VISÃO ANDREIA
Eu e o Rúben
decidimos afastar-nos do Rodrigo e da Mónica para deixá-los despedirem-se.
-Vou ter
saudades tuas, linda.
-Eu também,
chato. Mas são só duas, passa rápido.
-Tomara que sim.
De repente,
olhei para a direcção onde estavam o Rodrigo e a Mónica.
-Eu sabia!
-Sabias o quê? -
perguntou-me o Rúben.
-Ela tem muita
coisa para me contar.
O Rúben olhou
para eles e depois virou-se para mim.
-Se quiseres
também podemos fazer o mesmo - disse-me. Fiquei parva com o que ouvi.
-Mas tu estás
parvo?! Tu namoras com a Inês e nós somos só melhores amigos!
-Nós demos um
tempo.
-Oh Rúben, cala-te!
Andaste a beber ou quê?
Ele deu uma
gargalhada.
-Estava a
brincar, linda. - disse-me ele, abraçando-me.
-Acho bem, Rúben
Filipe!
Conversámos mais
um pouco, mas depois chegou a hora de embarcar.
-Tenho de ir,
lindo.
-Já?
-Sim.
Ele abraçou-me e
depois comecei a caminhar para ir ter com a Mónica à porta de embarque.
-Andy! -
chamou-me o Rúben, depois de eu já ter avançado alguns passos. O Rodrigo estava
a vir da porta de embarque para junto do Rúben.
-Sim?
Ele veio ter
comigo.
-Quero mais um
abraço - pediu ele. Abracei-o.
-Parece que vais
chorar – ri. – Isto não é o fim do mundo! Daqui a duas semanas já cá estou
outra vez.
-Eu sei – disse ele
abraçando-me com força. – Mas… Eu adoro-te.
O abraço
terminou e eu segurei as suas mãos.
-Oh, eu também
te adoro lindo – sorri.
De repente ele
ficou sério e olhou-me profundamente, para a seguir me surpreender com um
beijo. Se calhar ele não estava a brincar tanto quanto parecia quando sugeriu
que o fizéssemos à minutos atrás… Quando separou os nossos lábios ficou a
segurar a minha cara enquanto me olhava fixamente. Retirei as suas mãos da
minha cara.
-Eu… tenho de
ir, Rúben. Depois falamos – disse-lhe eu, meio atrapalhada. Ele não disse nada,
ficou simplesmente parado a olhar para mim enquanto me afastava. O Rodrigo
tinha parado a meio do caminho e estava incrédulo a olhar para o Rúben. A
Mónica mostrava-se expectante.
-O que é que foi
aquilo? – perguntou-me quando cheguei ao pé dela.
-Não me faças
perguntas, por favor… - consegui pedir, quando passei por ela. Nem eu sabia o
que é que tinha sido. Simplesmente tinha-me surpreendido, mas também afectado
de alguma maneira, porque a minha cabeça ficou numa confusão total.
VISÃO RÚBEN
-Vou ter
saudades tuas, linda – disse eu à Andy, sinceramente.
-Eu também,
chato. Mas são só duas semanas, passa rápido.
-Tomara que sim.
Ela olhou para o
Rodrigo e para a Mónica e quando olhei vi-os aos beijos. Eu sabia que ele
gostava dela…
-Se quiseres
também podemos fazer o mesmo – disse eu, gozando com a Andy, no entanto,
senti-me meio esquisito de pensar na possibilidade de tal coisa.
-Mas tu estás
parvo?! Tu namoras com a Inês e nós somos só melhores amigos!
Tinha de falar
na Inês…
-Nós demos um
tempo.
-Oh Rúben,
cala-te! Andaste a beber ou quê?
Eu ri para
tentar reprimir uma sensação que estava presa na minha garganta.
-Estava a
brincar, linda – acabei por dizer, tentando porém meter isso na minha cabeça,
que nesta altura estava tão desorientada do nada. Abracei-a e senti-me
diferente por envolvê-la nos meus braços.
-Acho bem, Rúben
Filipe!
Continuámos a
conversar durante mais um tempo, no entanto, a sensação não desapareceu e
estava ainda mais bloqueado.
-Tenho de ir, lindo.
-Já? –
perguntei, sentindo uma espécie de aflição no meu interior.
-Sim.
Puxei-a
novamente para os meus braços. Não queria que ela fosse embora. Ela afastou-se
dos meus braços e começou a ir em direcção à porta de embarque.
-Andy! – chamei.
-Sim? – disse
ela, parando e olhando para trás. Caminhei apressadamente até ela.
-Quero mais um
abraço.
Ela abraçou-me.
