VISÃO RODRIGO
Na semana seguinte a Mariana
veio a Portugal, como ela mi tinha dito, e ficou lá em casa. Acabei falando
pra ela sobre a Mónica, porqui quando eu recebia uma mensagem dela ficava
sorrindo e a Mariana percebeu qui tinha a ver com raparigas. Depois de mi ouvir
ela mi pediu pra ter cuidado e ir com calma pra poder saber se podia confiar na
Mónica. Os conselhos foram bons e a
companhia também, mas terminou rápido. Fui levar a minha irmã no aeroporto, de
manhã. O mister marcou o treino prá tarde de novo, por isso deu tempo pra mi
despedir em condições da minha irmã. Depois segui pra casa e fiquei trocando
mensagens com a Mónica e mi entreti no meu tablet.
Depois de almoço liguei pra casa dela, pois sabia qui ela tava lá almoçando.
-Oi - cumprimentei.
-Olá.
-Ti interrompi ou dá pra gente
falar um pouquinho?
-Não,não interrompeste nada.
Podemos falar sim, mas está tudo bem?
-Tou sozinho de novo.
-Então?
-A minha irmã foi embora hoje de
manhã.
-Ah, pois, já me tinhas dito.
-Não gosto nada de ficar
sozinho, é muito chato!
-De vez em quando sabe bem.
-De vez em quando, mas eu passo
mais tempo sozinho em casa do qui eu quiria.
-Porque é que não vais passear?
Sais de casa, espaireces.
-Acompanhado é mais legal!
-Pois, mas se não tens quem vá
contigo vais sozinho, e até pode ser que conheças pessoas novas.
-Não tem muita graça, né.
-Andas muito esquisito.
-Ah, você pensou qui eu era
perfeito? Não sou não!
-Eu sei que não. Quer dizer,
eu...
-Não precisa si atrapalhar. Eu
percebi.
-Por exemplo, eu também tenho
defeitos... - continuou tentando se explicar.
-Oi! Não precisa se explicar, eu
entendi.
-Ok...
-Você si preocupa muito, sabia?
-Preocupo-me muito com o quê? -
perguntou confusa.
-Você si preocupa demais em
parecer bem pra mim. Eu sei qui todo mundo erra, é normal, não precisa tentar
esconder as falhas. As pessoas são bonitas também porqui erram. E eu gosto de
você pela pessoa maravilhosa qui você é, não vai ser um erro qui vai mudar
isso.
-Ah... Se calhar é suposto eu
dizer obrigada, não é?
Eu ri.
-Tá vendo? Qual é o erro qui vai
mi fazer deixar de gostar desse seu jeito?
-Acho que é melhor começares a
cortar com os elogios assim, se não vais ficar a falar sozinho.
-Porquê? Tou sendo muito chato?
-Não, mas estás a deixar-me sem
saber o que dizer... - respondeu meio envergonhada.
-Tá bom, desculpa, eu não quiria
deixar você sem jeito. Só tava transmitindo pra você o qui eu penso.
-Está bem... Bem, eu não estou a
tentar fugir nem nada assim, mas eu tenho de desligar. Tenho de ir trabalhar.
-Tá bom. Depois a gente fala. E
obrigado por ter mi feito companhia esse tempinho.
-Não tens de agradecer. Eu gosto
de conversar contigo.
-Eu também gosto muito de
conversar com você - sorri.
-Bem, tenho mesmo de ir. Até
logo.
-Beijo.
-Beijinhos.
Ela desligou. Eu ia falar mais
uma coisa pra ela, mas não consegui qui as palavras saíssem. Não qui eu não
quisesse dizer, mas talvez ela não reagisse muito bem si eu dissesse pra ela um
'' Ti adoro'' assim de repente. Liguei a televisão e fiquei assistindo um filme
até serem horas de ir embora pró treino.
Cheguei no Caixa e ainda
faltavam 10 minutos pró treino começar. Fui até ao balneário mi equipar e
depois fui pró relvado, onde o Rúben já tava.
-Oi gente! - cumprimentei todos.
-Olá! - responderam.
