz eu não digo.
Sorri. Elas gostavam muito de cuidar uma da outra. Melhores amigas de verdade.
-O Rúben gosta dela. E não é brincadeira nem confusão da cabeça dele. Ele sabe o qui ele quer. E nesse caso é ela.
-Eu sabia! A Andreia é que é um bocadinho teimosa, mas eu vou ver se dou um jeito para ela admitir isso ao Rúben. Sem comprometer nada, prometo. Eu já estava a tentar fazer isso antes, por isso.
-Tá bom. Agora vamo deixar eles. Vamo falar da gente. Já tou morrendo de saudade.
-Eu só vim embora ontem – riu ela.
-Pra mim é muito. Nem devia ter ido.
-Sim, sim. Não és tu que perdes as aulas. Olha se fosses tu a faltar aos treinos.
-É diferente.
-Pois, pois é. Tu nem faltavas. O mister não deixava.
-Tá bom, vai, cê tem razão. Mas eu não aguento ficar longe de você. Si eu pudesse, nesse momento tava abraçando e beijando você.
-Eu também, mas não dá. E é bom começarmos a habituar-nos porque agora são duas semanas, mas depois vai ser mais tempo.
-Muito mais, né. Isso ainda é só o primeiro ano…
-Não vamos falar disso, por favor. Daqui a duas semanas já estou aí outra vez. E fico quinze dias, não três.
-É, cê tem razão. Vamo aproveitar aquilo qui a gente vai tendo. Desculpa.
-Oh, não tens de pedir desculpa. Por mim estava contigo agora.
-Tou deitado na cama, ti esperando. Vem correndo – ri.
-Hmm. Se eu pudesse… Mas bom, tenho de ir dormir. Amanhã tenho de me levantar cedo.
-Tá bom. Ti vou ligando, então.
-Sim. Para passar mais depressa.
Eu ri.
-Ti amo.
-Também te amo.
-Beijo.
-Beijinhos.
Desliguei e coloquei o telefone na mesinha de cabeceira. Fechei os olhos e fiquei pensando nela. Em todos os momentos qui passei com ela, desde o primeiro olhar até à última palavra qui tinha ouvido da boca dela, à poucos segundos atrás. Adormeci pensando nela e pensando qui essas duas semanas iam passar voando.


-Rapaziada, vamos lá começar a correr! – disse o mister prá gente.
-Rodri! – chamou o Rúben, chegando ao meu lado.
-Oi.
-Então, já sabes quando é que elas vêem?
-Não. Cê sabe?
-Não. Falei com a Andy ontem e ela disse que não sabem se vêem amanhã ou na segunda. Depende das coisas lá na Faculdade.
-Pois… - respondi, meio desanimado.
-É pá, eu sei que as saudades já apertam muito, mas no máximo faltam três dias. Já faltou mais.
-Eu sei. Mas tão apertando mesmo. – Ele riu. – Vai mi dizer qui também não tá rezando pra voltar a ver a Andreia.
-Claro que sim.
-Então. – Ele sorriu. – Mas não é só isso.
-Então é o quê?
-Eu ia levar ela na Gala de Natal do Benfica, mas si elas não chegarem… A Gala é já amanhã…
-A Gala… É isso! Ai, obrigado puto!
-Porquê? Qu’qui cê tá pensando?
-Vou levar a Andreia comigo. Eu sei que ela vai dizer que sim.
-Muito convencido você, não tá não?
-Não.
-Tá bom. Então, desculpa falar nisso, mas e a Inês? Vocês voltaram a conversar? É qui eu não sei si ela vai gostar muito de você levar a Andreia e não ela na Gala.
-Da Inês eu trato depois.
-Cê é qui sabe.
-Oh suas Amélias! Menos de língua e mais dos pedais! – gritou o mister.
-Claro mister! – riu o Rúben, acenando com a cabeça.
-Sempre o mesmo você, hein.
-Claro que sim, então. Temos de rir seja qual for a situação. Só vivemos uma vez, amigo.
-É isso aí.
-Olha, queres ir almoçar lá a casa?
-Pode ser.
-Ai é? Boa, então fazes tu almoço.
-Cê não quer mais nada não? – perguntei rindo.
-Eu lavo a louça.
-Ah, assim tá melhor!


Espero que tenham gostado de mais este capitulo e já sabem, deixem sempre a vossa opinião, que é extremamente importante para mim! :D

Beijinhos

Mónica

2 comentários:

  1. Continua, estou a gostar de seguir esta historia :D

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    1. Ainda bem que estás a gostar, espero que continues a segui-la!
      Beijinhos :)

      Mónica

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