-Parece que vais
chorar – disse ela a rir. – Isto não é o fim do mundo! Daqui a duas semanas já
cá estou outra vez.
-Eu sei –
respondi, apertando-a mais. – Mas… Eu adoro-te – acabei por dizer. Não sabia ao
certo porque é que estava a ser assim neste momento, mas sentia que tinha de
dizer-lhe o quanto gostava dela. Ela segurou as minhas mãos e disse-me que também
me adorava. Fixei-me no seu rosto e nos seus olhos meigos, e não sei se foi um
impulso ou um desejo reprimido não conhecido, mas senti que me faltava fazer
alguma coisa. No instante seguinte já me tinha lançado, sem sequer tomar consciência,
e estava a beijá-la. Foi um beijo tímido e meigo que me fez revolver alguma
coisa no peito. Não queria sair dali. Não queria que o momento acabasse. Ela não
reagiu totalmente bem mas também não reagiu mal de todo. Tirou as minhas mãos
do seu rosto e disse que tinha de ir-se embora, prometendo no entanto que falaríamos
depois. Fiquei paralisado, a observá-la apenas. Estava incrédulo com o que eu
próprio fizera, mas sobretudo com o que tinha percebido dentro de mim…
-Ei! Rúben, ela
já foi embora. Vamo pró carro, vai – despertou-me o Rodrigo, dando-me uma
pequena pancada no ombro. Virei-me e fomos para o carro dele, sem algum de nós
dizer alguma coisa. Eu ainda estava meio atordoado. Durante os primeiros
minutos da viagem de regresso a casa continuámos em silêncio, mas depois ele
acabou por falar.
-Qu’qui cê foi
fazer, hein Rúben?
-Acho que foi o
que tu viste – respondi apaticamente.
-Porquê?
-Nem eu sei.
-Por alguma razão
teve de ser. Vai ver e foi porqui cê tá mal com a Inês e ela tem ti dado maior
força.
-Eu nem sequer pensei
na Inês. Só conseguia pensar na Andreia… Parecia que eu queria ter feito aquilo
à séculos! E, quando eu lhe disse ‘’adoro-te’’, as palavras que iam sair da
minha boca eram outras. Eu ia dizer ‘’amo-te’’…
-Eu ia dizer qui
você tá confuso e tá confuso e tá carente, mas agora eu sei qui não é isso não.
Você tá é gostando dela. E pra valer, pelo visto.
-Pois, até pode
ser verdade, mas não sei se ela sente a mesma coisa.
-Vai discobrir!
-E como é que eu
vou fazer isso? – perguntei, meio confuso.
-Sei lá. Cê pode
ligar pra ela.
-Ai é? E vou
dizer o quê?
-Mi deixa
terminar e depois você fala.
-Então fala lá.
-Eu vi qui ela
ficou meio balançada. Você podia ligar pra ela, não hoje, deixa passar um
tempo, pedir desculpas e depois na conversa você tentava perceber o qui é qui
ela sente.
-Tens razão. Aí,
obrigado. Já não estava a conseguir pensar.
Ele deu uma
gargalhada.
-Não tem qui
agradecer.
-Então e tu,
puto? Porque é que não me disseste que era a Mónica, hã?
-Ela quis
esperar.
-E achas-te que
iam conseguir esconder durante quanto tempo? Olha que eu não sou parvo.
-A gente só ia
esperar até elas irem embora agora.
-Está bem. Eu
sabia que ela não te era indiferente. Depois daquele beijo nos treinos, até o
mister ficou a falar sobre isso, vê lá.
-O mister?
-Só disse a
algumas ‘’galinhas’’ para pararem de cochichar, que tu é que sabias da tua vida
– ri.
-Ah – riu ele
também. – Bem, cê tá entregue – disse ele, parando o carro à porta da minha
casa.
-Obrigado, puto.
Acho que estava a precisar de falar.
-Iihh, não chora
no meu ombro, não. A parte de consolar você já passou, vai – riu ele.
-Eu estou a
falar a séri, meu.
-Tá bom. Sempre
qui você precisar cê sabe qui eu tou aqui, por isso não precisa mi agradecer
toda a vez.
-Ok. Bem, vou
embora, então. Até amanhã, puto.
-Fica bem.
-Tu também.
VISÃO ANDREIA
Até nos
sentarmos e levantarmos voo eu a Mónica permanecemos ambas caladas, mas eu
sentia o olhar e a hesitação dela.
-Andreia… -
tentou ela, meio com medo de me estar a chatear. Este tempo calada deu-me tempo
para me acalmar e tirar nuvens da confusão em que tinha ficado a minha cabeça.
-Já podes fazer
as perguntas. Mas com calma – disse eu, calmamente.