-Então puto, tudo bem? -
perguntou o Rúben.
-Tudo, e com você?
-Também. Então e a tua irmã foi
embora hoje, não foi?
-Foi. Porquê?
-È que o Mauro já voltou a
chatear.
-Ahaha! Tadinho de você, né? -
brinquei.
-Estás muito bem-disposto, hã?
Aposto que estiveste a falar com a Mónica.
-Porqui é qui cê tá dizendo
isso?
-Porque cada vez que falas com
ela ficas super bem-disposto.
-Ah, cê também não tem muito qui
falar. Você fica igual sempre qui fala com a Andreia!
-E se acabassemos esta conversa,
hã?
-Cê tá fugindo do assunto,
Rúben!
-Eu dou-te o fugir do assunto!
Comecei correndo pra fugir dele
e passei pelo mister, qui tava si dirigindo pra junto do resto do plantel. A
gente regressou pra junto do grupo.
-Boa tarde, rapazes! -
cumprimentou o mister. - Parecem muito bem-dispostos, hã?
-È mister, aqui o Rodrigo está
muito contente, agora! - riu o Rúben.
-Ai é? Então e é por algum
motivo em especial? Ou é só porque estamos em primeiro lugar?
-Não mister, o assunto é uma
rapariga - respondeu com um sorriso trocista, olhando pra mim. - Ele fica muito
contente quando fala com ela!
-Oh Rúben, dá pra você parar? -
pedi.
O plantel já tava rindo e até o
mister já tava deixando aparecer um sorriso.
-Bom, se o assunto são raparigas
vamos deixar esse assunto e vamos mas é ao treino, que vocês já andam a
dispersar muito! - disse o mister.
Começámos a corrida inicial.
-Mas vá, agora a sério - falou o
Rúben. - A Andreia e a Mónica vêem a portugal dentro de pouco tempo.
-Sério? - perguntei curioso.
-Sim. Vêem cá no inicio de
Dezembro e depois nas férias de Natal.
-Qui bom!
-È, que bom, não é Rodrigo? Se
não começarem a correr mais rápido vai ser bom dar mais umas voltinhas! -
brincou o Nélson, passando pela gente. O Rúben riu.
-Eu sei porque é que é bom. Vais
ver a Mónica pela primeira vez, não é?
-È - respondi.
-Estás a ver como eu sei!
-È, cê sabe sim! Mas agora vamo
correr rápido antes qui o mister mande a gente dar mais umas voltinhas!
-È, vamos, se não o menino
começa a corar! - riu ele.
Eu sorri mas não respondi.
Depois do treino tomei um duche, troquei de roupa e dirigi de volta pra casa.
As semanas foram passando e eu
tava super ansioso qui chegasse o final do mês. Já tinha combinado com o Rúben
e já tinha avisado a Mónica qui nós os dois iamos buscar elas ao aeroporto. Por
agora iam ser três dias, mas iam ser o bastante pra conhecer a Mónica. Todos os
dias pensava qui faltava pouco pra isso acontecer. Os treinos corriam bem e os
jogos corriam melhor. Tava tudo correndo muito bem e ia correr melhor, esperava
eu, em breve.
-Oi! - sorri, assim qui ela
atendeu o telefone.
-Olá.
-Tava ocupada?
-Não. Subi agora para o quarto
para ler um bocado.
-Si quiser ler eu desligo.
-Não! Não, desligues! Eu posso
ler depois.
-Tá bom, então. Como é qui foi
seu dia hoje?
-Normal. Escola, trabalho, trabalhos
de casa, jantar e agora a falar contigo.
-Virou rotina, agora?
-Pelos vistos sim. Agora falamos
todos os dias - riu.
-Pois. Mas eu mi sinto bem
falando com você todos os dias.
-È, eu também já me habituei...
- sorriu.
-Faltam dois dias pra vocês virem...
- comentei.
-Sim...
-Depois a gente vai poder
conversar melhor... Vamo poder falar na frente um do outro...
-E se não for tão bom como é por
telefone? Quer dizer, eu vou ficar meio sem jeito quando te conhecer, na sexta.