-Ok – hesitou um
pouco. – Sabes explicar-me o que é que foi aquilo entre ti e o Rúben? Eu sei
que foi um beijo, mas, como é que aquilo aconteceu? Tu não me contaste nada.
-Olha quem fala!
Passa-te o fim-de-semana praticamente fora e mesmo quando me podias ter
contado, não contaste nada, foi preciso virmos embora para eu ver o que é que
se andava a passar.
Ela sorriu.
-Está bem. Mas
explica-me lá o que eu te pedi – pediu.
-Sinceramente, não
sei.
-Não sabes?
-Não. Foi
esquisito. Eu comentei que tu tinhas muito que me contar, quando te vimos aos
beijos com o Rodrigo, e ele deixou-me parva quando disse que eu e ele também podíamos
fazer o mesmo.
-Ele disse isso?
-Disse, mas
estava a brincar. Quer dizer, foi o que pareceu, só que quando eu me vinha
embora ele pediu-me mais um abraço, começou a dizer que me adorava e depois
beijou-me.
-Wow.
-Pois. Imagina
como é que eu fiquei.
-Mas ele nunca
te deu a entender nada, nem nada?
-Não. Tu sabes
que nós nos damos super bem e estamos sempre a picar-nos e assim, mas nunca
houve nada que desse a entender…
-Então mas tu achas
que ele gosta mesmo de ti?
-Não sei. Se
calhar não. Eu disse-te que ele e a Inês não estão bem. E eu tenho-o ajudado e
estado ao lado dele. Se calhar ele só está confuso.
-E tu?
-Eu o quê?
-Gostas dele?
Desta vez fui eu
a hesitar. Era uma pergunta difícil.
-Acho que… Não
sei.
-Consegues-me explicar
como é que te sentiste?
-Vais armar-te
em psicóloga? – brinquei.
-Eu estou a
falar a sério, Andy.
-Está bem… Foi
bom. Ele foi tímido, mas foi querido ao mesmo tempo. E a maneira como os lábios
dele tocaram os meus foi… Foi esquisito. Ele é o meu melhor amigo. Ou era. Não
sei como é que as coisas vão ficar.
-Pois… Sabes uma
coisa?
-O quê?
-É uma coisa que
eu já tinha adivinhado antes sequer de conhecer-mos o Rúben. – Olhei para ele,
desconfiada. – Tu vais ficar com ele. Por mais voltas que a vida e que a relação
entre vocês dê milhentas voltas, tu vais ficar com ele.
-Sim, sim.
Sonha.
-Foi exactamente
isso que eu fiz e consegui que se tornasse mesmo realidade. – Ela olhou para
mim, à espera que eu dissesse alguma coisa, o que não aconteceu. – Andy, o Rúben
é homenzinho suficiente para se aperceber que este beijo podia estragar muita
coisa entre vocês, mas se mesmo assim ele te beijou é porque ele gosta de ti. Não
interessa se é muito ou pouco. Não interessa o quanto. Mas ele gosta de ti –
voltou a olhar, expectante, para mim. – O que é que vais fazer? – perguntou-me.
Limitei-me a continuar a pensar. – Fogo, isto parece mais um monólogo que eu
sei lá o quê! Importaste de me dizer alguma coisa, Andreia Filipa?
-Filipe o quê? –
perguntei, abandonando o raciocínio que estava a ter.
-Eu chamei-te
Andreia Filipa.
-Ah. Mas o que é
que estavas a dizer?
-Estava a perguntar-te
se já sabes o que é que vais fazer.
-Ignorá-lo.
-Vais o quê?!
-Acho que é o
melhor.
-Tu estás é
parva! Tens noção do que acabaste de dizer? Então ele gosta de ti e tu dele e
vais ignorá-lo? Não estás é boa da cabeça!
-Eh, calma aí!
-Calma o tanas! Nem
penses que vais fazer isso!
-Está bem. Eu não
vou fazer isso. Mas também não lhe vou dizer que gosto dele, ou que estou a
começar a gostar dele, ou o que quiserem dizer. Já te disse que acho que ele só
está confuso por causa da Inês.
-E tu a dar-lhe.
-Oh.
Ela não disse
mais nada. Eu fiquei a pensar na nossa conversa.
Não ia deixar de
lhe falar, mas não ia admitir-lhe nada…
Olá! :D
Bem, espero que
tenham gostado!
Espero que
deixem os vossos comentários para saber a vossa opinião, que é muito importante
para mim!
Beijinhos
Mónica
fantastico... fabuloso...
ResponderEliminarquero mais... tou super curiosa para ver o proximo...
continua...