-Vai ser melhor!
-E se ficares decepcionado?
Posso ser diferente do que tu pensas... - ela tava insegura, isso era uma
certeza, mas não precisava.
-Você não vai mi decepcionar. Eu
já falei pra você: eu gosto de você pela pessoa maravilhosa qui você é, não
pela maneira como você se veste, si você é mais baixa ou mais alta qui eu, si a
sua gargalhada parecer esquisita... O qui eu conheço eu gosto, o qui eu não
conheço vou conhecer e depois vou aprendendo a gostar, o qui eu acho qui não
vai se dificil.
-Tens a certeza que não vais
ficar decepcionado?
-Absoluta. Bom, eu não vou ti
incomodar mais, você deve tar cansada e tem qui si levantar cedo assim como eu
também tenho, por isso acho melhor a gente ir deitar.
-Sim, ia pedir-te para falarmos
amanhã, porque já estou mais para lá do que para cá.
-Ahaha! Tá bom, então eu ti ligo
amanhã.
-Está bem.
-Beijo. Dorme bem.
-Tu também. Beijinhos.
-Espera! - pedi, antes qui ela
desligasse. - Eu quiria ti dizer uma coisa.
-Diz.
-Mas promete qui não fica
chateada?
-Chateada porquê?
-Poqui eu quiria ti dizer... -
hesitei um pouco.
-Diz. Eu não vou ficar chateada.
-Não?
-Não.
-Tá bom, então, eu ia ti dizer
qui... Eu ti adoro.
-Ah... Eu também gosto muito de
ti - disse els falando muito rápido pois estava envergonhada, dava pra notar no
tom de voz. Eu gostei muito de ouvir a resposta dela, tanto qui o sorriso
voltou a aparecer nos meus lábios. Mas eu não quiria qui ela ficasse ainda mais
sem jeito.
-Ah, bom, obrigado. È, é melhor
a gente ir deitar, então.
-Pois é.
-Então eu amanhã ti ligo.
-Está bem.
-Beijo.
-Beijinhos.
Desliguei. Depois fiquei
sorrindo, sentado no sofá. Mas de repente alguma coisa veio à minha mente.
Depois de ter dito aquelas palavras prá Mónica eu já não ia poder voltar atrás.
Tava permitindo o meu coração a si abrir mais pra ela. O medo lá do fundo tava
mi gritando pra eu mi proteger, mas eu não sentia necessidade nenhuma disso. Mi
sentia livre, leve e solto, como dizem. Sentia qui não precisava ter medo, qui
dessa vez podia amar e nao ia sofrer mais...
VISÃO MÓNICA
-O Rúben vai mesmo buscar-nos ao
aeroporto? - perguntei eu à Andy, assim que entrámos no avião. Iamos aproveitar
a tarde para irmos mais cedo passar o fim-de-semana a Potugal.
-Vai. E o Rodrigo vai com ele.
Finalmente vais conhecê-lo, hã! - sorriu.
Eu sorri timidamente. Estavs
nervosa. Já falava com ele à algum tempo, por mensagens e ligavamos um ao outro
para falar um bocadinho, e tinhamos-nos visto uma vez pela web, mas nunca
tinhamos estado realmente cara a cara. Eu sabia o seu aspecto fisico, porque
ele está sempre a aparecer na televisão e nos jornais. Lindo. Mas ele não sabia
o meu aspecto. Mas pelo que ele dizia e pelas mensagens, não importava. Gostava
de mim pela ''pessoa maravilhosa que eu
era''. Esperava que assim fosse depois de nos conhecermos, porque depois de
começar a falar com ele passei a admirá-lo mais como pessoa.
-Estás nervosa? - perguntou-me a
Andy, tirando-me a atenção dos meus pensamentos.
-Um bocado. Estou com medo que
ele fique decepcionado ou assim quando me vir.
-Oh, ele não te disse que isso
não importava? Queres que te volte a lembrar as palavras dele?
-Não, não é preciso. Elas fazem
eco na minha cabeça a toda a hora. Mas mesmo assim fico nervosa.
-Entao deixa o eco das palavras
e manda o resto embora. Não sei para que é que estás com essas coisas. Tu não
és feia, e eu já te disse e ele próprio te disse também que isso não é o mais
importante. Ele gosta da tua maneira de ser, isso chega.
-Está bem - respondi, no entanto
ainda não estava completamente tranquila e não ia ficar até estar com ele.
-Ai a minha vida! Agora tenho de
estar a aturar crises de insegurança - brincou ela, tentando aliviar. Resultou.
Eu ri-me.
-Está bem, vou tentar mandar a
crise embora - ri.
-Acho bem - sorriu.
Quando aterrámos fomos buscar as
malas e a Andy ligou ao Rúben para saber onde é que eles estavam.
-Vamos ter com eles à entrada do
aeroporto - anunciou ela.
-Está bem.
-Respira, se faz favor.
-Está bem
-Pára de dizer está bem e faz o
que eu te peço, por favor.
-Está bem - respondi,
involuntariamente.
Depois explodimos os dois às
gargalhadas. Pelo menos serviu para aliviar alguma tensão. Seguimos para a
entrada do aeroporto e avistámos uma multidão. Eles estavam na origem.
Destribuiam autógrafos e beijinhos e fotografias, sempre com uns mega sorrisos.
-Não nos vamos meter lá agora -
disse eu.
-Claro que não. Vamos esperar.
Vou só mandar uma mensagem ao Rúben a dizer que já chegámos. Pode ser que eles
se despachem mais rápido.
-Está bem - respondi, fixando o
olhar no meio da multidão.
-Não começes com os ''está bem''
- pediu ela com um sorriso.
-Não, não começo - ri.
Depois abstraí-me do resto e
fixei a minha atenção numa só pessoa. Observei a maneira como ele dava os
autógrafos, esquerdino, a maneira como sorria ao olhar para a câmara para tirar
uma fotografia com os fãs e a maneira como alegrava os fãs ao cumprimentá-los,
tudo isto, uma forma também de agradecimento da sua parte pela força e o apoio
que eles lhe davam. Estava novamente mergulhada nos meus pensamentos, que nem
tinha reparado que os fãs já tinham ido embora e eu já só o observava a ele. O
seu olhar cruzou o meu e ele sorriu-me. Sorri de volta. A Andy já devia estar à
meia hora a chamar-me, porque agora ela teve de dar-me um encontrão.
-Oh M&M! Já estou farta de
te chamar, e tu nada.
-Oh quê?! - ela riu-se. - Não tem
piada. Ainda por cima eles já estão... A vir na nossa direcção - constatei, ao
olhar na direcção deles.
-Só assim é que ouviste. Pois,
era para te dizer isso - riu.
-Olá meninas - sorriu o Rúben ao
cumprimentar-nos.
-Olá - dissémos. O Rúben avançou
na direcção da Andy e abraçou-a.
-Então linda, como é que estás?
-Óptima - sorriu ela.
-Mónica - disse o Rodrigo a
sorrir, fazendo-me tirar os olhos do Rúben e da Andy.
-Olá - respondi timidamente.
-Posso cumprimentar você, ou...
-Não, claro que podes.
Ele sorriu abertamente e veio
cumprimentar-me, demoradamente, com dois fortes beijos na cara. Cumprimentei-o
da mesma maneira. Ele cheirava deliciosamente bem.
-Gosto do seu beijo - sorriu. Eu
sorri timidamente. - Tou falando sério. Seu beijo é doce - voltou a sorrir.
-Obrigada - agradeci, meio
envergonhada novamente.
-Bem, vamos embora? - sugeriu o
Rúben, dirigindo-se a nós dois. - Não te esqueças que temos treino logo, puto.
-Pois é - respondeu o Rodrigo.
-Queres vir ver o treino, Andy?
- perguntou o Rúben.
-Querer eu queria, mas já
combinei com os meus pais ir lá a casa.
-E você não quer vir? -
perguntou-me o Rodrigo, olhando-me meio que esperançoso. Olhei regusiosamente
para a Andreia, que me indicava com o olhar para eu dizer que sim. - Eu levo
você em casa, depois.
-Não é preciso, eu volto de
transportes.
-Mas então você vai?
-Vou - sorri. Ele sorriu também.
-Bem, então já que trouxemos os
dois carro, que tal eu e a Andy levarmos as malas delas para casa e vocês os
dois vão dar um volta e conversar a sério, hã? - propôs o Rúben.
-Por mim - disse o Rodrigo,
olhando para mim.
-Está bem - aceitei.
-Então vá, Mónica. Dá-me as tuas
malas que eu e a Andy levamos para vossa casa. - Dei as malas ao Rúben.
-Então, até logo - sorriu a
Andy.
-Até logo - sorri também. Ela e
o Rúben viraram costas e começaram a dirigir-se para a saida.
-Onde é qui cê quer ir?
-Não sei, escolhe tu.
-Não, escolhe você. Mi mostra um
sitio qui eu não conheça.
-Ui, então estás com pouca
sorte. Se calhar até conheço menos que tu.
-Então, você qui é a portuguesa
e eu qui conheço melhor o pais?
-Pelos vistos - rimos.
-Você já foi alguma vez ao
Estádio da Luz? - perguntou-me.
-Não. Quer dizer, só do lado de
fora - respondi, sorrindo, ao lembrar da minha ilegalidade e da Andy, quando tínhamos 17 anos.
-Assim não tem graça. Qu'qui cê
diz de a gente ir prá lá agora? A gente dá uma volta, conversamos e você fica
conhecendo o Estádio dos pés à cabeça.
-Está bem, podemos ir - ri.
Fomos até ao seu carro, um BMW
X3 Branco e fomos para o Estádio.Assim que lá chegámos parámos para lanchar e
em seguida fomos ver as lojas. Ficámos mais tempo na Adidas, onde ele se perdeu e eu me perdi em seguida, tal era a
envolvência que soava nas suas palavras.Fiquei a saber onde é que ele se
perdia. Quando finalmente saímos da Adidas
eram horas do treino. Ele foi equipar-se enquanto eu desci até ao relvado e
fiquei a observar.
-Grande, né? - disse o Rodrigo,
chegando a correr.
-È.
-È lindo.
Sim - concordei.
-Você também.
-Obrigada - agradeci, meio sem
jeito, olhando para o relvado. - Bem, eu vou andando para as bancadas porque
daqui a nada vocês começam o treino.
-O mister ainda vai demorar um
pouco, e eles tão só si divertindo antes do treino.
-Sim, mas vou já andando.
-Então eu vou com você até o
treino começar.
-Tu é que sabes.
Fomos até às bancadas e sentámos-nos. Eu fiquei a observar o resto do plantel a fazer as suas
brincadeiras, e sentia o olhar do Rodrigo preso em mim. Olhei para ele e
sorri, voltando em seguida a olhar para o campo.
-Eu tava falando sério quando disse qui você é bonita. Eu sei qui você tava preocupada com isso, mas agora não precisa mais.
-Obrigada.
-Não tem qui agradecer.
-Tens-me elogiado muito, mas tu ainda não recebeste elogios. Assim não vale - brinquei.
-Pode mi elogiar si você quiser.
-Aah...
-Também pode pôr defeito - riu. Eu sorri. - Mas eu gostava mesmo de ficar sabendo o qui é qui cê gosta e o qui é qui cê não gosta em mim - pediu.
-Bom, está bem - respondi, meio relutante. -Eu gosto... - ele fixou o olhar em mim - do teu sorriso... - ele sorriu ainda mais - dos teus olhos... do teu cabelo... - rimos os dois - e pode parecer estúpido, mas, eu gosto das tuas mãos.
-Das minhas mãos? - perguntou, meio confuso mas sorrindo na mesma.
-Sim. Não consigo dizer porquê, mas gosto -ri. Ele sorriu.
-Então e o qui é qui você não gosta? - perguntou.
-Por enquanto ainda não desgosto de nada - sorri.
-Isso é bom - sorriu também.
-Então mas, tu já me elogiaste muito mas ainda não me disseste concretamente o que gostas e não gostas em mim - disse eu.
-Tá bom, então eu vou dizer.
-Diz.
Ele fez um mega sorriso.
-Eu gosto do seu sorriso, do seu olhar, do seu jeito quando você anda - eu ri. Isto tinha soado ainda mais esquisito do que quando eu tinha dito que gostava das mãos dele - , gosto de você.
-É a primeira vez que estás comigo e já gostas de tudo sem veres os defeitos. Se calhar é um bocadinho precipitado dizeres já isso. - Apesar de estar a dizer isto, sentia que eu também dissera o mesmo, e sentia isso, apesar de ser a primeira vez que estava com ele.
-Não. Eu sinto como si eu conhecesse você desde sempre. A gente começou falando à pouco tempo e eu nunca tive perto de você antes, mas não parece.
-Pronto, até tens razão -ele sorriu.
-Você é fantástica, sabia?
-Oh, também não exageremos - disse eu , olhando para ele assim que ele voltou a olhar para mim.
-Eu não tou exagerando. Tou falando sério.
-Oh.
Ficámos a olhar um para o outro.
-Desculpa, mas não tá dando mais... - disse ele.
-O quê? - perguntei, sem perceber o que ele queria dizer. Ele olhou para mim ansiosamente e depois beijou-me. Apanhou-me de surpresa, mas rapidamente me deixei envolver pelo movimento suave e doce dos seus lábios contra os meus. Era um beijo cuidado e receoso da reacção que eu iria ter. Não ia bater-lhe, nem gritar-lhe ou algo assim. Na verdade nem sabia bem o que é que ia fazer. Agora só queria sentir o toque dos seus lábios que me deixavam abstraída de tudo o resto, neste momento, depois via o que é que fazia, nem que fosse ficar com um ar estúpido a olhar para ele sem dizer nada. A abstracção e ao mesmo tempo a concentração no beijo terminaram assim que ouvi uma voz do campo.
-Puto, o mister vem aí! - disse o Rúben. O Rodrigo recuou, sem deixar de olhar para mim. - Desculpem... - disse o Rúben novamente, embaraçado.
Mais ninguém disse uma palavra, no entanto, o olhar do Rodrigo perscrutava-me parecendo ter algo a dizer, mas sem que as palavras conseguissem ser ditas.
-A gente fala depois... - disse ele, ainda em transe, saindo em seguida a correr para ir para o campo.
Eu continuei estática. Apenas o meu raciocínio funcionava e mesmo assim não estava nas melhores condições. Revi mentalmente aquele beijo. Tinha sido fantasticamente delicioso e voltaria a repeti-lo todas as vezes que quisessem, mas, apesar de querer não ia, não podia voltar a fazê-lo. Esta era uma situação em que desejamos muito que aconteça algo com alguém e esse alguém também quer estar connosco, ou pelo menos assim o dá a entender, mas depois, temos outro alguém que nos ama de uma forma que não queremos. Então, para não magoarmos a pessoa que nos ama no momento inoportuno, recusamos e reprimimos o mais que conseguimos os nossos desejos, magoando-nos a nós mesmos mas também talvez a quem nos ama e seria correspondido... O plantel já tinha dado duas voltas ao campo, mas eu não conseguia permanecer ali, onde estava o pecado físico que me fizera apaixonar apenas com palavras sinceras e uma voz doce... Saí do Estádio e segui para casa.
Quando cheguei a casa eram horas de jantar. Fui até ao quarto e deitei-me em cima da cama. O meu telemóvel voltou a tocar pela milionésima vez. Já não olhei, pois sabia quem tanto queria ouvir a minha voz. Parou de tocar mas cinco minutos depois recebi aquela que devia ser a milhenta mensagem da mesma pessoa. Estava a desesperar por ele não desistir, como ele devia estar a desesperar por eu não lhe dizer nada. Abri a mensagem.
De: Rodrigo Moreno M:
Já mandei mil mensagens e já liguei mil vezes pra você, mas isso é pouco pra mim. Não vou desistir de falar com você. A gente tem qui conversar sobre o qui aconteceu hoje no treino, por favor. Você é uma garota legal e ia ser muito legal também si você atendesse o telefone.
Pronto, depois de conseguir não dizer nada com todas as mensagens, cedi a responder a algo que ele escrevera.
Para: Rodrigo Moreno M:
Eu disse-te que não conhecias os defeitos. Talvez eu não seja assim tão ''legal''.
De: Rodrigo Moreno M:
Eu não quero saber dos seus defeitos. Talvez quem tá errado sou eu, mas só tou pedindo pra conversar pra resolver as coisas. Você sabe onde eu moro. Si você quiser aparece lá quando der mais jeito pra você. Ou posso ir ter na sua casa.
Para: Rodrigo Moreno M:
Eu não vou a tua casa e muito menos quero que venhas a minha casa agora. E acho que não há nada para resolver. Foi só um beijo.
De: Rodrigo Moreno M:
Pra mim não foi só um beijo. Foi muito mais qui isso. E já qui você não vai mi deixar ouvir a sua voz, vai ter mesmo qui ser assim - parei de ler. Eu queria ler o que estava escrito, mas que não devia estar. Voltei à mensagem. - Eu ti amo. E não tou nem ai si é cedo demais. Eu mi apaixonei por você mal comecei falando com você no telefone. Você é linda, e agora eu comprovei isso também pro lado de fora. Agora qui eu provei do seu beijo, qui eu andei tentando controlar desde cedo, eu não quero ficar sem ele não. E eu acho qui não sou indiferente pra você também. Senti isso na forma como você recebeu e retribuiu o meu beijo.
Fiquei a olhar para o visor. parecia que toda a gente tinha decidido amar-me da mesma maneira e ao mesmo tempo...
-Já chegaste? -perguntou-me a Andy, entrando no quarto.
-Sim - respondi, com uma voz não totalmente dentro da conversa.
-Estava a tomar banho, nem te ouvi.
-Pois.
-Então e o treino, foi giro?
-Foi.
-Deve ter sido super entusiasmante. Pela tua vozinha.
-Foi giro. Só estou cansada.
-Sim, sim. Engana-me que eu gosto. Olha, então e o Zach?Já falaste com ele?
-Temos falado por mensagens e ele deu-me a morada da casa que ele alugou cá.
-Ah, está bem. Bom, vamos jantar?
-Já está feito?
-Já. Eu fiz antes de ir tomar banho. Está no forno para continuar quentinho.
-Obrigada Andy.
-Oh. Anda lá, mas é.
Levantei-me e depois de pôr-mos a mesa jantámos. Eu lavei a louça e depois fui sentar-me ao lado da Andy no sofá a ver televisão. Apesar de não estar a prestar atenção alguma.
-Bem, eu vou deitar-me. Ainda ficas aqui?
-Fico - respondi.
-Ok. Até amanhã.
-Até amanhã.
Continuei a olhar para a televisão sem prestar atenção. A minha cabeça latejava a cada bater do coração, que batia desesperadamente por mais um toque do Rodrigo...
-Olha, vou sair. Não sei quanto tempo é que vou demorar - disse eu à Andy, entrando no quarto para ir buscar o meu casaco.
-A esta hora? - perguntou ela preocupada, enquanto se deitava.
-Sim. Tem de ser. Senão não vou conseguir dormir hoje.
-Qual deles é que é? O Zach ou o Rodrigo? É que só eles é que te conseguem provocar uma atitude destas.
-Até logo - disse eu passando a porta do quarto, em direcção às escadas.
-Diz lá quem é!
-Depois falamos. Até amanhã - respondi, quando já estava a meio das escadas.
E agora, o que será que a Mónica vai fazer?
Obrigada pelos comentários! Obrigada por me seguirem! Obrigada por me ajudarem a ter mais vontade de continuar! :D
Beijinhos
Mónica
magnifico, fabuloso...
ResponderEliminarquero mais...
continua... agora fiquei curiosa para saber o que a monica vais fazer...
Obrigada Ana :D
EliminarBem, agora já vais poder ler o que aconteceu..
Beijinhos
Mónica
adorei... quero mais :D
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